Tempo de Travessia
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Com a pandemia do coronavírus, instituições educacionais precisaram rever suas metodologias de ensino e tiveram que fazer uso de metodologias mais ativas bem como seus educadores tiveram que desaprender algumas coisas para aprender outras. Foi um momento de travessia.
Há um poema atribuído a Fernando Pessoa, embora seja de autoria de Fernando Teixeira de Andrade que representa justamente este contexto. Tal poema diz que Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Dito isso, podemos perceber que nós educadores, educandos e familiares precisamos passar por esta travessia, ou seja, abandonar velhos hábitos e acreditar na mudança que apesar de ter pego muitos de surpresa, foi um momento de aprendizagem e também de superação.
Vale ressaltar conforme as falas de Gadotti em seu livro História das Idéias Pedagógicas, publicado pela Ática em 2004, que a aprendizagem tem que seguir alguns princípios, e pode-se afirmar que estes princípios independem da modalidade utilizada, seja ela remota, presencial ou híbrida, e um dos primeiros está relacionado com a natural potencialidade do ser humano aprender, e esta aprendizagem tem que ser significativa o que implica em dizer que o conteúdo a ser estudado tem que ter relação com seus próprios objetivos.
O autor continua afirmando que aprendizagem envolve mudança tanto na organização de cada um quanto na percepção de si mesmo, por isso pode ser ameaçadora e suscitar reações, sendo assim, a aprendizagem mais significativa ocorre por meio de atos e uma forma da mesma ser facilitada é o aluno participar de com protagonista do seu processo, e para a mesma ser mais durável e impregnante, ela deverá envolver toda a pessoa do aprendiz, suscitando seus sentimentos bem como sua inteligência.
Dito isso, quando se usa de metodologias ativas, o desenvolvimento, a autocrítica e auto-apreciação proporcionam a independência, a criatividade, a autoconfiança bem como a autonomia do educando, e consequentemente a avaliação realizada pelos outros tem importância secundária.
O tempo de travessia implica em afirmar que deixamos velhos hábitos para trás e alçamos novos voos para novos sonhos e conquistas.
Vale lembrar nas falas de Campos em seu livro Psicologia da Educação publicado pela Vozes em 1987 que o aprendizado leva o indivíduo a viver de acordo com o que aprende, e o mesmo implica em uma modificação sistemática do comportamento e/ou da conduta do educando.
Neiva em seu livro Lições Aprendidas, publicado pela editora Universidade em 2006, elucida que não pode haver coerção na aprendizagem, pois o aprender é colaborativo, e como dizia Robert Reich, por encontrarmo-nos em uma economia baseada no conhecimento, a moeda do reino é o aprendizado, dito isso, que nós educadores possamos nortear nossos educandos para este contínuo aprendizado.