09/12/2019

VIP: Uma Analogia com a Educação Brasileira

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

            No dia 08 de dezembro de 2019, realizou-se a XXI Volta Internacional da Pampulha (VIP) que tem um pouco mais de 18 km, e neste dia contou-se com a presença de mais de 17 mil inscritos, o que não corresponde a um número total de corredores, pois sabe-se que é bem, já que existem os pipocas que são as pessoas que correm junto com os outros sem pagar pela inscrição, e obviamente, não recebe o kit, mas não deixa de fazer parte desta corrida maravilhosa.

            Nesta corrida há gente de toda etnia, ou seja, é um caldeirão de sotaques, credos, raças, culturas, classes sociais, ideologias políticas, gêneros, gerações, etc....e assim também é a nossa educação.

            A VIP é um momento de superação própria. Obviamente que tem os competidores que é uma outra realidade, mas para a grande maioria, é um momento em que você busca superar suas limitações, melhorar seu tempo e a se conhecer um pouco mais.

            Uns correm em grupos, outros ouvindo sua playlist de músicas e outros correm conversando com seus fantasmas e percebendo a sua incompletude como no meu caso, e assim também é a nossa educação, já que nas escolas temos os grupinhos de amigos e pessoas que em certos momentos, preferem ficar consigo mesmo e seus fantasmas.

            Correr na VIP, é um momento em que o importante é chegar, seja correndo ou até mesmo caminhando, mas é cruzar a linha de chegada percebendo que venceu as suas dificuldades como cansaço, dores e até mesmo a vontade de parar devido a distância.

            Nesta corrida a gente tenta administrar o tempo, ou seja, tem que manter um ritmo para não se cansar nos primeiros quilômetros e assim, conseguir fazer todo o percurso. Lembre-se, o importante de fazer a VIP é respeitar seus limites.

            Na educação brasileira é a mesma coisa. Muitos vão administrando suas notas para ver onde precisa melhorar e em qual momento poder dar aquela "esticada" e os professores ficam na torcida incentivando e acreditando nos seus alunos.

            Obviamente, que nesta corrida tem os privilegiados, aqueles que fazem parte do pelotão de elite. Os primeiros a largarem e obviamente, são os mais preparados para esta prova, e assim também acontece na educação.

            Na educação brasileira, temos o pelotão de elite que representam o topo da pirâmide, os que estudam nas melhores escolas e também são os mais preparados para se inserirem no mercado e com certeza, ocupar as melhores funções.

            Tanto na VIP quanto na educação brasileira, temos os inseridos, aqueles que mesmo tendo suas especificidades, conseguem cumprir o seu trajeto, uns por conta própria, outros com ajuda de terceiros, mas o fato é que na VIP, todos se respeitam, o que quase nunca acontece na educação brasileira.

            Esta corrida para muitos foi sinônimo de superação. Como dito acima, o intuito para estas pessoas, exceto o pelotão de elite, não foi a competitividade em si, mas foi apenas  transpor seus limites, acreditar mais em suas capacidades, e se conhecer um pouco mais.

            Na educação brasileira, infelizmente nem todos terminarão o seu trajeto. Acredita-se que no seu pelotão de elite todo o seu universo completará a prova, isto é, terminará o seu curso superior, fará uma pós graduação tanto lato sensu quanto strictu sensu e mesmo isso não acontecendo, por estarem no topo, conseguirão automaticamente ocupar um cargo privilegiado, seja através de um favor político ou até mesmo como político, entretanto, para os outros milhares, ou no caso da educação brasileira, milhões, teremos 55%[1] que não terminarão sequer o ensino fundamental, e dos outros 45% que seguirão adiante, 36,5% não concluirão o ensino médio, e dos que acreditarem e continuarem os estudos em uma universidade 56% acabarão desistindo no meio do caminho.

            E para os 44%[2] que conseguirem, o sucesso profissional não estará garantido, visto que este ano, o Brasil teve um aumento de 13% dos desempregados com ensino superior completo, correspondendo a 1,23[3] milhão de desempregados.

            Em relação a VIP, a grande maioria completa o seu percurso vencendo suas limitações e as desistências estão na maioria das vezes por , estiramentos, contusões, quedas, etc, e na educação brasileira, a grande maioria sequer completa seus estudos, por vários motivos, problemas financeiros, falta de perspectiva, falta de incentivo, indisciplina, falta de investimento na educação, violência nas escolas, etc..

            Que a educação brasileira seja como a VIP com pessoas dando o seu máximo e indo até o final para que possamos mudar de vez a realidade de nosso país.

 

[1] Para mais informações vide https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/12/18/quase-4-em-cada-10-jovens-de-19-anos-nao-concluiram-o-ensino-medio-aponta-levantamento.ghtml

[2]Para mais informações vide https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2018/07/17/internas_educacao,973969/indice-de-troca-ou-abandono-de-curso-em-faculdades-equivale-a-metade-d.shtml

[3] Para mais informações vide https://cidadania23.org.br/2019/07/08/cresce-o-desemprego-entre-os-trabalhadores-com-ensino-superior-completo/

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