04/10/2017

ProSaúde em ação: Concepções dos Pais em Relação a Escola Que Seus Filhos Estudam

ProSaúde EM AÇÃO: CONCEPÇÕES DOS PAIS EM RELAÇÃO A ESCOLA QUE SEUS FILHOS ESTUDAM[1]

ProSaúde in action: Conceptions of parents regarding the school that their children study

 

Gabriela Brum de Deus2; CÔRTES, Manoela Farias Côrtes[2]; Fernanda da Rosa3;

Nathália Brito de Carvalho Gajo[3]; Sandra Mantovani[4]; Marilia de Rosso Krug[5];

 

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar a concepção dos pais em relação à escola em que seus filhos estudam. Para tanto questionou-se os pais em relação a: a) o que pensam da escola; b) a importância atribuída a escola; c) a relação da escola com a comunidade; d) os problemas que a escola enfrenta; e, e) os projetos desenvolvidos na escola. Participaram deste estudo de caso 36 pais que responderam a um questionário com seis perguntas versando sobre os objetivos específicos do estudo e uma professora da coordenação pedagógica da escola que foi entrevistada. As informações do questionário foram interpretadas a partir da frequência das respostas e evidenciaram uma concepção dos pais bastante positiva sobre a escola, referindo-se a mesma como sendo: um lugar bom, com boa aparência e conduta; importante porque ajuda na educação dos filhos, formando bons cidadãos; sempre presente na comunidade. Entretanto enfrenta alguns problemas como a falta de segurança o que tem levado a muito vandalismo e roubo. Também, destaca-se a necessidade de aproximar mais a comunidade da escola como forma de evitar o vandalismo e roubos, pois na, maioria, das vezes, ocorre pela própria comunidade de abrangência da escola.

Palavras-Chave: Escola. Comunidade. Famílias. Extensão universitária. Projetos.

ABSTRACT

The present study aimed to analyze the conception of parents in relation to the school in which their children study. For this the parents were questioned in relation to: a) what they think of the school; b) the importance attributed to the school; c) a relationship between the school and a community; d) the problems that the school faces; and, e) the projects developed at the school. Thirty-six parents who answered a questionnaire with six questions on the specific objectives of the study and a teacher of pedagogical coordination of the school interviewed participated in this study. As information from the questionnaire was interpreted from the frequency of the answers and showed a very positive conception of the countries about a school, referring to the same as being: a good place, with good appearance and conduct; important because it helps in the education of children, forming good citizens; Always present in the community. Get in touch with the lack of security and has led to much vandalism and theft. In addition, the need to bring one more community closer to the school is emphasized as a way to avoid vandalism and robbery, since in most cases it is part of the school community.

Key words: School. Community. Families. University Extension. Projects.

INTRODUÇÃO

A família é fundamental na construção dos laços afetivos e materiais, na construção de valores éticos, humanos e da educação formal e não formal das crianças. Com o seu crescimento, ela é capaz de reconhecer o grupo (família) a qual pertence, seja, pelo nome, sobrenome, costumes, manias e/ou experiências compartilhadas com esse grupo (LEANDRO FILHO; BALDAN, 2014).

Firman, Santana e Ramos (2015) afirmam que a família é muito importante para o aprendizado escolar dos seus filhos, pois não é a escola, mas sim a família, a primeira instituição social da criança, pertencendo a escola acrescentar demais conhecimentos primordiais para a vida em sociedade. Os referidos autores, também ressaltam que existe uma interconexão entre a escola e os pais, pois quanto mais os pais estiverem presentes na vida escolar dos filhos e quanto mais a escola oportunizar práticas de conhecimento para as crianças, melhor será o relacionamento dessas duas instituições sociais. Neste sentindo, a escola deve encontrar caminhos para dialogar mais com as famílias, fazendo com que tenham uma maior interação e que exponham suas opiniões em relação a vários eixos da escola, resultando em um melhor desenvolvimento das crianças (LEANDRO FILHO; BALDAN, 2014).

Neste contexto, fica evidente a necessidade de aproximação da escola com a comunidade. Nesse sentido o Projeto de Extensão da Universidade de Cruz Alta, “Construindo um futuro Saudável por meio da Promoção a Saúde – ProSaúde” tem suas atividades voltadas, no ano de 2017, para alcançar esses objetivos. O projeto desenvolve ações, a partir de projetos interdisciplinares, na escola desde 2013 e entende a importância da aproximação entre a Universidade, a Escola e a Comunidade. Nunes e Silva (2011) conceituam extensão universitária ou projetos de extensão como uma excelente forma de colocar a universidade em conexão com a escola e esta, com a comunidade em que ela está inserida. As autoras ainda fomentam que essa conexão:

Funciona como uma via de duas mãos em que a universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade e recebe dela influxos positivos em forma de retroalimentação, tais como suas reais necessidades, anseios e aspirações (NUNES; SILVA, 2011, p. 120).

Em 2017 o ProSaúde leva para a escola a proposta do desenvolvimento de projetos de aprendizagem, com foco para os temas alimentação saudável e atividade física, buscando em suas ações uma aproximação da escola com a comunidade e com instituições governamentais e não governamentais principalmente as que podem colaborar com a proposta de Promoção da Saúde dos sujeitos envolvidos.

Para darmos continuidade as ações do referido projeto consideramos de fundamental relevância conhecer o que comunidade e pais de alunos da escola, pensam da escola, pois, essas informações serão de extrema relevância para subsidiar as atividades a serem propostas, assim justificamos o presente estudo que tem como objetivo analisar a concepção dos pais dos alunos de uma escola estadual do município de Cruz Alta – RS, abordando temas como a importância da escola e os problemas que a escola enfrenta.

MATERIAIS E MÉTODOS

Participaram deste estudo de caso trinta e seis pais de alunos de uma escola estadual de ensino de um município do interior do estado do Rio Grande do Sul e uma professora da coordenação pedagógica da escola. Salientando que a escola está inserida em um local de vulnerabilidade econômica.

Utilizou-se, como instrumento de pesquisa, um questionário estruturado com seis perguntas que versaram sobre: a importância da escola para a família e o bairro, a relação da escola com a comunidade, os problemas enfrentados pela escola, bem como o conhecimento dos pais sobre os projetos desenvolvidos pela escola. O questionário foi aplicado durante uma reunião que ocorreu no inicio do ano letivo (2017/1), onde se fizeram presentes a coordenação da escola e os pais. Também foi utilizada uma entrevista semi estruturada realizada com a coordenação pedagógica da escola.

Os dados foram interpretados a partir da análise de conteúdo, considerando suas três etapas: a pré análise, onde se realizou a organização e seleção do material, para a construção dos indicadores; a exploração do material, onde foi realizada a leitura do material, codificação e escolha das categorias; e, a análise, onde ocorreu a descrição e a análise dos dados. O tipo de análise de conteúdo utilizada foi de exploração quantitativa, onde foi realizada a exploração das temáticas, buscando informação emergente, que foram interpretadas baseada em quantidades de referências e na frequência das ocorrências (BARDIN, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados do presente estudo foram analisados a partir de dois objetivos específicos, o primeiro que buscou analisar a concepção dos pais sobre a escola e o segundo que buscou saber se os pais conhecem os projetos que são desenvolvidos pela escola.

Para compreender a concepção dos pais em relação a escola questionou-se os mesmos em relação a: a) o que os pais pensam da escola; b) qual a importância atribuída pelos mesmos a escola; c) a relação da escola com a comunidade; e d) os problemas que a escola enfrenta. Os escorres percentuais foram calculados com base no número de respostas, e não a partir do número de entrevistados, considerando que os pais poderiam dar mais de uma resposta para cada questionamento.

O Primeiro questionamento, o que os pais pensam da escola (Tab. 1), foi analisado a partir de dois indicadores: positivos e negativos.

Tabela 1 – O que os pais pensam da escola, Cruz Alta – RS/Brasil, 2017.

Indicadores

Resposta

N

%

Positivos

Lugar bom, com boa aparência e conduta

18

46,2

Lugar de aprendizagem e educação

07

17,9

Lugar que possui professores capacitados

04

10,2

Lugar que prepara os alunos para viverem em sociedade

01

2,6

Legar que enfrenta os problemas e aprende com eles

01

2,6

Negativo

Não respondeu e/ou resposta incoerente

08

20,6

 

TOTAL

39

100

Em relação ao posicionamento dos pais, frente o que eles pensam da escola, é possível perceber que uma grande porcentagem (79,4%) tem pensamento positivos em relação a escola, sendo que a maioria dos pais apontou para a escola como sendo um lugar bom, com boa aparência e conduta, citado por 18 dos 36 pais entrevistados. A professora da coordenação pedagógica, relatou que os pais enxergam a escola desta forma, porque:

A escola possui uma boa pintura, organização, é um espaço de lazer, de encontrar e de conversar com outras pessoas, e infelizmente em suas casas, na maioria das vezes, isso não acontece. Os lares, da maioria dos alunos da escola, são lugares bastante violentos, ao contrário da escola, que é um lugar calmo, e por isso os pais buscam na escola, ajuda para enfrentar seus problemas, pois sabem que ela consegue conduzir as situações da melhor forma possível.

Na sequência, destacaram que a escola é um lugar de aprendizagem e educação (17,9%), comprovando que, eles reconhecem que a escola está realmente ensinando e educando seus filhos e concordando com Carvalho (2006), que diz que a família não é a principal responsável pela aprendizagem dos filhos, sendo que a escola deve investir em práticas pedagógicas efetivas e com Gadotti (2006, p. 280) que diz que: “o ensino deve adaptar-se ao educando e não submeter-se as regras pré estabelecidas”.

Os resultados relacionados ao questionamento, qual a importância atribuída pelos pais a escola, foi analisado a partir de duas categorias. (Tab. 2).

Tabela 2 – Importância que os pais atribuíram a escola, Cruz Alta – RS/Brasil, 2017.

Categorias

Indicadores

n

%

 

É

Importante

Ajuda na educação dos filhos, formando bons cidadãos

17

41,5

Fica perto de casa e todos se conhecem

10

24,5

Está sempre de portas abertas para ouvir e ajudar a família

6

14,6

Possui projetos que ajudam no desenvolvimento do bairro

3

7,3

Busca a participação dos pais

1

2,4

Tira as crianças das ruas

1

2,4

 

Não respondeu e/ou resposta incoerente

3

7,3

Ao observarmos os resultados apresentados na tabela 2 é possível perceber que a maioria dos pais atribui grande importância a escola, principalmente por ser um lugar que ajuda na educação e formação do caráter dos seus filhos e porque fica perto de casa o que permite que todos a conheçam. Conceição (2016), evidenciou que os pais atribuem grande valor a escola, tendo como principal papel o de contribuir no desenvolvimento da formação de caráter, princípios e personalidade dos filhos, reforçando os princípios que foram ensinados em casa (respeito, amizade, carinho, etc.) dando continuidade na educação dos filhos e colaborando para serem bons cidadãos na sociedade.

Somente 14,6% dos pais, citaram que a escola está de portas abertas para ajudar a família. Esse número foi baixo, segundo a coordenadora pedagógica, porque muitas vezes a escola resolve problemas delicados, como por exemplo, garantir os direitos das crianças e cobrar a frequência nas aulas. Conceição (2016) reforça que a escola tem o dever de buscar uma interação com a família, ouvindo, expondo opiniões dos pais, dando oportunidade de ações coletivas construídas pela escola e família num processo de ensino e aprendizagem.

Na tabela 3 encontram-se os resultados relacionados ao questionamento realizado aos pais em relação a como eles veem a relação da escola com a comunidade. Os resultados foram interpretados a partir de duas categorias: a) uma boa relação e b) uma relação ruim.

Tabela 3 – A relação da escola com a comunidade, Cruz Alta – RS/Brasil, 2017.

Categorias

Indicadores

n

%

 

Boa

 

Sempre presente na comunidade

29

93,0

De respeito e valorização

2

07,0

Total

31

100

 

Ruim

Deveria ser mais atuante na comunidade

2

40

Falta de respeito da comunidade com a escola

2

40

Não respondeu e/ou resposta incoerente

1

20

 

Total

5

100

Tendo em consideração, a relação da escola com a comunidade, percebe-se que a maioria dos pais (86%), considera sua relação com a escola boa, principalmente porque a mesma está sempre presente na comunidade. Essa prevalência é visível, pois a escola volta suas ações para a comunidade. A escola também tem parceria com o CRAS[6], CREAS[7] e os ESF[8], que fazem atendimentos dos alunos e, também busca demostrar seu ensino a partir da realidade do meio onde a escola está inserida, cobra que, o que o professor ensinar na sala de aula, deve servir para a vida do aluno, pois quem cuida do bairro, cuida do futuro (lema do projeto pedagógico da escola) – relato da coordenadora pedagógica.

Quanto aos indicadores de uma relação ruim os resultados apontaram para a necessidade da escola ser mais atuante na comunidade e que a relação é sem respeito ou não existe. Destaca-se que foi bem pequeno (13%) o percentual de pais que se referiram a essa relação negativa. Talvez, o que realmente acontece, é que, enquanto algumas famílias são bastante atuantes na escola, outras quase não se fazem presentes.

Os pais que participaram do presente estudo, também, foram questionados em relação ao conhecimento dos mesmos sobre os problemas que a escola enfrenta (Tab. 4). Os resultados foram categorizados em: problemas pedagógicos e problemas estruturais e/ou de ordem financeira.

Tabela 4 – Os problemas que a escola enfrenta, Cruz Alta – RS/Brasil, 2017

Categorias

Indicadores

n

%

 

 

 

Gestão Escolar

Falta de professores e funcionários

8

13,4

Falta de comunicação

4

6,7

Aulas que não acontecem e/ou com horário reduzido

2

3,3

Brigas entre alunos

2

3,3

Falta de materiais didáticos

2

3,3

Professores não capacitados e desatualizados

2

3,3

Muito preconceito/Pouca disciplina

2

3,3

Precisa de mais atenção dos Governantes

5

8,3

Total

27

44,9

 

 

Estruturais

 

Falta de Segurança/vandalismo/roubo

14

23,4

Falta da merenda Escolar

4

6,7

Falta da quadra coberta

2

3,3

Necessidade de reforma na pracinha

2

3,3

Falta de computadores

1

1,7

Falta de ventilação

1

1,7

 

Total

23

40,1

Outros

A escola não possui problemas

5

8,3

Não respondeu e/ou resposta incoerente

4

6,7

 

Total

9

15

Na categoria gestão escolar, os pais relataram que o maior problema é a falta de professores e funcionários (13,4%). Logo depois, mencionaram como problema, a falta de comunicação (6,7%). A falta de comunicação pode ter sido citada pelos pais, que se enquadravam no grupo de pais que não são muito atuantes na escola. Os pais também, destacaram a desatualização dos professores, porque eles não aceitam que os professores não saibam trabalhar com aparelhos eletrônicos, como computadores, pois eles querem que os professores levem seus filhos à sala de informática. A formação continua de professores, deve assumir um papel crítico-reflexiva, referente as suas práticas e de uma reconstrução permanente de sua identidade pessoal (SILVA et al, 2005). Freire (1996) completa:

Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática (FREIRE, 1996, p. 43).

Na categoria infraestrutura, o principal problema, com 23,4%, na opinião dos pais é a falta de segurança, vandalismo e/ou roubo. Esse problema foi citado porque a escola ficou um período sem guarda. Neste tempo, foi roubado o projetor multimídia e computadores, a sala da cozinha foi vandalizada, o que resultou em uma perda de alunos e de parceiros de projetos, pois não se sentiam seguros na escola. Malta et al. (2010), demonstrou, que escolares deixam de ir à escola pois não se sentem seguros no trajeto de casa para escola e da escola para casa. A coordenadora pedagógica salientou que essa falta de segurança provocou um grande incomodo principalmente aos alunos do ensino médio, pois eles estão em busca do seu primeiro emprego, e estão sendo rejeitados por não omitir a escola em que estudam e o seu endereço pessoal. Muitas vezes só conseguem empregos, colocando o endereço de outros bairros.

Outro problema enfrentado pela escola é a falta da merenda escolar. Esse problema foi mencionado por uma porcentagem significativa de pais, porque a escola ficou um período sem receber verbas e não conseguiu recursos para aquisição de merenda. A coordenadora entrevistada relatou que:

As famílias não enxergam a merenda como apenas um lanche, mas como uma alimentação fundamental, pois muitos alunos não possuem condições de comer em casa e a comida ofertada pela escola na maioria das vezes é a única refeição diária.

Outros problemas, tais como: quadra sem cobertura, necessidade de reforma da pracinha, falta de computadores e ventilação também foram mencionados pelos pais.

Um problema nomeado por uma porcentagem significativa de pais foi o alienamento por parte dos Governantes. Esse descaso resulta na maioria dos outros problemas citados, como por exemplo: a falta de segurança, professores, funcionários e merenda escolar, pois a escola necessita de verbas para tentar solucionar esses e demais problemas. Outro posicionamento a ser destacado, é que 8,5% dos pais, relataram que a escola não possui nenhum problema, o que comprova (mais uma vez) que, nem toda a comunidade é atuante na escola. 

Os pais também foram questionados quanto ao seu conhecimento em relação aos projetos desenvolvidos na escola. Somente uma pequena percentagem de pais (7,3%) afirmaram conhecer os projeto desenvolvidos na escola (Tab. 5) Segundo a coordenadora, isso ocorre porque, muitos pais interpretam mal as ações dos projetos. Esses fatos, muitas vezes inibem tanto a escola quanto os professores a desenvolvem atividades diferenciadas com os alunos.

Tabela 5 – Projetos desenvolvidos na escola, Cruz Alta – RS/Brasil, 2017

Projetos

N

%

Escola Aberta

12

29,3

Horta Comunitária/Escolar

8

19,5

ProSaúde

5

12,2

Mais Educação

4

9,8

Pelotão Esperança

4

9,8

Bandarra em Ação

1

2,4

Reciclagem

1

2,4

Não respondeu

6

14,6

TOTAL

41

100

A tabela 5 mostra quais projetos os pais lembram que a escola desenvolveu até o presente momento. Maiores prevalências dos indicadores foi o Projeto Escola Aberta, com 29,3%. Esse projeto, a partir de recursos federais, mantinha a escola aberta aos sábados e domingos, oferendo atividades, orientações, oficinas de aprendizagem, oficinas de artesanato, atividades físicas, lanche e socialização para toda a comunidade. Assim que os recursos federais foram retirados a escola não teve amis condições financeiras de manter a Escola Aberta.

O segundo projeto relatado pelos pais, com 19,5%, foi a Horta Escolar, um projeto de extensão da UNICRUZ, desenvolvido por acadêmicos do curso de Agronomia, juntamente com um número reduzido de alunos da escola. Araújo (2003) relata que, a aprendizagem por projetos é de extrema importância para o desenvolvimento do tema saúde, desde que os mesmo não sejam desconectados das demais atividades curriculares da escola e não resultem em um modo desintegrado de trabalhar os temas transversais.

Em seguida, com 12,2%, foi citado o ProSaúde, que desenvolve atividades desde o ano de 2013 até o presente momento. Projeto esse que, criou a “Semana da promoção da Saúde”, sendo que em 2017 terá a quarta edição, evento este que, atualmente, faz parte do calendário escolar e envolve todos os professores e alunos da escola. Segundo a coordenação da escola, esse projeto mudou a maneira dos professores trabalharem os conteúdos com os alunos, tornando-se uma das estratégias de ensino utilizada por professores de todos os níveis escolares (anos iniciais e finais do ensino fundamental e ensino médio). Por fim, o projeto aborda diversas temáticas, contribui com estratégias (entrevistas, palestras, seminários) que ajudam os alunos e a comunidade a tornarem-se protagonistas do processo de aprendizagem em saúde e busca uma aproximação maior da escola com a comunidade.

O Projeto Mais Educação e o Pelotão Esperança, foram citados por 9,8% dos pais. Na sequência, com 2,4%, foram citados os projetos Bandarra em ação e a Reciclagem. O mais educação e o Pelotão Esperança não estão mais em desenvolvimento na escola, desconhecemos os motivos. O projeto Bandarra em ação foi uma iniciativa da escola para eliminar os possíveis focos de mosquitos. Esse projeto, que constou de ações nos apartamento desabitados, que estão localizados perto da escola e estavam em situações precárias, onde os envolvidos limparam os apartamentos, assim como seus arredores retirando o lixo, eliminando poças de água e esgoto, combatendo os mosquitos e cortando os matos e as gramas. Nada impede a continuidade desta ação, basta os pais, a escola, a comunidade e colaboradores (projetos de extensão e entidades) se unirem novamente e o Projeto ProSaúde/2017, possa auxiliar nessa segunda limpeza.

Uma observação bastante relevante que podemos notar (Tab. 5), é o percentual de 14,6% de pais que não conhecem nenhum dos vários projetos que a escola vem desenvolvendo nos últimos anos, confirmando novamente, que parte da comunidade não se envolve com a escola. Souza (2009) salienta que existe a necessidade da permanência de projetos que permitam aos pais e/ou responsáveis relacionarem-se com a escola de maneira efetiva, pois de nada adianta aplicar um projeto e ele não ter continuidade. A aproximação da escola com a família deve ser constante, pois assim, terá efeitos satisfatórios. O entendimento entre família e escola se dá pela comunicação eficaz, se a comunicação for incompleta, não acontece o entendimento pretendido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se com este estudo que é de suma importância conhecer a visão dos pais, pois a partir das percepções destes a escola pode redirecionar suas ações na busca da parceria constante entre estas entidades (família e escola). Os pais, desatacaram a falta de segurança na escola, o que deixa os professores e os pais preocupados, pois eles sabem que a escola já foi alvo de diversos roubos por estar situada numa localidade de extrema violência e uso de drogas. Nesse, sentido faz-se necessário uma maior atenção por parte dos governantes, pois é difícil educar os alunos em um ambiente de medo constante.

Sobre a relação da escola com a comunidade, percebeu-se que a escola está de portas abertas para recebê-los, seja para dialogar, ajudar nas dificuldades e/ou problemas que as famílias enfrentam.

Em relação aos projetos desenvolvidos na escola, notou-se que apenas uma pequena parte dos pais possui o conhecimento desses projetos, bem como, sabem seus reais objetivos, que apesar de diferentes eixos e ações, possuem o mesmo intuído, que é contribuir com o aprendizado escolar dos alunos, bem como desenvolver ações com a comunidade. Isso nos leva a inferir que os projetos desenvolvidos na escola devem envolver mais a família, sendo essa uma importante função dos projetos de extensão universitária, como o ProSaúde.

Por fim, destacamos que é de suma importância que a comunidade e a escola em estudo tenham um bom diálogo, que busquem cada vez mais uma aproximação, pois ambas as partes saem ganhando, inclusive e principalmente os alunos, esses que no presente momento, estão em fase de desenvolvimento pessoal e, no futuro poderão passar adiante os conhecimentos e valores adquiridos na escola.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Ulisses Ferreira de. Temas transversais e a estratégia de projetos. São Paulo: Moderna, 2003.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 2ed. São Paulo: Edições 70, 2011.

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Escola como extensão da família ou família como extensão da escola? O dever de casa e as relações família-escola. Universidade Federal da Paraíba, Centro de Educação, 2006.

CONCEIÇÃO, Daniela, Tatiane da; A participação da família nos processos de ensino aprendizagem na escola de educação infantil. 2016. 38f. Trabalho de Conclusão de Curso – (Graduação), Universidade Regional do Nordeste do estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2016.

FIRMAN, Josiane de Araújo; SANTANA, Sylvia Caroline Russi; RAMOS, Marcos Lupércio. A importância da família junto à escola no aprendizado formal das crianças. Revista Colloquium Humanarum, São Paulo, v.12, n.3, 123-133, jul./ 2015.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GADOTTI, Moacir. Histórias das ideias pedagógicas. São Paulo: Ed. Ática, 2006.

LEANDRO FILHO, José Antônio; BALDAN, André Santiago. A composição das famílias brasileiras e sua relação com a escola. Revista Colloquium Humanarum, São Paulo, v.11, n.3, 1-7, set./ 2014.

MALTA, Deborah Carvalho et al. Vivência de violência entre escolares brasileiros: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.15, 2010.

NUNES, Ana Lucia de Paula Ferreira; DA CRUZ SILVA, Maria Batista. A extensão universitária no ensino superior e a sociedade. Revista Mal-Estar e Sociedade, Minas Gerais, v. 4, n. 7, p. 119-133, 2011.

KRUG, M. R. Construindo um futuro saudável por meio da promoção a Saúde. Projeto de Extensão. Pró-Reitoria de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade de Cruz Alta, Cruz Alta-RS. 2013.

SILVA, Andresina Maria da et al. Formação continuada de professores. 2005. 59f. Trabalho de Conclusão de Curso – (Graduação), Faculdade de Ciências da Educação, Brasília, 2005.

SOUZA, Maria Ester do Prado. Família/Escola: a importância dessa relação no desempenho escolar. Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Paraná, 2009.


[1]Projeto de Extensão do Grupo de Extensão e Pesquisa em Educação Física – GEPEF/UNICRUZ, renovado no Programa Institucional de Bolsa e Extensão – PIBEX/UNICRUZ-2017/2018.

[2]Acadêmicas do Curso de Educação Física – Licenciatura da Universidade de Cruz Alta. E-mails: gabrielabruum96@gmail.com e manoelafcortes@hotmail.com

[3]Acadêmicas do Curso de Educação Física – Bacharelado da Universidade de Cruz Alta. E-mails: fernandadarosa96@gmail.com e nathaliagajo@guiamundoafora.com

[4]Professora da Rede estadual de ensino

[5]Doutora em Educação em Ciências: Química da vida e Saúde. Docente do Curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. E-mail: mkrug@unicruz.edu.br

[6]Centro de Referência de Assistência Social

[7]Centro de Referência Especializado de Assistência Social

[8]Estratégia de Saúde da Família

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