Sucateamento das Universidades Federais

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

O descaso com a Educação e pesquisa tem sido comum na atual conjuntura política, e o sucateamento das Universidades Federais parece ser uma agressão a sociedade que sofre com a Pandemia e com os mais de 436 mil mortes, aumentando cada dia mais.

A indiferença deste governo com o seu povo é gritante, pois em plena Pandemia, e ele faz um corte de mais de 18,2% no orçamento das universidades o que afetará bolsa e pesquisa. Vale lembrar que as Universidades federais têm conduzido mais de 800 pesquisas para mapear coronavírus e encontrar uma vacina[1].

Este corte corresponde a pelo menos 1 bilhão no orçamento das universidades, causando um decréscimo que atingirá as 69 universidades do país[2], assim sendo, como ficarão as pesquisas e/ou as novas pesquisas? Vale lembrar que apenas 15 universidades públicas produzem 60% da ciência brasileira, dito isso, pode-se perceber que estes cortes mais uma vez, custarão caro a sociedade.

O nosso Ministro da Economia Paulo Guedes afirma que o Brasil não tem dinheiro para usar na Educação e cabe neste contexto, a infeliz fala deste ministro de que o Fies fez com que até filho de porteiro fizesse faculdade. Vale lembrar que Fies foi um Financiamento Estudantil criado pelo governo federal da esquerda para viabilizar o acesso dos estudantes brasileiros ao ensino superior privado.

Realmente teve filho de porteiro, de diarista, pedreiro dentre outras profissões que estão na base desta pirâmide social, mas que puderam realizar os sonhos de ter um curso superior e melhores condições de vida em relação aos seus progenitores, formando-se em medicina, engenharia, odontologia, licenciatura dentre outros cursos superiores.

Paulo Guedes se esqueceu que a Educação é para todos e deve ser dever do Estado oferecê-la. Desta forma, cabe levantar algumas perguntas retóricas ao caro leitor: Se o Brasil passa por dificuldades financeiras, porque fazer um orçamento paralelo de 3 bilhões para seus aliados com orçamentos superfaturados de até 259% acima do preço tabelado pelo governo[3].

Dando continuidade as perguntas, porque com uma canetada ele deu um aumento de até 69% para o cargo de presidente, vice-presidente e ministros[4]? Isso faz com que eles recebam mais do que o teto remuneratório constitucional.Vale lembrar que a portaria assinada pelo secretário de Gestão e Desempenho do Ministério da Economia terá um impacto para este ano de R$ 181,32 milhões.^[5].

O ministro Paulo Guedes, afirma que o funcionário público tem certa privilégio, mas observe que este é único e exclusivamente deles, pois nem todos com dinheiro público alugam BMW como o caso de um deputado da base aliada, que para se justificar, usa como argumento de que "esse é o meu estilo de vida desde sempre, eu sempre andei de Mercedes, de BMW, eu não vou abaixar o meu estilo de vida só porque sou deputado. Eu já perco muito sendo deputado"[6].

Então caro deputado, não seja um parlamentar, já que perde tanto com isso. Saiba que o povo perde muito mais com a Vossa Excelência o representando.

Realmente o Brasil não tem dinheiro para investir na educação, mas para bancar gastos com férias de fim de ano do presidente que custou uma bagatela de R$ 2,3 milhões[7] é normal.

Observe que novamente vamos perpassar pela fala de Darcy Ribeiro quando afirmava que "a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto", e este tem sido o projeto do governo e de nosso ministro da economia, o que é corroborado por Console em seu artigo intitulado Como a associação liderada pela irmã de Paulo Guedes se beneficia de cortes no ensino[8], publicado em 2019, ao denunciar que a maior beneficiada é Elizabeth Guedes, pois e mesma é presidenta da Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup), entidade que representa monopólios educacionais, como Anhanguera, Estácio, Kroton, Uninove e Pitágoras.

De acordo com as falas de Salomão Ximenes, professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC), "quem sai ganhando, evidentemente, como sempre, neste tipo de conflito, são os interesses privados, do setor privado de ensino superior, sobretudo o mercado educacional constituído no Brasil, que oferta vagas e matrículas em instituições de baixo custo, mas também de baixíssima qualidade".

Partindo por estas perguntas retóricas, pode-se perceber que o sucateamento das universidades públicas se faz necessário para aumentarem progressivamente os matriculados nestas faculdades e em concomitância o número de analfabetismo funcional e claro, o comportamento de manada.

Enfim, temos um país governado por hipócrita, que critica a cota nas universidades mas que fez uso da cota parlamentar, critica os sem terra mas fez uso do auxílio moradia, se diz conservador, religioso e patriota, mas deixa o seu povo morrer por omissão e incompetência de gestão.

Realmente, o Brasil precisa de idiotas úteis para deixarem governos assim a destruírem e dizimarem o seu povo.