23/04/2021

Professor não é Vagabundo

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Ao analisarmos a palavra vagabundo em qualquer dicionário, poderemos perceber que ela significa uma característica de quem caminha sem rumo determinado, que perambula ou vagueia, é um andarilho.

Existe outra conotação que é característica de quem vive de maneira desocupada, ou que não possui ocupação e que não tem vontade de realizar tarefas, logo, esta definição não cabe a nenhum profissional de educação.

Esta palavra cabe bem aos políticos, estes sim são vagabundos, pois política não é profissão e estes não fazem nada para justificar o rico salário de R$ 33.763,00, com verba de gabinete de R$ 111.675,59, auxílio moradia ou apartamento funcional e também cota para compra de materiais básicos (quando deputado federal e obviamente, para outros políticos os salários podem ser maiores como o caso de senadores e até presidente que gastou R$ 2,3 milhões com viagens para praias; ou menores como caso de deputado estadual, vereadores e prefeitos), tudo isso pago com dinheiro público oriundo dos impostos do cidadão que sequer tem retorno justo, já que a educação é sempre negligenciada e sucateada pelo governo, e agora, está sendo vista como serviço essencial.

Com tanta verba mal gasta com esta política que não pensa no coletivo e com estes políticos corruptos, o Brasil jamais será um país de primeiro mundo. Poderíamos usar o exemplo da Suíça, país no qual o deputados ganham menos que professores e não têm privilégios. [1]

É certo que a política em nosso país seria levada a sério se nossos políticos não tivessem tantos privilégios e valorizassem como na Suíça os seus educadores, já que o professor estudou para ser o que é, se graduou, pós-graduou seja Lato Sensu e/ou Stricto Sensu, e enquanto que para ser político, basta ser uma pessoa com "boa conversa" com um misto de mau-caratismo, isso porque o perfil de um atual político brasileiro está na total ausência de ética e completo desvio de caráter.

Vagabundos são todos os políticos que quando têm uma profissão, são tão sofríveis ou medíocres nela, que fazem de tudo para se manterem na política, justamente para não dependerem desta profissão, por ser ressaltado a sua completa incompetência.

Políticos sequer sabem a sua verdadeira função e pensam que a vida parlamentar é uma eterna campanha, com acusações, palavras bonitas em discursos estéreis e demagogos, sem pensar em momento algum no coletivo que o elegeu.

Como chamar um professor de vagabundo em plena pandemia, já que este docente multiplicou n vezes mais a sua carga horária? Pensem, antes da pandemia, o professor tinha sua turma, ele preparava sua aula, ministrava-a e ia para casa com algumas atividades para corrigir, entretanto, hoje, além dele fazer tudo isso, ele teve que se reinventar e buscar forma de reencantar seu aluno, sem contar com investimentos feitos por ele mesmo como preço de internet para boa conexão, aparelho celular com boas câmeras e mais memória, notebook, mesa digital, etc, já que não contam com cota para compra de materiais básicos.

Vale ressaltar que investimentos assim em relação a educação quase sempre surgem das iniciativas de professores que apesar da desvalorização da classe e do sucateamento das educação pública, não se deixam esmorecer e sempre estão dispostos a oferecer o melhor de si, estancando os danos causados pela negligência política como: falta de papel, merenda, água, tinta de impressora, papel higiênico, merenda, dentre outros recursos administrativos e/ou pedagógicos.

Hoje a educação é vista como um serviço essencial, e nós educadores não podemos negar que seja, já que a sua baixa qualidade fez com que estes imbecis que falam que professor não quer trabalhar ou é vagabundo, fiquem no poder por tanto tempo.

Ela é Realmente um serviço essencial apesar do paradoxo, já que os profissionais da educação não são reconhecidos profissionalmente como tal.

Os educadores hoje não passam de peões no tabuleiro, ou seja, são peças descartáveis e substituíveis perante esta necropolítica que dizimou mais de 370 mil vidas e com este ato insano, querem chegar a 500mil antes mesmo do semestre acabar.

Todos que apóiam esta insanidade tem conluio com estes políticos e a responsabilidade moral destas mortes e de muitas outras que virão, já que impõe aulas sem ao menos imunizar todos os envolvidos neste processo.

O professor não pode ser acusado de nada que saia da boca imunda de um político, seja ele qual for, pois estes políticos lumpaciosos, representam nada mais que a escória do Brasil, o nosso câncer que está tão enraizado que não conseguimos ainda extirpar-lo no momento devido a má qualidade da educação pública.

Precisamos ensinar a nossos educandos a nunca votar em políticos de carreira, já que político de carreira é sinônimo de vagabundo e corrupto. Trata-se de pessoas oportunistas que fazem campanha sempre, iludindo esta massa que ele ajudou a criar para garantir seus votos e manter o seu poder.

Que a educação seja realmente um serviço essencial e em contrapartida, que seus profissionais possam ser valorizados com esta mesma visão, já que são eles mesmos que educam e formam os demais profissionais como médicos, enfermeiros, pesquisadores dentre outros que lutam para a erradicação deste mal que está assolando o país.

 

[1] Para mais informações vide https://www.hypeness.com.br/2018/05/na-suica-deputados-trabalham-ganham-menos-que-professores-e-nao-tem-privilegios/

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