19/10/2022

Superbactérias – Uma Revisão de Literatura

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MENDONÇA, João Paulo Santos Neves.*;

MOURA, Maraiza da Silva.**;

RODRIGUES, Simony Silva Ferreira.**;


* Professor Orientador. Docente na Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste. Mestre em Ciências da Educação. Especialista em Docência do Ensino Superior. Graduado em Química e Pedagogia.

**Graduandas pela Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste.


      Diversas razões fazem os prescritores a receitar excessivamente os antibióticos. A facilidade de ser ter esses medicamentos e as vendas ilegais sem receitas ou mesmo conseguidas através das sobras de uma pessoa para outra aumentam este fato. Dessa forma, doenças infecciosas se tornam cada vez mais difíceis de se combater e de se ter controle, gerando altos custos e mais internações hospitalares. Devido ao uso irracional de antibióticos é possível ver o desenvolvimento de cepas bacterianas cada vez mais resistentes.

      Assim criando uma necessidade contínua de novos antibióticos com novos mecanismos de ação. Ao receitar um antibiótico os prescritores devem se preocupar com os interesses futuros e atuais dos pacientes. O termo superbactéria se refere a bactérias que acumularam genes capazes de resistir à ação de muitos dos antimicrobianos utilizados nos tratamentos médicos, em especifico a classe dos carbapenêmicos (carbapenemase). Superbactérias são espécies normais, o que possuem de diferente são os genes que as tornam resistentes aos antibióticos. O não uso de medidas de contenção padrão no combate à infecção hospitalar contribuiu muito para o surgimento de superbactérias. Os profissionais da saúde podem minimizar os fatores que levam à transmissão desses microrganismos, a partir de mudanças comportamentais nas unidades de saúde (FIOL; MATTOS-FILHO; GROPPO, 2010).

      Uma das possíveis mutações sofridas pelas bactérias, são quando, pelo uso excessivo de antibióticos, ou a forma errada como são usados, podem ocasionar o surgimento de uma superbactéria. Outra mutação possível, graças ao decorrer da evolução, é a capacidade de se conectar com diferentes grupos bacterianos para o processo de degradação da matéria orgânica. A principal mutação de uma bactéria, é a sua capacidade de adaptação com um novo ambiente.

      As bactérias estão entre os organismos mais abundantes e variados da natureza, e os menos conhecidos por grande parte das pessoas. Essa carência de informação tem origem muitas vezes nas aulas de ensino médio, onde bactérias são apresentadas de modo geral como seres que estragam alimentos e causam doenças. Bactérias são seres unicelulares de tamanho diminuto, bactérias apresentam um crescimento rápido e não vivem sozinhas, compartilham sua sobrevivência com outras bactérias e organismos. Essa interação auxilia na rápida adaptação às diversas variações ambientais.

      Alguns dos papeis importantes desempenhados pelas bactérias são ligados ao meio ambiente. Elas são capazes de iniciar a produção de matéria orgânica ou degradar a matéria orgânica existente, ou serem as primeiras a colonizar. Como por exemplo:  animais mortos, lixo, plantas, esgoto etc. Para essa função, as bactérias possuem um aparato metabólico que nenhum outro organismo possui. Este aparato permite a conexão de diferentes grupos bacterianos durante o processo, tornando as capazes de degradar compostos complexos. Característica essa que foi desenvolvida ao longo da evolução, ajudando na ciclagem de matéria orgânica e dos minerais, (processo também conhecido como ciclo biogeoquímico).

      As bactérias são parte integral e essencial da vida na terra. São encontradas em qualquer lugar, revestem a nossa pele, cobrem o trato intestinal de homens e animais entre várias outras coisas. Elas são inteiramente ligadas à vida de organismos e aos amplos ambientes que vivem.

      Diversas bactérias costumam ser inofensivas, algumas são benéficas aos seus hospedeiros, como por exemplo em plantas, animais e seres humanos. Provendo nutrientes e proteção contra patógenos e doenças, limitando assim a colonização de bactérias nocivas. Algumas bactérias são consideradas patogênicas, causadoras de doenças em animais, plantas, e seres humanos.

      Bactérias possuem um curto tempo de geração sendo minutos ou horas, elas são capazes de responder rapidamente as mudanças do ambiente. Assim quando antibióticos são ingeridos ao corpo ou ambiente, as bactérias se tornam rapidamente resistentes àquela droga.

RECONSTRUINDO A HISTÓRIA

      Sua resistência aos antibióticos é uma consequência natural da habilidade da bactéria se adaptar rapidamente. O uso irracional de antibióticos facilita a aquisição de mecanismos de resistência e aumenta a pressão seletiva da bactéria. O primeiro antibiótico criado para deter as bactérias foi a penicilina, feita por Alexander Fleming em 1928. Porém após o surgimento de antibióticos veio também a resistência a eles. Quando uma colônia de bactérias é exposta a uma pequena dose de um antibiótico ocorre a morte de grande parte delas, sobrevivendo somente aquelas que possuem variações que possuem resistência ao medicamento. Essas bactérias sobreviventes não morrem com a mesma dose do antibiótico mostrando que as variações são hereditárias. Sendo assim se a dose for aumentada mais bactérias resistentes surgiram. Fazendo com que as doses sejam consequentemente aumentadas. Vale destacar que não é somente a presença de antibióticos que proporciona o aparecimento de mutações, o antibiótico seleciona apenas as mais resistentes.

      Desde as últimas décadas a utilização dos antibióticos revolucionou o tratamento de doenças infecciosas, permitindo uma vasta melhora na saúde da população. Reduzindo categoricamente o índice de mortalidade e mobilidade, porém nos dias de hoje está acontecendo uma enorme perda na eficácia dos antibióticos, com o surgimento de micro-organismos resistentes, aumentando a chances de voltarmos à era pré – antibiótica. Aumentando os casos de pessoas morrendo por infecções causadas pelas bactérias.

      De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos da América (EUA), cerca de dois milhões de pessoas adoecem e 23 000 morrem, por ano, devido a Superbactérias (CDC, 2013). Estimativas mundiais, concluem que se não forem tomadas medidas mais eficazes, em 2050, estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas irão morrer em todo o planeta, sendo que na Europa esse número chega as 390 000 pessoas. Estima-se, também que nos próximos 35 anos, 300 milhões de pessoas morram de forma prematura, devido à resistência aos antibióticos e que se perca entre 60 à 100 trilhões de dólares, devido à perda de produção e aos custos ligados aos cuidados da saúde.

OS DESAFIOS ATUAIS FRENTE AO AVANÇO DAS SUPERBACTÉRICAS

      A resistência microbiana se mostra uma questão complexa, devido a capacidade das bactérias se adaptarem muito rápido ao serem selecionadas pela pressão seletiva no ambiente. Por isso, um dos principais desafios é o desenvolvimento de antibióticos e novas pesquisas que se tornem eficazes contra as superbactérias. Outro grande desafio é conter o surgimento de novos casos de superbactérias, levando a conscientização para toda a população de como surgem as superbactérias e forma correta do uso de antibióticos.

      Novas formas de combate à evolução de organismos resistentes aos antibióticos devem começar a funcionar, começando com os municípios, informando a população sobre como os antibióticos devem ser usados. Com isso o primeiro passo para a estratégia de educação em saúde deve ser a orientação de como utilizar o antibiótico, em seguida criar um plano de ação em que possua uma enorme vigilância epidemiológica e recomendações para uma prática clínica mais desenvolvida. Avisar a população do uso correto dos antibióticos é um dos maiores desafios enfrentados pela saúde pública.

      Outro desafio é que o uso desses medicamentos servindo apenas para tratar os sintomas e não as causas das doenças, fazem com que as bactérias aprimorem suas defesas, exemplo: Quando um médico receita um antibiótico ao paciente para ser ingerido durante um determinado período e o paciente interrompe o tratamento assim que os sintomas vão embora. Isso não solucionou 100% do caso, só promoveu um ambiente perfeito para as bactérias sobreviventes se fortalecerem e produzirem mais bactérias resistentes.

      Porém o desenvolvimento de novos antibióticos não acompanhou o ritmo da resistência atual à antibióticos em todo o mundo. Não havendo assim uma nova classe de antibióticos no mercado a mais de 25 anos. Vacinas genômicas estão sendo testadas para injetar RNA ou DNA nas células para ajudar a treinar o sistema imunológico a eliminar um patógeno selecionado e para produzir a proteína desejada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      O que se deve evitar para diminuir o surgimento de novas superbactérias é o  consumo desenfreado de antibióticos, criando um novo padrão de comportamento nas unidades de saúde, receitando esses medicamentos somente em casos de extrema necessidade, e restringir o acesso a esse tipo de medicação pela população em geral, mantendo a eficácia daqueles disponíveis atualmente.

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