Professor de Criancinha não tem Vida Mansa
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A educação pública não para de ser bombardeada por verdadeiros néscios que sequer entendem sobre a função de educar e o quão é exigido do profissional este ato.
Peguemos como exemplo o que ocorreu em uma live no final do ano 2023 na Cidade do Morro do Chapéu (BA)[1] ao qual a prefeita de forma sarcástica afirma que a vida mansa do professor que trabalha com crianças pequenas acabou.
É muita imbecilidade dita por uma pessoa que deveria ter o mínimo de discernimento, todavia, esta alcaldesa explicita toda sua inépcia imposta por seu déficit cognitivo, já que a mesma se diz filha e sobrinha de professores.
Triste perceber que estultices assim são ditas não apenas por esta representante, mas por muitos que sequer sabem a importância do Ensino Básico e acham que professores que trabalham nesta seara estão por pleitearem uma “vida mansa” como disse a prefeita em sua live.
Primeiro faz-se necessário esclarecer que a Educação Básica é predominantemente a base da educação, ou seja, ela é o alicerce para que o educando se desenvolva de forma integral, atendendo inclusive suas especificidades.
São os professores das criancinhas que por meio de uma comunicação assertiva, obviamente amparada por seu profissionalismo trabalharão com afetividade e desenvolverão a interação social, noção espacial, cores, formas, coordenação motora, psicomotricidade, além de construir e interiorizar regras, ensinar a compartilhar e a aprender a lidar com frustrações bem como desenvolver a autonomia da criança fazendo com que ela seja protagonista de sua história.
E na mais tenra idade que os professores trabalham novos valores, sentimentos, costumes, respeito, ética, cidadania e humanização, conteúdos estes olvidados por pessoas como esta obtusa prefeita.
Um dos maiores problemas está em, por falta de conhecimento, acreditar que o brincar do professor com as crianças é uma forma de passar o tempo ou uma questão de “moleza” em relação a educação.
Para quem não entende, e são muitos a darem sua opinião, o brincar é uma forma de se ensinar e a isso chamamos de lúdico.
Winnicott em seu livro O brincar e a realidade, publicado pela Imago em 1975, salienta que a brincadeira é um brincar criativo de forma a fertilizar a imaginação, dessa maneira não há uma dissociação entre o brincar e o ser, e nesta ludicidade da criança é uma busca de si mesma.
Cabe pontuar que as brincadeiras e os jogos são de suma importância para a auto expressão da criança que proporcionará possibilidades de exercitar sentimentos e problemas, lidando com sensações de tensão, estresse, desgosto, frustração, insegurança, agressividade, fobias, irritação e confusão.
Observe que no simples brincar que a criança alcançará uma estabilidade emocional e uma maturidade psicológica, assim sendo, este professor não está querendo moleza, pelo contrário, ele está totalmente consciente de sua responsabilidade quanto ao futuro desta criança.
Dito isso, que esta infeliz prefeita repense suas falas e tenha hombridade de assumir o que foi dito, não afirmando que foi vítima de fakenews por medo de retaliações, se acovardando e buscando culpados por suas imbecilidades ditas.
Que nós professores da educação básica ou não, possamos com todo nosso esforço hercúleo, desenvolver em nossos educandos o discernimento e o protagonismo cognoscente para que, quando chegarem na idade mínima para votar, que possam simplesmente ignorar pessoas que pensam da mesma forma que esta prefeita, pois a educação é o berço da sociedade.
Assim sendo, que nossos alunos possam votar em quem valoriza a educação, a pesquisa e principalmente a ciência, pois a nossa péssima política nada mais é que fruto de nossa sofrível educação.