21/10/2005

União Européia padroniza classificação de certificados de proficiência

Com novo padrão, certificados concedidos por instituições internacionais são enquadrados de acordo com o nível de proficiência medido nos testes de línguas

Se você estuda Inglês já deve ter ouvido falar de FCE, CAE ou CPE. Se faz Espanhol, com certeza já ouviu falar do DELE. E ainda se você está aprendendo Francês, já escutou as siglas DELF e DALF. Todas essas abreviações representam certificados internacionais muito desejados por quem estuda algum idioma há tempos. Eles são requisitados exigidos por universidades e empresas, pois atestam o nível de proficiência do idioma de seus portadores. Para padronizar a equivalência do nível de conhecimento dos idiomas europeus, a União Européia, em novembro de 2001, propôs a todos os países-membros do bloco uma estrutura comum para referência de línguas, o Common European Framework of Reference for Language Learning and Teaching (ou sistema comum europeu de referência para o aprendizado e ensino de línguas, em português).

Essa estrutura propõe uma base para o reconhecimento das certificações de idiomas e está dividida em seis níveis, o que possibilitaria uma equivalência internacional comparável entre os diversos idiomas e certificados de proficiência. Os níveis são: A1, A2, B1, B2, C1 e C2.

Segundo o diretor pedagógico da Aliança Francesa de São Paulo, Hervé Salaün, essa correspondência entre os níveis é importante para que se possa comparar as competências. "Por exemplo, entre B2 inglês, alemão, italiano, português e francês. Isso possibilitou a harmonização de todos os diplomas de línguas européias nesses seis níveis", aponta Salaün.

O coordenador de cursos do Instituto Italiano de Cultura, Gabriele Frigerio, explica que as leis da União Européia não são obrigatórias, mas, para não ficar para trás, os institutos de certificação e universidades que são responsáveis pelos diplomas internacionais já estão fazendo a equivalência dos certificados para os seis níveis propostos.

Uma coisa importante de ressaltar é que os diplomas internacionais não estão sendo modificados: os órgãos certificadores estão apenas adequando os diplomas já existentes aos seis níveis propostos pela União Européia. ( Clique aqui para conhecer a equivalência dos certificados nos seis níveis). Estes níveis servirão para que seja padronizado o tipo de aceitação dos certificados a partir do enquadramento que cada diploma obtido deve ser compreendido na tabulação das equivalências.

ALTE

A ALTE (Association of Language Testers in Europe) é uma associação formada por diversos órgãos certificadores das línguas européias. Foi fundada em 1989 pelas Universidades de Cambridge (Reino Unido) e Salamanca (Espanha) com o objetivo de estabelecer níveis comuns de proficiência e promover o reconhecimento internacional das certificações européias. Atualmente tem mais de 29 membros.

Sendo assim, a ALTE também tem uma tabela de seis níveis de qualificação que correspondem aos seis níveis propostos pela União Européia. A equivalência é a seguinte:

A1 - ALTE Breakthrouht
A2 - ALTE Level 2
B1 - ALTE Level 2
B2 - ALTE Level 3
C1 - ALTE Level 4
C2 - ALTE Level 5

Essa estrutura da ALTE foi desenhada em conjunto com os países membros e por especialistas em lingüística.

No intuito de fazer os níveis propostos pelo Common European Framework mais fáceis de entender, a ALTE desenvolveu uma série de indicações do "Pode fazer" para cada um dos níveis. Essas indicações descrevem o que os usuários da língua conseguem fazer tipicamente nos diferentes níveis e contextos.

Os seis níveis

Usuário básico

A1: Consegue compreender e usar expressões conhecidas do dia-a-dia e frases básicas dirigidas para a satisfação concreta de uma necessidade. Consegue apresentar-se aos outros e responder perguntas sobre si, tais como onde mora, pessoas que conhece e objetos que lhe pertencem. Consegue interagir de forma simples desde que a outra pessoa fale devagar e claramente e esteja preparada para ajudar.

A2: Consegue compreender frases e freqüentemente usa expressões relacionadas com as áreas de relevância imediata (informação pessoal e familiar, compras, geografia local e emprego). Consegue se comunicar em tarefas simples e rotineiras que requerem troca de informação simples e direta como assuntos do seu conhecimento. Consegue descrever aspectos simples do seu passado, ambiente imediato e áreas de necessidade imediata.

Usuário independente

B1: Consegue compreender os pontos principais de assuntos conhecidos com que se depara regularmente no trabalho, escola, lazer. Consegue lidar com quase todas as situações que possam surgir. Consegue redigir textos simples e bem organizados sobre um assunto do seu interesse ou conhecimento. Consegue descrever experiências e eventos, sonhos, esperanças e ambições, e dar breves razões e explicações de opiniões e planos.

B2: Consegue compreender as linhas gerais de textos mais complexos sobre assuntos concretos ou abstratos, incluindo técnicas de discussão numa área da sua especialização. Consegue interagir com um certo grau de fluência e espontaneidade com falantes nativos da língua. Consegue redigir textos claros e detalhados sobre vários assuntos e consegue explicar o seu ponto de vista sobre um determinado assunto, mostrando as vantagens e desvantagens.

Usuário proficiente

C1: Consegue compreender uma variedade de textos cada vez mais longos e exigentes, e reconhece o significado implícito. Consegue expressar-se espontaneamente e com fluência, sem grandes hesitações aparentes. Consegue usar a linguagem de forma flexível e eficaz para fins sociais, acadêmicos e profissionais. Consegue redigir textos claros, bem estruturados e detalhados sobre assuntos complexos, mostrando controle de técnicas organizacionais, de coesão e ligação.

C2: Consegue compreender com facilidade tudo o que lê e ouve. Consegue sumarizar informação de diferentes fontes, tanto escritas como faladas, reconstruir argumentos, numa apresentação coerente. Consegue expressar-se espontaneamente, com precisão e fluência, diferenciando os mais leves significados de situações cada vez mais complexas.

Vale lembrar que esses seis níveis são válidos para os certificados e não têm nada a ver com os testes que avaliam o seu nível lingüístico no momento em que você faz. Por exemplo, em inglês existem cinco certificados (KET, PET, FCE, CAE e CPE), que são aplicados pela Universidade de Cambridge. O IELTS é o principal teste de inglês também aplicado pela Universidade de Cambridge. Nele você tira uma nota e não é reprovado, porque é o nível de qualificação em Inglês que está sendo medido. Já no caso dos certificados, você passa ou não, é um exame.

Ambos são aceitos por universidades do mundo inteiro. Porém, é imposta uma nota mínima no caso do IELTS e um nível mínimo no caso dos certificados. "Os certificados têm níveis diferentes: a universidade pode aceitar desde o CAE até o CPE. Talvez ela não aceite o FCE. Quando a universidade aceita os certificados, vai determinar quais níveis daquele certificado ela aceita. Não é qualquer um. Para aceitar o IELTS, ela vai dar uma nota. Essa é a diferença", explica a gerente nacional de exames do British Council, Rosane de Genova.

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