23/11/2017

Psicomotricidade infantil

 

Psicomotricidade infantil

 

 

 

Brenda Washy Borowczak Pantaleão, Bruna Regina Rodrigues Ferreira da silva, João Bruno De Oliveira Luz e Jaine Vicente de Araújo.

 

Psicomotricidade infantil

 

PANTALEÃO, B.W.B.1; SILVA, B.R.R. FERREIRA DA. 1; LUZ, J.B DE OLIVEIRA 1; ARAÚJO, J.V DE.¹; ZUNTINI, A.C.S2.

1 Discentes do Curso de Educação Física – UniÍtalo.

2 Orientadora, Bacharel em Fisioterapia pelo UniÍtalo, Especialista em Anatomia Macroscópica pelo Centro Universitário São Camilo, Mestranda em Farmacologia e Fisiologia pela UNIFESP, Docente do Curso de Educação Física do UniÍtalo.

Resumo

Este trabalho teve como proposta a reflexão da psicomotricidade infantil, relacionando suas fases de aprendizagem de acordo com sua idade. A existência dos estágios de aprendizagem de acordo com a ordem cronológica que a criança se encontra, podendo assim compreender etapas naturais do crescimento e do desenvolvimento infantil. Ressaltar a importância de compreender e identificar a fase que a criança se encontra, de forma a trabalhar de maneira coerente e otimizada o desenvolvimento psicológico, motor, cognitivo e afetivo. Por meio deste estudo, com base em revisão literária de artigos científicos, tem como objetivo compreender a importância da identificação da fase do aprendizado infantil criando um caminho a seguir no ensino de atividades pedagógicas, desenvolvimento psicomotor. Entender que todas as fases vividas têm reflexo na vida adulta e de como um individuo irá aprender a superar obstáculos e lidar com situações diversas, que atitudes positivas ou negativas que uma pessoa tem trata-se de uma resposta de acordo com a vivência daquilo que passou ou foi exposta.

 

Palavras-chave: Psicomotricidade, Educação Infantil, Psicomotricidade na Educação física.

 

Abstract

This research proposes the reflection on children's psychomotricity, relating their learning phases to each other according to their age. It aims to look at the existence of stages of learning according to the age group that the child is in, and thus to understand the natural stages of child growth and development. It aims to emphasize the importance of understanding and identifying the phase that the child is in, in order to work out in a coherent and optimized way, the psychological, motor, cognitive and affective development of the child. Through this study, based on a literary review of scientific articles, it aims to understand the importance of identifying the phases of children's learning, by creating a way forward in teaching pedagogical activities and psychomotor development. It aims to understand that all phases of life have consequences for adult life and how an individual will learn to overcome obstacles, how to deal with diverse situations and what positive or negative attitudes a person has is a response according to the experiences of the individual or what they have been exposed to.

 

Keywords: Psychomotricity, Child Education, Psychomotricity Physical Education.

 

Introdução

A psicomotricidade pode ser definida como o estudo da psicologia humana e seu desenvolvimento nas fases motoras e psicológicas, desde a infância à fase adulta e suas vertentes. Analisando assim o meio comum, desta forma classificando a aprendizagem por fase e etapas, em que o indivíduo está passando, respeitando características psicológicas, motoras e sociais (OLIVEIRA, 1986).

Segundo Gallahue e Ozmun (2005) o desenvolvimento psicomotor está relacionado aos ciclos de vida, ele deve ser de forma progressiva, independente do tempo que leve para adquirir alguma habilidade e respeitando as etapas de acordo com o estágio de desenvolvimento do individuo.

As estruturas cognitivas espelham o período sensório motor e da motricidade antes da fala e da inteligência. Assim tendo influência direta com o desenvolvimento mental com a passagem progressiva de tempo, segundo Piaget (1987 apud OLIVEIRA, 2000).

Na educação infantil, a criança deve ser criança, aprender a amar, brincar, conhecer, interagir, descobrir seu próprio corpo e ter desafios, assim aprendendo a lidar com suas emoções e suas expressões. É necessário que a criança passe por essas etapas de conhecimento, pois criança aprende brincando e descobrindo o universo a sua volta (DOS SANTOS, 2015).

O desenvolvimento motor e psicológico segue uma ordem cronológica de acordo com a idade, por isso, é importante não pular fases da vida, ou tornar essas crianças em precoces, pois será fundamental na sua fase adulta e no ciclo de vida que virá.

“O desenvolvimento psicomotor se processa de acordo com a maturação do sistema nervoso central, assim a ação do brincar não deve ser considerada vazia e abstrata, pois é dessa forma que a criança capacita o organismo a responder aos estímulos oferecidos pelo ato de brincar, manipular a situação será uma maneira eficiente de a criança ordenar os pensamentos e elaborar atos motores adequados a requisição” (VELASCO, 1996, p.27).

 

Cada idade tem suas peculiaridades, e tem seus estágios de aprendizagem para serem superados, com o conhecimento dos estágios e pelas fases que essa criança está, é possível elaborar planos de aulas de acordo com a idade, estimulando da maneira correta o aprendizado, de forma motivadora para aquela idade. Pois atividades feitas que não se enquadrem podem desmotivar a criança e assim atrapalhar no desenvolvimento desses estágios que tem que ser vividos, e refletir de forma negativa em outras etapas que virão (SILVA,2005).

O quadro a seguir é uma descrição resumida do desenvolvimento motor, segundo Galahhue e Ozmun (2003).

 

Quadro 1. Fases do desenvolvimento psicomotor.

0 a 6 meses - fase reflexiva: - Estágio de codificação - Estágio de decodificação

6 a 12 meses - fase rudimentar: - Estágio de início de inibição de reflexos

1 a 2 anos - fase rudimentar: - Estágio de pré-controle

2 a 4 anos - fase de movimentos fundamentais: - Estágio inicial e elementar

4 a 6 anos - fase de movimentos fundamentais: - Estágio de maturação e maduro

7 a 10 anos - fase de movimentos especializados: - Estágio de transição

11 anos e acima - fase de movimentos especializados: - Estágio de aplicação – Estágio de utilização

13 anos e acima - fase de movimentos específicos: - Estágio cultural e especificidade.

Adaptado de Gallahue e Ozmun (2003).

 

O desenvolvimento motor de uma criança deve ser tratado de acordo com a sua idade, aplicar atividades que não respeitam sua faixa etária pode fazer com que essa criança perca o interesse, quando a proposta se torna fácil e sem desafios a criança pode ficar desestimulada a continuar e se for além da sua idade, e exigir habilidades que ainda não foram adquiridas, fazendo que a cada tentativa fracasse, a criança pode ter sua confiança e autoestima abaladas (DOHME, 2003).

O baixo desempenho no desenvolvimento, aprendizagem, afetividade, psicomotor e motor podem estar relacionados às condições de saúde, patologias de nascimento ou adquiridas, situações socioeconômicas, precariedade no ensino que está recebendo, pais com baixo nível de aprendizagem (WILLRICH, 2008).

          O movimento humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do ser humano. É obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de forma coordenada. O cérebro e a medula espinhal enviam aos músculos pelos seus mecanismos cerebrais ordens para o controle da contínua atividade de movimento com específica finalidade e dentro das condições ambientais. Essas ordens sofrem as influências do meio e do estado emocional do ser humano (BARROS, 1999).

Este estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica de artigos científicos, caracterizando este projeto como uma pesquisa explicativa, não houve restrição no ano de publicação dos artigos. Os artigos foram escolhidos de acordo com a proximidade dos temas abordados, psicomotricidade na fase escolar, psicomotricidade na educação física e brincadeiras e jogos na psicomotricidade, disponíveis para consulta em base de dados e periódicos online, tais quais, Google Acadêmico e EFdeportes, respectivamente.

 

Psicomotricidade na fase escolar

Segundo Doalio (2010), se existe uma sequência pedagógica no processo de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem motora, as crianças devem ser orientadas com essas características para poder sanar suas necessidades.

O bom desenvolvimento em séries iniciais é de grande importância para as crianças, para não ter tantas dificuldades ao logo do seu crescimento, garantir que a criança tenha uma base forte de ensino e aprendizagem, estimular as novas atividades e ter uma autoestima melhor quando enfrentarem novos obstáculos e desafios, tanto em seu crescimento quanto na sua fase adulta (AMARO, 2010).

Fonseca (1988) comenta que ”o movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante”.

          O ambiente que a criança vive pode ampliar ou limitar seu desenvolvimento, inclusive o tempo que essas crianças têm dentro e fora da escola tem relação direta com a forma que será seu processo de aprendizagem, existe também a relação direta com os pais e professores que pode auxiliar nesse processo. (FONSECA, 2008).

Lá Pierre (2005) defende a tese que confrontos nas escolas e entre as crianças serão necessários e que cada vez menos será necessário a presença de um adulto para a mediação de algum conflito ou dificuldade, criando assim autonomia na criança para resolver seus próprios problemas e tendo independência para tomar decisões.

                                                      

Psicomotricidade na Educação Física

Os profissionais da área de educação física devem ter como objetivo do sistema educacional, desenvolver diferentes áreas da criança a fim de alcançar seus desenvolvimentos motor, afetivo e psicológico, utilizando-se de brincadeiras, jogos e atividades lúdicas. Podendo assim aprimorar os movimentos contínuos, noção espacial, lateralidade, maturação de movimentos, dentro de sua idade cronológica respeitando sua maturação (GONÇALVES, 2005).

Esse objetivo tende a ser a alcançado de modo recreativo e esportivo, trazendo equilíbrio entre mente e corpo, saúde física e equilíbrio emocional. Muitas vezes a educação física pode conter atividade que envolva “ganhar ou perder”, também assim ajudando a criança a lidar com derrotas fazendo-a lidar com frustrações, ou com a vitória que pode ter um cunho relacionado à autoestima e sensação de conquista. Sejam elas individuais ou em grupo, vale ressaltar que atividades em grupo são importantes para socialização entre si das crianças e que fazem parte do processo de aprendizagem. Criando assim responsabilidade sobre a atividade exercida e cooperação (WILLRICH, 2008).

Atividades rítmicas e recreativas sem disputas entre si também são de grande valia já que trazem consciência corporal, autocontrole e apreço do convívio em grupo, pois não terá o foco de disputa e não terá um peso em responsabilidade de resultados.

Segundo Barreto (2000) o desenvolvimento psicomotor é de grande importância para melhora de aprendizado, correções posturais, lateralidade e ritmo corporal.

Compreender e entender que a educação física é de suma importância é investir na aprendizagem de formal global, já que além do desenvolvimento motor, atividades físicas irão trazer melhor compreensão sobre outros aprendizados que serão propostos durante a vida escolar. Fora que tudo que será aprendido e desenvolvido irá ser utilizado em vários segmentos em sua vida adulta, assim determinado muitas características que serão levadas durante toda vida. Estimulando manter seu corpo em movimento, vencer obstáculos e maturidade emocional para problematizações (FONSECA, 2008).

Crianças que não recebem aulas de educação física, ou não recebem acompanhamento adequado em suas primeiras séries podem apresentar problemas de má concentração, confusão e dúvidas sobre sílabas e letras, problemas gerais na alfabetização e leitura, coordenação motora abaixo da média, como ter dificuldades em conseguir ser vestir, não ter noção espacial, tempo e ritmo. Também pode ser notado um desempenho abaixo da média em matemática, pois para fazer cálculos são necessários pontos de referências e sem essas noções pode ocorrer de a criança elaborar linhas e colunas em locais equivocados, assim errando em construções de cálculos e ou formas geométricas (FALADOR, 2010).

Segundo Staes e De Meur (1984) o intelecto se constrói a partir do movimento físico que não pode ser separado do desenvolvimento intelectual e afetivo, para que uma criança possa processar naturalmente as ações de ler e escrever.

 

Brincadeiras e Jogos na Psicomotricidade

Mesmo não sendo reconhecida como uma forma curricular dentro da grade de ensino infantil, e sendo levado como apenas uma forma de entretenimento e de “gastar” energia, as brincadeiras e jogos, tem ação direta em vários princípios psicológicos e motores que estão ou serão trabalhados em referência à maturação (WILLRICH, 2008).

Brincadeiras fornecem as características necessárias para a construção de sua identidade. Entrar no mundo de faz de conta, de representações e de experimentações, traz um mundo de possibilidades, de culturas, costumes e experimentações, onde suas ações trarão diferentes experiências e resultados. É brincando que se oportunizam novas descobertas e construção de novos significados, e assimilando papéis sociais e de seu papel dentro da sociedade, e naturalmente encontrar seu ritmo de aprendizagem, não somente de movimentos, mas também psicológica (HAYWOOD, 2004).

Exemplos de como podem se usar, é vendo que em uma brincadeira de “faz de conta” as crianças podem reproduzir suas fantasias e vontades, expressar sentimentos e desejos, até mesmo reproduzir e recriar situações vividas por adultos, permitindo que ela estabeleça normas e alternativas para situações criadas ou imaginadas, pois não há limite para a imaginação. Mudando assim seu comportamento várias vezes e acompanhando sua fase de crescimento, construindo sua autonomia (KREBS, 2012).

Os jogos têm por objetivo desafiar a criança, resolverem problemas, desenvolver sua capacidade de competição e também fazer uma autoanalise de seu desempenho, fazendo que, com regras, aprenda a respeitar limites e com os objetivos motive a novos e maiores desafios (GONÇALVES, 2005).

Fisicamente visa habilidades manuais e aprimoramento de funções motoras, pois serão trabalhados dependendo das habilidades exigidas, funções como lateralidade, coordenação motora, noção espacial e percepção. Aprimorando também os movimentos, assim deixando de executá-los de uma forma desordenada, para algo mais refinado e consciente (GALAHUE, OZMUN, 2003).

Segundo a dinâmica cognitiva de Piaget (1951) a crianças aprender sobre objetos, eventos complexos e novos, é uma forma de concretizar conceitos e habilidades, e esse aprendizado será acompanhado de seu desenvolvimento cognitivo, assim não somente utilizando o seu corpo para brincar ou jogar, mas também utilizando de sua consciência e mente.

Na teoria de aprendizagem de Thorndike (1996) brincar é aprender, e dentro de cada cultura ou subcultura, etnia e seus costumes, existem atribuições, assim diferenciando sua responsabilidade, isso difere sua parte comportamental dentro de sua realidade. Mostrando assim as diferenças culturais.

 

Considerações Finais:

Este estudo foi realizado para apresentar o funcionamento da psicomotricidade, na atuação motora, cognitiva e afetiva, passando a ideia da necessidade de respeito na aprendizagem em ordem cronológica das idades em questão.

O desenvolvimento motor, cognitivo e de habilidades são mudanças que ocorrem ao longo da vida, que podem ser influenciadas de acordo com aquilo que é apresentando de forma pedagógica, vivências, condições sócio-econômicas, questões de saúde e patologias adquiridas ou de nascença.

Mesmo com diversas culturas e/ou etnias, a psicomotricidade está presente no desenvolvimento humano, a forma que cada um irá se desenvolver será diferente, mas qualquer nova habilidade adquirida é uma forma de desenvolvimento que tem que ser de forma progressiva. Lidar com as diferenças culturais também é uma forma de desenvolvimento.

         Aos professores, vale lembrar que crianças não aprendem somente imitando algo, mas que brincadeiras lúdicas e esportes fazem com que cada vez mais as crianças se desenvolvam e aprendam a ter autonomia dos seus gestos físicos, criatividade e responsabilidade em tomadas de decisão. Sendo assim, os professores têm grande responsabilidade em desenvolver um aluno de maneira integral, pois tudo o que o aluno irá aprender na escola será levado durante a sua vida toda e será utilizado de várias formas, podendo determinar, se terá uma boa autoestima, destreza em resolver questões do dia a dia, facilidade em resolver problemas.

 

 

Referências Bibliográficas:

 

BARRETO, S. de J. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2.ed. Blumenau: Livraria Acadêmica, 2000.

 

DAOLIO, J.  Da cultura do corpo.  Campinas, Papirus, 1995.

 

DAOLIO, J. Educação Física e o conceito de cultura. Edição 3º, Autores Associados, 2010.

 

DE MEUR, A. & STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. Rio de Janeiro: Manole, 1984.

 

FALADOR, A. P. K; MACIEL, R. A; MELLO, L. A; SOUZA, R. A A. A estimulação psicomotora na aprendizagem infantil. Revista Cientifica Da Faculdade de Educação e Meio Ambiente. V.1. n.1. pg. 30-40 ano 2010.

 

FONSECA, V. da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre, Artmed, 2008. 

 

GALAHHUE, D; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2ed. São Paulo: PHORTE, 2003.

 

GONÇALVES, V. O. Concepções e tendências pedagógicas da Educação Física contribuições e limites. Revista Eletrônica do curso de Pedagogia do campus Avançado de Jatai da Universidade Federal de Goias, v.1, n.1, jan/jul, 2005.

 

HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, W. Desenvolvimento motor ao longo da vida. Editora Artmed; 2004.

 

LAPIERRE, A.; AUCOUTURIER, B. A simbologia do movimento. Psicomotricidade e educação. 3. ed. Curitiba: Filosofart / CIAR, 2004.

 

OLIVEIRA, A. F, S; SOUZA, J. M. A importância da psicomotricidade no processo de aprendizagem infantil. Revista Fiar: Revista Núcleo de Pesquisa e Extensão Ariquemes, v.2, n.1, p.125-146, 2013.

 

PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

 

VELASCO, C. G. Brincar, o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint, 1996

 

WILLRICH, A. AZEVEDO, C. C. F.; FERNANDES, J. O. Desenvolvimento motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção. Revista de Neurociências, v. InPres, p. 1, 2008.

 

Psicomotricidade infantil

 

 

 

Brenda Washy Borowczak Pantaleão, Bruna Regina Rodrigues Ferreira da silva, João Bruno De Oliveira Luz e Jaine Vicente de Araújo.

 

Psicomotricidade infantil

 

PANTALEÃO, B.W.B.1; SILVA, B.R.R. FERREIRA DA. 1; LUZ, J.B DE OLIVEIRA 1; ARAÚJO, J.V DE.¹; ZUNTINI, A.C.S2.

1 Discentes do Curso de Educação Física – UniÍtalo.

2 Orientadora, Bacharel em Fisioterapia pelo UniÍtalo, Especialista em Anatomia Macroscópica pelo Centro Universitário São Camilo, Mestranda em Farmacologia e Fisiologia pela UNIFESP, Docente do Curso de Educação Física do UniÍtalo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Resumo

Este trabalho teve como proposta a reflexão da psicomotricidade infantil, relacionando suas fases de aprendizagem de acordo com sua idade. A existência dos estágios de aprendizagem de acordo com a ordem cronológica que a criança se encontra, podendo assim compreender etapas naturais do crescimento e do desenvolvimento infantil. Ressaltar a importância de compreender e identificar a fase que a criança se encontra, de forma a trabalhar de maneira coerente e otimizada o desenvolvimento psicológico, motor, cognitivo e afetivo. Por meio deste estudo, com base em revisão literária de artigos científicos, tem como objetivo compreender a importância da identificação da fase do aprendizado infantil criando um caminho a seguir no ensino de atividades pedagógicas, desenvolvimento psicomotor. Entender que todas as fases vividas têm reflexo na vida adulta e de como um individuo irá aprender a superar obstáculos e lidar com situações diversas, que atitudes positivas ou negativas que uma pessoa tem trata-se de uma resposta de acordo com a vivência daquilo que passou ou foi exposta.

 

Palavras-chave: Psicomotricidade, Educação Infantil, Psicomotricidade na Educação física.

 

Abstract

This research proposes the reflection on children's psychomotricity, relating their learning phases to each other according to their age. It aims to look at the existence of stages of learning according to the age group that the child is in, and thus to understand the natural stages of child growth and development. It aims to emphasize the importance of understanding and identifying the phase that the child is in, in order to work out in a coherent and optimized way, the psychological, motor, cognitive and affective development of the child. Through this study, based on a literary review of scientific articles, it aims to understand the importance of identifying the phases of children's learning, by creating a way forward in teaching pedagogical activities and psychomotor development. It aims to understand that all phases of life have consequences for adult life and how an individual will learn to overcome obstacles, how to deal with diverse situations and what positive or negative attitudes a person has is a response according to the experiences of the individual or what they have been exposed to.

 

Keywords: Psychomotricity, Child Education, Psychomotricity Physical Education.

 

Introdução

A psicomotricidade pode ser definida como o estudo da psicologia humana e seu desenvolvimento nas fases motoras e psicológicas, desde a infância à fase adulta e suas vertentes. Analisando assim o meio comum, desta forma classificando a aprendizagem por fase e etapas, em que o indivíduo está passando, respeitando características psicológicas, motoras e sociais (OLIVEIRA, 1986).

Segundo Gallahue e Ozmun (2005) o desenvolvimento psicomotor está relacionado aos ciclos de vida, ele deve ser de forma progressiva, independente do tempo que leve para adquirir alguma habilidade e respeitando as etapas de acordo com o estágio de desenvolvimento do individuo.

As estruturas cognitivas espelham o período sensório motor e da motricidade antes da fala e da inteligência. Assim tendo influência direta com o desenvolvimento mental com a passagem progressiva de tempo, segundo Piaget (1987 apud OLIVEIRA, 2000).

Na educação infantil, a criança deve ser criança, aprender a amar, brincar, conhecer, interagir, descobrir seu próprio corpo e ter desafios, assim aprendendo a lidar com suas emoções e suas expressões. É necessário que a criança passe por essas etapas de conhecimento, pois criança aprende brincando e descobrindo o universo a sua volta (DOS SANTOS, 2015).

O desenvolvimento motor e psicológico segue uma ordem cronológica de acordo com a idade, por isso, é importante não pular fases da vida, ou tornar essas crianças em precoces, pois será fundamental na sua fase adulta e no ciclo de vida que virá.

“O desenvolvimento psicomotor se processa de acordo com a maturação do sistema nervoso central, assim a ação do brincar não deve ser considerada vazia e abstrata, pois é dessa forma que a criança capacita o organismo a responder aos estímulos oferecidos pelo ato de brincar, manipular a situação será uma maneira eficiente de a criança ordenar os pensamentos e elaborar atos motores adequados a requisição” (VELASCO, 1996, p.27).

 

Cada idade tem suas peculiaridades, e tem seus estágios de aprendizagem para serem superados, com o conhecimento dos estágios e pelas fases que essa criança está, é possível elaborar planos de aulas de acordo com a idade, estimulando da maneira correta o aprendizado, de forma motivadora para aquela idade. Pois atividades feitas que não se enquadrem podem desmotivar a criança e assim atrapalhar no desenvolvimento desses estágios que tem que ser vividos, e refletir de forma negativa em outras etapas que virão (SILVA,2005).

O quadro a seguir é uma descrição resumida do desenvolvimento motor, segundo Galahhue e Ozmun (2003).

 

Quadro 1. Fases do desenvolvimento psicomotor.

0 a 6 meses - fase reflexiva: - Estágio de codificação - Estágio de decodificação

6 a 12 meses - fase rudimentar: - Estágio de início de inibição de reflexos

1 a 2 anos - fase rudimentar: - Estágio de pré-controle

2 a 4 anos - fase de movimentos fundamentais: - Estágio inicial e elementar

4 a 6 anos - fase de movimentos fundamentais: - Estágio de maturação e maduro

7 a 10 anos - fase de movimentos especializados: - Estágio de transição

11 anos e acima - fase de movimentos especializados: - Estágio de aplicação – Estágio de utilização

13 anos e acima - fase de movimentos específicos: - Estágio cultural e especificidade.

Adaptado de Gallahue e Ozmun (2003).

 

O desenvolvimento motor de uma criança deve ser tratado de acordo com a sua idade, aplicar atividades que não respeitam sua faixa etária pode fazer com que essa criança perca o interesse, quando a proposta se torna fácil e sem desafios a criança pode ficar desestimulada a continuar e se for além da sua idade, e exigir habilidades que ainda não foram adquiridas, fazendo que a cada tentativa fracasse, a criança pode ter sua confiança e autoestima abaladas (DOHME, 2003).

O baixo desempenho no desenvolvimento, aprendizagem, afetividade, psicomotor e motor podem estar relacionados às condições de saúde, patologias de nascimento ou adquiridas, situações socioeconômicas, precariedade no ensino que está recebendo, pais com baixo nível de aprendizagem (WILLRICH, 2008).

          O movimento humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do ser humano. É obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de forma coordenada. O cérebro e a medula espinhal enviam aos músculos pelos seus mecanismos cerebrais ordens para o controle da contínua atividade de movimento com específica finalidade e dentro das condições ambientais. Essas ordens sofrem as influências do meio e do estado emocional do ser humano (BARROS, 1999).

Este estudo foi realizado por meio de revisão bibliográfica de artigos científicos, caracterizando este projeto como uma pesquisa explicativa, não houve restrição no ano de publicação dos artigos. Os artigos foram escolhidos de acordo com a proximidade dos temas abordados, psicomotricidade na fase escolar, psicomotricidade na educação física e brincadeiras e jogos na psicomotricidade, disponíveis para consulta em base de dados e periódicos online, tais quais, Google Acadêmico e EFdeportes, respectivamente.

 

Psicomotricidade na fase escolar

Segundo Doalio (2010), se existe uma sequência pedagógica no processo de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem motora, as crianças devem ser orientadas com essas características para poder sanar suas necessidades.

O bom desenvolvimento em séries iniciais é de grande importância para as crianças, para não ter tantas dificuldades ao logo do seu crescimento, garantir que a criança tenha uma base forte de ensino e aprendizagem, estimular as novas atividades e ter uma autoestima melhor quando enfrentarem novos obstáculos e desafios, tanto em seu crescimento quanto na sua fase adulta (AMARO, 2010).

Fonseca (1988) comenta que ”o movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento significante”.

          O ambiente que a criança vive pode ampliar ou limitar seu desenvolvimento, inclusive o tempo que essas crianças têm dentro e fora da escola tem relação direta com a forma que será seu processo de aprendizagem, existe também a relação direta com os pais e professores que pode auxiliar nesse processo. (FONSECA, 2008).

Lá Pierre (2005) defende a tese que confrontos nas escolas e entre as crianças serão necessários e que cada vez menos será necessário a presença de um adulto para a mediação de algum conflito ou dificuldade, criando assim autonomia na criança para resolver seus próprios problemas e tendo independência para tomar decisões.

                                                      

Psicomotricidade na Educação Física

Os profissionais da área de educação física devem ter como objetivo do sistema educacional, desenvolver diferentes áreas da criança a fim de alcançar seus desenvolvimentos motor, afetivo e psicológico, utilizando-se de brincadeiras, jogos e atividades lúdicas. Podendo assim aprimorar os movimentos contínuos, noção espacial, lateralidade, maturação de movimentos, dentro de sua idade cronológica respeitando sua maturação (GONÇALVES, 2005).

Esse objetivo tende a ser a alcançado de modo recreativo e esportivo, trazendo equilíbrio entre mente e corpo, saúde física e equilíbrio emocional. Muitas vezes a educação física pode conter atividade que envolva “ganhar ou perder”, também assim ajudando a criança a lidar com derrotas fazendo-a lidar com frustrações, ou com a vitória que pode ter um cunho relacionado à autoestima e sensação de conquista. Sejam elas individuais ou em grupo, vale ressaltar que atividades em grupo são importantes para socialização entre si das crianças e que fazem parte do processo de aprendizagem. Criando assim responsabilidade sobre a atividade exercida e cooperação (WILLRICH, 2008).

Atividades rítmicas e recreativas sem disputas entre si também são de grande valia já que trazem consciência corporal, autocontrole e apreço do convívio em grupo, pois não terá o foco de disputa e não terá um peso em responsabilidade de resultados.

Segundo Barreto (2000) o desenvolvimento psicomotor é de grande importância para melhora de aprendizado, correções posturais, lateralidade e ritmo corporal.

Compreender e entender que a educação física é de suma importância é investir na aprendizagem de formal global, já que além do desenvolvimento motor, atividades físicas irão trazer melhor compreensão sobre outros aprendizados que serão propostos durante a vida escolar. Fora que tudo que será aprendido e desenvolvido irá ser utilizado em vários segmentos em sua vida adulta, assim determinado muitas características que serão levadas durante toda vida. Estimulando manter seu corpo em movimento, vencer obstáculos e maturidade emocional para problematizações (FONSECA, 2008).

Crianças que não recebem aulas de educação física, ou não recebem acompanhamento adequado em suas primeiras séries podem apresentar problemas de má concentração, confusão e dúvidas sobre sílabas e letras, problemas gerais na alfabetização e leitura, coordenação motora abaixo da média, como ter dificuldades em conseguir ser vestir, não ter noção espacial, tempo e ritmo. Também pode ser notado um desempenho abaixo da média em matemática, pois para fazer cálculos são necessários pontos de referências e sem essas noções pode ocorrer de a criança elaborar linhas e colunas em locais equivocados, assim errando em construções de cálculos e ou formas geométricas (FALADOR, 2010).

Segundo Staes e De Meur (1984) o intelecto se constrói a partir do movimento físico que não pode ser separado do desenvolvimento intelectual e afetivo, para que uma criança possa processar naturalmente as ações de ler e escrever.

 

Brincadeiras e Jogos na Psicomotricidade

Mesmo não sendo reconhecida como uma forma curricular dentro da grade de ensino infantil, e sendo levado como apenas uma forma de entretenimento e de “gastar” energia, as brincadeiras e jogos, tem ação direta em vários princípios psicológicos e motores que estão ou serão trabalhados em referência à maturação (WILLRICH, 2008).

Brincadeiras fornecem as características necessárias para a construção de sua identidade. Entrar no mundo de faz de conta, de representações e de experimentações, traz um mundo de possibilidades, de culturas, costumes e experimentações, onde suas ações trarão diferentes experiências e resultados. É brincando que se oportunizam novas descobertas e construção de novos significados, e assimilando papéis sociais e de seu papel dentro da sociedade, e naturalmente encontrar seu ritmo de aprendizagem, não somente de movimentos, mas também psicológica (HAYWOOD, 2004).

Exemplos de como podem se usar, é vendo que em uma brincadeira de “faz de conta” as crianças podem reproduzir suas fantasias e vontades, expressar sentimentos e desejos, até mesmo reproduzir e recriar situações vividas por adultos, permitindo que ela estabeleça normas e alternativas para situações criadas ou imaginadas, pois não há limite para a imaginação. Mudando assim seu comportamento várias vezes e acompanhando sua fase de crescimento, construindo sua autonomia (KREBS, 2012).

Os jogos têm por objetivo desafiar a criança, resolverem problemas, desenvolver sua capacidade de competição e também fazer uma autoanalise de seu desempenho, fazendo que, com regras, aprenda a respeitar limites e com os objetivos motive a novos e maiores desafios (GONÇALVES, 2005).

Fisicamente visa habilidades manuais e aprimoramento de funções motoras, pois serão trabalhados dependendo das habilidades exigidas, funções como lateralidade, coordenação motora, noção espacial e percepção. Aprimorando também os movimentos, assim deixando de executá-los de uma forma desordenada, para algo mais refinado e consciente (GALAHUE, OZMUN, 2003).

Segundo a dinâmica cognitiva de Piaget (1951) a crianças aprender sobre objetos, eventos complexos e novos, é uma forma de concretizar conceitos e habilidades, e esse aprendizado será acompanhado de seu desenvolvimento cognitivo, assim não somente utilizando o seu corpo para brincar ou jogar, mas também utilizando de sua consciência e mente.

Na teoria de aprendizagem de Thorndike (1996) brincar é aprender, e dentro de cada cultura ou subcultura, etnia e seus costumes, existem atribuições, assim diferenciando sua responsabilidade, isso difere sua parte comportamental dentro de sua realidade. Mostrando assim as diferenças culturais.

 

Considerações Finais:

Este estudo foi realizado para apresentar o funcionamento da psicomotricidade, na atuação motora, cognitiva e afetiva, passando a ideia da necessidade de respeito na aprendizagem em ordem cronológica das idades em questão.

O desenvolvimento motor, cognitivo e de habilidades são mudanças que ocorrem ao longo da vida, que podem ser influenciadas de acordo com aquilo que é apresentando de forma pedagógica, vivências, condições sócio-econômicas, questões de saúde e patologias adquiridas ou de nascença.

Mesmo com diversas culturas e/ou etnias, a psicomotricidade está presente no desenvolvimento humano, a forma que cada um irá se desenvolver será diferente, mas qualquer nova habilidade adquirida é uma forma de desenvolvimento que tem que ser de forma progressiva. Lidar com as diferenças culturais também é uma forma de desenvolvimento.

         Aos professores, vale lembrar que crianças não aprendem somente imitando algo, mas que brincadeiras lúdicas e esportes fazem com que cada vez mais as crianças se desenvolvam e aprendam a ter autonomia dos seus gestos físicos, criatividade e responsabilidade em tomadas de decisão. Sendo assim, os professores têm grande responsabilidade em desenvolver um aluno de maneira integral, pois tudo o que o aluno irá aprender na escola será levado durante a sua vida toda e será utilizado de várias formas, podendo determinar, se terá uma boa autoestima, destreza em resolver questões do dia a dia, facilidade em resolver problemas.

 

 

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