10/05/2021

Segurança nas Instituições Educacionais

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Trabalhar em escola, é comum ouvir comentários de brigas entre alunos por motivos diversos, e em alguns casos, nós educadores até conseguimos intervir fazendo com que a paz seja efetivada no interior da instituição educacional, todavia, no lado de fora, nem sempre é possível, já que não podemos acompanhar nossos educandos 24h por dia.

O fato é que, em muitos casos, o ato violento se dispersa e todos vão para suas casas agitados, o que é visto como algo "normal" entre os adolescentes quando querem notoriedade, mostrando-se erroneamente o quão são poderosos e temidos.

Obviamente situações deste tipo são quase sempre contornadas, afinal de contas, quando um não quer, dois não brigam, mas infelizmente a violência nas instituições educacionais não têm mais se limitado aos educandos e com ideias de que a escola tem que ficar aberta a comunidade, isso tem deixado vulneráveis tanto educadores, funcionários quanto os próprios educandos.

Já tivemos tristes casos de violência dentro das escolas, como ocorreu em 2011 em uma escola municipal na cidade do Rio de Janeiro no bairro Realengo, onde 11 estudantes foram assassinados. Em uma creche Janaúba Norte de Minas Gerais em 2017 o que levou a morte 14 pessoas sendo maioria crianças com 4 anos de idade e agora em Saudades SC, morrendo 6 pessoas e sendo a maioria crianças com idades entre 1 ano e meio a dois anos, tem-se também outros casos que não tiveram fins trágicos, mas vale ressaltar que o ato violento passa a ser comum nas escolas, nas quais pessoas as invadem se sentindo no direito de ameaçar e até mesmo agredir educadores.

Triste é perceber que a violência não ocorre só fisicamente, mas também psicologicamente, abalando o emocional, psicossomatizando outros males, e estas violências são proferidas por nossos representantes políticos que em momento algum respeitam os trabalhadores da educação.

Quanto a este mal, tende a ser minimizado, basta repensarmos nossos votos na próxima eleição não votarmos nestes oportunistas corruptos que nunca se preocuparam com o bem comum e tampouco com a coletividade.

Silva e Assis esclarecem no artigo intitulado Prevenção da violência escolar: uma revisão da literatura, publicado em 2018[1], que estudos relatam que a violência escolar é "caracterizada apenas como atos de violência física". Para as pesquisadoras, outros estudiosos englobam também a"violência verbal e as agressões, enquanto que ainda há aqueles que atentam para o comportamento de oposição às regras e atividades escolares, a depredação da escola, os furtos e os comportamentos antissociais", mas o fato a ser trabalhado aqui está caracterizado pela violência física que infelizmente tem se tornado manchetes no Brasil e no Mundo.

Liberal et al, no artigo Escola Segura, publicado em 2005[2] ressaltam os direitos das crianças e dos adolescentes quanto aos direitos assegurados por lei. Para os autores, o "Estatuto da Criança e do Adolescente, criado em 1990, assegura à criança e ao adolescente todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade”.

Assim sendo, estes autores complementam ao afirmar que a violência é vista como um grave problema de saúde pública e desta forma, precisamos tomar iniciativas assegurar tais direitos as crianças e adolescentes.

Tais afirmações são corroboradas por Silva e Ristum no artigo A violência escolar no contexto de privação de liberdade, publicado em 2010[3], ao aduzirem que a violência é vista como um fenômeno em ascendência e incide de forma direta e indireta nos distintos domínios da convivência social, e quanto as tragédias relatadas acima, passa a ser uma comprovação destas citações.

O fato é que além de resguardarmos o direito inalienável à educação, precisamos também de uma proteção nas instituições para que possa intimidar a presença de qualquer pessoa má intencionada.

É sabido que muitas instituições municipais e estaduais com o intuito de evitar gastos, rescindiram contratos com empresas terceiras que prestavam serviços de segurança, dito isso, cabe agora repensar e perceber que o nosso maior bem é a vida e a mesma deve estar sempre protegida.

 

[1]Para mais informações vide https://www.scielo.br/pdf/ep/v44/1517-9702-ep-S1517-9702201703157305.pdf

[2] Para mais informações vide LIBERAL, Edson Ferreira et al . Escola segura. J. Pediatr. (Rio J.),  Porto Alegre ,  v. 81, n. 5, supl. p. s155-s163,  Nov.  2005 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572005000700005&lng=en&nrm=iso>. access on  07  May  2021.  https://doi.org/10.1590/S0021-755720050007E00005.

[3] Para mais informações vide SILVA, Joelma Oliveira da; RISTUM, Marilena. A violência escolar no contexto de privação de liberdade. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 30, n. 2, p. 232-247, jun.  2010 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000200002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  07  maio  2021.

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