01/11/2017

Situação do Brasil: um Olhar da Sociologia da Educação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            O Brasil tem passado por conturbados momentos, o que tem feito ele perder sua soberania diante de seus vizinhos e do seu próprio povo.

            Como já foi dito em outros textos,trata-se apenas de crise de caráter, tanto dos políticos quanto dos eleitores. Dos políticos por faltarem ética e moral e dos eleitores por faltar discernimento em perceber o grande engodo que são os políticos e por não saberem escolher bem o seu representante.

            Ao analisarmos os acontecimentos, perceberemos que estamos diante de um problema social. Como eu afirmo em minhas aulas, se um milhão estão insatisfeitos com o governo, é apenas problema deste um milhão, mas se 97% estão insatisfeitos, isso não é mais um problema pessoal, é um problema social, e que no momento, nada pode-se fazer sem partir para o extremo, e a desobediência civil.

            Para entendermos melhor a situação por qual o povo brasileiro está passando com esta escória representada por nossos políticos, necessitaremos fazer uso das ideias de Durkheim quanto ao organicismo, ou seja, para o sociólogo, a sociedade era similar a um ser vivo, e ao analisarmos esta ideia, perceberemos que realmente estamos vivendo uma patologia social.

            Para clarear a forma de pensar, imagine o corpo humano. Nada adianta ter um fígado saudável e um coração forte se o pulmão encontra-se debilitado, ou nada adiantaria ter um pulmão digno de um mergulhador e o fígado totalmente comprometido, assim é a nossa sociedade.

            Temos nela o corpo social visto como família, estado, polícia e escola, e bastaria um apresentar um problema para refletir negativamente em todo o corpo social, e é justamente isso que tem ocorrido.

            A educação pública sendo sofrível, com certeza acarretará em maior trabalho para polícia, família mais desestruturadas, estado mais corrupto e escola sendo apenas uma instituição para perpetuar a ideologia imposta pelo Estado.

            Durkheim já afirmava que cada sociedade constrói para o seu uso, certo ideal de homem, e como deve ser o perfil para que este podre poder se perpetue? Homens passivos, alienados, obnubilados e domesticados subalternos, quanto a isso, tenha certeza, ou pessoas politizadas, críticas, conscientes de seus deveres e revolucionários?

            Seria um erro crasso partirmos para a segunda opção. Louis Althusser esclarecia que a escola é uma aparelho ideológico do Estado, e assim sendo, elas simplesmente repassam o conhecimento que irá assegurar a submissão à ideologia elitizada, ou seja, dominante, isto porque, para o sociólogo, as instituições escolares trabalham o conhecimento e as normas conforme a classe social. Para ele, se a escola pertencer a uma classe dominante, nesta então será trabalhada formas de se manipular a ideologia, caso contrário, será ensinada a mais pura submissão e docilidade para as elites.

            Sabendo que é justamente esta classe dominadora que determina o tipo de educação que a sociedade precisa, a mesma tem feito esforço hercúleo para que se desvincule a política dela, mas se esquece que toda educação é um ato político, assim sendo, Antonio Gramsci esclarece que a escola precisa vincular em seus ensinos uma ação política libertadora, pois essa ação transformará os educandos em cidadãos conscientes, críticos, protagonistas e ativos para provocarem a transformação em sua realidade, o que já era alertado por Karl Marx quando esclarecia que através da participação política de forma ativa e consciente o aluno conseguirá transformar o seu entorno.

            Estas falas convergem com o ideário de John Dewey quando esclarece que a teoria deve se seguida da prática, ou seja, o que o aluno aprende, deve ser aplicado para que este ensinamento tenha um poder de transformação, o que é complementado com as falas de Antonio Gramsci quando diz que escola ligada a vida implicará em um aluno mais ativo, participativo e protagonista.

            Ciente disto, para Karl Marx a classe dominante tem o objetivo então de neutralizar quaisquer movimentos de inconformismo e a alienação passa a ser essencial nas escolas.

            Os relatos acima esclarecem bem, como anda a nossa educação pública, o que nos faz pensar, será que temos alguma perspectiva de melhora, ou irá mesmo prevalecer as falas de Darci Ribeiro ao enfatizar que a crise na educação não passa de um projeto, projeto imposto por esta classe cujo objetivo é dominar cada vez mais este povo oprimido, alienado, ignorado e agora totalmente sem dignidade.

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