06/10/2022

TRATAMENTO POR CÉLULAS-TRONCO NA REGENERAÇÃO DA MEDULA ÓSSEA

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MENDONÇA, João Paulo Santos Neves.*;

RUZIN, Gabriela.**;

LUTKE, Thaize.**;


* Professor Orientador. Docente na Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste. Mestre em Ciências da Educação. Especialista em Docência do Ensino Superior. Graduado em Química e Pedagogia.

**Graduandas pela Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste.


      Neste artigo queremos mostrar o quão importante é a medula óssea para o ser humano e como o transplante pode ser a cura para pacientes com diversas doenças sanguíneas que afetam a medula óssea que é  quem produz as células do sangue.

      Quando se houve “transplante de medula óssea” logo se pensa que é um procedimento que necessita de uma cirurgia, mas não é, apesar que  uma das formas de ser realizada é em centro cirúrgico o procedimento é mais simples do que parece. Essa falta de conhecimento e informação sobre como é realizado o procedimento afasta possíveis doadores, que acabam não se candidatando pelo receio do tempo que precisariam se afastar de suas atividades para que pudessem realizar a doação.

      Surgem outras dúvidas também: quem pode doar? Quantas vezes? Qual o tempo necessário entre uma doação outra? Da onde é retirada essa medula?

      Para quem doa o processo é mais simples e dura cerca de 2 a 4 horas depende do procedimento que foi escolhido, o doador não sofre sérios efeitos colaterais, somente alguns sintomas que podem ser controlados com remédios simples. Pessoas entre 18   e 55 anos podem ser doadora, não exite um limite de vezes que pode ser doados, mas é necessário respeitar um período de no mínimo 15 dais entre uma doação e outra. A medula é retira de ossos grandes, normalmente na região pélvica posterior, o osso do quadril.

      Para o receptor o procedimento leva em torno de duas horas, mas a sua permanência no hospital dura vários dias até porque após o transplante os cuidados precisam ser maiores, pois o paciente passa por uma fase crítica onde seu corpo não produz nenhuma célula, o seu organismo está se adaptando e está em uma fase de regeneração,  até que o transplante seja aceito pelo organismo, assim a medula fazendo sua função e podendo dar continuidade ao tratamento contra o câncer e outras doenças.

CÉLULAS TRONCO – UMA REVISÃO DE LITERATURA

      Células-tronco são células específicas que são capazes de dar origem a outras células e tecidos do corpo, sendo assim importantíssimas para o tratamento de diversas doenças como Parkinson, Alzheimer, câncer entre outras. As células-tronco são capazes de se dividir em células iguais a ela ou em células diferentes, são células capazes de se regenerar em novos tecidos.

      Existem tipos principais de células-tronco, são elas: as embrionárias, as não-embrionárias ou adultas e estas células se classificam em totipotentes, pluripotentes e multipotentes de acordo com o nível de plasticidade, com quantas vias podem seguir e com qual parte do organismo ela vai contribuir.

      As células-tronco embrionárias são as células que são encontradas no interior dos embriões recém-formados até o 5° dia, que é o estágio conhecido com blastocisto, só são consideradas células –tronco embrionárias até o 5° após isso as células já se especializam, formando coração e sistema nervoso em desenvolvimento.

      As células-tronco embrionárias se classificam em totipotentes que são as que geram tecido extraembrionários originando organismos completos e podem se diferenciar em todos os tecidos do corpo humanos, um deles é o zigoto. As células embrionárias também podem ser classificadas como pluripotentes porque podem se transformar em quase todos os tecidos que o corpo humano possui, exceto placenta e anexos embrionários. Existem aproximadamente 216 tipos de células no corpo humano.

      As células-tronco não embrionárias ou adultas como são mais conhecidas são células que são encontradas em vários órgãos e tecidos do indivíduo adulto, mas principalmente na medula óssea e no sangue cordão umbilical. As células-tronco adultas não têm a mesma capacidade de regeneração que as células-tronco embrionárias, elas apresentam capacidade de se transformarem em menor escala.

TRATAMENTOS DISPONÍVEIS E O ACESSO A ELES

      Transplante de medula óssea é o tratamento para a regeneração da mesma, esse tratamento deve ser feito em hospital ou clínica especializada nesse tipo de procedimento, a grande maioria das pessoas quando ouve o termo “transplante de medula óssea” acreditam que se trate de um procedimento cirúrgico, mas ele não é.

      Esse procedimento pode ser autogênico que é quando a medula vem do próprio paciente (que é retirada antes do tratamento e congeladas para uso posterior) ou alogênico quando vem de um doador, outra forma de realizar o transplante é através de células percussoras da medula óssea  que podem ser obtidas na corrente sanguínea do doador.

      Para realizar esse transplante precisa passar um processo, o primeiro passo é fazer testes no sangue para ver a compatibilidade do doador com o paciente, isso é necessário para ver a maior compatibilidade possível para que as chances de rejeição da medula pelo receptor seja evitada, além de complicações do como a agressão de células do doador contra órgãos do receptor, após encontrar a maior compatibilidade a doador é submetido ao procedimento que pode ser feito de duas formas:

      Punção: Que é feito em centro cirúrgico, mas não é um considerado uma cirurgia, doador sob anestesia são feitas diversas punções com agulhas nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula, dura cerca de duas horas.

      Aférese: O doador toma um medicamento específico para aumentar a quantidade de células-tronco em seu sangue e depois faz a coleta é feita através de cateteres nas veias dos braços. O sangue é filtrado em uma máquina que retém as células-tronco e demora cerca de duas até quatro horas

      Nenhum desses procedimentos compromete a saúde do doador. Dentro de poucas semanas a medula está totalmente recuperada. Após a doação o doador pode ter alguns sintomas como dor local, astenia, dor de cabeça que são passageiros e controlados com remédios simples.

      Após a retirada da medula a mesma é transportada até o seu receptor, a médula precisa ser acondicionada em uma bolsa de criopreservação de medula óssea, congeladas e transportadas em condições especiais em temperatura de 4°C a 20°C para que não sofra nenhum dano.

      Já o paciente para receber o transplante é submetido a um tratamento que ataca as células doente e destrói a própria médula para que assim ao receber a médula sadia que é através de uma transfusão de sangue elas possam encontrar seu caminha circulando através da corrente sanguínea, após alojadas na medula óssea elas se desenvolvem formando novas células. Até que esse processo de novas células ocorra o paciente precisa ficar internado em uma ala isolada do hospital, pois é o período em que ele está fragilizado e sem as células de defesas para proteger de agentes infecciosos.

      Após o transplante o paciente precisa permanecer no hospital até que todo o processo seja concluído e que o organismo não rejeite a nova medula óssea, esse tempo não é exato, vária de paciente para paciente e de suas condições. Existem cerca de 80 centros que oferecem especialidade de transplante de medula óssea, embora presentes em todo o território nacional a maior concentração é nas regiões Sul e Sudeste. O transplante de medula óssea pode ser encontrado tanto na rede privada como no Sistema Único de Saúde, porém no SUS não são todos os pacientes que tem direito, existem casos que podem ser realizados, há doenças que o SUS aceita como leucemia, anemia a plástica e linfomas, com o passar dos anos o SUS está aumentando a lista de doenças que aceita esse transplante de medula óssea. Já na rede privada o custo deste tratamento é alto e acaba se tornando inacessível as pessoas com condições baixas.

MEDULA ÓSSEA E A REGENERAÇÃO

      Após o transplante existem algumas fases, uma delas é conhecida como aplasia medular que é caracterizado por ocorrer a queda do número de todas as células do sangue tantos ruins como as boas, nesse período em que não estão sendo produzidas células de defesa, principalmente os leucócitos tipo neutrófilos (que são responsáveis pela defesa do organismo contra fungos, vírus e bactérias) o paciente precisa receber diversos antibióticos para poder se proteger de infecções.

      Durante o período em que a medula que foi transplantada  não consegue produzir células sanguíneas suficientes o paciente recebe hemácias e plaquetas por meio de transfusão, além de outros medicamentos que estimulam a produção de leucócitos. Após essa fase que ocorre com o paciente ainda no hospital para que todos os cuidados sejam tomados vem a fase conhecida como ‘’pega medular”, podemos dizer que é caracterizada pela aceitação do organismo da medula que foi recebida, pois nessa fase a medula óssea já é capaz de produzir a quantidade de células necessárias, isso acontece quando a taxa de plaquetas alcança 20.000/mm e sem a necessidade de transfusão por dois dias seguido e os leucócitos acima de 500/mm2, após essa verificação o paciente está próximo de receber alta.

      O paciente após sair do hospital precisa continuar o tratamento através de consultas regulares, alguns pacientes levam até um ano para se recuperar. O que pode acontecer é o paciente rejeitar a medula, isso ocorre porque a medula produz o linfócitos (que são outro tipo de leucócito) que tem a função de identificar corpos estranhos. Isso ocorre quando nova medula óssea produz linfócitos e esses identificam o organismo do paciente como estranho e acaba fazendo uma resposta imune que agredi células e alguns tecidos do paciente, por isso é tão importante ter o máximo de compatibilidade, para que a rejeição não aconteça. Ainda para evitar uma possível rejeição é prescrito para o paciente remédios anti rejeição chamados imunossupressores. Aumentado assim a chances de o transplante ser um sucesso e de a medula se regenerar por completo.

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