Reforma Previdenciária, Fruto do Analfabetismo Político
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Toda educação é uma ação política, e esta mesma educação tem que ser também uma ação transformadora e libertadora.
Interessante perceber que para políticos aumentarem seus índices de aceitações, eles têm que falar imbecilidades para ser aclamado por um povo não totalmente analfabeto político.
O que vem a ser analfabetismo político? Percebe-se que este conceito diverge de doutrinação ideológica, pois não é função do professor defender ideologias partidárias e sim, esclarecer seu corpo discente quanto ao seu entorno em relação a realidade social, política e cultural em que se encontra, além do próprio processo ensino-apredizagem.
Parecem que dedos em riste e verborréias devem ser pré-requisitos para conseguir votos, e o povo que se encontra alienada, acredita e defende tantas imbecilidades defendidas por políticos que mal sabem o que falam. Citam cifras absurdas sem perceber a realidade do que está acontecendo.
De imbecis a política está cheia, assim sendo, comecemos por uma parlamentar do PSL que diz que professor não sabe ensinar e que a educação não precisa de dinheiro. Ela vê o sistema de educação como uma mangueira cheia de buracos.
Acusa o professor que estudou 4 anos em cursos de licenciatura e outros anos com especializações de não saber ensinar. Ela simplesmente emite uma opinião infeliz baseada em uma tamanha ignorância ao fazer a afirmação acima, e ainda justifica que os "não sabem ensinar, porque não foram ensinados e ensinar. Eles passaram por um processo ideológico e repetem aquilo que aprenderam". Cabe lembrar que qualquer argumento que vê educação como gasto é falho, pois dinheiro na educação nunca deve ser visto como gasto e sim como investimento.
Este discurso me surpreende como professor, simplesmente por este discurso vir alguém esclarecida, porém ativista a ponto de falar tantas asneiras e isso gerar tantos votos a ponto de fazê-la ser a mulher mais votada.
Falar estultice realmente é o caminho para ser político neste país que acha errado gastar dinheiro com a educação a ponto de vê-la como uma mangueira furada e perder na média R$ 33 milhões com desvios devido a corrupção que é o câncer da sociedade.
Precisamos aprender que somos herdeiros de nós mesmos, e infelizmente temos que aceitar nossos representantes políticos, mesmo não tendo nossa participação direta, embora estejamos ainda em um regime democrático (pelo menos no nome).
Esta mesma parlamentar defende a aposentadoria levantada pelo atual governo que em outrora afirmou em bom tom, praticamente em cadeia nacional de que a aposentadoria aos 65 anos era algo desumano. De acordo com as falas do governo "a expectativa de vida no nordeste está na casa dos 70 anos de idade. Querer aprovar uma reforma com 65 anos é no mínimo uma falta de humanidade".
Detalhe, mexeu-se na aposentadoria do pobre, pois o judiciário, parlamentar e militares não serão afetados em nada e são justamente as maiores aposentadorias.
O trabalhador tenderá morrer antes de se aposentar, e por isso irá resolver o rombo da previdência, já que ela será como um sangue suga, ou seja, na hora que tiver que pagar a previdência, ou o funcionário já terá morrido ou na melhor das hipóteses do governo pagará por pouco tempo.
E como dito acima, a deputada em bom tom diz que nós professores não sabemos ensinar e só repetimos o que nos foi passado e afirma que geramos analfabetos funcionais, o que de certa forma é verdade, mas não é por nossa culpa e sim pelo próprio sistema educacional e político já que como afirmava Darcy Ribeiro, a crise na educação brasileira era um projeto.
O que pesa em uma nação é o analfabetismo político, pois o analfabetismo funcional é uma questão de aprendizagem, e o analfabetismo político coloca os piores políticos como representantes e os defende como verdadeiros fanáticos.
Nosso país precisa de pessoas politizadas, sem ideologia partidária, pensando sempre no coletivo.
Posso não ter votado nestas pessoas que fazem e dizem as imbecilidades mas torço para que elas acertem, que pensem no Brasil como nação, que acreditem no lema de nossa bandeira "ordem e progresso" e onde a corrupção impera imperará a desordem e jamais o progresso, reforçando as falas de Thomas Hobbes quando afirmava que o homem é lobo do homem.
Porque enquanto agirmos assim, imperará a diferença social e aumentando de forma pungente a miséria do povo cada vez mais idiotizado politicamente.
Uma pessoa politizada precisa perceber quando seu candidato erra e cobrar suas promessas, pois foram parte destas promessas que o fez votar em tais candidatos.
A politização difere de ideologia partidária, e esta politização só será alcançada com a educação.