Professor e o Compromisso Social
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
As falas de hoje são fundamentadas em um ícone da educação, que outrora teve sua imagem desconstruída com falácias, ódio e até mesmo desconhecimento de suas obras, respaldando-se no elitismo, controle da massa, alienação e exclusão social.
Freire, este singelo educador e filosofo é referência mundial, estudado em universidades americanas, homenageado com esculturas na Suécia, inspiração para cientistas em Kosovo, nome de centro de estudos na Finlândia e está entre os 100 intelectuais mais citados no mundo, sendo que um de seus livros intitulado pedagogia do oprimido é a terceira obra mais citada em trabalhos acadêmicos nas áreas de humanas, recebendo consequentemente mais de 40 títulos de doutor honoris causa.
Enfim, Paulo Freire deixou um grande legado, embora a política fascista com sangue nos olhos e desprovido de qualquer cognição continue negando a sua importância para nossa educação.
É compreensível que pessoas que não sejam da área da educação, falem imbecilidades sobre suas obras e seu legado, todavia é inaceitável que professores o critiquem.
Pode-se criticar ações errôneas realizadas por pedagogos que usam o nome de Paulo Freire para justificarem seus atos falhos, extraído de forma descontextualizada para impor ideias contrárias ao que Freire tanto trabalhou.
Nestes pseudos-profissionais imperam uma distorção da própria realidade, já que era advertido pelo próprio Paulo Freire quando salientava que “sendo professor, nunca te falte consciência de classe nem compromisso social”, e é justamente isso que acontece.
Professores se esquecem da verdadeira função da educação e cheios de soberba, acreditam ser os donos da verdade, que contradiz justamente o que Paulo Freire trabalhava que era a metodologia anti-opressiva e não autoritária, mediante a pedagogia dialógica e respeitosa.
O educar na linha Freiriana é trabalhar a prática da liberdade e é justamente esta linha de pensamento que fez com que sua metodologia fosse perseguida, afinal de contas, o sistema não quer a liberdade para povo, e sim a subordinação em concomitância a sua alienação.
Como visto no livro educação um ato político, publicado pela Autografia em 2019, é ressaltado que o professor precisa ter conhecimento político para que seus alunos não sejam excluídos dos processos decisórios e este mesmo profissional deve sempre desenvolver sua reflexão sobre sua prática de ensino, reavaliando seus métodos e buscando oferecer sempre o seu melhor para o processo ensino-aprendizagem.
É sabido que o professor tem um compromisso social que é resguardar o direito do educando uma aprendizagem respeitando suas especificidades por meio de um olhar holístico, com o intuito de minimizar e ou até erradicar a desigualdade social e respeito a diversidade, isto é, a plena consciência de que todos somos iguais em termos de direitos e reconhecer a singularidade e diferenças de cada um, com respeito e principalmente ética.
O compromisso social e ético do professor se baseia também na formação cidadã do educando, e tem uma forte relação com a não neutralidade como ressaltado no livro Educação uma questão de politizar publicado pela Ícone em 2022, implicando na transformação social, no desenvolvimento individual como também no desenvolvimento da cidadania crítica e ativa, bem como no protagonismo cognoscente do educando.