06/08/2021

Volta às Aulas: O Marco do Descaso com a Vida

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

A pressão está grande para volta às aulas. Secretários e prefeitos estão insensíveis com a atual conjuntura, ressaltando o descaso com os professores e alunos por questões meramente políticas.

É questão de bom senso, se as aulas voltarem agora o que poderá acontecer de ruim? A resposta a esta pergunta é tudo, pois estamos enfrentando agora uma variante do Covid-19 denominada delta. Para quem não sabe, é chamada "variante de preocupação" e a característica mais marcante da delta comprovada cientificamente, é sua a maior transmissibilidade, e o pior, a Fiocruz alerta o risco da variante delta para idosos e crianças[1].

É sabido que nem todos os professores receberam a segunda dose da vacina, e mesmo que tivessem recebido, professor vacinado não imuniza aluno, ou seja, o cenário mais aceitável seria que todos os alunos também estivessem vacinados.

O fato dos políticos quererem que as aulas voltem, pode ser visto como algo normal, afinal de contas, eles nunca tiveram a preocupação com o povo, exceto em época de campanha eleitoral, mas saber que tem profissionais que se dizem educadores apoiando tais atitudes irresponsáveis e insanas é incompreensível e te faz questionar se a dignidade da pessoa tem realmente um preço.

Professores não são vagabundos por não quererem a volta às aulas neste momento, pois em termos de trabalho, eles estão tendo que trabalhar muito mais do que na forma presencial, trata-se apenas de humanismo, já que muitos professores tem seus filhos em idade escolar e temem pela vida deles.

Podemos estar vacinados mas continuaremos a transmitir, e nossos filhos que ainda não foram e talvez sequer sejam, estarão vulneráveis a este mal que já dizimou mais de 561 mil vidas e não queremos que nossos entes queridos façam parte desta estatística que representa o descaso com o povo.

Educadores que se encontram na secretaria, obviamente estão protegidos, já que a rotatividade de pessoas em relação a uma escola é muito menor o que diminui a probabilidade de contágio, mas isso não dá o direito de colocar em risco a vida dos outros.

Thomas Hobbes um filósofo inglês foi sábio quando citou que o homem é lobo do homem, ou seja, homem é inimigo do próprio homem. Imagine um educador atuando em uma secretaria de educação e fazendo justamente o que divergiria de suas atitudes outrora?

É a perda da dignidade por um cargo volátil e que quando a política passar, este nunca poderá olhar nos olhos de seus companheiros com a mesma dignidade.

Algumas prefeituras estão aproveitando desta situação de volta ás aulas para encobrirem ações imorais apesar de "poderem ser politicamente aceitáveis", como contratação de familiares para cargos comissionados, licitações milionárias beneficiando parentes dentre outras ações nada lícita.

Obviamente a volta ás aulas tirará um pouco o foco destas ações, já que usaram o véu da hipocrisia quando fizeram campanhas sendo contra tudo o que está sendo feito em relação a nepotismo, troca de favores, ou seja, tudo relacionado a nossa podre política.

Estes políticos e profissionais corroboram com as falas de John Dalberg-Acton quando afirmou que "o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus".

Assim sendo, quando as pessoas estão no poder, o seu caráter e índole são ressaltados fazendo jus a Janela de JOHARI[2] que trata do terceiro eu, aquele escondido por nós para que os outros não percebam.

 

[1] Para mais informações vide https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2021/08/fiocruz-alerta-para-risco-da-variante-delta-em-idosos-e-criancas/

[2] Para mais informações vide http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/bbb-reforcando-a-janela-de-johari

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