Representante do ensino superior privado defende o Fies
O diretor-executivo do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Rodrigo Capelato, defendeu nesta quarta-feira (23) o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) como instrumento de expansão do ensino superior e inclusão de alunos mais carentes. Capelato veio à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados apresentar aos parlamentares o Mapa do Ensino Superior 2016, elaborado pela entidade e originalmente divulgado em agosto passado.
O mapa traz um panorama da educação superior do País, abrangendo todos os estados brasileiros, por meio de um conjunto de análises comparativas. A publicação oferece um apanhado do setor ao longo dos últimos 14 anos.
A principal observação de Capelato em relação ao assunto, no entanto, disse respeito a um encolhimento do Fies no último ano em razão de uma reestruturação do programa que tornou mais rígidos os critérios de seleção -baseados na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve ser 450 pontos, e na renda familiar do estudante, que deve ser de até três salários mínimos per capita.
“Em 2014, o Fies chegou a representar 39% dos ingressantes no ensino superior no País. Porém, ele caiu mais de 70% em 2016 e não chega a 13% dos ingressantes neste ano”, observou Capelato. Para ele, sem financiamento estudantil, não haverá expansão do ensino superior no brasil.
O deputado Átila Lira (PSB-PI) pediu a Rodrigo Capelato que apresentasse sugestões para melhorar o Fies e ampliar a inclusão. O parlamentar observou que muitas vagas não são preenchidas, provavelmente por conta das restrições.
Por sua vez, o deputado Danilo Cabral (PSB-PE) citou denúncias de fraudes envolvendo o Fies. Segundo as denúncias, haveria faculdades cobrando mensalidades maiores de beneficiários do programa do que de alunos pagantes. Rodrigo Capelato respondeu que fraudes existem, mas que as instituições devem ser punidas isoladamente, a fim de que não se sacrifique um programa inteiro.
Educação tecnológica
Em sua exposição, Rodrigo Capelato também recomendou mais investimentos nas graduações tecnológicas. “No mundo inteiro, elas são a grande chave para fazer a expansão e a inclusão. São cursos de duração menor, com dois ou três anos, muito voltados pelo mercado de trabalho. É um instrumento que o Brasil pouco valorizou. Nos Estados Unidos, representam 50% das matrículas”, comparou.
Ele criticou ainda a educação à distância, que tem crescido, mas que é “precária”. Sobre isso, o 1º vice-presidente da Comissão de Educação, deputado Pedro Fernandes (PTB-MA), afirmou que muitas vezes um curso à distância é melhor do que um presencial oferecido em pequenas cidades do Nordeste. “Nós precisamos melhorar, mas o que eu sugiro é que o Ministério da Educação amplie o trabalho que está sendo apresentado aqui e apresente um ranking das faculdades”, disse.
Outro ponto abordado pelo diretor do Semesp foi o ensino médio, que deve ser fortalecido, segundo ele. Capelato observou que apesar de 8,3 milhões de alunos ingressarem por ano nesse nível da educação, apenas 1,9 milhão o concluem.
Reportagem – Noéli Nobre
Edição - Sandra Crespo