13/11/2017

Psicologia da aprendizagem

Psicologia da aprendizagem[1]

Michele Silveira Azevedo[2]

Elisabete Silveira Azevedo[3]

Bruno Azevedo Vieira[4]

Lory Silveira Ribeiro[5]

O comportamento humano é apreendido, no meio social em que nos encontramos, desta forma uma das questões centrais dos estudos da Psicologia é a aprendizagem.

O homem é de todas as espécies animais, a mais evoluída, desta forma, seu modo de ser evoluiu, ao longo da história de tal forma que os comportamentos instintivos foram aos poucos sendo deixados para trás, hoje correspondendo apenas aqueles necessários a sobrevivência de nossa espécie.

Dependemos da aprendizagem para sobreviver, pois, precisamos aprender a come, andar, falar, enfim, a ser homens. Esse processo se estende do momento em que nascemos até nossa morte. Para estar no mundo, sobreviver, necessitamos apreender.

Essa possibilidade, dada pela aprendizagem, faz com que seja possível, as gerações tirar proveito de experiências anteriores a nossa, acrescentando a contribuição de nosso tempo, promovendo o progresso.

Em nossa caminhada, aprendemos comportamentos úteis, e necessários a nosso crescimento pessoal e profissional, porém nesse processo também aprendemos comportamentos inúteis e prejudiciais, podemos dar como exemplo o hábito de fumar ou beber.

A analise psicológica a respeito da aprendizagem se baseia em vários conceitos, que levam em conta a forma como esse processo se dá, nos diferentes sujeitos.

Para tanto se observa a maturação física, as descobertas, o erro, que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não existia a respeito de determinado evento ou conteúdo.

Dessa forma:

São muitas as questões consideradas importantes pelos teóricos da aprendizagem. Qual o limite da aprendizagem? Qual participação do aprendiz no processo? Qual a natureza da aprendizagem? Há ou não motivação subjacente ao processo? As respostas a essas questões têm originado controvérsias entre os estudiosos.

BOCK[6]

Existem diversas teorias sobre aprendizagem, mas podemos dividi-las em dois grupos: as comportamentais e as cognitivas.

As teorias comportamentais defendem que a aprendizagem acontece com base no comportamento dos indivíduos, desta forma devem ser levadas em conta questões ambientais, que segundo esta proposta proporciona a aprendizagem. A aprendizagem diante desta proposta se dá através de uma vinculação entre estimulo e resposta.

Segundo esta concepção, aprendemos hábitos, isto é, através da prática.

As teorias cognitivistas, defendem que a aprendizagem acontece através da relação do sujeito com o meio que o circunda, levando a uma organização interna como forma de interação com o mundo.

Defendem que aprendemos por uma associação entre ideias e nossa experiência.

Aprofundando o conceito de cognição pode-se dizer que:

Cognição é o “processo através do qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. Esses significados não são entidades estáticas, mas pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos ‘pontos básicos de ancoragem’ dos quais derivam outros significados”.

BOCK[7]

A denominação dos cognitivistas dada à aprendizagem se refere à integração entre a organização das informações e o material, a estrutura cognitiva.

Dentro desta perspectiva existem duas formas de aprendizagem, sendo elas:

A aprendizagem mecânica – onde o processo de aprendizagem acontece sem uma conexão com informações anteriores, este não se liga a conceitos específicos. Podemos utilizar como exemplo quando memorizamos um conteúdo para uma prova específica, sem relacioná-lo a outros conceitos.

A aprendizagem significativa – esta se relaciona com outros conceitos disponíveis na estrutura cognitiva, servindo de ponto de ancoragem para outros conceitos que se seguirão.

Os pontos de ancoragem são de grande relevância para a aprendizagem significativa.

Assim pode-se dizer que:

Os pontos de ancoragem são formados com a incorporação, à estrutura cognitiva de elementos (informações ou idéias) relevantes para a aquisição de novos conhecimentos e com a organização destes, de forma a, progressivamente, progressivamente, generalizarem-se, formando conceitos.

BOCK[8]

Partindo de conceitos simples é possível a criança diferenciar conceitos e chegar até outros mais complexos, não só a criança, mas todo o indivíduo que está inserido no processo de aprendizagem, seja de modo formal ou informal.

A partir das concepções acima descritas surgem várias teorias com o objetivo de analisar, discutir e desenvolver formas de tornar a aprendizagem mais interessante para os educandos.

Jerome Bruner, famoso psicólogo, desenvolveu um grande trabalho com respeito a teoria cognitivista de aprendizagem, sendo considerado um o representante máximo dessa corrente.

Sua teoria enfatiza a importância da motivação, a respeito BARROS[9] salienta:

[...] acredita que há dentro do indivíduo, desde o nascimento, forças poderosas que o levam a aprendizagem, como a curiosidade, o desejo de adquirir competência e o desejo de trabalhar cooperativamente com outras pessoas, que Bruner chama reciprocidade.

Em sua teoria o psicólogo considera o valor do reforço como uma questão transitória, por se apresentar como uma motivação externa, defende a necessidade do feedback, que se caracteriza pelo retorno ao aprendiz a respeito de seu processo de conhecimento.

Toda a aprendizagem, que se baseia na instrução do educando deve, segundo o teórico dar meios para que este desenvolva a capacidade de auto-correção, ou seja, o reforço deve criar meios para que com o próprio desenvolvimento o estudante sinta-se capaz de avaliar seus próprios erros.

Dentro dessa proposta salienta a necessidade de despertar junto aos educandos a investigação para que estes sejam capazes de ir adiante, motivados.

Destaca-se aqui, segundo BOCK[10], a estrutura da matéria:

Para se dar conta do primeiro aspecto (estrutura da matéria), Bruner propõe que os especialistas nas disciplinas auxiliem a estruturar o conteúdo de ensino a partir dos conceitos mais gerais e essenciais da matéria e, a partir daí, desenvolvam-no como uma espiral – sempre dos conceitos mais gerais para os particulares, aumentando gradativamente a complexidade das informações. Por exemplo, em Física é necessário começarmos pela noção de energia, em Psicologia pela noção da vida psíquica e em história pelas noções de Homem, Natureza e Cultura.

O método proposto por Bruner sugere que o ensino seja voltado para a compreensão do educando, para tanto é fundamental que os professores conheçam a realidade de seus aprendizes.

A motivação é um dos fatores mais importantes no processo de aprendizagem, onde devem estar relacionadas as questões da necessidade, do ambiente e do objeto a ser apreendido, na tarefa de compreender conceitos, o aprendiz deve ser instigado a satisfazer sua necessidade, criando assim uma aprendizagem significativa.

            No panorama contemporâneo, as teorias de Vygotsky e Piaget, se destacam na relação de ensino-aprendizagem, por salientarem uma construção da aprendizagem centrada no desenvolvimento infantil e suas possibilidades, levando em conta o meio que cerca a criança em seu desenvolvimento.

A psicolingüística argentina Emília Ferreiro, se embasou em Vygotsky e Piaget, para formular sua teoria, suas contribuições são de grande importância para a educação brasileira, pois contribuíram sobre maneira na revisão de educadores sobre seus métodos de ensino relacionados a alfabetização infantil.

Suas investigações se basearam no processo de aquisição e elaboração de conhecimentos pela criança, seu foco de concentração assim como o de Piaget, está nos mecanismos cognitivos relacionados à leitura e a escrita.

Com base em seus estudos, fica clara papel da criança como um agente ativo na aprendizagem, desta forma o foco que anteriormente se remetia a escola, volta à atenção para o sujeito que conhece.

A psicolingüística salienta o caráter evolutivo da aprendizagem da escrita, para que a criança consiga descobrir o caráter simbólico da escrita, é necessário oferecer condições em que a escrita se torne objeto de seu pensamento.

Este aprendizado apresenta-se como fundamental no processo de aprendizagem, bem como os aspectos relacionados a percepção e a motricidade.

Como forma de situação de aprendizagem, propõe a valorização das histórias contadas pela criança e de suas tentativas de escrita, características que geram a descoberta do uso social da linguagem, com isso o conhecimento espontâneo da criança passa a fazer parte do ensino tornando-o mais significativo.

A escrita possui um caráter evolutivo, onde é possível observar:

[...] que os primeiros registros da sílaba são feitos com apenas uma letra, à qual se agregarão outras, posteriormente, levou Ferreiro à interpretação de que estes são fatos naturais do percurso, ou seja, são erros naturais e necessários à construção da aprendizagem.

BOCK[11]

A construção do conhecimento se caracteriza como um processo evolutivo, onde deve se levar em conta as capacidades da criança de apreender o objeto e possibilitar esta interação de forma que seu mundo de significados seja respeitado e levado em conta.

Nossa aprendizagem formal e informal se caracteriza por uma construção que envolve o erro como possibilidade de caminhada rumo ao acerto.

Valorizar essa possibilidade no educando é uma forma de construir com ele uma aprendizagem significativa, onde o sujeito de tal processo passa a ser levado em conta, não como mero deposito de conhecimentos, mas como um agente ativo, que possui uma história além da instituição, onde se exprime um conhecimento.

Cabe a nós enquanto professores, olhar o ato de educar como possibilidade de construção com o educando.

Considerações finais:

A desconsideração total pela formação integral do ser humano e a sua redução a puro treino fortalecem a maneira autoritária de falar de cima para baixo. Nesse caso, falar a, que na perspectiva democrática é um possível momento da com falar com, nem sequer é ensaiado. A desconsideração total pela formação integral do ser humano, a sua redução a puro treino fortalecem a maneira autoritária de falar de cima para baixo a que falta, por isso mesmo, a intenção de sua democratização no falar com.

FREIRE[12]

Na construção de uma aprendizagem significativa, cabe ao educador levar em conta a perspectiva do educando, como forma de qualificar o processo de ensino-aprendizagem.

Referenciais Bibliográficos:

BARROS, Célia, Silva, Guimarães. Pontos de Psicologia Escolar. São Paulo: Ática, 1998.

BOCK, Ana Mercê Bahia. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva. 2008.

FOULIN, Jean-Noël. Psicologia da educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 13º ed. São Paulo: Paz e Terra.1999.

http://3.bp.blogspot.com/_hGGq2Bji6rE/Samc6oHZa3I/AAAAAAAADQg/jzYER0XzLzk/s400/emilia+ferreiro.jpg

http://www.eel.pt/linguas_escolas.jpg

http://faculty.weber.edu/pstewart/images/medallist_bruner.jpg

 


[1]  O presente texto foi apresentado ao Curso de Formação de Professores de Espanhol como Língua Estrangeira – Na disciplina de Psicologia da Educação, como material didático. 

 

[2] Assessora Pedagógico 5ª Coordenadoria Regional de Educação – RS – Professora de Filosofia, Pedagoga, Especialista em Gestão Escolar, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pelotas.

[3] Professora Efetiva – Universidade Federal do Tocantins, Pedagoga, Mestre em Educação - UFPEL, Doutoranda Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

[4] Licenciando em Matemática – UNINTER.

[5] Licencianda /Educação Física – FURG.

[6] BOCK, Ana Mercê Bahia. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.114.

[7] BOCK, Ana Mercê Bahia. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.117.

[8] BOCK, Ana Mercê Bahia. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.118.

[9] BARROS, Célia, Silva, Guimarães. Pontos de Psicologia Escolar. São Paulo: Ática, 1998. p.115.

[10] BOCK, Ana Mercê Bahia. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.119.

[11] BOCK, Ana Mercê Bahia. Psicologia: uma introdução ao estudo de psicologia. 13º ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p.129.

[12] FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. 13º ed. São Paulo: Paz e Terra.1999.

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