Solos são patrimônio natural da humanidade
Fina camada de matéria mineral e orgânica cobre superfície do planeta Terra, da qual 11% é utilizada pelo homem
De modo literário, o solo pode ser descrito como a pele do planeta Terra. A ciência por sua vez o define como uma fina camada constituída de matéria mineral e orgânica que cobre a superfície da crosta terrestre.
O solo é um sistema vivo e dinâmico, que serve de habitat para os ecossistemas mundiais, regula os ciclos biogeoquímicos e hidrológicos e funciona como filtro depurador e também como reservatório de armazenamento de água.
Na verdade “o solo” são “os solos”, em razão da diversidade resultante dos fatores que os conferem características distintas (clima, rochas de origem, declividades, tempo de formação e agentes biológicos).
Os solos do Semiárido brasileiro, por exemplo, são em geral rasos, com alguns poucos locais onde eles se apresentam mais profundos.
No Semiárido, cerca de 70% da formação geológica é constituída pelo embasamento cristalino, que são conjuntos de rochas localizados muito próximos da superfície terrestre.
Os pesquisadores estimam que apenas 11% dos solos terrestres são agricultáveis. Isso implica dizer que a segurança alimentar da humanidade está assegurada por pouco mais de 10% da área da superfície terrestre.
E mesmo esse pequeno espaço de terras têm sido constantemente agredido e gradativamente degradado pelas ações do ser humano.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), devido à degradação causada pelo homem, aproximadamente 75 milhões de toneladas de solos férteis se perdem todos os anos no mundo.
A única forma de se preservar os solos como um patrimônio natural da humanidade é promover seu uso racional.
Os cientistas já sabem que a camada fértil e agricultável dos solos encontra-se até aproximadamente 20 centímetros de profundidade, justamente no local onde se concentram 90% das raízes das plantas.
As raízes servem como uma rede de proteção para o solo. “Com o processo de erosão aumenta-se a perda de nutrientes o que faz com que a terra perca a capacidade de produzir”, avalia Leonardo Tinoco, pesquisador bolsista do Insa e especialista em solos.
A erosão é um fenômeno típico nos solos degradados do Semiárido, causada pelo desmatamento e pelas fortes chuvas concentradas em apenas 4 meses do ano.
“Sem as raízes das plantas da Caatinga para reter esse solo raso a enxurrada leva embora em minutos um patrimônio de fertilidade que a natureza demorou centenas de anos para armazenar”, explica Tinoco.
2º Reunião Nordestina de Ciência do Solo
Entre os dias 8 a 12 de dezembro aconteceu em Ilhéus (BA) a 2ª Reunião Nordestina de Ciência do Solo.
O evento contou com palestras, mesas-redondas, minicursos e apresentações de trabalhos, atividades relacionadas com o tema central do evento “Agenda de uso e conservação do solo: por que não?”.
A realização é da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
A primeira edição da RNCS aconteceu no município de Areia (PB), em 2013, e o Instituto Nacional do Semiárido (Insa) foi uma das instituições realizadoras.
O tema daquele ano foi “Soluções e Desafios para o Uso Sustentável dos Solos da Região Nordeste” e contou com a participação de mais de 500 profissionais e estudantes.