01/09/2019

Virtudes necessárias aos líderes

Jorge Barros

Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

 

Os líderes devem possuir determinadas qualidades que os fazem destacar dos demais indivíduos e os tornam naqueles que conseguem influenciar de alguma forma os outros. Deste modo, estes sujeitos devem possuir algumas qualidades únicas, umas inatas e outras aprendidas, treinadas e desenvolvidas, para que, com a sua ação, possam exercer a sua influência naqueles que os rodeiam

A literatura da especialidade integra um vasto conjunto de autores que se debruçaram, e alguns deles que ainda hoje se debruçam, sobre esta temática e que apontaram um conjunto de virtudes necessárias a todos os líderes. Neste âmbito, sublinha-se que nos Estados Unidos da América alguns académicos convergiam que as virtudes necessárias aos líderes eram a coragem, a imaginação, a empatia, o entusiamo, a imparcialidade, a humildade e a capacidade judicativa.

Outros autores a nível mundial entendiam que para o desempenho das suas funções era essencial que os líderes possuíssem outras virtudes, qualidades ou caraterísticas, tais como: a integridade, a firmeza, a imparcialidade, o zelo, a confiança, a equidade, a cordialidade, a vivacidade, a calma e «severo mas justo». Esta última qualidade tem surgido nos últimos vinte anos, em que se verifica uma associação da severidade, ou exigência, à noção de justiça por parte do líder na sua atuação perante os liderados.

Mais tarde é entendido que os líderes devem possuir ou desenvolver caraterísticas como a capacidade social e a inteligência emocional. Além disso, devem também possuir as seguintes qualidades: sintonia, consciência organizacional, influência, desenvolvimento dos outros, inspiração, trabalho de equipa e direcionar a atenção para si (foco interno, manifestando-se na melhoria da autoconfiança e do controlo emocional, sobretudo quando é preciso manter a calma e a lucidez nas situações de grande stresse ou de conseguir recuperar rapidamente a sua «postura», mantendo-se concentrado para alcançar as metas traçadas), no outro (foco no outro, de modo a perceber o que os outros pensam sobre o mundo e expressando-se de forma a que o compreendam e identificando-se com o que esses outros sentem nesse momento) e para o exterior (foco externo, permitindo ao líder entender os sistemas mais alargados que moldam o destino da organização, comunidade, ou sociedade onde se inserem, o que lhe permite não só prever a mudança, como o impacto dessa mudança nos aspetos social, cultural e ambiental).

Estes aspetos comuns que «devem acompanhar» os líderes, a que chamamos de qualidades, podem também ser a honestidade, a ética, a «transparência», a disponibilidade, a visão, a competência, o inspirar a confiança, o transmitir a esperança e a direção, implicando esta última qualidade saber para onde vai e para onde conduz as pessoas que lidera, dado que estas necessitam de instruções precisas e claras de modo a serem orientadas e direcionadas e, além disso, também querem saber o que fazem, por que o fazem e para que o fazem. Devem igualmente ser ambiciosos, de forma a transmitir aos liderados vontade de crescer, de melhorar e de obter melhores resultados.

Numa perspetiva mais recente, é entendido que os líderes para desempenharem com êxito as suas funções deverão possuir e/ou desenvolver as seguintes qualidades: conhecimento de si mesmo; conhecimento do grupo e da organização; conhecimento dos indivíduos que formam o grupo e que fazem parte da organização; saber comunicar; ter inteligência emocional; ter empatia com os outros; ter capacidade de organização; ter capacidade para delegar a sua liderança nos outros; ter capacidade para gerir conflitos; ser autoconfiante; ser «transparente»; ter ambição, otimismo e iniciativa; saber definir metas e objetivos «claros» para serem alcançados; saber prever, programar e planificar; ser inovador e criativo; ser generoso e credível; ter «força mental» e autoestima; ser tolerante à frustração; ter controlo sobre as suas emoções e pensamentos; e ter motivação. Devem também efetuar uma aprendizagem de algumas caraterísticas essenciais a uma liderança eficaz, sendo essas caraterísticas: a visão, o respeito, a criatividade, a confiança, a iniciativa, a honestidade, a humildade, a atitude positiva, a autodisciplina, o carisma, a competência, o comprometimento, a comunicação, o discernimento, a educabilidade e os relacionamentos.

Ainda neste domínio, as principais atitudes que julgamos estarem relacionadas com os líderes para que estes se conscientizem da necessidade de aprimorar as relações interpessoais são as seguintes: empatia; capacidade de escutar; humildade; autoconfiança; controlo das emoções; entusiasmo e energia, nomeadamente na assunção de responsabilidades, no impulsionar das mudanças, em correr riscos e na estimulação da cooperação.

Especificando, se nos referirmos, por exemplo, aos líderes educacionais, julgamos que estes podem agir corajosamente, defendendo os seus princípios, demonstrando imparcialidade, mantendo uma atitude apartidária, serem entusiásticos, otimistas e motivando os outros a agir, mas sem uma boa capacidade judicativa serão completamente ineficazes, uma vez que as boas intenções podem não ser colocadas ao serviço de um fim útil, podendo inclusive prejudicar a escola. Embora todas estas qualidades, por nós apontadas, sejam importantes, na medida em que permitem ao líder alcançar um nível de excelência no desempenho do seu papel, uma ou mais podem assumir uma relevância especial em situações ou circunstâncias específicas. De facto, as qualidades, caraterísticas ou virtudes dos líderes educacionais podem ser necessárias em diferentes situações, pelo que lhes é exigida qualidade, bom senso, preparação, entre muitas outras, para que consigam lidar com todo o tipo de mudanças que a sociedade em geral e a escola em particular, porventura, lhes possa colocar. Estas qualidades contribuem, também, para a criação do contexto e das condições capazes de promover os objetivos da organização escolar e do ensino em geral.

Por outro lado, parece-nos que os líderes modernos, além de outras caraterísticas, devem ser justos, inspirarem confiança, serem altamente motivadores, conciliadores e excelentes observadores, bem como terem ideias otimizadas e as colocarem em prática com a sua equipa de trabalho. Devem também ser otimistas, organizados e dar bons exemplos. Devem ainda ser imparciais, «transparentes», corajosos, ousados, comunicativos, excelentes ouvintes e os primeiros a cumprirem regras, assim como a conseguirem motivar audiências.

Portanto, muitas são as virtudes que se reconhecem que os líderes devem possuir, salientando-se entre elas a força de vontade, o desejo de liderar, a capacidade de trabalho, a autoconfiança, a criatividade, a originalidade, a afetividade, a flexibilidade, a adaptabilidade, a capacidade cognitiva, a honestidade, a lealdade, a integridade, a persistência, a resiliência, a exigência, a competência, a franqueza, a empatia, a simpatia, a autenticidade, entre muitas outras. Na verdade, devem ser líderes competentes, «voltados para o futuro», inovadores, motivadores, que consigam estabelecer e manter relacionamentos, que se concentrem nas pessoas, que partilhem aprendizagens e conhecimentos e que tenham a capacidade para resolver problemas e para tomar decisões.

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