04/06/2018

Terceiro Estado

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

Como visto em meus textos, hoje pode-se afirmar que a educação implica na mudança, entretanto, a educação pública é uma exceção em tal afirmação.

Em 2017, organizamos o II Encontro UNINTER de Educação e Sociedade, na Cidade de Congonhas. Tal evento me levou a ministrar uma palestra intitulada Reforma do Segundo Grau e o Terceiro Estado, e hoje, pude perceber o quão certo estava ao afirmar que nossa educação pública tem apenas a função de idiotizar e/ou docilizar nossos alunos.

O Terceiro Estado é a força do povo a exigir o equilíbrio da nação, e afirmei que a reforma acarretaria na esterilização dos sonhos e na castração das perspectivas dos alunos.

Obviamente errei, pois esta inércia em que toda essa geração encontra-se, ainda não é fruto de tal nefasta reforma, pois na educação, o resultado é a longo prazo, então, a nossa realidade é apenas fruto do descaso dos governos com a educação pública.

Estamos colhendo amargos frutos da desvalorização dos profissionais da educação e também dos cargos em que seriam precisos pessoas competentes, entretanto, estes são preenchidos com favores políticos, sequer focando o profissionalismo.

A reforma dará o seu fruto em aproximadamente 8 anos, e pasmem, será ainda pior do que a nossa realidade, o que dá para nós profissionais da educação, revertemos tão tenebrosa situação, dando um basta neste ensino estéril e nesta hipocrisia dos números.

Temos a educação como ponto nevrálgico para qualquer situação e simplesmente, esta mesma tem sido deixada de lado pelo sistema que impõe cada vez mais a sua vontade recheada com inversões de valores, conhecimentos estéreis e má formação cultural de toda uma nação.

O Brasil está perdendo sua identidade. O povo encontra-se em sua maioria alienado com a situação. Não existe o discernimento necessário para perceber o quão é horrendo a nossa situação política.

Nossa nação outrora respeitada, hoje é satirizada por outros países.

Nossas mídias se tornaram tão abjeta quanto nossos governos, pois estas não informam a realidade, entretanto, as mídias no exterior, deixam claro o que tem acontecido com a nossa nação.

Assim sendo, podemos citar como exemplo o Jornal Le Monde. Para mais esclarecimentos, o Le Monde é um jornal diário francês e um dos mais importantes e respeitados jornais do mundo.

Na Edição 128 - Le Monde Diplomatique Brasil é ressaltado os Tribunais de Exceção, que fala sobre a "desdemocratização" e os golpes brandos[1], retratando o golpe de 2016.

O texto traz um interessante questionamento

O papel do Judiciário na canalização das disputas e a crença disseminada de que os tribunais são capazes, em algum grau, de aplicar a lei tal como ela está formulada fazem nascer uma sensação de abandono quando deparamos com uma situação de arbitrariedade judicial indisfarçada. A quem vamos recorrer, quando até a Justiça é injusta?

            Como foi afirmado pelo jornal, não podemos sequer contar com a justiça, pois o nosso judiciário está totalmente corrompido e manipulado pela corrupta política.

            A sátira feita pelo jornal, trata-se de uma charge em que mostra a Justiça sendo enforcada. No mesmo desenho mostra o Pato de Tróia, militares assegurando o desfecho junto de homens de toga (presidente e ministro da justiça) e o povo em volta com a camisa da seleção brasileira, ou seja, não interessa, aconteça o que acontecer, ser brasileiro se resume em uma torcida frenética por um jogo de futebol.

O Jornal Le Monde resumiu de forma inteligente a nossa realidade. O Brasil está a míngua e o povo preocupado com a Copa do Mundo.

Conforme a fala de Marcelo Luna, este governo nos tirou a humanidade e nos transformou em sua imagem e semelhança, pois em um ranking de educação entre 36 países, encontramo-nos na 35ª posição, mas isso não importa, temos uma das melhores seleções.

A situação em que a educação pública encontra-se nos remete a um clássico da Banda Pink Floyd, em que na música Another Brick In The Wall, é falado que " nós não precisamos de nenhuma educação, Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento".

Essa tem sido a meta política quanto a educação pública. Controle de pensamento, docilização e idiotização de seu povo. Formar o maior número de pessoas domesticadas subalternamente e assim perpetuar esta política neoliberal que segundo Lakatos e Marconi no livro Sociologia Geral, 7 ed, publicado pela Atlas em 1999, é uma política em que aplica um redirecionamento que reforça as desigualdades e a contradições sociais

Faz-se necessário recuperarmos o nosso Terceiro Estado e mostrar a força do povo, pois um governo democrático é o governo do povo, pelo povo e para o povo.

Sejamos Brasileiros não apenas na Copa do Mundo.


[1] Para mais informações vide https://diplomatique.org.br/poder-judiciario-ponta-de-lanca-da-luta-de-classes/

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