15/03/2021

Servo Inútil

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

O servo inútil é aquele que só faz o que deve ser feito, ou o que lhe é mandado, isso é, é um servo que não tem autonomia e faz as coisas mesmo discordando da ordem, mas faz.

Não pensa por si só, é simplesmente um servo, como todos os servos eram em remota época, já que servos eram propriedades de mestres e se assemelhavam a escravos.

Funcionalismo público é um bom estudo de caso para os servos inúteis, pois estes são representados pelos cargos de confiança, entretanto, por faltar a meritocracia na grande maioria, simplesmente se sujeitam a fazer o que lhe é mandado, sem ao menos questionar as ordens, mesmo se sentindo incomodado, o que são poucos, já que estes servos inúteis não têm caráter o suficiente para fazer uso da empatia, pois isso é substituído pelo desvio de caráter.

Felizmente, nossa vida é formada por histórias de heróis vivos e por infelicidade, de pessoas que abriram mão da própria vida para ser um servo útil, aquele que se põe no lugar do outro antes mesmo de pensar em sí.

Como o caso da professora Heley de Abreu Silva Batista, que morreu tentando salvar crianças de um incêndio criminoso em Janaúba, Norte de Minas.

Esta heroína de nossa classe não titubeou em pensar... "não recebo para isso, vou salvar a minha pele". Ela simplesmente foi altruísta e fez o que achava certo, e com total certeza, muitas professoras fariam o mesmo, pois na hora, somos posto a prova e o espírito materno e/ou paterno fala mais alto, afinal de contas, o que vale viver uma vida se não fosse para ajudar o nosso semelhante?

Assim como tivemos a professora, temos também o padre Júlio Lancellott, um sacerdócio que desafiou o sistema e com sua marreta mjölnir, quebrou as pedras colocadas em baixo dos viadutos por um governo desumano, para que os desabrigados não pudessem se proteger dos intempéries da vida e do clima.

Exemplos assim temos aos montes, e outro que se tornou assunto em muitas "lives" foi um comentado por Carlos Bezerra Jr, que com um excelente vídeo dá uma lição de hombridade, humanismo, profissionalismo, empatia e esperança.

Carlos Bezerra Jr, cita Rebeca Fonseca, uma enfermeira formada pela UEPA e que trabalha no hospital municipal de Rurópolis - PA. Ela optou por empurrar uma maca com um paciente pelo acostamento da estrada, a ficar com o paciente dentro do veículo por tempo indeterminado, o que poderia implicar na morte deste por falta de oxigênio.

Temos outras bons exemplos, em todas as áreas, exceto na política, pois não vemos exemplos de senadores se abdicando de algo a favor do povo que votou nele, e o mesmo na descida da pirâmide política, até nos vereadores.

Todos os políticos preocupam-se apenas consigo mesmo. Fazem de tudo para entrar no poder e continuam fazendo de tudo para se manter por lá, pois é um dinheiro fácil e que dependendo da índole do político, este dinheiro multiplicar-se-á a custa do sofrimento de um povo que nem mais tem a sua dignidade.

Paremos para pensar.... o que estes três exemplos tem em comum? Observe, são funções diferentes, contextos diferentes e até mesmo faixa etária diferente.... Elas tiveram uma educação humanizada, talvez não tão formal quanto a do padre, mas uma educação oferecida pela vida, algo mais empírico e até mesmo com exemplos dos próprios familiares.

Como seria bom se nossa educação pública pudesse trabalhar todo este protagonismo e autonomia em nossos educandos. Como seria mais humanizado o nosso País que teima em ficar deitado eternamente em berço esplêndido.

Pois que nossa educação possa fazer este país despertar para a realidade que está gritante, e que, conforme o livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, fujamos desta alienação, que transforma nossos educandos em uma massa em seres obedientes e subalternos, incapacitados no pensar e no agir com cidadania;

Que possamos assim, desenvolver nestes, toda a criticidade para que se façam servos úteis, críticos e humanizados.

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