17/08/2020

Reforma que Deforma

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Este governo está sendo o maior laboratório de insanidades, mas foi eleito por uma maioria, logo cabe aqui a sua aceitação, mas nunca a omissão, porém o repúdio de tantas estultices.

Sei que uma minoria o defende, mostrando suas garras e falando mal de governos anteriores, se esquecendo que este atual, além de muito sofrível, fomenta o ódio, a intolerância e destila imbecilidades.

Permitir-me-ei falar na primeira pessoa porque não tenho como ser imparcial, há momentos que precisamos expor nossas ideias que não podem ser vistas aqui como ideologias partidárias, pois, não defendo partidos, apenas analiso situações políticas e seus reflexos na educação, já que o meu público é de maioria educador.

Sem querer ser apelativo, em um dos melhores filmes assistido por mim intitulado "o grande desafio" tendo como um dos atores principais nada mais nada menos que Denzel Washington, o filme começa com uma fala de contida em Coríntios 13:11, em que diz: " Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança".

Obviamente que esta fala nos remete a maturidade e conhecimento que adquirimos com o tempo, pois assim eu era, já que quando criança e/ou adolescente, detestava política e eu representava o sonho do governo atual, pois era um completo alienado e fazia parte de um gado de manobra.

Amadureci, passei a ter gosto por leitura. Lia tudo que achava interessante e que me faria crescer como ser humano, e aprendi que a história tem sempre dois lados e na maioria das vezes, vimos apenas um, a apresentada por quem quer dar a sua versão.

Desenvolvi um poder de discernimento mesmo com minhas limitações, aprendi coisas interessantes lendo Leviatã, O príncipe, O Contato Social, Demasiadamente Humano, etc... Isso eram obras clássicas de Thomas Hobbes, Maquiavel, Jean-Jacques Rousseau, Nietzsche, e li também Foucault, Morin, Sartre dentre outros.

Também devorava livros ligados a administração focando capital intelectual e gestão do conhecimento e principalmente sobre educação.

E todas as obras lidas me foram úteis para ser o que sou hoje, já que não sou mais a criança mencionada acima, e convenhamos, o Brasil está cheio destas crianças com toda ingenuidade possível.

Sempre tive repulsa a político de carreira, pessoa que nunca teve profissão e abraçou a política para se dar bem na vida. Gente assim simplesmente me da asco, já que depende da política para sobreviver, e assim usa de todas artimanhas para enganar o povo e se manter neste meio.

O fato de não gostar de político de carreira ou oportunista, não me abstém de ser politizado, assim sendo, analisemos a atual conjuntura em que o ministro da economia Paulo Guedes com a sua Reforma Tributária ressalta a sua verdadeira intenção em anular a criticidade do povo brasileiro.

Interessante perceber as falas de Elika Takimoto em um de seus vídeos em que defende as ideias de Jorge Amado quando na Constituição de 1946 criou uma emenda de forma a garantir que livros sejam imunes a impostos e o objetivo deste então escritor e deputado era fazer com que mais pessoas tivessem acesso a esta fonte de conhecimento.

É certo que se algum defensor deste governo irresponsável e estulto ler este texto, dirá que Elika Takimoto é uma comunista, pois todos que são contra as idiotices do governo são taxadas de comunistas, esquerdistas e outros "istas", mas ressalto, não somos fascistas, nazistas, somos apenas humanistas.

Paulo Guedes acha correto o Dólar estar sempre alto, pois limita a ida de "pobres" a Disney, já que para ele, até empregadas domésticas estavam indo para lá.

 Este ministro defende a taxação de livros em 12% pois para ele quem lê livros é gente rica e pode pagar pelo imposto.

Observe que este ministro vai a contramão de Jorge Amado, já que este queria facilitar o acesso, e nosso ministro quer dificultar, ou seja, quer o povo sempre alienado, para continuar acreditando nas mentiras mostradas pelo governo, pois este não foi o primeiro e nem será o último político a fazer uso de inverdades para conseguir o poder.

Interessante perceber nas falas de Harari , em seu livro 21 Lições para o século 21, publicado pela Companhia das Letras em 2018 salienta que se uma pessoa quer poder, em algum momento ela terá que disseminar mentiras, e assim sendo, se ela quiser a verdade, em algum momento terá que abrir mão do poder.

As intenções de nosso governo com esta reforma nos remetem as ideias de Hanna More quando se pronunciava contra a alfabetização dos pobres. Para a poetiza e teatróloga "eu não admito a escrita para os pobres. Meu objetivo não é formar fanáticos, mas treinar as classes baixas nos hábitos da indústria e da devoção".

Assim caminha nossa política, pois com esta taxação, o acesso aos livros ficará ainda mais difícil para as classes menos favorecidas e quando algum aluno desta classe chegar a uma universidade, ele não terá como comprar tais obras, já que estarão caras e fora de sua realidade.

Imagine, com os livros sem taxas, 60% da população que sequer abrem um livro e o brasileiro lê em média apenas 1,6 obra literária ao ano, imagine colocando uma taxa de 12% ?

Uma educação de qualidade perpassa pela leitura, pois ela auxilia na criticidade do aluno, haja vista que através da leitura ele pensa, critica, sintetiza, tira conclusões, estabelece relações, reflete, analisa, justifica e argumenta, ou seja, ele resguarda sua consciência perdida por muitos.

A ignorância de um povo é uma das maiores mazelas da sociedade, por isso Monteiro Lobato afirmava que quem não lê, mal fala, mal ouve e mal vê.

Interessante perceber que ler passa a ser um ato perigoso para os governos medíocres, uma vez que o cidadão alienada é obrigado a acreditar em tudo que dizem,  reforçando assim a massa de manobra.

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