27/08/2025

SOBRE A QUESTÃO DO ENSINO E APRENDIZAGEM DA GRAMÁTICA NA ESCOLA: POR QUE E PARA QUÊ NÃO PROMOVER UM ESTUDANTE DOS ENSINOS: FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR NA EDUCACÃO BRASILEIRA, QUE NÃO SABE GRAMÁTICA NORMATIVA?

SOBRE A QUESTÃO DO ENSINO E APRENDIZAGEM DA GRAMÁTICA NA ESCOLA: POR QUE E PARA QUÊ NÃO PROMOVER UM ESTUDANTE DOS ENSINOS: FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR NA EDUCACÃO  BRASILEIRA, QUE NÃO SABE GRAMÁTICA NORMATIVA?

MARINHO CELESTINO DE SOUZA FILHO1

Resumo: O artigo, embasado em pesquisa bibliográfica, procura mostrar as questões que permeiam o Ensino e a Aprendizagem da Gramática Normativa nos Ensinos: Fundamental, Médio e Superior.

Palavras-Chave: Gramática Normativa. Ensino Fundamental. Médio. Superior. Educação.

Abstract: This article, based on bibliographic research, seeks to highlight the issues that permeate the Teaching and Learning of Normative Grammar in Elementary, Secondary, and Higher Education.

Keywords: Normative Grammar. Elementary, Secondary, Higher Education. Education.

  1. Introdução

Para tentar responder, adequadamente, a questão acima formulada, deveremos ter esclarecidos em nosso universo mental, alguns fatos que permeiam o estudo da linguagem humana:

  1. Entender e reconhecer os conceitos que permeiam a questão do Ensino e da Aprendizagem;
  2. conhecer breve Histórico da Linguística;
  3. compreender as mais auspiciosas contribuições linguísticas de pelo menos dois dos principais estudiosos da linguagem humana: Saussure e Chomsky;
  4. identificar alguns conceitos de algumas das muitas concepções de linguagem, construídas no transcorrer da História da humanidade; aderindo àquelas que poderão contribuir melhor para o aprimoramento do ensino e da aprendizagem da Língua Portuguesa;
  5. admitir e adotar, dentre os Métodos Científicos existentes, aquele considerado mais adequado para o desenvolvimento de um estudo profícuo do português;
  6.  ressaltar que há vários tipos de gramática e utilizar as gramáticas mais pertinentes para o revigoramento do ensino e da aprendizagem de nossa língua;  
  7. saber o que é ensinar e o que é aprender, apesar de a Pedagogia Moderna não distinguir esses dois vocábulos;
  8. ter objetivos claros, precisos e lógicos, quando se ensina português;
  9. apontar as diferenças existentes entre a fala e a escrita da Língua Portuguesa, ou seja, noções básicas de Fonética, Fonologia, variações linguísticas e de registro;
  10. assinalar que não há de fato uma língua dita padrão no Brasil;
  11. não utilizar livros didáticos no ensino e na aprendizagem do português, pois, no transcorrer desse estudo, apresentar-se-ão algumas das inconsistências desses livros.
  12. finalmente, mudar de atitude, convencer-se de que não há razões científicas, históricas, linguísticas, lógicas, sensatas e, até políticas (pois, de acordo com Freire (1997), toda prática educativa compreende também um ato político) para se reprovar um aluno que não sabe Gramática Normativa na Educação Básica Brasileira;

Isto posto, passemos à segunda seção desse estudo.

  1. Conceitos de Ensino e de Aprendizagem

Tentarei elencar nesse artigo as questões que permeiam o ensino e a aprendizagem, por isso, alguns questionamentos devem ser feitos:

a) Em primeiro lugar o que seriam o Ensino e a Aprendizagem?

b) Quais seriam as relações que existem entre estes termos?

c) Qual é a função da Educação?

d) Qual é o objetivo central da Didática?

e) Quais as contribuições oriundas da Didática servem para aprimorar a Educação Brasileira?

           f) Quais relações são estabelecidas entre a Didática e outras áreas do conhecimento?

Dessa forma, no intuito de tentar responder aos questionamentos que anteriormente formulei, recorrerei a Hirst (1971), Passmore (1980), Libâneo (1994 b), Cagliari (1998), Freire (1998), Ferreira (2001), Weisz e Sanches (2001), Libâneo (2002 a), Redegife (2002), Ferrarezi Jr (2003) e Gilberto (2005).

Do exposto, a seguir, apontaremos às questões que permeiam o Ensino e a aprendizagem.

 

2.1 Discutindo a questão do Ensino e da Aprendizagem
Portanto é primeiramente com Ferreira (2001, p. 270), que tentarei responder ao primeiro questionamento proposto nesse trabalho, desse modo, ao vocábulo Ensino devem se associar os seguintes sentidos: “1. Transmissão de conhecimentos; instrução. 2. Os métodos empregados no ensino”.

Já para Weisz e Sanches (2001, p. 93), ensinar é completamente diferente de aprender:


quando um professor  pensa que ensino e aprendizagem   são duas faces  de um mesmo  processo,  faz sentido acreditar que,  ao fim dele,  só existam duas  alternativas: o  aluno aprendeu, ou não aprendeu. Diferentemente disso, se ele vê a aprendizagem como uma reconstrução que o aprendiz tem de fazer dos seus esquemas interpretativos e percebe que esse processo é um pouco mais complexo do que o simples “aprendeu ou não aprendeu”, algumas questões precisam se consideradas.

 

Assim, conforme se nota, ensinar e aprender não são exatamente duas fases de um mesmo processo, ou seja, são fases distintas de processos também distintos, é o que ratifica Passmore (1980, p.1): 



[...] "Ensinar", escreve Israel Scheffler, "pode ser caracterizado como uma actividade [...] que visa promover a aprendizagem e que é praticada de modo a respeitar a integridade intelectual do aluno e a sua capacidade para julgar de modo independente". Inúmeras questões estão, porém aqui envolvidas. Será verdade que o objectivo [...] do ensino é a consecução da aprendizagem? Não poderá um ser humano ensinar outro de forma inconsciente, pelo simples exemplo? ("Ele ensinou-me, embora não intencionalmente, que não se deve confiar nas autoridades").


Logo, dessa citação, percebe-se que ensinar não é sinônimo de aprender, apesar de o ensino visar à aprendizagem, isso não nos permite afirmar que ensinar é o mesmo que aprender, porque conforme Passmore (1980), podemos ensinar inclusive de maneira, de modo inconsciente pelo simples exemplo. Entretanto, ainda, conforme Passmore (1980, p.1-2), definir a palavra Ensino não é tarefa fácil:


A palavra "ensino", como a maioria das palavras de uso diário, não tem limites perfeitamente definidos. Um professor pode queixar-se com razão, dizendo: "Estou há seis meses a ensinar matemática a esta turma e os alunos ainda não aprenderam nada". Pareceria, pois, que Scheffler tem razão: ensinar é ter como objectivo [...] "promover a aprendizagem", mas não, necessariamente, alcançá-la.

 

Do exposto, percebe-se que não só há complexidade no ato de ensinar, mas também no ato de tentar definir com certa lógica a palavra Ensino.  Porém é fato que o Ensino visa à aprendizagem, apesar de que nem sempre possa promovê-la. Nesse sentido, Hirst (1971, p. 65) mostra que há concepções de ensino inadequadas, ou seja, os Métodos Educacionais desenvolvidos ao longo do tempo não esclarecem muito bem o que seria ensinar e ainda não deixam claro sobre o quê ou quem se centraria o Ensino, porque muitas vezes o ato de ensinar centra-se apenas nas atividades dos alunos, como: pesquisa, trabalhos, investigação, etc. Esquecendo-se assim das atividades do professor:

 

[...] o que é ensinar? Como distinguir o ensino das outras actividades [...]. Trata-se a meu ver de uma pergunta muito importante. Pelo menos por quatro razões. Primeiro, porque muitos dos actuais [...] métodos educacionais estão construídos com base num conceito de ensino que está longe de ser claro. Com muita frequência esses métodos dão ênfase quase exclusiva às actividades [...] dos alunos, actividades de investigação, de descoberta, de jogo, mas não às actividades do professor.

 

Desse modo, Gilberto (2005, p. 1), mostra-nos que não é só importante ensinar, mas, principalmente aprender, o autor ainda afirma que se privilegia o Ensino em detrimento da Aprendizagem: O objetivo deste texto é analisar as diferenças entre ensino e aprendizagem e apresentar os paradigmas modernos que reforçam a importância da aprendizagem ao contrário dos paradigmas conservadores que enfatizavam o papel do ensino. Aprender, segundo Mira Y López [...]“é aumentar o capital dos próprios conhecimentos”. Aprender é, via de regra, um caso especial do processo de comunicação.

Apesar de parecer que o autor anteriormente citado simplifica o processo de Aprendizagem, ele mostra que é totalmente diferente o ato de ensinar e o ato de aprender. Assim, Gilberto (2005), mostra que a Aprendizagem se dá exclusivamente pelo processo de Comunicação, por isso, cria a tese de que três elementos são essenciais no ato de aprender: A, B e a Mensagem.

Dessa forma, descreve o processo de Aprendizagem: deseja informar a B sobre algo, por isso, A dispõe de uma mensagem quequer ou precisa receber, dessa forma, se A não dispuser de uma mensagem e se B não  estiver disposto a recebê-la, não haverá Aprendizagem. Nesse sentido, Cagliari (1988, p. 36), também nos ajudará a compreender melhor as questões acerca do ensino e da aprendizagem. Para esse autor ensinar seria: [...] um ato coletivo: pode-se ensinar a um grande número de pessoas presentes numa aula ou numa conferência etc.]

Já no que tange à aprendizagem, Cagliari (1988, p. 37), mostra-nos que enquanto o Ensino é uma atividade coletiva, a aprendizagem é um ato individual:
 

Aprender é um ato individual: cada um aprende segundo seu próprio metabolismo intelectual. A aprendizagem não se processa paralelamente ao ensino. O que é importante para quem ensina, pode não parecer tão importante para quem aprende. A ordem da aprendizagem é criada pelo indivíduo, de acordo com sua história de vida e, raramente, acompanha passo a passo a ordem do ensino.


 

Dos conceitos anteriormente mencionados, podem-se fazer algumas leituras, a primeira é que somente o ato ou efeito de transmitir conhecimentos ou instrução seria ensinar, a segunda: a relação do ensino com a aprendizagem não é necessariamente uma relação diretamente proporcional, ou seja, isto não significa que se eu transmito certo conteúdo, ou conhecimento, ou instrução a certo sujeito, isto não quer dizer que esse sujeito aprendeu esse conteúdo, esse conhecimento ou essa instrução. Assim, sabe-se que muitas vezes se ensina muito e o sujeito pouco ou nada aprende, por isso, o ato de ensinar não implica necessariamente o ato de aprender. Dessa forma, existem muitos sujeitos conhecidos como autodidatas, ou seja, aqueles sujeitos que aprendem sozinhos. Além disso, muitas vezes se ensina algo a alguém inconscientemente sem que haja uma intenção prévia para isso, todavia, parece que quando se ensina, aprende-se mais fácil, não estou afirmando que não se deve ensinar, nem seria tão inocente a ponto de sugerir que o ensino não gera a aprendizagem, é óbvio que o ensino, na maioria das vezes, mas, nem sempre, gera a aprendizagem.

Por isso, acredito que essa relação entre ensino e aprendizagem não se realiza de uma forma diretamente proporcional. Nesse sentido, tentei responder as duas primeiras questões propostas ao longo desse trabalho acerca do ensino e da aprendizagem, por isso, agora, tentarei responder as outras questões que faltam, são elas:

a) Qual é a função da Educação?

      b) Qual é o objetivo central da Didática?

      c) Quais as contribuições oriundas da Didática para aprimorar a Educação Brasileira?

      d) Quais as relações são estabelecidas entre a Didática e outras áreas do conhecimento?

        Assim, abaixo, destacaremos os subitens acima mencionados.

3. A função da Educação Brasileira

Para tentar responder a pergunta (a), recorrei a Ferrarezi Jr. (2003, p. 83) e segundo ele a Educação tem que ser transformadora, por isso, afirma que: “Uma educação transformadora não se constrói pela ação do acaso.” Nesse aspecto, o que significa educar alguém? Será que educar alguém é ensinar a essa pessoa a decorar fórmulas e regras?

Parece óbvia a resposta da pergunta feita anteriormente, é claro que educar alguém não significa apenas fazê-lo decorar fórmulas, normas e regras, mas sim intervir no comportamento dessa pessoa, isto é, a Educação deve pelo menos influenciar no comportamento do aprendiz para melhor. Sendo assim, mais duas perguntas devem ser feitas: O que houve com a Educação e o que houve com os professores? Alguém mais quer, deseja ser professor?
Nesse sentido, basta verificarmos as estatísticas fornecidas pelo próprio MEC – Ministério da Educação e Cultura para confirmarmos a defasagem de educadores em todo país, faltam 250 mil professores no Ensino Médioas causas são simples, apesar de os governantes quererem complicá-las: baixo salário, desvalorização profissional, falta de prestígio social, hipervalorização dos alunos: “o aluno pode tudo e o professor nada podealiás, a Educação praticada no Brasil parece ser uma Educação feita somente para o aluno, pelo aluno.
Dessa maneira, como querer, desejar ser professor, sem falar ainda e isto conta muito que o salário do professor brasileiro de acordo com Redegife (2002), principalmente, se atuar nas séries iniciais é considerado o terceiro pior do mundo. Contudo, um profissional bem remunerado com certeza trabalhará melhor, por exemplo: se ele possui quarenta horas semanais e recebe o salário de dez mil reais mensais, certamente não terá necessidade de aumentar sua carga horária trabalhando em outras escolas, entretanto, se o profissional da educação recebe um salário digno, ele pode é reduzir sua carga horária, ao invés de ampliá-la e a primeira consequência disso seria uma melhoria na qualidade da educação.

Assim, reduzindo a carga horária e possuindo uma remuneração mais digna, o educador teria muito mais tempo para planejar e para gastar. Talvez as pessoas quando lerem esse artigo, possam estranhar, o que teria a ver planejar com gastar?  É simples, quem planeja, gasta e muito. Dessa maneira, observemos a seguinte situação: o professor planeja uma aula sobre Termos Essenciais da Oração, percebe que o livro didático tem muitas deficiências, portanto o que ele faz busca novas atividades, novos exercícios, novas maneiras, novos modos de ensinar, com isso, ele gasta, vai ter de tirar xerox, formular apostilas, preparar aulas no power point etc. Logo,  quem realmente planeja, gasta.

Assim sendo, retomando e aprofundando um dos questionamentos feitos nessa pesquisa, educar alguém, não significa apenas ensiná-lo a decorar fórmulas, normas e regras, porém, a Educação deve influenciar, mudar o comportamento desses sujeitos para melhor.

Do exposto, não dá para falar em melhoria, qualidade da Educação Brasileira sem antes, melhorarmos os salários dos profissionais que realizam essa árdua, mas, egrégia tarefa.

Desse modo, deve-se valorizar mais o professor e todos os sujeitos envolvidos na Educação de nosso país.

Por ora, acredito que a exposição feita anteriormente sobre a Educação Brasileira pode ser considerada satisfatória, porque contempla alguns aspectos essenciais para a realização do Ensino e da aprendizagem, como por exemplo: aspectos sociais, históricos e, sobretudo a valorização de fato dos sujeitos envolvidos nesse processo.

Sendo assim, voltemos à questão (b) proposta nesse artigo: Qual é o objetivo central da Didática?

 

4. Objetivo Central da Didática

Antes de tratar do objetivo central da Didática, trataremos do seu conceito. Segundo Libâneo (1994 b, p. 52), a Didática seria:

 [...] uma das disciplinas da Pedagogia que      estuda o processo de ensino através dos seus componentes – os conteúdos escolares, o ensino e a aprendizagem – para, com o embasamento numa teoria da educação, formular diretrizes orientadoras da atividade profissional dos professores.                                                                                                                        

Da citação anteriormente mencionada, pode-se inferir que a Didática está intimamente relacionada ao ensino, apesar de Libâneo (1994b) mostrar que essa relação é realizada por meio dos componentes didáticos quais seriam o ensino, os conteúdos escolares. Por isso, Libâneo (1994 b, p. 54) privilegia através da Didática o ato de ensinar em detrimento do ato de aprender: “O objeto de estudo da Didática é o processo de ensino, campo principal da educação escolar.” Isto é, observamos que a Didática tem como objetivo principal o processo de Ensino. E quanto á aprendizagem? Como dissemos anteriormente, na Didática, infelizmente, não há um lugar especial para a aprendizagem. Ainda que a aprendizagem seja de suma relevância para que o processo de Educação seja bem sucedido. Nesse aspecto, acreditamos que tanto a aprendizagem quanto o ensino, apesar de suas diferenças, são extremamente importantes para que de fato se realize o ato de educar.

5. Contribuições oriundas da Didática para aprimorar a Educação Brasileira Educaçao 


A seguir, estaremos respondendo as outras questões formuladas anteriormente, nesse caso, passemos para a questão (c): Quais as contribuições oriundas da Didática para aprimorar a Educação Brasileira? Na tentativa de responder a pergunta acima formulada, embasar-me-ei em Libâneo 291 (2002 a, p. 5) o qual assevera que:
A Didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa. Ela ajuda o professor na direção e orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, fornecendo-lhe segurança profissional.
Da citação anteriormente mencionada, percebe-se que a contribuição primordial da Didática para a Educação Brasileira é que essa disciplina fornece subsídios para criar condições adequadas, a fim de que os alunos tenham um ensino e uma aprendizagem significativos e isso implica que o professor tenha previamente objetivos estipulados para ensinar e ainda que o aluno saiba o quê e para quê está aprendendo certo conteúdo. Ou seja, o ensino e aprendizagem devem fazer sentido tanto para o aluno quanto para o professor. Há de se ter finalidades previamente estabelecidas para se ensinar e para se aprender.
Além disso, a Didática tal qual propalada por Libâneo (2002 b), garantiria segurança para o professor trabalhar. Nesse aspecto, discordamos do autor acima mencionado, porque, acreditamos que para se ter segurança na docência, não é só necessário conhecer as contribuições oriundas da Didática para Educação, porém, é imprescindível ainda outros quesitos que adquirimos antes e durante o efetivo exercício da profissão, por isso, a seguir, elencaremos alguns desses quesitos: ter uma biblioteca particular de livros, referências bibliográficas atuais e atualizadas pelo menos na área de atuação do docente, ter ética e, principalmente, frequentar cursos de capacitação e especialização: mestrado, doutorado, e, sobretudo praticar uma Educação Libertadora que segundo Freire ( 1987, p.43), consistiria numa prática política onde : “ [...] somente os oprimidos, libertando-se, podem libertar os opressores. Estes, enquanto classe que oprime, nem libertam,  nem se libertam.”  Por ora, são estas as considerações que gostaríamos de fazer sobre as Contribuições da Didática para a Educação Brasileira, porque o nosso objetivo nesse trabalho não é só mostrar essas contribuições, mas também elencar outros fatores que contribuam para o melhor desenvolvimento do Ensino e da Aprendizagem na nossa Educação.

6. Relações estabelecidas entre a Didática e algumas do áreas do conhecimento

De um lado, a diferenciação das ciências humanas tem trazido maior especialização nos campos do conhecimento, como é o caso da Psicologia, Sociologia, Linguística.  Teoria do Conhecimento. Teoria da Comunicação, todas com forte influência na educação. Por outro lado, tem crescido movimento pela interdisciplinaridade, buscando a superação da especialização excessiva. A impressão, no entanto, é que essas áreas do conhecimento, com notáveis exceções, mantém uma disputa pela hegemonia no campo do ensino.
Essa postura parece abrir espaços a muitos tipos de reducionismos. Como por exemplo: a teoria psicológica do construtivismo substituiria a Didática, as teorias provindas da Psicolinguística teriam a base necessária para orientar práticas de ensino, a Sociologia voltada para o currículo, somente ela seria necessária para resguardar qualquer busca de especificidade do didático.
Nesse sentido, Libâneo (2002 a), não postula alguma hegemonia da Didática sobre as outras disciplinas, mas, pretende mostrar que para lidar com os problemas que afetam o Ensino, não é necessário retirar sua dimensão   pluridisciplinar e nem camuflar a relevância da problemática epistemológica que o envolve. Talvez, o problema seja em não admitir o ensino como ponto de convergência das investigações de cunho psicológico, linguístico, sociológico etc.
7. Considerações Finais                                                                 Do exposto, notamos que o Ensino,  a Aprendizagem e a Educação Brasileira só teriam a ganhar com as contribuições da Didática, com a interdisciplinaridade e, principalmente, com uma proposta de uma Educação que transforme e liberte os sujeitos envolvidos nesse processo.
8. Referências Bibliográficas                                                 BRASIL. MEC – Ministério da Educação e CulturaSecretaria de Educação Básica. Estudos apontam a falta de 250 mil professores no Ensino Médio. Disponível em http://portal.mec.gov.br, acesso em 06 de fevereiro de 2011.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo, Scipione: 1998.
FERRAREZI Jr., Celso. Livres Pensares. Porto Velho/ RO, EDUFRO: 2003.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Almeida. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira: 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra: 1998.
GILBERTO, Teixeira (2005). Ensino e Aprendizagem: em busca de um significado. Disponível em www.google.com.br, acesso em 07 de setembro de 2010.
HIRST, Paul H. (1971). What is teaching? Journal of Curriculum Studies. Vol. 3.  Nº 1, p. 5 a 18. Trad.: POMBA, Olga (2001). Disponível em www.google.com.br, acesso em 07 de setembro de2010.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática velhos e novos temas. Goiânia, Editora do Autor: 2002.
___________________ . Didática. São Paulo, Cortez: 1994.
PASSMORE, John. The Philosophy of Teaching. London: Duckworth, 1980. Trad.: POMBO, Olga (1994/1995). Disponível emwww.google.com.br, acesso em 7 de setembro de 2010.
REDEGIFE, Roberta Pavon (2002).  Salário de professor primário brasileiro é o terceiro pior do mundo. Disponível emhttp://www.abrelivros.org.br. Acesso em 16 de março de 2011.
WEISZ, Telma; SANCHES, Ana. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo, Ática: 2001.

<>3.

Marinho Celestino de Souza Filho

Doutor em Linguística com Ênfase em Análise do Discurso de Origem Francesa pela PUC – SP.  .

 

 

 

 

 

3. Breve Histórico da Linguística: Ciência que estuda a linguagem humana

De acordo com Ramanzini (1990), a Linguística investiga a linguagem humana com método próprio, tem o objetivo de elaborar uma teoria geral que permita descrever todas as línguas do mundo, pois, para esse autor há mais ou menos 4 mil línguas faladas pelos humanos.

Além disso, Ramanzini (1990), sobre a procedência da Linguística, assevera que é uma ciência milenar, cuja origem remonta a Panini, gramático hindu do século IV a.C.

Assim, Panini realiza somente estudos normativos, acerca da gramática hindu, porque, sua principal intenção era preservar em sua plenitude, os textos oriundos do Veda, livro sagrado para os hindus.

 Feitas essas considerações, trataremos de um breve histórico dos estudos linguísticos realizados pelos gregos, latinos, na Idade Média e até no século XXI.

2.1 Estudos Linguísticos feitos pelos gregos, na Idade Média, latinos e; até no século XXI

Ainda embasado em Ramanzini (1990), dentre os gregos, destacam-se dois filósofos e, ao mesmo tempo; estudiosos da linguagem humana: Platão e Aristóteles.

O primeiro se preocupava com a relação da palavra com o seu conceito, ou seja, se a palavra representava realmente o objeto a que ela se referia. Platão demonstrou essa teoria no Crátilo.

Já o segundo, formula uma teoria sobre a frase, distinguindo as partes do discurso: Sujeito e Predicado, descobrindo ainda as classes de palavras.

Além de descobri as partes do discurso, Aristóteles desenvolve uma teoria altamente complexa sobre o significado, reinaugura os estudos semânticos iniciados por Platão.

Nesse sentido, formula uma teoria conhecida como Teoria Espírita dos Significados, que consistia no seguinte pressuposto: toda palavra, em seu bojo, apresentaria dois elementos fundamentais: corpo e espírito.

Para tão referido Filósofo, o que conhecemos como significante representaria o “corpo” da palavra.

Já quanto ao que sabemos sobre o significado, este consistiria no “espírito” da palavra.

Assim, muitas vezes o “corpo” poderia ser o mesmo da palavra, mas, o “espírito” modificava, sofria mutações, por isso, a mesma palavra poderia ter significados distintos e palavras diferentes também poderiam ter significados diferentes, já que havia vários tipos de corpos, também existiam vários tipos de espíritos que se encarnavam ou reencarnavam, de acordo com aquilo que se queria dizer ou escrever.

 Após essas breves considerações sobre os estudos linguísticos realizados pelos gregos, passemos a um brevíssimo comentário acerca desses estudos feitos na Idade Média pelos latinos e, a posteriori, trataremos das pesquisas inerentes à Ciência da Linguagem Humana no século XXI.

2.2 Estudos Linguísticos na Idade Média

Mais uma vez, alicerçados em Ramanzini (1990), apresentaremos a principal característica da Ciência da Linguagem Humana na Idade Média.

Nessa fase histórica, os modistas, estudiosos dos fenômenos linguísticos humanos, acreditavam que a linguagem se caracterizava não pelas normas gramaticais, mas sim, pelo uso que se faz dela; por isso formularam uma teoria considerando a estrutura das línguas como una e universal. Dessa teoria, deve-se inferir que as regras da gramática seriam independentes das línguas nas quais se realizavam.

Isto posto, finalmente, de forma bastante sucinta, apontar-se-á o trabalho feito pelos latinos no que tange ao desenvolvimento da linguagem humana.

2.3 Estudos da Linguagem feitos pelos Latinos

Infelizmente, consoante Ramanzini (1990), temos poucas contribuições linguísticas desenvolvidas pelos latinos.

No entanto, dentre eles, de acordo com Robins (1979), destaca-se de forma significativa somente Varão, pois define a gramática como Ciência e Arte.  

Nesse sentido, a gramática latina deveria descrever o funcionamento e as regras para o uso preciso da língua latina e, ao mesmo tempo; o ato de escrever estaria intimamente relacionado com a Arte.

Contudo, ainda em Consonância com Robins (1979), Varão desenvolveu um estudo fantástico no ramo da Morfologia, explicando satisfatoriamente como se dava a criação de novas palavras por meio da derivação, contribuindo significativamente para o aprofundamento do estudo dos morfemas.

Além disso, ele também era um estudioso transdisciplinar, porque conhecia profundamente agricultura e a História Antiga romana, apesar disso, foi bastante influenciado pelos estudos da gramática e da arte grega, especialmente, quando Roma dominou a Grécia nos séculos II e III antes de Cristo, visto que tanto os estudos gregos inerentes à gramática, quanto à arte eram muito mais avançados do que os latinos.

Assim, após essa breve exposição sobre os estudos latinos intrínsecos à linguagem, passemos ao próximo subitem: os estudos linguísticos no séculos XVII, XIX e, por fim, os estudos da linguagem no século XXI.

2.4 Estudos Linguísticos nos Séculos XVII, XIX e XXI

Em 1660, de acordo com Lyons (1979), surge a Grammaire Générale et Raisonnée de Port Royal, ou a gramática de Port Royal como ficou conhecida.

Essa gramática serve como modelo para muitas outras surgidas em mais de dois séculos: XIX, XX e ainda no século XXI, disseminada pelos linguistas americanos, porque, ainda em conformidade com Ramanzini (1990), Port-Royal,  havia demonstrado que a linguagem se funda sobre a razão e, por isso, a linguagem seria a expressão do pensamento.

Sendo assim, os princípios de análise estabelecidos não se direcionariam a uma língua em particular, mas, serviriam a todas as línguas.

Dessa forma, o conhecimento de um número maior de línguas conduz, nos séculos XIX ao XXI, o interesse pelas línguas vivas e ainda pelo estudo comparativo dos diversos falares, contrastando com um raciocínio mais abstrato sobre a linguagem, observado nos séculos anteriores.

Nesse sentido, Ramanzini (1990) demonstra que o século XIX é muito produtivo para o estudo da linguagem humana, pois, nesse século, também desenvolve-se o Método Histórico Comparativo, instrumento relevante para o surgimento das gramáticas comparadas e da Linguística Histórica.

Nesse contexto, o estudo comparado das línguas mostra que elas mudam com o tempo, independentemente da vontade humana, seguindo a necessidade própria de cada língua, manifestando-se, por isso, de forma regular.

Ainda no século XIX, Ramanzini (1990) ratifica que Franz Bopp é o estudioso quem mais se destaca nesse século, com a publicação de sua obra sobre o Sistema de Conjugação do Sânscrito, comparando-o ao Grego, ao Latim, ao Persa e ao Germânico.

Por isso, a obra acima elencada é considerada como o marco da Linguística Histórica.

Do exposto, após  brevíssimo histórico da Linguística nos Séculos XVII ao XIX, a seguir; discorrer-se-á sobre os estudos da linguagem humana no século XXI.

2.5 Estudos Linguísticos no Século XXI

De acordo com Ramanzini (1990), em 1916, com Saussure, a Linguística adquire o status de Ciência da linguagem humana.

Além disso, em consonância com o autor anteriormente citado, Saussure ainda outorga à Linguística o caráter de Ciência autônoma, uma vez que era subordinada às seguintes Ciências: Lógica, Filosofia, Retórica, História e Crítica Literária. 

Ainda de acordo com Ramanzini (1990), devido à Reforma Protestante, ocorre a tradução da Bíblia Sagrada em numerosas línguas, apesar de manter-se a dominância do latim sobre as demais línguas, considerado língua universal, nessa época.

Nesse contexto, viajantes, comerciantes e diplomatas trazem de suas experiências, em outros países, o conhecimento de línguas até então desconhecidas, por isso, consoante Ramanzini (1990), em1502; surge o primeiro dicionário poliglota mais antigo do Italiano Ambrosio Calepino. 

Após este brevíssimo comentário acerca da Linguística no século XXI, apresentaremos, na Seção 3, as mais relevantes contribuições de Saussure e Chomsky, principais linguistas do Século XVI, que de acordo com o autor anteriormente citado, merecem destaque, por isso, observemos abaixo suas principais contribuições.

3. Estudos Linguísticos no Século XVI

De acordo com Ramanzini (1990) os principais linguistas do Século XVI foram, sem sombra de dúvida: Saussure e Chomsky.

Sendo assim, nesse item, trataremos deles, após isso, teceremos as Considerais finais acerca desse estudo.

3.1 Saussure

Ferdinand Saussure, considerado o pai da Linguística, ciência que com método próprio pretende descrever o funcionamento de todas as línguas, cujo número aproximado, hoje, seria em torno de doze mil.

Logo, esse objetivo traçado pela Linguística parece impossível de ser realizado e um tanto quanto utópico. Mas, por ora, voltemos a Saussure, que com apenas 21 anos, publica em 1878 em Leipzig, uma obra muito importante para a História da Linguagem Humana: Mémoire sur le système primitif des voyelles indo-européennes. De Acordo com Ramanzini (1990), Saussure procurou, nesse trabalho, descrever o funcionamento das Vogais Indo-Européias, como se comportavam, semelhanças e diferenças, realizando um estudo histórico-comparativo. Dois anos depois, apresenta sua tese de doutorado com o título de De I’emploi du genitif absolu en sanskrit.

Assim, após vermos brevemente  a cercade Saussure, trataremos da Teoria de Chomsky..

3.2 Chomsky

Tratarei nessa pesquisa sobre as teorias científicas acerca da Linguagem Humana propostas por Avram Noam Chomsky. Nesse sentido, abordarei essas teorias na seguinte ordem, primeiro: as Dicotomias Chomskyanas e em seguida a Gramática Gerativa, a Sintagmática, e, finalmente, a Gerativa Transformacional. 

            Dessa forma, sabe-se que o termo dicotomia vem do grego e ao contrário do que muita gente imagina, não significa a divisão de um todo em duas partes, todavia, é a divisão do todo em várias partes. Em vista disso, teríamos as seguintes dicotomias advindas de Chomsky apud Luft (1995): Aceitabilidade/Gramaticalidade, Desempenho/Competência e, finalmente, a Performance.

            Nesse processo, Aceitabilidade, um dos termos propostos pelo cientista acima mencionado, quer dizer o seguinte: são sentenças aceitas, possíveis em um determinado sistema linguístico, isto é, são sentenças que não seriam consideradas estranhas, exóticas a um falante/ouvinte de uma determinada língua, por exemplo, no caso da Língua Portuguesa: a)      “Nóis vai ao Mercadu Centrá, sábado, à tarde. ”

b)     “As moça de Belzonti e de Minas Gerais é linda.”

c)      “Nós vamos ao Mercado Central, sábado, à tarde.”

d)     “As moças de Belo Horizonte e de Minas Gerais são lindas.”

            Todas as frases citadas, acima, são consideradas frases aceitas no português. Não obstante, alguém poderia afirmar: as frases (a) e (b) não estão, “gramaticalmente corretas. ” Mas isto depende de alguns fatores, como por exemplo: qual o tipo de gramática é considerado? Uma vez que não há apenas um único tipo de Gramática.

            Além disso, o que acontece com frases do tipo (a) e (b), não é uma questão de não pertencerem à Língua Portuguesa, mas, um caso típico de modalidade da língua, ou seja, há, basicamente, duas maneiras distintas de falar ou escrever a nossa língua materna; uma modalidade que costumamos considerar popular: frases do tipo (a)(b) e outra que é considerada Culta ou Padrão, sentenças do tipo (c) (d).

            Dessa maneira, as duas primeiras frases acima citadas, pertencem ao português do Brasil e são aceitas independente da modalidade que se usa ou que se pretende usar, ao falante/ouvinte de nossa língua materna lhe é outorgado o direito de falar ou de escrever em quaisquer umas das variedades linguísticas, dependendo da situação e com quem se fala.

            Logo, as duas primeiras frases (a) (b) examinadas por nós são aceitas no português brasileiro, o que acontece, como já dissemos anteriormente, é uma questão de saber utilizar a língua adequadamente nas diversas situações sociais por que passamos, todavia, este fato é intrínseco ao desempenho comunicativo de cada falante/ouvinte de uma determinada língua, ou seja, depende de desenvolver melhor a Competência Comunicativa dos falantes/ouvintes de certa língua. E quanto à Gramaticalidade?

            A Gramaticalidade, ligada, intrinsecamente, à Aceitabilidade, seria a característica imanente a todo falante/ouvinte nativo de construir sentenças possíveis, bem estruturadas em um determinado sistema linguístico, isto é, segundo Chomsky (1971 a), as pessoas, de uma maneira geral, nascem predispostas a falarem uma determinada língua, ou melhor, em toda teoria deste renomado filósofo da linguagem, temos o que  ele chamou de Teoria do Inatismo, os indivíduos nascem, de acordo com Luft (1995), “programados” para falarem e compreenderem uma determinada língua, diante disso, a Gramaticalidade seria, justamente, a característica que  todo falante/ouvinte possui de falar bem e adequadamente, construir sentenças possíveis dentro de uma língua, o fenômeno da Gramaticalidade está ligado à Gramática Natural de uma determinada língua e não à Gramática Normativa dessa língua.
            Já a Competência estaria, intimamente, ligada à sociedade, ou seja, a Competência para Chomsky (1971 a) é um fator social, desse modo, “a priori”, todos nascem com Competência para falar uma língua, no entanto, a questão de bem fazê-lo ou não, depende de outro fator: o DesempenhoE o que seria o Desempenho? Seria justamente, a boa, a eficiente atuação individual de cada pessoa para falar e compreender melhor uma determinada língua, já a Competência é um fator social, isto é, ligado, diretamente, ao sistema linguístico de cada pessoa, ou seja, ao idioma, a língua que cada um possui.
            É bom frisar que a Competência à luz das Teorias Chomskyanas não tem relação com a competência que conhecemos, isto é, atuação eficiente e individual de cada pessoa perante uma tarefa ou um trabalho a ser realizado. E quanto à Performance? Performance seria a execução da tarefa ou do trabalho dado, ou melhor, o ato ou efeito de executar algo, o fazer, propriamente, dito.

            Assim, pode-se inferir que as Dicotomias Chomskyanas estão intimamente ligadas ao conceito de Gramática Gerativa, porque o Desempenho seria justamente a capacidade de o indivíduo com um conjunto finito de regras gerar, engendrar um número praticamente infinito de sentenças gramaticais e aceitas num determinado sistema linguístico e a Competência funcionaria para o sujeito como elemento essencial para se integrar na sociedade, porque, “a priori”ninguém fala sozinho, já que a língua consiste num fator social, quanto à Performance, ela baseia-se  no ato ou efeito de falar.

            Nesse contexto, o princípio básico da Gramática Gerativa fundamenta-se na geração, na criação, no engendramento de frases gramaticais e aceitáveis de uma dada língua, a saber; o seu principal pressuposto seria o seguinte: “com um conjunto finito de regras, o falante/ouvinte de uma determinada língua produz um conjunto infinito de enunciados. ” 

            Já a Gramática Sintagmática se alicerça sobre o conceito de Sintagma. E o que seria o Sintagma? Nessa perspectiva, quem criou esse termo foi Ferdinand Saussure, franco-suíço, pai da Linguística, ciência que com método próprio procura descrever o funcionamento de todas as línguas que existem no nosso planeta.

            Saussure (1969), ao utilizar o termo Sintagma, utilizou também à palavra Paradigma.  Sintagma, conforme esse estudioso da linguagem humana, seriam todos os constituintes de uma oração, ou melhor, os Constituintes imediatos e os Constituintes Oracionais. Tanto os constituintes Imediatos quanto os Oracionais, segundo Saussure (1969), fazem parte do eixo da combinação, ou seja, quando combinamos as palavras para formar frases ou orações estamos utilizando o que o autor acima referido, chamou de Sintagma. Vejamos como isto funciona na prática:

a)      meninas      Belo Horizonte         de      AS         são         lindas.

                  1                  2                          3        4            5               6 

Combinando as palavras, acima, teríamos:

b)     As meninas de Belo Horizonte são lindas.
            Logo, esta frase do português contém seis Sintagmas diferentes, porém, relacionados semanticamente, entre si. Os Constituintes Imediatos da Oração seriam, respectivamente: c) 1, 2, 3, 4, 5 e 6 que combinados, como vimos, gera uma frase do português.
            Já os Constituintes Oracionais seriam, apenas, os dois termos considerados essenciais da oração, por exemplo:

d) (As pessoas de Minas Gerais) (são simpáticas).

              I                                      II         II
            Sendo assim, temos em (I) – Sintagma Nominal, conhecido pela Gramática Normativa ou Escolar como Sujeito e em (II) – Sintagma Verbal, Também conhecido pela Gramática Normativa ou Escolar como Predicado. Quanto ao Paradigma pertenceria ao eixo da seleção, da escolha, ou seja, o falante/ouvinte de qualquer língua para formar frases dessa língua, utiliza duas operações, a saber; a Paradigmática e a Sintagmática, porque, primeiro, selecionamos as palavras ou termos que desejamos utilizar para gerar a frase de uma determinada língua, vamos supor que quiséssemos gerar a seguinte frase de nossa língua materna:
                                                      I        II     
     e) (OS meninos) (jogaram bola.)
           1        2                 3          4
            I e II seriam os Sintagmas Oracionais: Sintagma Nominal – Sujeito 
Sintagma Verbal – Predicado. 

       Apesar de Saussure (1969) ter criado os conceitos de Sintagma Paradigma, quem desenvolveu uma gramática cujo arcabouço teórico fez uso dos Sintagmas foi Avram Noam Chomsky. E o que seria esta gramática que é conhecida como Gramática Sintagmática? Quais algumas de suas vantagens? É o que tentaremos deslindar no transcorrer desse trabalho. A Gramática Sintagmática como o próprio nome diz, procura descrever a estrutura sintática de uma língua, utilizando como suporte, base a teoria dos Sintagmas, elementos fundamentais para a construção de sentenças, frases.
            Desse modo, como vimos anteriormente, nesse trabalho, para formamos frases de uma determinada língua, podemos utilizar tanto os Sintagmas Nominais como os Verbais, apesar de as Gramáticas Normativas ou Escolares pregarem que os termos essenciais da oração seriam o Sujeito e o Predicado, e depois elas mesmas postulam no bojo de sua teoria sintática Orações Sem Sujeito e orações cujo Sujeito é Indeterminado, ou seja, não se pode determinar, saber quem é o Sujeito, dessa maneira, acreditamos que o único termo, realmente, essencial à oração seria o Predicado.

       Por isso, mostraremos algumas vantagens de se descrever os termos sintáticos e morfológicos de uma língua tomando como base tanto os Sintagmas Verbais, quanto os Nominais para este tipo de descrição; a saber, a Gramática Sintagmática.
            Primeiramente, ao invés de termos um grande número de Classes Funções, isto é, Adjetivo, Pronome, Numeral, Artigo, Substantivo, Sujeito, Predicado, Objeto Direto, etc. Teríamos apenas duas Classes ou Funções: Sintagmas Nominais e Sintagmas Verbais. Dessa maneira, com esta visão, economizaríamos e simplificaríamos a descrição sintática e morfológica de uma determinada língua.

       Além disso, frases de nossa língua materna que a Gramática Normativaabreviada por G.N., por uma questão de economia linguística, não consegue descrever, sintaticamente, como por exemplo: “Falamos de Sônia ao diretor da escola. ” A Gramática Sintagmática descreve. Por que a G.N. não consegue descrever tal oração? Por que, a dita oração possui dois Objetos Indiretos e a G.N. não descreve orações desse tipo?

    Como se não bastasse o fato acima assinalado, Verbos considerados, tradicionalmente, como Verbos Intransitivos: morrer, viver, etc. Na Gramática Sintagmática podemos postular complementos para estes tipos de verbos, como, por exemplo, em Rondônia, em alguns municípios é muito comum frases do seguinte tipo: “Fulano morreu de morte matada.” E ainda: “Fulano morreu de morte morrida. ” Além de percebemos a existência de complementos verbais nas frases anteriores, apesar de os verbos serem considerados Intransitivos na doutrina tradicional, também notamos algo, extremamente importante, ou seja, as diferenças semânticas que o falante/ouvinte quer marcar, porque, ao enunciar a primeira frase este mesmo falante/ouvinte do português quer dizer que uma determinada pessoa foi assassinada, não morreu de “causa natural”,  já na segunda frase o mesmo falante/ouvinte pretende dizer que um determinado indivíduo morreu de “morte natural”, isto é, não foi assassinado.

No caso do verbo viver, também considerado Intransitivo pela G.N.: é perfeitamente aceitável no português frases do tipo: “A mulher viveu uma vida tranquila. ” E: “O homem vivia de amarguras. ” 

Diante do exposto, notamos a importância, a relevância de se descrever uma língua, utilizando também a Gramática Sintagmática.

Após tratarmos da Gramática Sintagmática, teceremos algumas considerações sobre a última parte de nosso trabalho: a Gramática Gerativa Transformacional. E o que seria este tipo de gramática? A Gramática Gerativa Transformacional consistiria na transformação de Estruturas Profundas em Superficiais.

De acordo com Chomsky (1971 a), a Estrutura Profunda (abreviada, nesse momento, por E.P) seria um dos mecanismos alojados no cérebro humano responsável pela produção dos enunciados, das sentenças, o próprio Chomsky (1971 a), parece que não precisou exatamente, o que é este mecanismo e em qual parte do cérebro humano se aloja, ou seja, o que se sabe, é que no bojo da Teoria Chomskyana, Teoria do Inatismo, construída sob a base de que todos os indivíduos nascem predispostos para falar uma determinada língua, isto é, o indivíduo nasce com condições biológicas, fisiológicas e psicológicas para falar, apreender certo tipo de língua.

            Assim, podemos afirmar que a E.P está localiza em alguma parte do interior do cérebro humano, mas, quando os falantes/ouvintes de uma determinada língua produzem certos enunciados, discursos, ou melhor, produzem a fala, temos, neste caso, a Estrutura Superficial – E.S está intrinsecamente ligada à E.P. Por quê? Porque, primeiramente, as ideias, os pensamentos são processados no cér

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