13/07/2016

REFLEXÕES SOBRE O ÍNDICE DE EVASÃO NO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DO IFMT CAMPUS SÃO VICENTE

Otoniel Meireles da Silva[1]

Tiago de Almeida Lacerda[2]

Edione Teixeira de Carvalho[3]

RESUMO

Neste trabalho é analisado o índice de evasão no curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas ofertado pelo IFMT Campus São Vicente na cidade de Campo Verde-MT levando-se em consideração as turmas que ingressaram no curso do ano de 2007 até o ano de 2013. Do total de 222 alunos matriculados, 54 são alunos que estão devidamente matriculados, 26 alunos com a matrícula trancada, 04 alunos graduados e 138 alunos evadidos. Os evadidos representam 62,2% do total de alunos o que corresponde a perda de alunos de quase 4 turmas. Foram alcançados através dos questionários um total de 155 alunos, sendo que 78 destes são alunos evadidos. Com a pesquisa documental dos alunos no Registro Escolar do Núcleo Avançado de Campo Verde após permissão de acesso da Direção do Núcleo Avançado de Campo Verde e da Coordenação do setor, aplicação de questionários aos alunos do curso e com base em referencial bibliográfico, buscou-se identificar os fatores causadores do alto índice de evasão, sendo possível apontar que as disciplinas ligadas a lógica e a programação, o curso não ser a primeira opção de graduação e a cidade não possuir grandes oportunidades na área de Tecnologia da Informação.

Palavras-chave: evasão, tecnologia em análise e desenvolvimento de sistemas, IFMT Campus São Vicente

ABSTRACT

This paper analyzed the dropout rate in the Superior course of Technology in Systems Analysis and Development offered by IFMT Campus São Vicente in the city of Campo Verde-MT taking into account the classes who entered the 2007 year of the course until the year 2013. Of the 222 students enrolled, 54 are students who are properly enrolled, 26 students with locked registration, 04 graduate students and 138 students escaped. The escapees represent 62.2% of all students which corresponds to loss of almost 4 classes students. They have been achieved through the questionnaires a total of 155 students, and 78 of these are dropout students. With documentary research student in the School Registry Campo Verde Advanced Center after Advanced Core direction of the access permission of Campo Verde and industry coordination, application of questionnaires to students of the course and based on bibliographic references, sought to identify the factors causing the high drop-out rates, it is possible to point out that the disciplines of logic and programming, the course will not be the first graduation option and the city does not have great opportunities in the field of Information Technology.

Keywords: dropout rate, factors causing the high drop-out rates, disciplines of logic and programming, Technology in Systems Analysis and Development, IFMT Campus São Vicente.

  1. INTRODUÇÃO

Com a demanda de formação profissional qualificada, a cada ano que passa cada vez mais se aprimoram os mecanismos de acesso ao Ensino Superior, facilitando o ingresso em cursos de várias instituições de ensino espalhadas pelo país. Desde a criação dos Centros Federais de Educação Tecnológica - CEFET houve uma ampliação de vagas e ofertas de cursos de nível superior, sendo que em 2008, com a instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica criando os Institutos Federais houve uma maior aplicação na oferta de cursos e vagas, principalmente nos formatos de Tecnologia, Licenciatura e Bacharelados e, visando fomentar o acesso ao ensino superior no setor privado, criou-se programas como FIES e PROUNI. Contudo, é necessário questionar se quem ingressa, também conclui o curso. Se o objetivo que é formação de nível superior para qualificar os jovens brasileiros, está sendo alcançado.

Uma das oportunidades de qualificação está no curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, que forma profissionais com uma sólida base teórica e uma intensa vivência prática – recursos que o habilitarão a avaliar, projetar, desenvolver e programar numerosos projetos de computação. Para tanto, o curso oferece disciplinas voltadas para programação em seus mais variados tipos (paradigmas), incluindo o aprendizado de linguagens usuais como C, C++ e Java. Está em sintonia com as novas demandas de mercado, ensinando programação para a internet e para dispositivos móveis. Possibilita aos alunos estudarem processos de definição, elaboração e manutenção de sistemas (engenharia de software); bancos de dados; redes de computadores; técnicas de gestão de projetos.

Devido a informatização de praticamente todos os setores das empresas, a presença do profissional de informática tornou-se imprescindível. Esse profissional pode atuar em todas as atividades de aplicação da informática como desenvolvimento de software, análise de projetos industriais, financeiros e administrativos, gerenciamento e desenvolvimento de projetos de redes de microcomputadores, teleprocessamento, supervisão de recursos de informática, suporte técnico de hardware e software aplicativo, criação e utilização de banco de dados e implantação de processos visando à certificação da qualidade no desenvolvimento de software, entre outras. Essas atividades podem ser exercidas em organizações públicas e privadas como indústrias, bancos, estabelecimentos comerciais, laboratórios de pesquisas e instituições de ensino.

Conforme Gonzáles (2013), a área de Tecnologia da Informação passou a responder por 4,5% do Produto Interno Bruto do Brasil, crescendo 11% no ano de 2012, todavia, as empresas encontram dificuldade para contratar profissionais desse setor devido a carência de mão de obra para esse setor. Gonzáles (2013) aponta que segundo o diretor de Educação e Recursos Humanos da Brasscom, Sérgio Sgobbi, esse carência é causada pelo índice de desistência dos cursos superiores da área de TI.

Para qualificar mão de obra para atender a área de Tecnologia da Informação, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso Campus São Vicente oferece, desde o ano de 2007, 35 vagas anualmente para o curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS), sendo as aulas ministradas no Núcleo Avançado de Campo Verde, na cidade de Campo Verde – MT no período noturno. O curso, conforme consta em seu projeto pedagógico, é organizado em 5 semestres de aulas presenciais, somando 1980 horas aulas e o 6º semestre composto de 480 horas, dividido em 80 horas para o Trabalho de Conclusão de Curso e 400 horas de Estágio Curricular obrigatório, sendo que esse pode ser executado a partir do 3º semestre.

Conforme os dados recebidos da Coordenação de Registro Escolar do IFMT Campus São Vicente Núcleo Avançado de Campo Verde, devido à desistência de alunos antes mesmo do início das aulas, sempre foram convocados os alunos classificados para substituir os desistentes, sendo possível iniciar as aulas em cada ano letivo com pelo menos 30 alunos devidamente matriculados.

  Do ano 2007 até 2014 foram matriculados no curso um total de 256 alunos. Considerando o prazo de integralização do curso disposto no projeto pedagógico do curso (PPC), em agosto de 2014 estariam aptos a colarem grau um total de 147 alunos, ingressantes nos anos de 2007, 2009, 2010 e 2011. Porém, somente 4 alunos colaram grau até o referido mês.

Partindo do pressuposto que somente 4 alunos colaram grau, num total de possíveis 147, entende-se que o curso possua um alto índice de evasão e o mesmo seja causada por mais de um fator, podendo ser:

  • Não ser a primeira opção de graduação do estudante;
  • A escolha por outro curso;
  • A dificuldade dos alunos nas disciplinas envolvendo lógica e programação;
  • Dificuldades financeiras do aluno, sendo necessário trocar de trabalho e horário de serviço;
  • Mudança para outra cidade.

Assim, este trabalho assume como objetivo realizar uma análise sobre o índice de evasão buscando identificar os fatores que levam o aluno a evadir do curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Para a identificação dos fatores que levam ao índice de evasão do curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas assume como metodologia uma pesquisa bibliográfica sobre o tema de evasão no ensino superior no Brasil, além de definir as fontes de pesquisa para a coleta de dados, bem como toda documentação direta e indireta do processo formativo dos acadêmicos.  Além de uma pesquisa de campo; Seleção e tabulação dos dados obtidos; Entrevista com participante da implantação do curso na cidade de Campo Verde-MT e análise e interpretação dos dados.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Conforme Dias et al. (2014) a evasão é um problema que aflige as instituições de ensino em geral. Conforme o Resumo Técnico do Censo da Educação Superior (MEC/INEP, 2009), os índices são altos e vem sendo uma realidade cada vez mais presente na Instituições de Ensino. Assim, a evasão não é um problema específico do Instituto Federal do Mato Grosso e muito menos exclusivamente do curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Há muitos anos se estuda este fenômeno que provocas gastos sem o devido retorno tanto na esfera pública quanto na esfera particular, sendo do ensino médio ao ensino superior.

Conforme Silva Filho et al. (2007):

A evasão estudantil no ensino superior é um problema internacional que afeta o resultado dos sistemas educacionais. As perdas de estudantes que iniciam mas não terminam seus cursos são desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos. No setor público, são recursos públicos investidos sem o devido retorno. No setor privado, é uma importante perda de receitas. Em ambos os casos, a evasão é uma fonte de ociosidade de professores, funcionários, equipamentos e espaço físico. Enquanto no setor privado de 2% a 6% das receitas das instituições de ensino superior – IES – são despendidos com marketing para atrair novos estudantes, nada parecido é investido para manter os estudantes já matriculados.

Para Moraes et al (2006) a evasão é o desligamento do aluno da Instituição de ensino sem que esta tenha controle do mesmo. Segundo Costa (1979) apud Biurrum e Nunes (2014), a evasão é a perda do ciclo regular de estudo de cada curso, podendo ser definitiva quando ocorre a saída definitiva do sistema de ensino, seja pelo abandono do curso, desistência ou transferência para outra instituição de ensino. Podendo também ocorrer a evasão temporária, que é quando há um trancamento de matrícula voluntário ou trancamento “ex-officio”.

Segundo Ribeiro (2005) a evasão é o “desligamento do curso superior em função de abandono (não-matrícula), transferência ou reescolha, trancamento e/ou exclusão por norma institucional”.

Conforme declaração da Coordenação de Registro Escolar do Núcleo Avançado de Campo Verde é considerado evadido todo o aluno que não renovou a matrícula nos semestres letivos posteriores à sua matrícula inicial (abandono do curso) e não solicitou reingresso no curso, até no prazo máximo de 2 semestres letivos, solicitou cancelamento de matrícula, transferiu-se para outro cursou ou outra Instituição de Ensino.

2.1  Causas da Evasão

Para Schargel e Smink (2002) apud Krüger Junior et al. (2011), há cinco categorias das causas da evasão: as psicológicas, as sociológicas, as organizacionais, as interacionais e as econômicas. As causas psicológicas são resultantes das condições individuais como imaturidade, rebeldia, entre outras. Já nas sociológicas interpretam que o referido fenômeno não pode ser encarado como um fato isolado. As causas organizacionais, por sua vez, procuram identificar os efeitos dos aspectos das instituições sobre a taxa de evasão e as causas interacionais analisam a conduta do aluno em relação aos fatores interacionais e pessoais, a exemplo do bullying e da exclusão social. No que se referem às causas econômicas, os autores consideram os custos e benefícios ligados à decisão, que depende de fatores individuais e institucionais, uma categoria expressiva no que tange à evasão.

Já Gaioso (2006) apud Krüger Junior et al (2011), apontou as seguintes causas para a evasão: falta de orientação vocacional e desconhecimento da metodologia do curso; deficiência da educação básica; busca de herança profissional e imaturidade; mudança de endereço; problemas financeiros; horário de trabalho incompatível com o de estudo; concorrência entre as IES ( Instituições de Ensino Superior) privadas; reprovações sucessivas; falta de perspectiva de trabalho; ausência de laços afetivos com a universidade; falta de referencial na família; entrar na faculdade por imposição; e casamento não planejado/nascimento de filhos. Os dados obtidos por essa autora apontam que a observação do problema por parte das IES é diminuída ou camuflada como algo sem importância, inexistente ou como algo que prefere não falar. Seus estudos também demonstram que há escassez de referencial teórico em função dos estudos não condizentes com a realidade socioeconômica da população e que também o fenômeno é pouco abordado em IES privadas, na medida em que as investigadas pela autora não têm controle sobre o abandono dos cursos com a chegada de novos alunos na instituição.

Os trabalhos de Platt Neto et al. (2008) consideram alguns motivos para a evasão escolar que estão fora do controle institucional, entre esses estão: a falta de vocação do estudante para a área profissional; a necessidade de o estudante auxiliar sua família, com trabalho e renda; a dependência, por parte do aluno, de atividade econômica ou emprego que exija viagens; a falta de perfil do aluno para se “formar” numa área de atuação profissional; a incapacidade intelectual do aluno; o abando do curso numa instituição para imediato ingresso em outra, ou no mesmo curso de formação ou não e; doença grave e morte.

Ribeiro (2005) explana em seu estudo que as principais pesquisas produzidas após a década de 80, verificam um grande número de prováveis fatores influenciadores para a evasão universitária, contendo questões de ordens financeiras; de ajustamento ao curso e/ou universidade escolhida; educacionais, relacionadas ao déficit no ensino fundamental e médio que complicam o aproveitamento e o desenvolvimento do aluno; e de dedicação do aluno que trabalha e estuda ao mesmo tempo. Nesse sentido a trajetória escolar passa a ser relevante quando se trata de evasão.

Para Moraes et al (2006) o processo educacional pode contribuir para a evasão, dando como exemplo, o aluno estar acostumado a um processo bem diferente do adotado na universidade, onde o aprendizado adquirido anteriormente consiste em memorização, o que não contribui para a formação de um espírito investigador, autônomo, pois no ensino superior, o aluno tem que pesquisar para criar seus próprios textos em vez de copiá-los. Assim, o aluno sofre um impacto na forma em que as disciplinas são ministradas, podendo perder o interesse pelo curso. Outros fatores internos e os externos às universidades são estudados por Paredes apud Biazus (2004), onde os fatores internos à universidade são aqueles em que o aluno desistiria do curso em função de descontentamento acerca dos métodos didáticos pedagógicos do corpo docente, ou da infraestrutura da universidade. Já os fatores externos à universidade são aqueles vinculados ao aluno, como a dificuldade de adaptação ao ambiente universitário, problemas financeiros, o curso escolhido não era o que o aluno esperava e problemas de ordem pessoal.

3 APRESENTAÇÃO DO AGRUPAMENTO DE ALUNOS

Com a solicitação enviada à Coordenação de Registros Escolares do IFMT Campus São Vicente Núcleo Avançado de Campo Verde para que houvesse a permissão de acesso aos dados dos alunos estritamente para o desenvolvimento da pesquisa, o referido setor permitiu o acesso e, conforme o setor, os alunos são agrupados da seguinte forma: Ativos, Trancados, Evadidos e Graduados. No grupo Ativos estão os estudantes devidamente matriculados em disciplinas presenciais ou TCC/Estágio, inclusive os alunos em retenção. No grupo Trancados estão os estudantes que solicitaram e obtiveram trancamento de sua matrícula no curso. No grupo Evadidos estão os estudantes que abandonaram ou transferiram de curso ou para outra Instituição ou Campus ou assinaram o termo de Desistência de Matrícula. No grupo Graduados estão os estudantes que concluíram o curso.

3.1 Panorama Geral do Curso

Com base nas informações concedidas pelo Registro Escolar do Núcleo Avançado de Campo Verde, foi possível produzir a Tabela 1.

Tabela 1 - Panorama Geral do Curso de TADS.

Grupo

Resposta

Quantidade

Percentual

Sexo

Masculino

159

62,1 %

Feminino

97

37,9 %

Total

256

100 %

Oriundos de Escola

Pública

239

93,4 %

Particular

17

6,6 %

Total

256

100 %

Forma de Ingresso

Vestibular

223

87,1 %

Transferência Externa

6

2,4 %

ENEM

27

9,4 %

Total

256

100 %

Escolha do curso

Afinidade

156

86,2 %

Baixa concorrência

9

5 %

Imposição familiar

1

0,6 %

Não souberam responder

11

6,1 %

Total

177*

100 %

Situação

Ativos

79

30,8 %

Evadidos

147

57,4 %

Graduados

4

1,6 %

Trancados

26

10,2 %

Total

256

100 %

Média de idade

Homens

23

 

Mulheres

21

         
Fonte: Dados da pesquisa, 2014

No grupo “Escolha do curso” o quantitativo total não se refere aos 256 alunos, mas somente aos alunos matriculados a partir de 2010, ou seja 177 alunos, que devido ao acesso permitido para o desenvolvimento dessa pesquisa à Coordenação de Registro Escolar do IFMT Campus São Vicente Núcleo Avançado de Campo Verde, é possível identificar que no ato da matrícula tinham à disposição um questionário socioeconômico, onde foi possível retirar informações quanto à escolha do curso. A falta de tal formulário nas matriculas dos anos anteriores, 2007 a 2009, impediram a extração do dado dos alunos ingressantes nos referidos anos.

O panorama geral do curso apresenta um índice considerável de evasão, com 57,4%, todavia, aumenta devido a forma de aplicação do termo Evasão. Considerar-se-á somente as turmas que já passaram pelo 1º semestre de aulas, ou seja, a turma ingressante no ano de 2014 não será contabilizada nessa tabela abaixo, pois a mesma encontra-se próximo ao meio do primeiro período letivo.

Figura 1 - Panorama da situação de matrícula dos alunos do curso. Fonte: Dados da pesquisa, 2014.

Quando se considera o conceito de evasão proposto por Ribeiro (2005) apud Krüger Junior et al. (2011), soma-se os quantitativos de Evadidos e Trancados, totalizando 73,9%. Agora, se considerar o conceito de evasão da BRASSCOM (2012), há uma somatória dos quantitativos de trancamentos e retenção e a evasão permanente, elevando o total para 200 alunos, pois é somada a quantidade do grupo Trancados (26 alunos), Evadidos (138 alunos) e dentro do grupo Ativos há 36 alunos fora do seu ciclo regular - 16 alunos matriculados em TCC/Estágio e 20 alunos matriculados em disciplinas regulares e dependência em disciplinas como Algoritmo, Linguagem de Programação e Estrutura de Dados -, gerando uma taxa de  90,90% de Evasão. O aluno que evadiu já perdeu o ciclo e curso, o aluno trancado e o aluno com retenção em disciplinas não poderá concluir o curso no prazo regular.

Esse número fica ainda mais alto quando se contabiliza o total de alunos que foram matriculados no curso e, sendo aprovados em todas as disciplinas presenciais e TCC/Estágio, no mês de agosto de 2014. São 147 alunos que estariam aptos a colarem grau, sendo alunos que ingressaram no curso nos anos 2007, 2009, 2010 e 2011, mas somente 4 alunos se graduaram no curso, sendo assim, a taxa de evasão total é de 97,28%.

Todavia, conforme a solicitação efetuada à Coordenação de Registro Escolar do IFMT Campus São Vicente Núcleo Avançado de Campo Verde, é considerado evadido todo o aluno, ou aluna, que uma vez matriculado no curso não renovou a matrícula, solicitou desistência do curso através de formulário específico e transferiu-se para outro curso dentro do próprio IFMT ou outra Instituição de Ensino. Portanto, o percentual de evasão a ser utilizado como regra é o mesmo demonstrado no Gráfico 1, totalizando 62,2% de alunos evadidos.

Apresenta-se dessa forma que o curso possui um alto índice de evasão e a necessidade de se avaliar os fatores causadores de tal índice. Para análise, foi necessário, juntamente com os dados repassados pelo Registro Escolar do Núcleo Avançado de Campo Verde, a implementação de questionários e aplicação dos mesmos aos alunos do curso superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

 

4 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

 

Para essa pesquisa, os alunos foram agrupados da mesma forma que o Registro Escolar do Núcleo Avançado de Campo Verde faz a separação dos alunos.

Para todos os grupos há o interesse em identificar se o curso seria sua primeira opção de graduação e quais as dificuldades encontradas no curso. Para o grupo Ativos, adiciona o interesse em qual é a avaliação do aluno quanto à infraestrutura disponível, professores e o curso em geral e se trabalha na área. Para o grupo Evadidos, adiciona-se o questionamento se estudante ainda deseja retornar ao curso, até quando cursou e se iniciou outro curso de nível superior. Para o grupo Trancados, adiciona-se a identificação da razão do trancamento da matrícula, a avaliação do curso e se ainda pensa em retornar. Para o grupo Graduados, é adicionado a sua área de trabalho atual, dificuldades encontradas e uma avaliação de toda a infraestrutura do curso.

O grupo Evadidos é o alvo da pesquisa, mas há necessidade de avaliação dos grupos Ativos e Trancados, na tentativa de colher informações que possam ser utilizadas no comparativo, auxiliando na identificação de fatores que ajudaram na permanência do aluno na Instituição. Dos alunos Graduados compreender a visão de quem concluiu o curso e as dificuldades encontradas durante o processo.

Definido o agrupamento dos alunos e definidos os aspectos a serem observados e, devido o referencial bibliográfico e a hipótese, foi elaborado um questionário com algumas perguntas compartilhadas e outras específicas a cada grupo. Tomou-se por regra produzir os questionários de acordo com grupo para evitar que esse instrumento possuísse um grande número de perguntas, o que demandaria muito tempo do pesquisado para responder, o que poderia causar o desinteresse na devolução desse questionário, até mesmo porque conforme Marconi e Lakatos (2010) “Em média, os questionários expedidos pelo pesquisador alcançam 25% de devolução”. Devido à facilidade de comunicação através de telefone, e-mail e redes sociais, utilizou-se questionários online, evitando assim gastos com impressão em papel e o lixo gerado por tal atividade.

Os questionários utilizados na pesquisa são apresentados no ANEXO I, ANEXO II, ANEXO III e ANEXO IV desse projeto.

4.1 Tabulação dos dados

Nesse tópico é apresentado os dados coletados na pesquisa documental no Registro Escolar do Núcleo Avançado de Campo Verde e o resultado da aplicação dos questionários aos alunos do curso de TADS.

4.1.1 Grupo Ativo

No grupo Ativos contabilizou-se um total de 54 alunos, que foram os primeiros a receber o questionário. Para isso, contou-se com a ajuda dos professores em sala de aula para que pudessem oferecer alguns minutos da aula e os alunos foram informados do que se tratava e, aceitaram o recebimento do questionário. Àqueles que não foram encontrados em sala de aula, foram contatados através de telefone e e-mail. Do total de alunos desse grupo, 43 alunos responderam o questionário, ou seja, 79,63 % do grupo.

Figura 2 - O curso de TADS era sua 1ª opção de graduação?  Fonte: Dados da pesquisa,2014.

Tabela 2 – Aluno do grupo Ativos, em que período está matriculados no curso.

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

Em qual semestre você está matriculado(a)

3º Semestre.

15

34,9 %

5º Semestre.

14

32,5 %

Estágio /TCC (Somente matriculado

6

14 %

Efetuando o Estágio Curricular e/ ou Escrevendo o TCC.

8

18,6 %

Total de citações

43

100 %

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

Tabela 3 – Aluno do grupo Ativos, qual ou quais disciplinas você teve maior dificuldade?

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

Qual ou em quais disciplinas você teve maior dificuldade?

Linguagem de Programação I, II, III.

26

33,7

Algoritmo.

14

18,2

Estrutura de Dados I e II.

13

16,9

Banco de Dados I, II e III.

8

10,4

Análise de Sistemas I e II.

6

7,8

Matemática/Estatística.

3

3,9

Inglês / Informática e Sociedade.

0

 

Administração/Empreendedorismo.

3

3,9

Redes de Computadores I e II.

1

1,3

Sistemas Operacionais I e II.

1

1,3

Arquitetura e Organização de Computadores.

2

2,6

Total de citações

77

100 %

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

            Mesmo que o ponto de corte dessa pesquisa esteja no mês de maio de 2014 e, devido a impossibilidade de quantitativo oficial de evadidos que haviam ingressado no referido ano, uma vez que, conforme a Coordenação de Registro Escolar havia recebido algumas desistências oficializadas mas o semestre letivo ainda não havia sido concluído, aproveitou-se a aplicação do questionário e, os alunos ingressantes desse ano também puderam responder. Como uma das hipóteses desse projeto está ligada às disciplinas de programação, segue a tabela 6 apresentando os dados exclusivamente dos alunos ingressantes em 2014.       

  Tabela 4 – Ingressantes 2014 – Disciplina ou disciplinas com maior dificuldade.

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

Qual ou em quais disciplinas você teve maior dificuldade?

Algoritmo.

10

45,5

Inglês / Informática e Sociedade.

6

27,3

Fundamentos da Tecnologia da Informação

5

22,7

Matemática/Estatística

1

4,5

Total de citações

22

100 %

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

Tabela 5 – Aluno do grupo Ativos, você trabalha?

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

Você trabalha?

Só estudo.

3

7,0 %

Trabalha na área do curso.

13

30,2 %

Trabalha em outra área.

27

62,8 %

 

Total

43

100 %

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

Tabela 6 – Aluno do grupo Ativos avalia a Infraestrutura (Laboratórios e Biblioteca) do curso.

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

De forma geral, qual é a sua avaliação da infraestrutura (Laboratórios e Biblioteca) do curso?

Muito bom

8

18,6

Bom

26

60,5

Regular

7

16,3

Ruim

2

4,6

Muito ruim

0

0,0

Total

43

100 %

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

Tabela 7 – Aluno do grupo Ativos avalia os professores do curso

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

De forma geral, qual é a sua avaliação dos professores do curso?

Muito bom

15

34,9

Bom

26

60,5

Regular

2

4,6

Ruim

0

0,0

Muito ruim

0

0,0

Total

43

100 %

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

Tabela 8 – Aluno do grupo Ativos faz avaliação geral do curso.

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

De forma geral, qual é a sua avaliação do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas?

Muito bom

12

27,9

Bom

24

55,8

Regular

7

16,3

Ruim

0

0,0

Muito ruim

0

0,0

Total

43

100 %

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

4.1.2 Grupo Graduados

Dos 4 estudantes graduados, somente 3 foram encontrados e responderam ao questionário, perfazendo 75% do grupo, com contato efetuado através das redes sociais, telefone e e-mail.

Mesmo que o percentual de retorno das respostas foi alto, todavia, o quantitativo de alunos graduados se torna um fator limitador para a pesquisa, uma vez que representa apenas 2,72% do total de alunos que poderiam, no mês de agosto de 2014, ter concluído o curso.

Tabela 9 – Graduado(a), o curso de TADS era sua 1ª opção de graduação?

Item

Resposta

Quantidade

Percentual

O curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistema

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