01/08/2022

Teorias organizacionais - Teoria da Administração Científica (1911)

Jorge Barros

Pós-graduado e Mestre em Administração e Gestão Escolar, Doutor em Administração e Gestão Educativa e Escolar, Professor no 2.º Ciclo do Ensino Básico no Agrupamento de Escolas Dra. Laura Ayres (ESLA), Quarteira

 

No primeiro período destaca-se a Teoria da Administração Científica criada no início do século XX por Frederick Winslow Taylor, que parte do princípio que existe uma entidade de interesses entre o patrão e o operário e que preconiza que o principal propósito da administração deveria consistir em assegurar o máximo de prosperidade ao empregador, assim como o máximo de prosperidade ao empregado. Assim sendo, numa organização, os verdadeiros interesses das suas partes são os mesmos; a prosperidade do empresário não pode realizar-se se não for acompanhada da do trabalhador, e vice-versa; é assim possível compatibilizar o que ambos desejam: o operário; salários maiores e ao patrão: uma mão de obra barata.

Este autor defendia que era importante pagar bons salários e ter baixos custos de produção. Taylor preocupava-se com o operário enquanto pessoa e não apenas enquanto ser que se move exclusivamente por aumentos salariais. Essas preocupações são reveladas relativamente ao bem-estar do operário; às suas condições particulares face ao trabalho; ao trato que lhe deve ser dado; ao ambiente que lhe deve ser proporcionado, bem como com a formação dos trabalhadores para a valorização das pessoas e da empresa.

Supomos que estes princípios ainda estão atuais, contudo nem sempre são praticados pelas diversas organizações e pelos seus Presidentes ou Diretores.

Taylor preocupou-se também com o papel do gerente. Este deveria obedecer aos princípios da Administração Científica, a saber: a) Princípio do planeamento: substituir no trabalho o critério individual do operário e a atuação empírica e prática pelos métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência, por meio do planeamento do metódico; b) Princípio da preparação: selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com as suas aptidões, prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planeado. Além da preparação da mão de obra, padronizar as máquinas e os equipamentos de produção, assim como cuidar do arranjo físico e da disposição racional das ferramentas e dos materiais; c) Princípio do controlo: controlar o trabalho para se certificar de que o mesmo está a ser executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para que a execução seja a melhor possível; d) Princípio da execução: distribuir distintamente as atribuições e as responsabilidades, para que a execução do trabalho seja bem mais disciplinada. À gerência cabe o planeamento, a preparação e controlo, enquanto que ao trabalhador cabe a execução; e) Princípio da exceção: as ocorrências que se desenvolvem normalmente dentro dos padrões não devem chamar a atenção do gerente; já as ocorrências excecionais, portanto, aquelas que ocorrem fora dos padrões é que devem atrair a sua atenção, para que ele possa, assim, corrigir os desvios e alcançar a normalidade.

Os princípios da administração científica atrás descritos ofereceram a base para o modo de trabalhar por toda a primeira metade do século XX e, em muitas situações, predominam até aos dias de hoje.

Taylor argumentava que a aceitação desses princípios resultaria na prosperidade da administração e dos trabalhadores. Estes ganhariam mais dinheiro e a administração teria mais lucros. Este autor estava plenamente convencido de que estes princípios seriam generalizados a todo o mundo e o seu otimismo levou-o mesmo a afirmar que se tornarão de uso geral, no mundo civilizado, mais cedo ou mais tarde, e, quanto mais cedo, tanto melhor para todos.

Esta teoria estabelece uma abordagem microscópica e mecanicista da administração científica. A ênfase nas tarefas é uma abordagem microscópica, uma vez que é feita no nível do operário e não no nível da empresa tomada como uma totalidade. É ainda uma abordagem mecanicista por envolver um conjunto de fatores, nomeadamente o estudo de tempos e movimentos, a seleção científica do operário, a aplicação do método planeado racionalmente, as medidas para reduzir ou neutralizar a fadiga, o estabelecimento de padrões de produção, a supervisão do funcionamento, as condições de trabalho e o plano salarial, de forma a que cada uma destas condições contribua para a maximização da eficiência tendo em vista proporcionar maiores lucros às empresas e maiores salários aos seus operários. Nesta perspetiva, estes fatores eram percecionados como se fossem dentes de uma grande engrenagem ou peças de uma grande máquina que contribuíam para o seu harmonioso funcionamento.

Podemos dizer que nesta teoria Taylor não estava somente preocupado em obter um maior esforço dos trabalhadores, mas também tinha interesse em introduzir métodos de trabalho eficientes que incluíam: a padronização de ferramentas e equipamentos; a rotina de programação; os cartões de instrução; os estudos de movimento; a seleção dos trabalhadores mais adequados; a garantia de amplo material para os trabalhadores; e a introdução de símbolos como índices.

Deste modo, se nos centrarmos apenas no foco básico da Teoria da Administração Científica - a máxima eficiência -, podemos dizer que este processo se centrava na máxima eficiência, a qual dependia do nível de produtividade e se consolidava em lucros e salários maiores, fazendo com que a motivação fosse elevada tanto pela parte do trabalhador como pala parte do patrão.

Um dos contributos desta teoria tem que ver com os métodos de administração científica que podem ser aplicados a uma grande variedade de atividades organizacionais, além das levadas a cabo em organizações industriais. Aplicando as técnicas da administração científica, Taylor conseguiu definir a melhor maneira para fazer cada trabalho. Para tal, o seu intento consistia em selecionar as pessoas certas para o cargo, de forma a treiná-las para que o fizessem precisamente dessa melhor maneira. Como forma de motivar os trabalhadores a alcançarem esse desiderato, favoreceu os planos de pagamento de incentivos. Assim, foi possível a Taylor genericamente alcançar melhorias consistentes na produtividade em cerca de duzentos por cento, assim como reafirmar a função dos gestores no planeamento e controlo, tanto quanto a dos funcionários no desempenho do respetivo serviço.

Pese embora esta teoria ter contribuído para o desenvolvimento da administração das organizações, várias foram as críticas que lhe foram apontadas em diversos aspetos, entre os quais se salientam a motivação apenas por incentivos económicos, desprezando as necessidades sociais dos operários; a visão mecanicista da organização; o esgotamento físico e a sua relação com o aparecimento de doenças dos operários; a subordinação do homem à máquina; a superespecialização que trouxe a monotonia ao trabalho; a redução da iniciativa e a minimização das aptidões; o autoritarismo e a centralização; o antissindicalismo; e a convergência de interesses entre patrões e empregados.

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