Sala de Recursos Garantindo o Direito Inalienável à Educação
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Como ressaltado por mim no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, a educação é uma ação transformadora e esta ação deve ser também levada aos alunos com Necessidades Especiais Educacionais (NEE) para que o processo de inclusão destes sujeitos não se torne banalizado e a educação não se faça excludente como de outrora.
A sala de recursos não pode ser vista mais como um diferencial que algumas cidades tinham em relação a educação, ela tem que ser vista como um imperativo na aprendizagem dos alunos que necessitam de um Atendimento Educacional Especializado.
É sabido que a aprendizagem encontra-se resguardada pela Constituição Federal de 1988 e essa mesma afirma que todos somos iguais. Não se trata de uma constituição excludente afirmando que os "normais" tem mais direito que os que apresentam uma especificidade, por isso, faz-se necessário que profissionais com expertise desenvolva em seus alunos que necessitam de uma Atendimento Educacional Especializado as suas habilidades e aptidões, entretanto não pode ser qualquer profissional a especular os porquês dos alunos terem dificuldade no processo de aprendizagem.
Cabe ressaltar conforme o livro Educação um Ato Político que não é qualquer profissional que tem expertise para diagnosticar por meio de uma avaliação os motivos das dificuldades de aprendizagem e bem como minimizar este problema, desta forma, é sabido que a psicopedagoga tem esta tarefa ímpar e singular, que está em resgatar a paixão do educando em aprender além de auxiliá-lo no desenvolvimento de suas aptidões e habilidades, independente a sua dificuldade.
A psicopedagoga verá o aluno com suas especificidades como um sujeito especial, distinto e extraordinário e de tudo fará para que consiga efetivar o processo de AEE.
Infelizmente, algumas escolas que contavam com sala recursos multifuncionais e seus profissionais dedicados a árdua tarefa de educar com afetividade e muito amor, não poderão mais oferecer o seu trabalho com excelência e isso se dá por motivos políticos vis sobrepondo o bem estar e o processo de ensino-aprendizagem destes alunos que necessitam de uma atenção mais qualificada e direcionada as suas especificidades, ressaltando assim uma miopia em relação ao bem estar social e mais humanizado pela parte administrativa.
Preferem hoje usar o termo monitoria, o que obviamente não exigirá as devidas qualificações para que o aluno tenha garantido o seu direito inalienável de uma educação com foco emancipador visando a construção diária e contínua da autonomia do educando alicerçada pela afetividade e profissionalismo oferecido somente pelos professores de sala recurso.
Quando se fala em monitoria ao invés de um profissional mais qualificado a atender alunos que necessitam de uma AEE como já era feito, tira-se toda a responsabilidade em se prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem e assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino, funções estas que eram bem realizadas por psicopedagogas, ou seja, professoras de sala recurso.
Hodiernamente com a mudança política, ficou atenuado a falta de conhecimento na seara da educação bem como a falta de vontade política em oferecer o mínimo para que os alunos de inclusão se sintam inseridos na sociedade.
A atitude em acabar com os professores de inclusão pontua a gravidade em que caminha a educação, causando prejuízos sociais sem precedentes em nome de uma "porca economia", já que educação não é um gasto, e sim um excelente investimento para o desenvolvimento humano e social.
É este profissional qualificado que dirá se o aluno tem ou não déficit aprendizagem devido a uma dificuldade de aprendizagem, como discalculia, dislexia, Síndrome de Asperger, Transtorno de Conduta, dentre outros problemas que dificultam a aprendizagem do mesmo, causando transtornos para os alunos e exclusão, acarretando em problemas sociais e cognitivos.
Quando o gestor resolve substituir as psicopedagogas por monitoria, ela ressalta não só sua limitação cognitiva em relação a educação como também fomenta a banalização dos problemas relacionados aos alunos especiais, abrindo uma ferida que já estava se curando por meio da inclusão.