16/03/2018

Segurança Universitária: A difícil tarefa de Proteger, Disciplinar e Orientar

João Batista Martins de Souza

Graduado em Recursos Humanos, Pós graduando em Formação em Educação a Distância, Administração em RH e Docência do Ensino Superior, CES - Certificação de Especialista em Segurança pela ABSO - Associação Brasileira de Profissionais de Segurança Orgânica, Reservista graduado de 1ª Categoria do 2º Batalhão de Policia do Exército, Profissional de segurança privada, atuante no segmento de segurança universitária a mais de 20 anos.

Pensar na segurança dos campi universitários é uma tarefa muito complexa que requer muito mais que compreensão dos riscos.

É fato que segurança está associado ao risco e em todo convívio social existe uma certa quantidade de riscos de diversas naturezas, não ficando fora deste espectro o ambiente universitário.

Nas pesquisas realizadas na internet (www.politize.com.br, www.espaçoacademico.wordpress.com,www.segurançauniversitaria.blogspot. com.br, www.revistaforumsegurança.org.br ), os materiais encontrados sobre o assunto estavam totalmente voltados às universidades públicas.

Nestas, pelo que foi exposto nos textos existem muitas polêmicas e impasses no tocante a gestão da segurança universitária, que conta com profissionais orgânicos, treinados e qualificados para o exercício da função, além de ter também apoio de colaboradores prestadores de serviço e nos casos mais extremos a intervenção da Policia Militar, recurso este gerador de muita resistência em razão da grande influência político/partidária existente nos campi, mas mesmo com tanta resistência, pesquisa anotada em um dos textos apontava que mais de 50% dos pesquisados apoiavam a presença da Policia Militar nos campi universitários.

Questionamento válido, e o ambiente universitário privado, como se comporta na questão da gestão da segurança nos campi?

Em São Paulo em meados da década de 1990, com apoio do SEMESP -  Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo, foi criado por um grupo de gestores de segurança universitária o GIASES – Grupo Integrado de Apoio a Segurança do Ensino Superior do Estado de São Paulo, que tinha como finalidade discutir e apresentar propostas concretas de ações que reduzissem os impactos das intercorrências comuns nos campi, além da realização de estudos e produção de materiais de consulta sobre o tema segurança universitária, infelizmente a proposta do grupo não criou raízes mais profundas e poucos resultados foram alcançados.

Segurança está entre as maiores preocupações da sociedade e nas imediações de campi universitários essa preocupação aumenta consideravelmente, existem diversas reportagens expondo o quanto alunos são atormentados com a crescente onda de crime, dos quais muitos são vítimas.

Sabemos que a gestão da segurança universitária não foge das premissas e conceitos básicos do planejamento de segurança Patrimonial/Pessoal, mas existem peculiaridades do ambiente universitário que não levados em conta, podem minar todo o planejamento feito.

Ampliando o universo a ser protegido a universidade tem ainda os riscos pertinentes ao espaço cibernético, onde as práticas de engenharia social, fraudes e roubo e ou alterações de dados devem ser repelidas e para se ter uma resposta exitosa a Gestão de Segurança deverá implementar um sistema integrado de Segurança da Informação e combate a fraudes.

Igualmente a todos os projetos de segurança, um projeto de segurança universitária para ter sucesso, deverá ter total apoio e concordância da Reitoria e Diretorias Setoriais, caso contrário as resistências internas se somarão as resistências externas dificultando a efetiva implantação do projeto proposto.

Para tanto o Gestor de Segurança da Universidade deverá trabalhar alinhado com as necessidades e objetivos da IEs, visando sempre agregar valor e produzir beneficies que aumentem o grau de competitividade para que esta não veja reduzido seu espaço no mercado onde atua.

O ambiente universitário é um local de grande atividade sócio cultural da juventude, que já traz consigo o ímpeto de desafiar as tradições, de quebrar os paradigmas, da rebeldia e do contraditório ao senso comum, essa população de jovens, como dizia uma professora, entram na universidade como clientes e após formados passam a ser o produto da Instituição formadora, é nesse caminho do aluno cliente até o egresso produto que a gestão de segurança universitária deve ser planejada, sem esquecer do entorno desse ciclo, onde estão o corpo docente, o quadro técnico administrativo, os usuários dos serviços comunitários, os fornecedores e todos aqueles que circulam pelos ambientes universitários.

O ambiente universitário dá ao aluno a falsa sensação de impunidade, de liberdade sem limites, não é difícil presenciar nos campi gritos de ordem como “Vamos ocupar, a Universidade é nossa” nas Instituições Públicas e “Eu pago, eu posso” , “Eu pago o seu sálario” nas Instituições Privadas, em um ambiente onde pensamentos como esses são fomentados, planejar um projeto de segurança passa a ser uma tarefa nada fácil, Proteger, Disciplinar e Orientar passa a ser o tripé de sustentação da segurança universitária.

A segurança Patrimonial/Pessoal deverá priorizar cada vez mais as ações de prevenção, colocando a seu favor toda tecnologia disponível, deixando as ações reativas para casos específicos, agindo dessa forma os impactos dos sinistros não afetarão a continuidade dos negócios e os investimentos em proteção serão bem mais modestos e eficientes.

O uso de metodologias simples como reforço ao plano de segurança fará com que a população universitária tenha mais clareza sobre as normas de segurança propostas, campanhas periódicas de conscientização da importância de termos uma atitude APA - Auto Proteção Automática, distribuição de cartilhas com dicas de prevenção, seminários para debates e estudos do tema, dando aos envolvidos a oportunidade de apresentarem propostas e ideias que possam agregar melhorias ao projeto de segurança interno e também no entorno dos campi, trazer os Centros Acadêmicos para o núcleo do debate pontuando as principais queixas e analisando as melhores ações de respostas para mitigar os  fatores de risco.

A integração com os demais setores da Universidade irá fortalecer as políticas de segurança e ajudará no processo de disciplinar a população universitária, em especial o corpo discente.

Uma população disciplinada e bem orientada reduz a probabilidade de sinistros que possam colocar em risco não só integridade física e mental dos protegidos como também a continuidade dos negócios.

Uma população universitária com senso apurado de educação social, cidadania e comprometimento com os deveres, agrega maior valor a marca da IEs e reduzirá consideravelmente o investimento nas práticas de proteção.

Enfim, a questão da segurança universitária deve ser trabalhada dentro dos princípios da ética e da transparência, agregando todos os setores envolvidos e interessados na busca de soluções inteligentes, eliminando a polêmica e o impasse, através de debates responsáveis e imparciais.

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