08/07/2004

Projeto Açaí forma professores indígenas em Rondônia

O projeto Açai, programa de formação em magistério para professores indígenas, do Estado de Rondônia, conta com doutores, mestres e especialistas que estão trabalhando dentro das 33 aldeias existentes. A experiência vem acontecendo em etapas desde o ano de 1997, contemplando a carga horária regular de um curso de magistério de nível médio. A ação atende 33 etnias e tem 126 professores cursistas em todo o estado, com uma clientela de 2.800 alunos de 1ª a 4ª séries.

Depois da realização de nove etapas de aulas teóricas, a última é de aulas presenciais na aldeia, com práticas de ensino, estágio supervisionado e construção de um projeto pedagógico. A formatura da primeira turma de índios a concluir o magistério está prevista para novembro deste ano. O projeto é fundamental para implantação de turmas do ensino fundamental e médio nas aldeias e para a futura formação em nível superior para os indígenas, além de abrir a oportunidade de trabalho, por concurso público, para a docência.

O aprendizado não é só para os indígenas, atinge também os professores que atuam no curso de formação. Eles precisam aprender a linguagem dos indígenas para, depois, ministrar as aulas. Os docentes passam a identificar as características dos povos, a escola se apropria do resultado e torna o aprendizado bilíngüe. Durante a formação os professores indígenas têm aulas de todas as disciplinas do núcleo comum, incluindo antropologia e educação física.

Para o aluno da formação e professor de escolas indígenas, Nelson Karitiana, as aulas mudaram a vida das crianças. Agora, elas sabem escrever a língua materna e exigem mais das famílias quanto ao conhecimento. Há, entretanto, crianças que mesmo concluindo a 4ª série, por não terem outra opção, permanecem na escola. "Tenho a preocupação das crianças perguntarem coisas que ainda não sabemos responder. Eu não quero deixar de responder para meu filho ou alunos, o que eles querem saber, por isso quero conhecer mais para ter domínio sobre os estudos", afirmou.

Os professores de 1ª a 4ª séries que atuam na aldeia são escolhidos pela própria comunidade e contratados pelo governo do estado, por meio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), em caráter emergencial. A iniciativa é uma forma nova no País, que ainda está discutindo as políticas voltadas para a educação indígena. Segundo o secretário de Estado da Educação, César Licório, o governo tem se empenhado em preservar a cultura indígena em todas as ações.

O secretário visitou, recentemente, a aldeia indígena Karitiana, onde aconteceram aulas presenciais do Projeto Açaí. Segundo ele, a aldeia deve, em breve, ser beneficiada com a melhoria da escola, que dispõe de três salas e ganhará nova rede elétrica. O governo do estado já investiu aproximadamente R$ 3 milhões na educação indígena e cada etapa do Projeto Açaí tem um custo de R$ 250 mil.

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