27/05/2020

Rio Negro é tema de artigo em periódico internacional

Geólogo formado pela Universidade de Brasília (UnB), Naziano Filizola é orientador do Grupo de Pesquisas Hidrossistemas e o Homem na Amazônia (H2A) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Doutor em Hidrologia e Geologia pela Universidade Paul Sabatier, em Toulouse, na França, foi orientador e segundo autor do artigo intitulado “Análise de Sedimentos Suspensos no Arquipélago de Anavilhanas, Rio Negro, Bacia Amazônica”, publicado no periódico da Water, revista de relevância internacional na área.

Fale um pouco sobre o seu trabalho.
Meu campo de pesquisa diz respeito à geomorfologia fluvial, em especial, aos processos ligados ao fluxo de água e sedimentos em grandes rios tropicais como os da Amazônia, área em que trabalho há mais de 25 anos.

Como se deu o interesse em trabalhar com o assunto?
Comecei como técnico de nível superior, trabalhando no grupo de gestão da rede hidrométrica nacional no antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica. Depois de adquirir experiência em vários outros órgãos, sempre trabalhando na mesma temática ligada à Amazônia, entrei, em 2010, para a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com objetivo de criar o grupo Hidrossistemas e o Homem na Amazônia (H2A), visando o estudo da grande Bacia Fluvial.

Qual o objetivo da sua pesquisa?
O nosso grupo estuda a grande Bacia Fluvial Amazônica. Em especial buscamos entender os processos ligados aos fluxos de água e sedimentos – pedaços de solo ou de rochas deteriorados em pequenas partes – nos rios da Amazônia, seus fatores de controle e suas relações com a população da região.


Qual a importância do trabalho para a realidade brasileira?
Esses estudos têm importância para conhecimento do funcionamento da maior bacia hidrográfica do mundo: suas características, potencialidades e vulnerabilidades quanto à disponibilidade hídrica e ao fluxo de nutrientes (atrelados aos sedimentos). Tudo isso frente aos fenômenos naturais e os causados pelo homem. A importância vem também do fato de o Brasil estar situado geograficamente na bacia (águas abaixo), chamado de jusante. Essa realidade, por si só, já dá a dimensão da importância de se conhecer aquilo que chega até nós vindo de nossos vizinhos (águas acima), chamadas de montante, que é quem controla os fluxos na bacia. É com eles que precisamos aprender a conviver, de modo a bem negociar nossos interesses comuns, visando à melhor gestão e manutenção dos mananciais hídricos e dos grandes rios Amazônicos.

E no âmbito internacional?
Estamos falando da maior bacia hidrográfica do planeta, cujo território se estende por vários países da América do Sul, sem mencionar as questões que envolvem a biodiversidade sustentada pelas águas, bem como o imenso laboratório que é a Bacia Amazônica para o entendimento do clima e do ambiente global.

O que ele traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?
No momento estamos trabalhando com foco no Rio Negro. Aprovamos um projeto junto à CAPES, no último edital do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia (PROCAD Amazônia), com a intenção de compreender as relações entre rochas, água e clima numa escala temporal bastante ampla.

Esses estudos integram professores e pesquisadores da UFAM, que lidera o grupo pelo seu Programa de Pós-Graduação em Geociências, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), com o Programa de Pós-Graduação em Clima e Ambientes (CLIAMB/INPA) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) pelo seu Programa de Geoquímica.

Qual a importância do apoio da CAPES?
O apoio da CAPES é fundamental para a integração entre os pesquisadores, financiando diversas ações de cooperação entre as instituições, possibilitando uma melhor formação de recursos humanos em todos os programas participantes. Também é muito importante na internacionalização dos programas, com a oferta de bolsas no exterior, oferecendo aos alunos a possibilidade de desenvolver parte de suas pesquisas junto a parceiros do projeto.

Quais são os próximos passos?
Nossa próxima fase será de avançar em três campos: 1) melhorar o entendimento dos processos que deram origem à formação dos dois grandes arquipélagos fluviais do mundo, ali localizados: Mariuá e Anavilhanas; 2) entender os processos de acumulação de carbono e suas relações com o clima do passado, de modo a subsidiar a modelagem do clima futuro; 3) entender as relações entre as características das águas dos rios da Bacia que afetam a realidade humana, por exemplo, a exposição a doenças como a malária.

Temos utilizado ferramentas convencionais e tecnologicamente novas desde o levantamento de dados no local, ou via satélite, até o processamento final das amostras e tratamento de dados, os quais têm sido trabalhados em parceria com universidades brasileiras e estrangeiras e com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Agência Nacional de Águas e do Serviço Geológico do Brasil para a realização de estudos de campo.

(Brasília – Redação CCS/CAPES)

 

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