Professor: Traficante de Sonhos

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

No dia 09 de julho de 2023, um desprezível deputado federal, para ganhar popularidade entre um grupo de fascista, participou de um manifesto pró-armas e em sua fala, comparou os professores com traficantes de drogas, e ratificou que entre professores e traficantes “não tem diferença”.

Interessante perceber que alguns políticos diminutos para se erguerem politicamente, atacam especificamente algumas classes e a que mais é alvejada é a do professor, claro, já que este profissional é visto como a classe mais subversiva da sociedade.

Subversiva porque a classe de professores não corrobora com um sistema manipulador de ideias cujo objetivo é simplesmente formar uma grande massa de manobra.

O professor é subversivo porque ele faz com que seus alunos tenham sonhos, sede de justiça e de ética.

É um profissional mal visto pelo fato de fazer com que seus alunos adquiram o poder do conhecimento, o que alavanca o discernimento, palavra esta que faz com que se mantenha sua dignidade intacta.

Claro que pessoas aplaudem discursos desta natureza, mas são pessoas que pensam igual, que representam a escória da humanidade e que deixou cair a máscara da hipocrisia exaltando todo o seu desvio de caráter.

Metaforicamente somos traficantes sim. Como disse @alynerabelo1, traficamos sonho, justiça, ética, conhecimento e dignidade, e posso afirmar que traficamos muito mais.

Traficamos amor, dedicação, afeto, cumplicidade, alegria, coisas que faltam nos lares de muitos educandos e que eles encontram em uma sala de aula na presença do educador.

Traficamos também um olhar atencioso que lhe foi subtraído pela negligência da família.

Isso faz de nós professores verdadeiros subversivos, inimigos de um sistema opressor que nega conhecimento a sociedade.

Nossa rebeldia está quando desenvolvemos em nosso aluno o senso crítico no combate a fakenews e em concomitância, quando fazemos com que nossos alunos desenvolvam em si a consciência de classe.

Como visto em meu livro Educação uma questão de politizar, publicado pela Ícone em 2022, a nossa subversão está em não aceitar qualquer manifesto pró-armas porque somos conhecedores da Lei de Thcékhov, que foi a famosa declaração de Anton Thcékhov, quando afirmou que se uma arma aparece no primeiro ato de uma peça, é inevitável que seja disparada no terceiro.

E assim, Thcékhov continua ao pontuar que se reis e imperadores adquiriram alguma arma nova, mais cedo ou mais tarde, serão tentados a usá-la, e isso tem acontecido dia a após dia com aumento de feminicídio em nosso pais.

Dito isso, que continuemos então professores traficantes, a armar nossos alunos com livros e conhecimentos.