SE AINDA EXISTE AMOR: GESTÃO UNIVERSITÁRIA, CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO E REISADO DO DIA 06 DE JANEIRO
SE AINDA EXISTE AMOR: GESTÃO UNIVERSITÁRIA, CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO E REISADO DO DIA 06 DE JANEIRO
José Cláudio Rocha[1]
Se ainda existe amor, olhe bem pra mim
E me diz, enfim, que eu sou teu
Se ainda existe amor, pegue em minha mão
E me diz então que me quer
Composição Raul Seixas e Mauro Motta
(SEIXAS, R; MOTTA, M., 1976)
- INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objeto compartilhar o conhecimento gerado no Centro de Referência em Desenvolvimento e Humanidades da Universidade do Estado da Bahia (CRDH/UNEB), quanto à importância da participação da comunidade de pesquisadores do centro de pesquisa, nas atividades culturais e de preservação do patrimônio imaterial das comunidades baianas e brasileiras, especialmente, do Centro Histórico e Antigo de Salvador (CHAS). A cultura acelera a economia criativa e da cultura, favorecendo ao Empreendedorismo Econômico Solidário Criativo (EESC), assim como, ao turismo de base comunitária e de experiência em nosso Estado.
É também um espaço público e multirreferencial de saberes importante para a promoção de vivências e experiências para os estudantes universitários e da pós-graduação stricto-sensu, relacionados a curricularização da extensão, extensão universitária em comunidade e responsabilidade social universitária. Vale dizer que em nosso centro de pesquisa praticamos ética como: solidariedade; hospitalidade; comensalidade; entre outras, que têm como foco, construir a mística do grupo, bem como o sentimento de pertença, que precisa ser forte para garantir a união necessária do grupo para a produção, preservação e difusão de conhecimento.
É importante frisar que um café é sempre um momento especial para formação de redes entre as pessoas, espaço para que todos e todas possam conhecer os novos projetos e trocar informações. Para que o centro de pesquisa seja um espaço pública para livre circulação de pessoas, um ambiente de inovação, temos que investir em momentos de confraternização, celebrando as conquistas do ano que passo, bem como, projetando um novo futuro para nossa instituição.
Este será o primeiro café do dia dos reis do CRDH/UNEB, a meta do centro de pesquisa é sempre demarcar esses momentos de festas populares em nossa cidade, articulando a comunidade universitária como a sociedade civil e grupos populares responsáveis pela organização desses festejos. Não temos dúvida que a participação da universidade fortalece esse ecossistema cultural, protegendo as iniciativas da cultura popular.
- ORIGEM DO DIA DE REIS NA BAHIA
Na literatura disponível encontramos que os festejos do Dia de Reis na Bahia têm raízes profundas nas tradições cristãs trazidas pelos colonizadores portugueses e se misturaram com elementos culturais africanos e indígenas, resultando em celebrações únicas e ricas em diversidade. As Folias de Reis e Ternos de Reis são as manifestações mais conhecidas na região, caracterizadas por grupos de músicos e cantores que percorrem as comunidades, entoando cânticos religiosos e folclóricos. Essa tradição simboliza a viagem dos Reis Magos para presentear o menino Jesus e, ao mesmo tempo, celebra a solidariedade e a partilha, valores fundamentais nas comunidades baianas (NASCIMENTO, 2013).
Além disso, essas celebrações foram incorporadas às festividades populares e religiosas, como a Festa de Reis, que acontece em diversas cidades do interior da Bahia. Esses eventos não só mantêm vivas as tradições culturais, mas também fortalecem os laços comunitários e promovem a preservação do patrimônio imaterial da região. A Bahia, com sua rica herança multicultural, transformou o Dia de Reis em uma celebração que reflete a mistura de culturas e a diversidade do povo baiano (SOMBRA, 2011).
O Dia de Reis, celebrado em 6 de janeiro, é uma data impregnada de significado religioso e cultural. Tradicionalmente conhecida como Epifania, essa celebração marca a visita dos três Reis Magos – Baltasar, Gaspar e Melquior – ao menino Jesus, guiados pela Estrela de Belém. Mais do que um evento histórico, o Dia de Reis simboliza uma manifestação de generosidade e descoberta, valores que são fundamentais para o progresso da humanidade (NASCIMENTO, 2013).
- TRADIÇÃO E INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DOS SISTEMAS LOCAIS DE INOVAÇÃO DA BAHIA
Neste ano, o Centro de Referência em Desenvolvimento e Humanidades da Universidade do Estado da Bahia (CRDH/UNEB) transforma essa tradição secular em uma oportunidade única de promover a ciência, tecnologia e inovação. A partir das 09h30, na Ladeira do Carmo, 37, no Centro Histórico de Salvador, a celebração do Dia de Reis no CRDH/UNEB destaca a necessária integração entre tradição e inovação (CRDH/UNEB, 2024).
A ocupação de espaços informais como este é fundamental para a popularização da ciência, tecnologia e inovação. Ao trazer atividades culturais para o público, o evento não apenas honra as tradições religiosas e folclóricas, mas também utiliza a cultura como uma ponte para educação empreendedora, proporcionando um ambiente inclusivo e dinâmico onde todos têm acesso ao conhecimento e às novas tecnologias (ROCHA, 2020).
- IMPORTÂNCIA DA PRESERVAÇÃO DA CULTURA, PATRIMÔNIO IMATERIAL E INCLUSÃO SOCIAL E PRODUTIVA DA POPULAÇÃO
A preservação do patrimônio imaterial e da cultura desempenha um papel crucial na promoção da inclusão produtiva e social da população baiana, especialmente para aqueles em situação de vulnerabilidade social. A tradição do Dia de Reis, quando reinterpretada através do prisma da ciência e tecnologia, amplia o escopo de participação comunitária e gera novas oportunidades de desenvolvimento socioeconômico. (ROCHA, 2020).
A celebração do Dia de Reis no CRDH/UNEB é um convite à reflexão sobre como a cultura e a inovação podem se unir para criar um impacto positivo duradouro. É também uma oportunidade para reconhecer a importância de manter viva a memória coletiva das comunidades, enquanto se promove a ciência e a educação como ferramentas de transformação social.
Venha celebrar conosco e experimente como a ciência e a tradição podem se complementar para promover um futuro de inclusão e progresso, respeitando e preservando nossas ricas heranças culturais.
- CONCLUSÃO
Vamos juntos celebrar o encontro entre tradição e inovação no Dia de Reis no CRDH/UNEB! Este evento é mais do que uma celebração cultural; é uma oportunidade de vivenciar como a cultura impulsiona a ciência e a tecnologia, enriquecendo nosso patrimônio imaterial e fortalecendo os laços comunitários. A tradição do Dia de Reis, reinterpretada através do prisma da ciência e inovação, demonstra como práticas culturais podem servir como alicerces para o desenvolvimento socioeconômico e a inclusão social. Vale dizer que utilizamos esses espaços informais, para repassar conteúdo formal em nossos eventos, além de fortalecer os laços de amizade entre nossa equipe.
Para consolidar essa união entre tradição e inovação, é crucial implementar medidas administrativas e acadêmicas que reforcem a sustentabilidade dessas iniciativas. No âmbito administrativo, o CRDH/UNEB pode criar parcerias estratégicas com instituições públicas e privadas, fomentando projetos que integrem cultura e tecnologia. Além disso, a criação de fundos específicos para a preservação do patrimônio imaterial e o apoio a atividades culturais inovadoras pode garantir a continuidade e expansão dessas ações.
No contexto acadêmico, a curricularização da extensão deve ser intensificada, permitindo que mais estudantes se envolvam diretamente com as comunidades, promovendo uma aprendizagem prática e engajada. A introdução de disciplinas interdisciplinares que unam ciência, tecnologia e cultura pode enriquecer o currículo, preparando os alunos para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. Além disso, a promoção de pesquisas que explorem a interseção entre inovação e patrimônio cultural fortalecerá a base de conhecimento necessária para sustentar essas iniciativas.
Convidamos todos a se unir a nós na Ladeira do Carmo, 37, para um dia repleto de experiências culturais e conhecimento, onde a tradição encontra o futuro. Venha celebrar conosco e testemunhar como a ciência e a tradição podem se complementar para promover um futuro de inclusão e progresso, respeitando e preservando nossas ricas heranças culturais. Juntos, podemos construir um legado duradouro de inovação e preservação para a Bahia e além.
- REFERÊNCIAS
CRDH/UNEB. Centro de Referência em Desenvolvimento e Humanidades - CRDH/UNEB. crdhbr.blogspot.com, 2024. Disponivel em: <https://crdhbr.blogspot.com/>. Acesso em: 13 Outubro 2024.
NASCIMENTO, R. C. Eternamente Rosa Menina: a História de um Terno de Reis. Salvador: EDUNEB, 2013.
ROCHA, J. C. CIÊNCIA PARA REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO DISTRITO CRIATIVO DO PELOURINHO. Revista Mbote , Salvador, 30 Junho 2020. 124-140.
ROCHA, J. C. E. S. F. A. Creative economy: Savior on the route of creative districts (Economia criativa: Salvador na rota dos distritos criativos). Brazilian Journal of Development, Curitiba, 30 Novembro 2020. p.89181-89193.
SEIXAS, R; MOTTA, M. Se ainda existe amor. Letras.mus.br, 1976. Acesso em: 04 Janeiro 2024.
SOMBRA, F. Folia de Reis: A Festa em Cordel. Rio de Janeiro: Escrita fina, 2011.
[1] O autor é advogado (UFBA), economista (UFBA), analista e desenvolvedor de sistemas (UNINASSAU) e professor pleno da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Docente na graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado) é coordenador do Centro de Referência em Desenvolvimento e Humanidades (CRDH/UNEB), portaria UNEB 231/2023. Mestre e doutor em educação (UFBA) é pós-doutor em Direito (UFSC). Contato: rochapopciencia@gmail.com. Acesso ao currículo lattes http://lattes.cnpq.br/5068823120384244.