31/10/2022

Qual a função social da universidade

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O papel da universidade é diverso porque é moldado por diferentes grupos no mundo social. Tais observações reafirmam o pressuposto sociológico de que as universidades e outras instituições são produtos sociais que devem sempre ser entendidos como produtos dentro da história humana.

Além disso, deve-se dizer que tal história humana está repleta de confluências e conflitos entre várias classes sociais cujas fronteiras são determinadas pela situação, ou seja, a própria temporalidade. Em outras palavras, a universidade é um produto social e histórico. A sua função social não é dada somente por definições naturais.

Do ponto de vista político, os Cursos Online apontam que a universidade surge com a sociedade. Como parte de um todo, um processo social mais amplo, um problema mais geral. Eles são a arena para discutir a sociedade.

Um espaço para o pensamento crítico teórico sobre ideias, perspectivas, posições e um espaço para proposição e soluções alternativas para problemas.

O modelo francês - Napoleão - foi revolucionário e, quando revolucionário, fez da universidade a formadora de quadros que são necessários do Estado. A formação seguirá a nova ordem social - especialização e especialização, a especialização da formação. O modelo alemão, já por sua vez, propõe liberdade de pesquisa, estudo e ensino, produção de conhecimento e formação livre - unidades de ensino e pesquisa

O Brasil é um desses países construídos a partir das ruínas do colonialismo. Esse processo deixa diversos traços coloniais dentro da personalidade coletiva. Pois, somos fruto da exploração, como o lixo industrial, mas não admitimos que somos.

Não estamos unidos a países com histórias semelhantes, nosso objetivo é imitar os colonos, sejam ibéricos, britânicos ou norte-americanos.

Lugar privilegiado

Nesse contexto, nasceu a Universidade do Brasil, local historicamente privilegiado. As primeiras faculdades médicas e jurídicas a surgirem no país serviam à formação de crianças de elite, substituindo as universidades estrangeiras, como, por exemplo, a de Coimbra.

No entanto, eles são na verdade réplicas coloniais disso. Até hoje, o elitismo continua sendo uma marca registrada das universidades brasileiras por meio da escolha da escola.

Lutar por uma universidade popular

A reforma universitária de Córdoba em 1918 foi um marco na construção de universidades latino-americanas, autônomas e socialmente centradas, que demoraram a chegar ao país. Na década de 60, a proposta da Universidade de Brasília foi baseada no pensamento de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira. Ela representou um grande avanço dentro da Academia em relação à realidade brasileira.

Mais tarde, com as reformas universitárias durante a ditadura militar, o redesenho institucional que era imposto pela junta dobrou as apostas em uma universidade moderna, mas conservadora.

As lutas dos alunos ao longo dos anos ensinaram à Universidade que o caminho para a produção do conhecimento, efetivo para a sociedade como sendo um todo, depende da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão.

A reconstrução pós-ditatorial dos centros e entidades culturais populares da UNE na década de 1960 revelou a importância de todos os movimentos sociais dentro da construção de uma educação pública, especialmente em realidades em mudança.

Ameaça de comoditização

No entanto, ainda estamos enfrentando os mesmos problemas desde o início do século passado. Há tensões crônicas sobre a plena mercantilização do ensino superior, um setor dominado pelas universidades privadas. Estes se transformaram em grandes empresas de educação.

O lucro é a prioridade do sistema, enquanto a educação é secundária e às vezes até vista como um custo.

Segundo os Cursos Online Grátis, as universidades que mais geram pesquisas são públicas. Nesses casos, há uma tensão permanente em seus vínculos com a empresa ou grupo privado.

Na ciência rural do Centro-Oeste, o agronegócio cobiça a pesquisa universitária, orienta sua agenda e protege os modelos da crítica e do interesse público. Por exemplo, o Atlas do Agronegócio 2018, um estudo que liga o agronegócio à degradação do Cerrado, é um estudo estrangeiro, não um estudo nacional. Como resultado, mesmo nas universidades públicas, o conhecimento gerado às vezes está "fora de sintonia com as necessidades populares cotidianas".

O curso de Direito com maior número de alunos do país, continua sendo a elite da burocracia estatal, baseada na elite da sociedade.

Em outras palavras, tendem a manter o poder permanentemente nas mãos dos poderosos, sob o ponto de vista de diminuir direitos legais e levar à manutenção do status quo, com poucas exceções.

Arma ideológica

Mesmo assim, mesmo que seja mais inusitado, diversas faculdades de direito recentemente são colocadas como sendo os principais alvos dos conservadores, colocando em risco a autonomia da universidade. Sem autonomia, o conhecimento não pode ser produzido. Afinal, a produção científica não pode ser canalizada de fora para dentro, arriscando servir apenas uma parte da sociedade, ou justificar o comportamento do grupo que a orienta (no caso, o Estado).

Vivemos uma situação que Paulo Freire condena, segundo o discurso mais ideológico é justamente o discurso não ideológico.

Sob o pretexto de "escolas não-partidárias" e acusações de universidades formadoras de "militantes", a guerra ideológica levou ao desmantelamento das universidades públicas recomeçando, pior do que vivenciamos nos anos 1990.

Além do princípio da autonomia universitária, esse processo afetou plenamente atividades de menor prestígio, como a extensão universitária.

Para uma universidade ou uma universidade de massa?

Na minha opinião, a questão central sobre o ensino superior no Brasil é: qual será a função social da universidade? Ela tem grande ação na mão de obra qualificada e pesquisadores para o mercado e para o país, ou a massa/difusão de conhecimento efetivo (entre a ciência e as massas), produzindo conhecimento científico e orientado para as necessidades de massa e questões sociais?

As universidades têm funções sociais que vão além do ensino e da pesquisa. Aumentar a maleabilidade tende a equilibrar o tripé do artigo 207, porém ainda não é suficiente.

 

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