01/10/2020

USO ABUSIVO DA INTERNET

USO ABUSIVO DA INTERNET

Luiz Henrique Pimenta Quintela

 

1 INTRODUÇÃO

 

Segundo Greenfield (2011), os tempos que estamos vivendo está sendo permeado por grandes mudanças. Há uma sobrecarga cada vez maior de informação e comunicação e não há mais espaço para uma fuga dos estimuladores a que estamos expostos cada vez mais. A internet, segundo este autor, é uma atividade facilmente acessível, barata, capaz de distorcer o tempo, interativa, anônima e prazerosa e nos tempos de hoje ela vem adquirindo cada vez mais intensidade, acessibilidade e disponibilidade. Com o advento cada vez maior de PDA’s (personal digital assistants), ou seja, de aparatos eletrônicos pessoais como netbook, IPhones, Black-berries, MP3 players, aparelhos de jogos de mesa e etc.; a exposição à internet é facilitada e  o risco de dependência.

Porém, para considerar o uso da internet como dependente, é necessário citar algumas características que definem esse uso abusivo. Segundo David Greenfiel (2011), essas características são: Um comportamento que produz intoxicação/ prazer (com a intenção de alterar o humor e a consciência), um padrão de uso excessivo, um impacto negativo ou prejudicial em uma esfera importante da vida e a presença de aspectos de tolerância e abstinência .

Nesse sentido, um outro critério importante citado por este autor envolve usar a internet para propósitos psicoativos ou intoxicantes de modo a alterar o humor ou a consciência, elevando o neurotransmissor responsável pela sensação de prazer (dopamina) e provocando evitação no restante da vida da pessoa e isso se manifestaria claramente como um impacto em uma ou mais esferas importantes da vida como relacionamentos, trabalho, desempenho acadêmico, saúde, finanças ou situação legal (GREENFIELD, 2011). Dessa forma, estas podem ser consideradas características negativas na vida dos sujeitos a partir do uso excessivo da internet.

A internet é permeada por uma série de conteúdos extremamente estimulantes. Os aspectos mais adictivos da internet hoje, considerando os casos clínicos que chegam ao consultório, são os de conteúdo sexual e os jogos de vídeo ou computador, segundo Greenfield (2011). Nesse sentido, o uso excessivo na internet é mais ligado com o uso de dispositivos de entretenimento como redes sociais do que associados a questões de trabalho ou pesquisa.

Se faz necessário notar que a internet tem um grande impacto na vida do sujeito que a usa excessivamente, considerando o tempo que ele gasta conectado.  Greenfield (2011) afirma que a internet, por ser muito atrativa, acaba sendo altamente reforçadora, o que acaba provocando um grande dispêndio de tempo dos indivíduos que a usam abusivamente. Nesse sentido, a internet, ao mesmo tempo, nos conecta e nos isola socialmente (Greenfield, 1999a -c; Kimkiewicz, 2007; Kraut e Kiesler, 2003; van den Eijnden, Meerkerk, Vermulst, Spijkerman e Engels, 2008; Young, 2004; apud GREEDFIELD , 2011).

Os indivíduos encontram na rede uma forma de ajustar a interação social e o seu conforto de minimizar ansiedades sociais e diminuir a necessidade de interpretação de deixas sociais que seriam necessárias em interações reais.

 Greenfield (2011) vai dizer que a internet limita e simplifica as deixas de inteligência socioemocional necessárias para um nível de interação mais manejável. Ele afirma que na maioria dos usuários, ela diminui os níveis de atenção, interação, risco emocional e conexão íntima necessários no relacionamento social. O autor cita algumas características de usurários que vêm na internet esse meio seguro, como por exemplo: pessoas com dificuldades de aprendizagem, transtorno de déficit de atenção, transtornos desenvolvimentais globais, ansiedade social e fobias, fornecendo a esses sujeitos reforços e recompensas sociais ilimitadas.

Tendo como base tais ideias, nossa pesquisa visa responder o seguinte problema: quais são as consequências do uso abusivo da internet?

Nossa hipótese principal é a de que podem ser observadas nas frases dos sujeitos afirmações que o uso exagerado da internet traz dificuldades pessoais e impedimentos sociais como dificuldades de concentração, dificuldades de sono, dificuldades de cumprir tarefas fora da rede.

Serão investigados 80 sujeitos do curso de administração da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Para avaliar como a internet impacta o indivíduo, nossa pesquisa irá distribuir para os participantes um questionário com 11 perguntas fechadas e três abertas que avaliam o perfil socioeconômico dos usuários da internet, visa levantar os sentimentos e emoções experimentados por esses usuários com o uso ou não uso da rede, define o limiar que se pode considerar como uso abusivo para aquela amostra de usuários, investigar as mudanças e transformações presentes na vida dos usuários da internet após sua introdução, avaliar quanto tempo cada participante gasta na internet, quais as avaliações que esses participantes dão em relação às consequências do uso exagerado.

Devido à introdução do meio cibernético cada vez mais frequente no século XXI, nossa pesquisa visa responder o seguinte problema: quais são as consequências do uso abusivo da internet?

Greenfield (1999b) revela que aproximadamente 06% das pessoas que usam a internet parecem fazê-lo compulsivamente, muitas vezes com consequências negativas sérias. Devido a esse número alarmante de sujeitos que nosso tema se justifica cientificamente, já que visa contribuir para o entendimento desse novo fenômeno que é a internet e os seus efeitos.

 

2 HIPÓTESE

 

Podem ser observadas nas frases dos sujeitos afirmações que o uso exagerado da internet traz como consequências dificuldades de concentração, dificuldades de sono, dificuldades de cumprir tarefas fora da rede e impedimentos sociais.

  • Variável independente: uso excessivo da internet
  • Definição conceitual: Nicolaci-da-Costa (2002), definiu que “´usuário pesado´ é aquele que passa, no mínimo, duas horas diárias conectado à Internet”
  •  Definição operacional: Limiar definido a partir do número de horas que a maioria dos sujeitos que participarão considerarem como abusivo.
  • Variável dependente: Consequências do uso abusivo
  • Definição conceitual: dificuldades pessoais e impedimentos sociais
  • Variável dependente: consequências do uso abusivo
  • Definição operacional: Ex.: Dificuldades de concentração: resposta que os participantes deram a respeito da dificuldade de se concentrar.

 

 

3 OBJETIVOS

 

3.1 Objetivo Geral

Observar os efeitos do uso abusivo da internet com vista a contribuir para uma reflexão acerca da sua influência no comportamento social.

 

3.2 Objetivo Específico

  • Identificar o perfil socioeconômico dos usuários da internet tais como sexo, idade, classe social, renda familiar;
  • Investigar quantas horas cada sujeito gasta com a internet diariamente;
  • Levantar os sentimentos e emoções experimentados com o uso e não uso da internet;
  • Definir, junto aos usuários, o limiar considerado como uso abusivo de internet;
  • Apontar as mudanças presentes na vida dos usuários influenciados pelo uso de internet;
  • Qual a avaliação que cada participante faz em relação às consequências do uso exagerado de internet.

 

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As discussões acerca de como a revolução digital têm impactado as nossas vidas, tem gerado muitas divergências acerca do tema. Alguns autores focam mais nos aspectos negativos que a internet pode gerar, tendo o uso excessivo de internet como uma patologia e outros afirmam que é necessário encarar isto como uma mudança e como novas formas de subjetividade do ser humano. Uma coisa, porém, fica clara: a internet trouxe com ela novas formas de produção de vida e de comportamentos, sendo esta um objeto de importante estudo por parte dos psicólogos por este afetar diretamente a sua subjetividade.

Nesse sentido, as autoras Leitão e Nicolaci-da-Costa (2005), vão falar da relação de psicologia clínica com a internet para perceber as características dos pacientes usuários de internet.

Inicialmente as autoras abordam que a década de 1990 foi palco de profundas mudanças no mundo, muitas delas geradas pela difusão da internet. Tendo em vista que estamos imerso nesse universo é necessário preservar um lugar para uma discussão teórica com distancia crítica.

No artigo, a pesquisa em psicologia clínica é considerada como uma vertente sobre os processos de construção da subjetividade e como intervenção clínica. Leitão (2003) revela que esses trabalhos estão longe de fornecer uma visão integrada com o que vem acontecendo na contemporaneidade em relação à exposição na internet. Outro ponto a considerar é que praticamente não há trabalhos de pesquisa sobre os pontos de vista dos psicoterapeutas sobre esta temática.

O método para a realização da pesquisa foi a coleta de dados com roteiro semi-estruturado, composto de duas partes, aplicados a 16 psicoterapeutas, entre 33 e 60 anos, 8 psicanalistas e 8 gestalt-terapeutas e quem tinham pelo menos 10 anos de experiência clínica. As entrevistas foram gravadas e posteriormente submetidas às técnicas de análise do discurso. Perguntas abertas sobre os principais tópicos da investigação se referiam a sentimentos e conflitos dos psicoterapeutas neste tipo de atendimento, considerações aprofundadas a respeito de cada um desses casos clínicos, consequência da difusão da internet para a prática clínica e para os processos de subjetivação contemporâneos.

Os principais resultados referem-se a internet como uma nova subjetividade em construção. Os novos relatos clínicos das experiências virtuais dos pacientes parece ter servido como uma espécie de alerta para os psicoterapeutas para algo muito diferente, profundo e desconhecido que começava a se passar com seus pacientes. Refletem as profundas transformações subjetivas que vêm sendo geradas pelas radicais mudanças no mundo contemporâneo.

As características dos pacientes dos usuários da internet são: o prazer que sentem ao usar a internet como novo espaço de vida, a onipotência que experimentam como usuários, as formas de relação que estabelecem com seus corpos e os excessos que vivem no espaço virtual.

Com relação ao prazer e internet, a rede é uma nova fonte de prazer e um agradável espaço de vida no qual muitos pacientes se relacionam com outras pessoas. O espaço na rede tem se transformado em um espaço alternativo de vida e não uma simples ferramenta ou instrumento disponível no mundo real. As experiências virtuais se mostram capazes de modificar a percepção que alguns pacientes têm de si mesmos.

Outro ponto em comum na análise dos psicoterapeutas é a relação entre internet e onipotência: a comunicação em tempo real e à distância, o anonimato, o acesso fácil à informação, a realização simultânea de diferentes atividades parece gerar a sensação de que as pessoas têm acesso a tudo e de que são capazes e tudo, levando-as a ignorar muitos dos limites do mundo real.

Outra relação destacada é entre a internet e o corpo: Os pacientes usuários da internet experimentam uma sensação de ausência do corpo real, desvinculam-se da imagem corporal com características muito distintas daquelas percebidas no contato face a face. O paciente inventa um corpo virtual segundo seus desejos e fantasias. De outro modo há também na relação do corpo com a internet a sensação de que este corpo se expande e se aperfeiçoa por meio do uso da internet, como se estivesse acrescentando capacidades sensoriais e motoras. O corpo expandido parece ser o resultado da soma das vidas online e offline dos usuários na internet.

A relação entre internet e excessos se dá pelo volume excessivo de informações disponíveis na internet, o elevado número de horas que os usuários permanecem conectados e à exposição excessiva da intimidade no espaço virtual. O paciente pode perder a noção do que é próprio e do que é do outro. Confusão desorientação, ansiedade, estresse e dificuldade de concentração são algumas das consequências subjetivas do volume excessivo de informações. Outro ponto a ser destacado é sobre a superficialidade dessas informações que não é transformado em conhecimento pessoal e elaborado. Ainda com relação aos excessos é que vários psicoterapeutas temem que o excesso de horas de conexão prejudique os relacionamentos “reais” dos usuários intensivos na rede.

Visões críticas a respeito da patologização dos usuários da internet é encontrado nos trabalhos de Tapscott (1997) e Nicolaci-da-Costa (2002) que apontam a resistência a mudança e ao novo, ao preconceito e à dificuldade em registrar que novos modos de subjetivação estão sendo gerados a partir de uma emergência de um novo espaço de vida.

Portanto, Costa (2002), vai citar em seu artigo autores como Hobsbawn e Durkheim para falar de como as mudanças produzem nas pessoas sentimentos de insegurança e incerteza e como isso chega a atingir o comportamento delas. Nesse sentido, o contraste de velhos valores com novos valores podem provocar sentimentos ambíguos que gerem conflitos nos indivíduos.Nesse raciocínio, a autora nos coloca que as novas mudanças com a era digital também coloca os indivíduos em ambiguidades porque há ainda a dúvida do que é certo e do que é errado.

Dessa forma, segundo Hobsbawn (1969) E Durkheim (1895/1982), o século XVIII, foi um século recheado de profundas mudanças. A maior de todas foi a revolução industrial. Nesse sentido, antigas formas de produção de vida foram tendo que ser substituídas por novas produções de vida e de subjetividade.

Nesse sentido, Durkheim afirma que o todo social foi cada fez mais perdendo a sua coesão no período que se seguiu a revolução industrial, já que perdera o seu poder de coerção e contenção do desejo individual. O que gerou, segundo Durkheim, o que ele chama de anomia: ausência de normas ou regras que ocorrem quando os indivíduos deixam de ser regulados por normas claras e coercitivas. A liberdade que resulta dessa ausência de normas pode trazer consequências negativas porque dá ao indivíduo uma larga margem de autonomia, o que os entrega a paixões e aos seus desejos sem hesitar e muitas vezes acabam estabelecendo para si mesmos objetivos inalcançáveis. Dessa forma, esses indivíduos se veem expostos ao risco, às incertezas, ao fracasso e às angústias. Sendo assim, esses sentimentos são muito prejudiciais e são consequências da liberdade excessiva, segundo Durkheim.

O período que se seguiu a esse, veio procurar dar uma certa racionalidade, uma segurança e uma certeza maior aos indivíduos com a crença em verdades absolutas, progressos lineares e planejamento racional com a produção de conhecimento que, durante a modernidade, de certa forma, deu estabilidade aos sentimentos de medo e insegurança produzidos no período das grandes mudanças.

Costa (2002), coloca que a revolução industrial é equivalente aos dias de hoje á revolução digital. Essa também coloca no nosso mundo atual os mesmos sentimentos de incerteza do futuro, inseguranças, angústias e o que julgar correto e o que julgar errado. Isso cria um ambiente onde o medo é o sentimento predominante. Dessa forma, o indivíduo se encontra em conflito quando ele é exposto ao mesmo tempo a velho e a novos valores, sendo colocado sempre em posto em questão aquilo que pode ou não pode existir.

Para averiguar essa ambivalência dos indivíduos contemporâneos, Costa (2002) vai fazer uma pesquisa que objetiva mostrar como se dá essa ambivalência nos dias atuais, usando como referência o campo que mais provocou e ainda provoca mudanças subjetivas e comportamentais no nosso século: o campo da revolução digital.

Nesse sentido, entrevistou vinte homens e vinte mulheres que faziam o uso regular da internet por, pelo no mínimo,duas horas diárias.

Costa (2002) queria averiguar como esses indivíduos enxergam o seu próprio comportamento na rede e como esses autodenominam o seu comportamento.

Para tal procedimento, ela usou a metodologia de fazer uma entrevista com cada participante isoladamente em um local que eles escolhessem e fez um roteiro com vinte e cinco perguntas do tipo: a que horas liga o computador, quantas vezes checa a sua caixa postal, quantos programas usa ao mesmo tempo).

O resultado revelou o mal estar dos participantes em relação ao uso intensivo da internet quando esta não é produtiva.

Considerando que a não produtividade está relacionada quando os usuários entram na internet para bate-papos ou rede sociais e produtiva quando usam o computador para fazer pesquisas ou trabalhos de qualquer natureza.

Porém, quando esses participantes relatam o seu próprio comportamento, eles possuem depoimentos contraditórios.

Eles tendem a revelar muita preocupação com a sua produtividade na rede mas ao mesmo tempo todos eles passam algumas horas em bate-papos e em redes sociais (o que eles julgam ser comportamentos improdutivos). Esses entrevistados tendem a repudiar o próprio prazer que tem na internet, criticando o seu uso por ele não ser útil. Somente três entrevistados apresentaram o comportamento de conseguir conciliar prazer com trabalho, dizendo que enquanto estava em bate-papos, também faziam pesquisas. Mas mesmo assim, não deixaram de se preocupar com a questão da produtividade quando um deles cita, por exemplo, que não gostaria que seu filho ficasse horas no computador.

Costa (2002) vai falar que essa ambivalência vem do fato de antigos valores se constratarem com novos valores. Antes de ser um meio que pudesse também proporcionar prazer, o computador era tão somente um meio de trabalho. Com a nova possibilidade de bater papo, as pessoas ficam perdidas e com medo de admitir que é o prazer que os leva a ficar horas na frente do computador. Nesse sentido, os entrevistados tentem a seguir uma ética de trabalho que vê o prazer como indesejado.

Na época anterior que esses entrevistados passaram, antes do advento do computador como também um meio de prazer, era muito clara a divisão entre o que é trabalho e o que é prazer. Dessa forma, essa antiga separação ainda atinge os indivíduos entrevistado, porém, não os impedem de passar horas na rede.

Ainda partindo do ponto da ambiguidade, no seu artigo intitulado de “Internet: a negatividade do discurso da mídia versus a positividade da experiência pessoal. À qual dar crédito?”, Costa (2002), irá abordar o tema do comportamento excessivo da internet como sendo considerado um patológico ou não.

A autora pretende identificar como é feita a adequação, por parte de usuários ”pesados” da internet, entre a experiência prazerosa de acesso e o discurso midiático que patologiza o uso excessivo da internet. Antes, no entanto, é feita uma revisão do material publicado nos Estados Unidos em meados dos anos 90 que versa sobre consequências supostamente negativas da Rede virtual.

O artigo é claro ao ressaltar que durante aquele período não havia unanimidade entre os psicólogos americanos em relação tema. De um lado, Young (1996, 1998) e Greenfield (1999, 2000) propunham a inclusão de uma nova desordem no DSM-IV, intitulada por eles de PIU (Pathological Internet Use), semelhante à compulsão pelo jogo em seus sintomas, mas com tratamento próprio. Por outro lado, Kraut (1998) e Nie (2000), apesar de conduzirem pesquisas separadas, foram capazes de concluir que o contato prolongado dos sujeitos com a internet aumentava-lhes consideravelmente níveis de solidão e isolamento. Os primeiros céticos quanto aos resultados alarmantes descritos acima surgiram alguns anos mais tarde e podem ser resumidos nos nomes de Tori deAngelis, Rebecca Clay, Kathlyn McKenna e John Bargh. Suas críticas se dirigiam fundamentalmente quanto aos métodos empregados e aos resultados duvidosos.

No Brasil, a mídia incorporara alguns dos elementos alarmantes que haviam sido propalados nos periódicos americanos, como por exemplo a veiculação na Folha de São Paulo de um artigo sob o título “Instituições tentam curar viciados em Internet”. Os textos que discutiam esse tema ainda estavam muito atrelado às fontes de estudo interacionais, e não demorou até que o uso exagerado da Rede virtual fosse comparado ao consumo de cocaína, opinião defendida pelo psicólogo britânico Mark Griffiths. Por outro lado, os internautas parecem não considerar os estudos científicos da área, graças à satisfação obtida pelo acesso à internet. O presente estudo avaliou os discursos construídos pelos usuários em torno dessas duas confrontações.

O estudo contou com vinte sujeitos, entre homens e mulheres maiores de 16 anos, submetidos a entrevistas-piloto, compostas de vinte e cinco perguntas principais, divididas em quatro eixos de avaliação: “hábitos do usuário”, “sentimentos, emoções (próprias, ou dos outros sobre si)”, “uso pesado, problemas, vício e vida virtual”, “mudanças, transformações e objetivos”. O termo “pesado” é atribuído aos sujeitos que relatavam passar duas horas ou mais por dia conectados à internet.

Os critérios usados para a inclusão de participante eram: (1) Os participantes deveriam se conectar exclusivamente de casa, por opção, em seu tempo disponível para lazer. Queríamos evitar as situações em que os usuários se conectam por obrigação ou necessidade, como em diversos ambientes de trabalho e estudo; (2) Todos os participantes deveriam já estar usando a Internet por, no mínimo, seis meses. Queríamos investigar se os sujeitos já tinham uma rotina de uso estabelecida; (3) Os participantes deveriam ter, pelo menos, 16 anos de idade. Queríamos que fossem capazes de ter alguma consciência dos impactos do uso da Rede sobre si mesmos; (4) Os participantes deveriam, no mínimo, estar cursando o segundo grau. Queríamos ter a garantia de um patamar de instrução comum a todos. Não foram feitas quaisquer restrições à idade, sexo ou profissão.

Quanto aos resultados, a autora pôde elaborar três estratégias de integração entre a experiência positiva dos usuários e a negatividade do discurso midiático. A primeira é o “distanciamento jocoso” consiste em lançar mão da ironia para, relativizando o discurso do vício (ao qual todos demonstram ter sido expostos de uma forma ou de outra), poder integrá-lo à sua experiência de usuários pesados. A segunda estratégia distanciamento jocoso à qualificação do uso intensivo da Internet como o de um vício "socialmente aceito", "não nocivo", "não maléfico", etc. A terceira estratégia é de simples relativização do discurso do vício e não mais de integração deste à sua prática.

Como contribuição, é possível citar que novas maneiras de comunicação e comportamentos derivados delas não são necessariamente patológicos e que faz se necessário pensar numa possibilidade de estar emergindo uma nova modalidade de integração social.

Podemos, portanto, afirmar que a autora Ana Maria Nicolaci-da-Costa entende que a mudança no contexto histórico impacta o homem diretamente. Impacto capaz de produzir novos homens, com novos hábitos e com novas maneiras de ver o mundo. É o que ela fala no seu artigo “Revolução Tecnológica e Transformações Subjetivas”.

Nesse estudo ela  visa abordar os aspectos em que a Revolução das Tecnologias da Informação e a Revolução Industrial têm em comum. Podemos observar que nossos comportamentos e hábitos podem sofrer alterações em função do desenvolvimento de novas tecnologias. Difícil perceber a profundidade do impacto das influências que as tecnologias têm sobre nós, sobretudo porque estamos expostos em relação direta e isso pode gerar transformações sociais e subjetivas. A organização psicológica contemporânea está sendo profundamente transformada por desenvolvimentos tecnológicos e a psicologia não pode ficar alheia a isso.

Podemos fazer uma retrospectiva histórica de como as diferentes descobertas de fontes de energia nos séc XVIII e XIX tiveram contribuição para esse movimento de transformações com a inserção de novas tecnologias. A primeira e a segunda Revolução Industrial desencadeada respectivamente pela energia a vapor e pela energia elétrica,  ofereceram subsídios para a compreensão da lógica das revoluções tecnológicas. Dos  pontos em comum a essas revoluções podemos destacar: “uma transformação em aceleração e sem precedentes em comparação com os padrões históricos, a difusão de novas tecnologias por todo o sistema econômico, a penetração dessas mesmas tecnologias em todo tecido social”.

O que é extremamente importante destacar para essa compreensão do que seria uma revolução em termos tecnológicos é a descontinuidade com o período anterior, a aceleração de sua difusão por todo sistema econômico e pelos os âmbitos sociais, bem como sua aceleração sem precedentes.

O maior impacto que tivemos nas últimas décadas foi a Revolução das Tecnologias da Informação com a conexão dos computadores em rede, a Revolução da Internet. De acordo com Castells (2000) o novo espaço urbano industrial é definido por fluxos, ou seja, organização material das práticas sociais de tempo compartilhado e esses espaços de fluxos são gerados por redes de computadores.

Já Christian Crumlish, autor de Dicionário da Internet (1997), define como o espaço no qual é compartilhada a realidade imaginária criada pela rede de computadores. É essa característica de um lugar imaginário que muitos estudiosos estão interessados em entender as consequências humanas da Revolução da Internet. “Isso porque é surpreendente o poder que esse novo espaço e essa nova realidade têm de cativar e prender seus frequentadores.”

Embora seja desprovido de materialidade física, o cyberespaço é um lugar no qual se experimentam novas formas de vida a partir das telas de computadores que servem como vias de acesso a esse lugar. São experiências atraentes, reais e intensas e que podem levar ao vício.

A Revolução da Internet vem gerado alterações não somente nos comportamentos, mas também na constituição psíquica dos homens, mulheres e crianças de nossos dias. Na ordem dos problemas e conflitos psicológicos podemos apontar o estresse tecnológico, sobretudo pelo excesso de informação, o sexo virtual como consequência do desregramento social como a promiscuidade, isolamento e depressão e os conflitos gerados pela vida online e a produtividade que dela se espera, bem como a emergência de novas formas de defesa de intimidade.

Segundo a psicanalista norte-americana Sherry Turkle, está emergindo um novo modelo de organização psíquica em decorrência do uso da rede que é dos “múltiplos eus”, fazendo uma analogia com a simultaneidade das janelas abertas no uso da internet. Alguns radicais falam de “morte do sujeito” tendo em vista que não há aprofundamentos dos conteúdos absorvidos.

Devemos levar em consideração que a produção de conhecimento sobre um novo estado de coisas é feito aos poucos e que os primeiros estágios de mudanças são carentes de uma visão de conjunto que leve a avaliar as transformações geradas pela Revolução da Internet. Há falta de leituras que possibilitem a construção de novas teorias que interpretem a nova realidade, bem como avaliação ao ceticismo do caráter transformador das novas tecnologias digitais.

Porém, autores como Graeml e Volpi (2004), citando Yung, irão falar de comportamentos dependentes e não dependentes de internet. Citando que aqueles comportamentos dependentes são considerados patológicos. Os autores, portanto, irão revelar algumas características que fazem com que essa dependência aconteça.

No artigo “o impacto do uso excessivo da internet no comportamento social das pessoas”, os autores irão falar sobre o uso excessivo da internet, suas causas mais prováveis e as consequências que ele traz para o comportamento individual e social das pessoas. Em contrapartida, mostra também (mesmo que rapidamente) os ganhos que advêm do uso comedido dessa nova tecnologia.

A possibilidade de trabalhar, obter informações, comprar diversos produtos de todo o mundo, conversar com pessoas diferentes, tudo isso sem sair de casa, faz crescer o número de usuários da internet. Esse crescente número de usuários da internet cria o que podemos chamar de cibercultura, esta seria, segundo Lévy (1999), “o conjunto de técnicas, de práticas, atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Assim, há uma nova maneira de viver, na qual um tempo enorme antes gasto com outras atividades fora do “ciberespaço”, tempo que seria, por exemplo, de convívio com outras pessoas na realidade, agora, é gasto na frente do computador. Isso nos traz questionamentos acerca da socialização dos indivíduos, como esta se dá atualmente?

Embora existam várias pesquisas sobre o número cada vez maior de pessoas conectadas à internet, pesquisas de psicologia comportamental que falem sobre mudanças de comportamentos e valores dos indivíduos devido ao uso dessa nova tecnologia são muito recentes. Elas iniciam nos Estados Unidos, década de 90, por autores como Goldberg (1995), o qual cria uma categoria diagnóstica para o uso compulsivo e patológico da internet.

Dentre as pesquisas sobre esse tema, destaca-se uma realizada por Young (1996), o qual identifica dois tipos de usuários da internet: os dependentes e os não dependentes. Os primeiros tinham como características: uso inicial recente (de 6 meses a 1 ano),com média de 38,5 horas on-line por semana para uso que não fosse profissional e aumento gradual desse uso. Já os segundos, utilizavam a internet a mais de um ano, com média de 5 horas por semana e não era um uso crescente.

Posteriormente, Young vai realizar uma segunda pesquisa que tem como objetivo encontrar possíveis causas para essa dependência de internet (especificamente, de chats) existente. Nessa pesquisa, ao perguntar sobre razões para uso dos chats, encontra-se tais resultados: 86% falaram do anonimato, 63 % da acessibilidade, 58% da segurança e 37 % do uso fácil dessa ferramenta. Isso, juntamente com uma análise do conteúdo das conversas aí existentes, leva à existência de 3 áreas que reforçam o uso da internet, são elas: o suporte social(onde pessoas que tem um contato social limitado na realidade têm a possibilidade de formar um grupo social próprio, sendo este um ponto de apoio para esses indivíduos), realização sexual (dentro de um ambiente protegido, as pessoas podem, aí, manifestar seus impulsos sexuais mais livremente e sem a contração de doenças sexualmente transmissíveis, abrir suas emoções mais facilmente e, quando pouco atraentes na realidade, obter novas oportunidades, conquistar alguém. Tudo por conta da igualdade presente entre os habitantes virtuais e criação de persona através do uso apenas de apelidos nos chats, existe a oportunidade da criação de novos papéis sociais. A internet, assim, pode ser um tipo de experimentação do eu que a pessoa quer trazer para a vida real, pois, nesse espaço, eu posso ser o que quiser).

Segundo dados da Psicologia Corporal, que também indicam mudanças de comportamento nesses indivíduos que fazem uso abusivo da internet, as pessoas estão deixando de lado seus traços de caráter oral, o que lhes permitiam manter o contato com colegas, familiares e se relacionar socialmente (LOWEN, 1987), para estarem cada vez mais esquizoides ou núcleo psicóticas (NAVARRO, 1995), procurando o afastamento social, vivenciando a fantasia.

Vale a pena ressaltar que o artigo em estudo frisa a questão do uso excessivo em internet, porém, o uso moderado desse instrumento pode ser bastante interessante e rico. Por exemplo, para Ballone (2003), a Internet é uma ferramenta à que se atribuem inúmeras vantagens para a educação, para o comércio, para o entretenimento e para o desenvolvimento do indivíduo. A própria participação, consciente e moderada, em chats pode permitir a interação social com outras pessoas, com o conhecimento, com a sociedade de consumo e com culturas diferentes.

Resumidamente, podemos dizer que desde o surgimento do Homo sapiens na terra é constante em seus comportamentos a busca de maneiras de “otimizar” seu tempo, procurando atingir seus objetivos com um maior conforto e comodidade. Para isso, ele desenvolveu diversos utensílios e aparatos como, por exemplo, a roda ou uso do fogo. Esta evolução perdura até os dias atuais, e um exemplo marcante disto é o uso do computador, em especial a internet, objeto de estudo neste artigo.

A comodidade de poder comprar produtos de qualquer lugar do mundo, comparando preços de diversos fornecedores; realizar pesquisas dos mais variados temas e consultar as mais variadas bases de dados; efetuar pagamentos de forma segura; ou ainda conversar com qualquer pessoa do seu ou de outros países, em qualquer hora, sem que seja necessário o deslocamento para um supermercado, lojas, bibliotecas, bancos, casa de amigos são exemplos de facilidades que tem atraído um grande número de adeptos à internet. Isto ilustra a cibercultura, que segundo Lévy (1999, p. 17), "é o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço". Segundo o mesmo autor, ciberespaço é "o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores".

Os atrativos proporcionados pela Rede têm feito com que as pessoas passem grande parte do tempo diante do computador. Este tipo de comportamento não se restringe aos adultos, englobando também as crianças que fazem uso desta ferramenta como forma de diversão ou busca de informações. Isto nos leva a questionar quanto à socialização das pessoas.

Pesquisadores que estudam o comportamento on-line têm opiniões diferentes sobre a existência de "vício da Internet”, alguns deles encaram o uso excessivo da internet como um vício, sendo chamada de Pathological Internet Use (PIU) (YOUNG, 1998), usando os mesmos critérios para diagnósticos do abuso de substâncias químicas, já que esse não consta no DSM-IV nem no CID-10. Entretanto, outros autores defendem que esta percepção negativa é reflexo do medo de novas tecnologias, repetindo o que se viu no passado quando se estimulava a resistência ao telefone acreditando que os outros poderiam ouvir suas conversas até mesmo com aparelho desligado (MCKENNA; BARGH, 1999, apud CLAY, 2000).

 

5 METODOLOGIA

5.1 Descrição da Amostra

Considerou-se como população para este estudo o número de alunos ativos do curso de Administração na Universidade Federal de Sergipe no primeiro semestre do ano de 2019, ou seja, 764 estudantes, de acordo com dados fornecidos pelo DAA – Departamento de Administração Acadêmica da instituição.

Para a efetivação da pesquisa foi delimitada uma amostra de 10% dentro da população estudada, ou seja, serão abordados 80 alunos, no intuito de ter uma maior confiabilidade nos resultados.

O processo de amostragem utilizado nesta pesquisa, em sua parte quantitativa, é do tipo não probabilístico por conveniência posto que a população não está toda disponível para ser sorteada e foi escolhido devido a diversos fatores, dentre eles:

a) a impossibilidade de entrevistar todos alunos da Universidade;

b) a acessibilidade aos alunos, tendo em vista que não foram feitas entrevistas em todas as turmas do curso de administração;

5.2 Descrição da Coleta de Dados

Os participantes serão abordados na UFS, onde será aplicado um pré-teste que segundo Mattar (1994, p. 236) tem os seguintes objetivos:

  • verificar se os termos utilizados nas perguntas são de compreensão dos respondentes;
  • verificar se as perguntas estão sendo entendidas como deveriam ser;
  • verificar se as opções de respostas fechadas estão completas;
  • verificar se a sequência de perguntas está correta;
  • verificar se não há objeções das respostas;
  • verificar se a forma de apresentar a pergunta não está causando viés etc.

A coleta será feita coletivamente, em salas de aulas, escolhidas aleatoriamente onde após o consentimento e permissão do professor será explicado o objetivo da pesquisa e entregue um termo de livre consentimento, só então serão aplicados os questionários, que não serão identificados, garantindo assim o sigilo das informações. Logo em seguida, será aplicado para os participantes um questionário composto de 14 questões.

5.3 Descrição do Instrumento

Será adotado um modelo de pesquisa qualitativa e quantitativa com a aplicação de um questionário composto de 3 perguntas abertas e 11 fechadas. Segundo Mattar (1996, p. 77) “a pesquisa quantitativa procura medir o grau em que algo está presente”. Segundo Oliveira (1997, 117), as pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais.

As primeiras perguntas (1ª a 4ª) se relacionam com o perfil dos usuários, as seguintes (5ª a 8ª) identificaram os benefícios percebidos pelos usuários com o uso da Internet. A terceira parte (9ª a 11ª) visou identificar os sentimentos e emoções experimentados e, por último (12ª a 14ª), verificou-se a forma com que os usuários percebem a vida real e virtual.

5.4 Descrição da análise de dados

Após a fase da coleta de dados será necessário que as informações sejam tabuladas e analisadas. A fim de processar os dados coletados no questionário serão utilizados recursos computacionais compatíveis com a natureza da pesquisa, orientados pelo software estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), em sua versão para microcomputadores, com o auxílio dos programas Word e Excel para a confecção de gráficos e tabelas.

Alguns cruzamentos serão realizados procurando estabelecer relações entre as variáveis estudadas. As questões abertas, do questionário, serão tratadas através da criação de categorias com as respostas obtidas, analisando a frequência de respostas e classificando-as de acordo com as cinco mais respondidas.

 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

         Diante da modernização do contexto atual, cabem questionamentos acerca das formas de relacionamento e comunicação, bem como quanto à velocidade da propagação das informações e necessidade de manter-se conectado para sentir-se pertencente à sociedade em que está inserido.

         Estabelecer parametros para mensurar o uso abusivo da internet é uma tarefa complexa e que exige bastante estudo sobre a temática, além de um trabalho sociológico das populações visando conhecer suas nuances envolvidas com o uso de internet.

Diante disso, esse trabalho mostra-se relevante, posto que, estudos aprofundados sobre a temática, viabilizará uma elucidação mais precisa da realidade.

REFERÊNCIAS

 

CLAY, Rebeca A. Is the Internet enhancing interpersonal connections or leading to greater social isolation?. Disponível em: <http://www.apa.org/monitor/apr00/linking.aspx>. Acesso em: 03 ago. 2012.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. [tradução de Carlos Irineu da Costa]. 1. ed. São Paulo: Editora 34, 1999.

MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de Marketing 1. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.

______. Pesquisa de Marketing: metodologia, planejamento. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

YOUNG, Kimberly S. Caught in the Net: How to Recognize the Signs of Internet Addiction and a winning strategy for recovery. New York, NY: John Wiley & Sons. 1998.

VERGARA, Sylvia C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×