24/10/2023

TECENDO SABERES NA EDUCAÇÃO NFANTIL

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TECENDO SABERES NA EDUCAÇÃO NFANTIL

 

DE SOUZA, Letícia Prado.[1]

CARDOSO, Katia Silva.[2]

FERNANDES, Diovana Lopes Rodrigues.[3]

ALENCAR, Leila Catherine da Silva.[4]

DE BRITO, Ana Claudia.[5]

 

RESUMO

Mesmo consciente dessa incompletude do ser e das dimensões (afetivas, cognitivas, psicológicas e sociais) que envolvem a formação docente, não podemos deixar de registrar, que mesmo sendo apontado alguns saberes referendados pela literatura acadêmica, como o aspecto lúdico, a afetividade, a formação docente e o respeito, os sujeitos pesquisados deixaram de contemplar aspectos importantes na prática alfabetizadora, como as intervenções pedagógicas, o planejamento, a importância da leitura diária, as atividades diagnósticas, as teorias que fundamentam as novas concepções de alfabetização. Acreditamos que a compreensão e a articulação desses saberes, pelos professores, são fundamentais para que possam tecer uma prática de alfabetização com mais chances de sucesso.

Palavras-chave: Saberes. Educação. Práticas.

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INTRODUÇÃO

      Nas últimas décadas temos assistido no Brasil a um intenso movimento de (re) construção das discussões no campo da alfabetização. Segundo Soares (1999) as transformações por que passaram as ideias acerca da alfabetização vigentes até meados do século passado decorrem de estudos realizados no âmbito da psicologia da aprendizagem e desenvolvimento, da linguagem e da psicolinguística sobre a psicogênese da língua escrita.

      A difusão das concepções interacionistas de aprendizagem e desenvolvimento, no campo da psicologia, em especial das teorias de Piaget e Vygotsky, afirmando o caráter interativo e mediado dos processos de apropriação de conhecimentos puseram em evidência o papel, tanto dos sujeitos aprendizes, como dos outros mais experientes enquanto mediadores de sua relação com os objetos de conhecimentos.

      Com o advento dessas novas concepções, foi se construindo um corpo de conhecimentos que ampliou a visão acerca da formação docente. As práticas/fazeres e saberes implicados no processo de ensino e aprendizagem ganharam destaque nas discussões. De acordo com Ferreira (2007, p.52 ), hoje em dia, o discurso sobre o professor compreende um profissional dotado de saber específico e de competência para ensinar. A experiência de vida, a reflexão sobre a prática profissional, a memória do professor entra em cena a partir dos anos 1990, conjuntamente com outros tipos de saber, como o acadêmico/científico, no sentido de fazer compreender que ação profissional docente não está desvinculada das práticas sociais subjetivas.

      Nesse contexto, a formação, o trabalho e o conhecimento requeridos na docência, são apresentados por inúmeros estudos. Segundo Imbernón (2010, p.31) “Entendo esse conhecimento como o utilizado pelos profissionais da educação, que se construiu e se 3 reconstruiu constantemente durante a vida profissional do professor em sua relação com a teoria e a prática”. Para Tardif (2002, p. 119) o professor é “[...] um sujeito do conhecimento, um ator que desenvolve e possui sempre teorias, conhecimentos e saberes de sua própria ação”. E ainda complementa quando ressalta que o saber do professor é plural e oriundo de diversas fontes.

      São eles:

• Saberes profissionais: o conjunto de saberes, transmitidos pelas instituições de formação, destinados à formação erudita e científica do professor;

• Saberes disciplinares: aqueles produzidos pelas ciências da educação e são incorporados à prática docente através da formação inicial e continuada;

• Saberes curriculares: correspondem aos objetivos, conteúdos e métodos que os professores devem aprender aplicar;

• Saberes experienciais: são construídos pelos próprios professores no exercício de suas funções na prática de sua profissão, desenvolvem saberes específicos, baseados em seu trabalho cotidiano e no conhecimento de seu meio.

      Resguardando as especificidades dos estudos apresentados, todos concordam que os saberes da prática educativa são permeados de múltiplos saberes e estes são mobilizados no cotidiano da sala de aula, e que “[...] os saberes da prática – cultura docente em ação [...] deixa de ser vista como instância inferior, ‘errada ou distorcida’, para se transformar em núcleo vital do saber docente”.

 

SABERES DA EDUCAÇÃO INFANTIL

      A compreensão dos saberes envolvendo a prática educacional dos professores de Educação Infantil vem sendo analisados no contexto educacional, com a finalidade de melhor compreender como estes profissionais articulam estes saberes no planejamento de suas atividades pedagógicas. Considerando a compreensão das autoras Macenhan e Tozetto (2013) referente ao trabalho docente na educação infantil, envolvendo a construção de saberes e práticas das professoras, evidencia-se que os saberes do professor sofrem influência das mudanças sociais, políticas, econômicas e assim interferem direta ou indiretamente na concepção de ensino. Além disso, as autoras reforçam que a ação docente implica em consciência, compreensão e conhecimento, necessitando constantemente de reflexão.

      O professor constrói seus saberes a todo momento o que depende das inúmeras associações e da relação entre teoria e prática. As ideias sobre ser professor e como ensinar também se formam nas diferentes experiências de vida. A partir das autoras Macenhan, Tozetto e Brandt (2016), quando o professor analisa a própria prática, faz com que o mesmo visualize seu trabalho de maneira mais reflexiva e ampla. Esta reflexão crítica embasada no conhecimento científico possibilita a emancipação do professor perante as atividades desenvolvidas.

      Enfatizam ainda, a necessidade constante da relação entre o viés teórico e prático para que o professor atribua sentidos aos conceitos e às ações de maneira a formular o seu conjunto de saberes. De acordo com Pinto (2010) o lugar da prática pedagógica e dos saberes docentes na formação de professores, traz à tona a importância de refletirmos sobre o que fazemos, enquanto fazemos, o que contribui em grande parte para uma prática mais comprometida e situada frente aos desafios do processo educacional.

 

A FAMÍLIA NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO

      É muito importante a participação da família nesse momento de adaptação e, também, de acolhimento. A escola precisa estar preparada para dar suporte aos pais e responsáveis que também passam por esse período, assegurando que será algo tranquilo e que podem confiar plenamente na estrutura pedagógica ali presente.

      Uma dica de ouro é começar o acolhimento já no início do ano letivo, promovendo reuniões nesse começo, mostrando a proposta da escola, estipulando as principais regras, explicando as atividades que os pequenos farão nos processos de adaptação e acolhimento e o papel de escola e família em tudo isso. As reuniões devem acontecer mais vezes durante o ano, tornando um compromisso de importância e transparência.

      Uma boa comunicação entre responsáveis e escola coopera e muito na parte de acolhimento às famílias, construindo uma relação de confiança e clareza, assegurando de que será uma experiência acolhedora aos seus pequenos. Esse tipo de atitude ajuda a gerar menos estresse entre todas as partes envolvidas.

      Quando falamos de retomada à escola após o ensino remoto, o papel da família se torna ainda mais importante, visto que as crianças conviviam ainda mais com os responsáveis durante o período de aulas online. Como citamos anteriormente, é preciso analisar caso a caso para manejar melhor cada situação.

      A proteção do professor prejudica menos o aluno frágil do que deixá-lo exposto a agressões desnecessárias na escola Segundo Tiba (1996) a distorção da autoestima também é uma das características relacionais muito sérias e que tem aumentado muito. É aquela criança que pais tratam como príncipe em casa e lhes servem o tempo todo. Esse aluno acaba perdendo o limite, acha que tudo é para ele, não respeita as pessoas e nem os bens alheios. Tiba (1996) afirma que é importante que a escola defina bem suas regras em relação aos problemas relacionais, para que fique bem claro ao aluno, ao professor e aos pais, caso contrário, essas regras com o passar dos tempos podem perder sua credibilidade. A escola mudou, e o professor também.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Os saberes da docência são construídos ao longo da vida do educador infantil e envolvem a experiência, o conhecimento e os saberes pedagógicos. Por meio da articulação destes saberes com os desafios da prática cotidiana, o professor constrói e fundamenta o seu saber ser professor e desta forma poderá contribuir para o processo de humanização.

      Além disso, os saberes do educador infantil são construídos a partir do significado que cada professor confere à sua atividade docente, mediante a sua prática, a partir de seus valores, de seu modo de estar no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de suas angústias, expectativas e do que representa em sua vida ser professor.

      Cabe ainda destacar, que conforme Freire (2007), a prática da mediação não se ensina, nem está no espaço do discurso, mas nos espaços de ação, portanto, somos todos aprendentes e mediadores de relação complexas, onde o processo de ensinar e aprender exige reconhecer que a construção de nossa presença no mundo não se faz no isolamento.

      É possível afirmar que a mediação acolhedora desempenha um papel fundamental na formação e no desenvolvimento dos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem, considerando que somos todos aprendentes, mediadores de relações complexas, e que temos a responsabilidade pela emancipação social dos sujeitos humanizados.

 

[1] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia pela instituição de ensino UNOPAR em 2016, Pós graduada em psicopedagogia clínica e institucional em 2017. Bacharelada em serviço social pela instituição de ensino UNOPAR em 2022.

[2] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Educação Infantil.

[3] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia.

[4] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Ata, Licenciatura em Pedagogia.

[5] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional.

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