10/09/2018

Trabalhando o Reino Protista Em Turma de Formação de Professores Em Biologia Do Programa PROESP

TRABALHANDO O REINO PROTISTA EM TURMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM BIOLOGIA DO PROGRAMA PROESP

Cristiana de Cerqueira Silva Santana

Professora Adjunta da UNEB. E-mail: ccsilva@uneb.br

1. INTRODUÇÃO

Este relato de experiência em ensino se refere às ações que ocorreram no ano de 2010 enquanto professora-formadora em uma turma de professores-alunos do curso de Licenciatura em Biologia dentro do Programa de Formação de Professores do Estado da Bahia para o Ensino Fundamental e Médio (PROESP).

O PROESP é um programa que objetiva oferecer formação em nível universitário (licenciatura) a professores que já atuam no ensino básico, tendo esses docentes cursado alguma licenciatura anterior, ou não. O Programa atua de forma presencial e exige como requisito para dele participar, que os alunos-professores estejam no pleno exercício docente na área do curso que irá realizar. Nesse sentido, todos os professores-alunos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do PROESP devem estar ensinando a disciplina Ciências ou Biologia na escola de ensino básico, ou se capacitar para ensinar tais matérias.

O Programa foi criado pelo MEC e resulta de ação conjunta deste com Instituições Públicas de Educação Superior (IPES) e de Secretarias de Educação de Estados e Municípios, como integrantes do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação (PDE) “[,,,] que estabeleceu no país um novo regime de colaboração da União com os estados e municípios, respeitando a autonomia dos entes federados” (UNEB, 2018).

Dentro da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) o Programa foi criado em 2004:

[...] a partir de um convênio celebrado entre a Secretaria da Educação do Estado da Bahia, com a interveniência do Instituto Anísio Teixeira – IAT, e a Universidade do Estado da Bahia – UNEB, para desenvolver cursos de graduação para os professores que atuam na rede estadual de ensino fundamental de 5ª a 8ª séries e no Ensino Médio (UNEB, 2018).

O PROESP vem oferendo importante formação a professores do estado da Bahia e uma das características que se relaciona ao sucesso desse Programa é o fato de ter sido feito em parceria com a Universidade do Estado da Bahia que apresenta organização de multicampia estando distribuída fisicamente em 24 municípios no estado, portanto, consistindo na universidade com a maior penetração pelo estado. Do ponto de vista da Universidade cabe aqui ressaltar que: “[...] a relevância deste Programa reside também na melhoria do ensino público e na participação do corpo docente da UNEB nas políticas públicas de melhoria do padrão educacional do Estado” (UNEB, 2018).

Até o momento a UNEB já ofereceu cursos de Licenciatura em: “Letras, Letras com Inglês, História, Geografia, Matemática e Biologia, Física, Química, Educação Física e Artes, distribuídos em vários Departamentos da UNEB” (UNEB, 2018).

A experiência aqui relatada ocorreu no ano de 2010, durante a 3ª etapa do PROESP, na Universidade do Estado da Bahia, Campus de Senhor do Bonfim, um município distante 400 km da capital Salvador e totalmente inserido no semiárido baiano. O componente curricular aqui trabalhado foi ‘Biologia Animal 1’ pertencente ao fluxograma do curso de Licenciatura em Biologia do PROESP.

O objetivo da disciplina é o estudo dos Protistas e dos animais invertebrados. Essa disciplina inclui inicialmente o estudo das regras internacionais de nomenclatura Zoológica, o entendimento dos níveis de organização dos seres vivos e o sistema de classificação zoológica, para em seguida adentrar nos conteúdos dos organismos. Em especial o componente curricular objetivou permitir o entendimento da morfologia, da anatomia, da distribuição geográfica e importância dos Grupos Protista, Porífera, Cnidária, Ctnophora e Platelmintos. O relato aqui apresentado está relacionado ao trabalho realizado com os professores/alunos sob o tema dos Protistas, portanto, em parte do componente curricular.

2. O REINO DOS PROTISTAS

Os protistas constituem reino artificial, onde muitos dos grupos a este pertencente não apresentam relações filogenéticas. Esse reino organiza artificialmente os organismos unicelulares e multicelulares difíceis de classificar (BRUSCA & BRUSCA, 2007).

Os Protistas são organismos unicelulares eucariontes que vivem em meio aquático e, por vezes, em solos úmidos, sendo livres ou parasitas (zooparasitas ou fitoparasitas). São cosmopolitas e sua motilidade varia desde sésseis à rastejantes e ainda participantes do plâncton. Dentre aqueles que se movimentam isso se dá por meio de pseudópodes, cílios ou flagelos, estruturas que ainda auxiliam na captura de alimentos (RUPPERT; BARNES, 1996).

Embora alguns protistas sejam causadores de doenças humanas, em animais e em plantas (CIMERMAN e FRANCO, 2002), também apresentam grande importância ecológica, sendo assim de grande relevância para a vida na Terra. Muitos protistas realizam fotossíntese sendo responsáveis pela produção maciça de O2 em nosso planeta, são essenciais na decomposição de resíduos orgânicos, clarificação da água, são bioindicadores, além da capacidade de fermentação; outra função importante é que fazem parte da flora microbiana do estômago de ruminantes, digerindo a celulose (LUCK et al, 1995; BRUSCA & BRUSCA, 2007; RUPPERT; BARNES, 1996).

A intenção da disciplina não foi apenas apresentar o conteúdo para proporcionar a compreensão do assunto, mas, especialmente discutir a importância ecológica desse grupo de organismos, bem como as diversas possibilidades de se tratar o tema nas escolas em que os alunos-professores trabalhavam, incluindo naquelas sem laboratórios de ciências. A ausência de laboratórios de ciências ainda é uma situação existente em nosso país; algumas instituições de ensino básico apresentam espaços destinados a aulas práticas, mas, esses são subutilizados ou não utilizados, e outras ainda servem de salas de aulas comuns ou até como depósitos. Nesse sentido, para esse tema aventamos a possibilidade de se trabalhar nas escolas com e sem laboratório de ciências.

2. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES SOBRE OS PROTISTAS

As atividades pertinentes a este componente curricular foram divididas em dois módulos, com duração de 30 horas cada, que contaram com aulas teóricas e práticas. A parte pertinente aos Protistas foi de 15 horas em sala (sendo 12 horas teóricas e 03 horas de prática em laboratório), mas, para esses organismos direcionamos horas extras de leituras de textos, além de momentos para elaboração de planos de aulas ou projetos de ciências a serem aplicados nas escolas.

Durante o primeiro módulo, na discussão do tema, houve intensa participação dos professores-alunos que reconheceram a importância de se estudar tais organismos, em especial a relação parasitária que muitos destes têm com o homem e com outros organismos, além das relações ecológicas que esse grupo mantém com o planeta Terra (produção de oxigênio livre), com os seres humanos e com outros animais.

Após exposições, leitura, aula prática com cultura de protistas em água com raízes de alface e observação em microscópio e mostra de vídeos de curta duração sobre os organismos estudados, discussões e análises realizadas ao longo do primeiro módulo, foram solicitados aos discentes que elaborassem um painel relacionando a importância econômica e médica de alguns dos protistas estudados. A elaboração e apresentação dos painéis teve o intuito de permitir aos discentes o desenvolvimento de atividades em equipe e a apresentação das suas pesquisas.

A esse painel seguiu-se a apresentação de seminários, em equipes, sobre os seguintes temas: Toxoplasmose, Giardíase, Doença de Chagas, Leishimaniose, Amebíase e Tricomoníase.

No intervalo entre os módulos os discentes aprofundaram a leitura dos assuntos nos livros recomendados e constantes na bibliografia da disciplina, bem como de textos indicados em sala. Os discentes foram orientados a realizarem leitura nos livros indicados e sobre os assuntos a serem abordados no módulo seguinte.

Orientamos os professores-alunos sobre o fato de que a atividade final poderia ser feita individualmente ou em grupo. Os Professores-alunos deveriam auxiliar seus alunos a construírem um conceito ecológico sobre os protistas, a desmistificarem a ideia de que todos os microorganismos são causadores de doenças, despertando nestes a curiosidade acerca dos protistas de funções ecológicas de grande importância para a vida na Terra.

O primeiro momento se deu com o aprofundamento do tema e pesquisa bibliográfica para fundamentar o projeto a ser aplicado. Foi orientada à turma que esses deveriam problematizar o tema em sala de aula a partir de alguma estratégia didática: leitura de um texto, utilização de figuras, filme, etc. Nesse momento caracterizaria esses organismos e relacionaria algumas doenças causadas por Protozoários.

Na segunda etapa o professor deveria orientar seus alunos para o levantamento sobre as características básicas desses organismos, as relações ecológicas positivas desenvolvidas por estes, tais como: mutualismo, simbiose e importância econômica.

A terceira etapa correspondeu à culminância que compreendeu o fechamento do tema e a apresentação do que foi desenvolvido e aprendido pelos alunos na escola em que os professores-alunos atuavam. A culminância se deu por meio da apresentação dos resultados das aulas realizadas pelos professores-alunos em suas práticas docentes. Esses resultaram na apresentação de aulas com uso de painéis e maquetes nos espaços externos (pátios) das escolas; apresentação de seminários; apresentação de peça teatral; elaboração de livro; outra modalidade que pudesse envolver o ambiente escolar.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a aplicação dos módulos e das avaliações realizadas (incluindo auto-avaliação, avaliação da turma, da disciplina e do professor) pode-se concluir que os objetivos da disciplina foram satisfatoriamente alcançados; que o envolvimento dos discentes nas análises e discussões durante as aulas teóricas e práticas contribuíram de forma significativa para o aprendizado, incluindo a necessidade de multiplicar conhecimentos relativos aos protistas.

REFERÊNCIAS

BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 968p.

CIMERMAN, B. e FRANCO, M. A. 2002. Atlas de Parasitologia: Artrópodes, protozoários e helmintos. São Paulo: Atheneu.

RAVEN, P. H.; EVERT, R. F.; CURTIS, H. 1988. Biologia vegetal. São Paulo. Editora Guanabara. V.2.

RUPPERT, E. & BARNES, R. D. 1996. Zoologia dos Invertebrados. 6ª ed., Roca Ed., São Paulo. 1029 p.

UNEB. O PARFOR. Universidade do Estado da Bahia. Disponível em: < http://www.uneb.br/parfor/o-parfor/> Acesso em: 11 de abr. de 2018.

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