24/11/2021

Projeto da USP está entre os vencedores do desafio da NASA sobre alimentos para o espaço

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Em outubro deste ano, a Nasa – Agência Espacial Americana, e a CSA – Agência Espacial Canadense, nomearam os vencedores do primeiro Deep Space Food Challenge – DSFC (em português: Desafio Alimentar do Espaço Profundo), um concurso internacional que buscou novas tecnologias de alimentos para futuras missões dos astronautas, bem como para uso em regiões com recursos escassos na Terra.


A Nasa e a CSA escolheram 18 projetos norte-americanos, premiados com o valor de US$ 25 mil (o equivalente a R$ 141 mil). O valor deve ser investido na continuidade do desenvolvimento das soluções alimentares espaciais. Além dos Estados Unidos e do Canadá, mais 10 inscrições estrangeiras foram reconhecidas, embora sem premiação em dinheiro.

Entre os destaques internacionais estão pesquisadores brasileiros da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), situada em Piracicaba, interior de São Paulo. De acordo com as agências espaciais, todas as 28 equipes selecionadas estão aptas para competir na Fase 2 do DSFC.

Os projetos contaram com soluções que usam ingredientes para criar alimentos prontos para o consumo, bem como pós desidratados que podem ser processados ​​em produtos mais complexos. Outros envolveram plantas, algas, fungos ou alimentos manipulados, como células de carne cultivadas em laboratório. Entre os vencedores da ideia de comida espacial constam bife para impressão 3D, proteínas de inseto, fungos e microalgas.

Na verdade, os juízes não viram nada de completamente novo para os alimentos espaciais, mas algumas ideias comprovaram que é possível aumentar a variedade de alimentos que podem ser produzidos a partir de qualquer sistema único, incluindo fungos e algas junto com as plantações tradicionais.

A título de informação, não é novidade que as algas têm sido testadas pela Nasa como “componente biológico de um sistema híbrido de suporte à vida”. A chlorella, por exemplo, além de apresentar um elevado valor nutricional, possui uma grande eficiência fotossintética capaz de retirar dióxido de carbono concentrado da cabine de uma nave e transformá-lo em oxigênio.

Outra microalga, na verdade classificada como cianobactéria, em uso pela Agência Espacial Americana para alimentação dos astronautas em missões espaciais é a spirulina. O seu alto poder nutritivo e imunomodulador – atuante no sistema imunológico – é destacado até pela ONU (Organização das Nações Unidas) no combate às altas taxas de desnutrição, inclusive na África.

O projeto vencedor da ESALQ-USP

O projeto brasileiro foi desenvolvido por uma equipe liderada pelo pesquisador Paulo Hercílio Viegas Rodrigues, professor de Floricultura e Plantas Ornamentais da ESALQ-USP, e responsável pelo Laboratory of Tissue Culture Ornamental Plants (Laboratório de Plantas Ornamentais para Cultura de Tecidos – LTCOP). No grupo também estavam alunos de graduação e pós-graduação da universidade.

As pesquisas de Rodrigues são focadas em biotecnologia vegetal, com ênfase na produção de mudas, cultura de tecidos vegetais, aclimatação, estudos de variação somaclonal, cultivo protegido e floricultura tropical.

Segundo o professor, o desafio proposto pela Nasa teve que ser ajustado a algumas variáveis como espaço com volume limitado, temperatura e umidade pré-estabelecidas, consumo mínimo de água e de energia elétrica e gerar o mínimo possível de resíduos.

A sua equipe já tinha obtido resultados positivos no cultivo do morango em jardim vertical e resolveu incluir no projeto uma cultura atípica – a taioba – hortaliça rica em vitaminas, sais minerais e antioxidantes.

O estudo de alguns óleos essenciais como o D-limoneno, além de ter se mostrado eficiente no controle de pragas das estufas, proporcionou um aumento significativo na qualidade nutricional dos alimentos frescos produzidos no projeto. Este foi um dos diferenciais considerados no concurso da Nasa.

Embora a equipe brasileira esteja apta para a próxima etapa do desafio alimentar das agências espaciais, é preciso que o projeto garanta o aporte financeiro necessário para dar andamento às pesquisas.


Variedade, nutrição e sabor são algumas considerações ao desenvolver alimentos para astronautas

A agência espacial americana acredita que o desafio alimentar do espaço é vital para manter os astronautas saudáveis ​​e de bom humor durante o isolamento. Para o Deep Space Food Challenge, estudantes, chefs, pequenas empresas e outros profissionais de setores similares criaram novos designs de tecnologia de alimentos para trazer soluções inovadoras para a mesa.

Outros vencedores incluem:

Beehex, de Columbus, Ohio, venceu com uma proposta simples de desidratar e selar hermeticamente os alimentos para que pudessem ser reidratados com sabor e nutrientes intactos até cinco anos depois.

Astra Gastronomy, de São Francisco, planeja cultivar e desidratar microalgas de rápido crescimento para fornecer “lanches crocantes do tamanho de uma mordida misturados com castanhas e outros ingredientes”.

Space Bread, de Hawthorne, Flórida, desenvolveria um saco plástico para permitir aos astronautas armazenar, combinar e assar todos os ingredientes do pão. Eles teriam “um pãozinho quente pronto para comer”.

Deep Space Entomoculture, de Somerville, Massachusetts, usaria células de inseto para fazer crescer tecido, de forma que o produto final contivesse mais proteína e gordura de células de inseto.

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