07/01/2019

Projeto de estudantes de Santa Catarina será testado pela Agência Espacial dos EUA

Um grupo do ensino técnico de Santa Catarina conquistou a chance de estar entre pessoas que pensam e fazem ciência em um dos melhores centros do mundo. Após vencerem um concurso com mais de 4 mil estudantes concorrentes de 175 escolas, alunos do campus Xanxerê, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), na região oeste do estado, terão seu experimento testado pela Agência Espacial dos Estados Unidos, a Nasa. Essa é a história que você vai conhecer na edição desta sexta, 4, do programa Trilhas da Educação, produzido e transmitido pela Rádio MEC.

“Esse concurso acontece já há 12 anos entre os EUA e o Canadá”, conta Daniel Ecco, professor de matemática do Campus Xanxerê. “Todo ano, eles buscam aproximar as ciências espaciais da educação básica desses países – e, como incentivo, desenvolver alguns experimentos para serem testados na estação espacial internacional. Pelo segundo ano isso aconteceu no Brasil, que é a chamada Missão Garatéa, em parceria com a Universidade de São Paulo [USP] e com a Fundação de Apoio à Física e Química [FAFQ]”.

Com a ajuda de outros dois professores de química, Daniel coordenou um grupo de quatro alunos do ensino médio técnico integrado em informática no desenvolvimento do projeto de um filtro de barro que atua pela gravidade. Segundo Daniel, quem trouxe a proposta para o Brasil foi o engenheiro espacial Lucas Fonseca, que trabalhou para a Agência Espacial Europeia.

“Ele voltou ao Brasil e começou aqui a fazer essa aproximação com as escolas, tentar popularizar mais as ciências espaciais, que é algo distante, principalmente das escolas de ensino básico”, relata o professor. “Renata, uma das nossas alunas que é muito interessada sobre astronomia e ciências espaciais, descobriu esse concurso e conversou com mais três colegas. Eles toparam e aí, sim, me procuraram para inscrever a escola e orientá-los. ”

A partir daí, os alunos começaram a estudar as regras para que pudessem participar do programa. “Foram nove semanas de estudos, [abrangendo] desde o que é a microgravidade, como funciona a estação espacial, como desenvolver o projeto, o protótipo, o que pode e o que não pode”, prossegue Daniel. A cada semana, a equipe recebia material de estudo. Chegou, enfim, a hora de desenvolver o projeto: testar como funcionaria um filtro de barro no espaço.

“Para se ter uma ideia, o equipamento filtra em torno de 700 ml por hora pela ação da gravidade”, explica o professor. “Por ser um processo lento, ele é considerado um dos melhores filtros do mundo; filtra até esgoto. A ideia da missão era desenvolver algo para ser testado na microgravidade, dentro da estação espacial onde a gravidade é quase nula”. Os alunos quiseram testar se esse filtro também poderia funcionar na ausência  total de gravidade. “Lendo um material sobre capilaridade, nós imaginamos que ele pode, sim, funcionar através dela”, informa.

Prática – Daniel Ecco detalhou como funciona o processo: “Você pega um balde de água e coloca um pano seco, metade dentro do balde e metade fora. A água vai subir pelo pano. Depois de duas ou três horas, a água vai começar a pingar fora do balde. Esse é o processo de capilaridade. Estando na estação espacial onde você não tem essa direção, se está em cima ou se está embaixo, a gente imagina que a água entrando em contato com o carvão ativado vai passar por ele e vai filtrar mesmo assim”.

No total, três experimentos foram enviados aos parceiros americanos para que selecionassem um. Para Renata Müller, de 17 anos, integrante do grupo vencedor, a notícia de que tinham sido escolhidos motivou a equipe. “Para nós foi bem impressionante e muito bom”, comemora a estudante. O filtro desenvolvido pelos alunos do campus Xanxerê será testado entre os meses de junho e julho deste ano por um astronauta da Nasa. Um outro modelo idêntico será experimentado nas mesmas condições, mas em solo. Agora, o grupo se dedica a conseguir patrocínio para ir até Washington, nos Estados Unidos, para apresentar os dados comparativos da experiência.

Assessoria de Comunicação Social - MEC (04.01.2019)

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