15/03/2021

Professor de Apoio: Uma Reflexão sobre Discalculia

Por SILVA, Valdirene Aparecida da - Formada em Pedagogia, licenciatura em Educação Especial e Pós-Graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional

 

            Como professora das séries iniciais, é comum perceber dificuldades das crianças em assimilarem pequenos cálculos, e esta percepção é corroborada por Rosa (2009) quando ressalta pesquisas relacionadas ao fracasso de crianças em matemática. A autora cita Freitag (1984) quando pontua que crianças entre 6 anos e 9 anos ainda não possuem um pensamento operatório concreto estabilizado. Para a autora, apenas 11,2% do universo pesquisado tem construído operações lógicas características deste nível, desta forma, os demais têm características do pensamento pré-operatório correspondendo a 8% e os 78,8% encontram-se ainda no período de construção destas estruturas.

            Interessante perceber nas falas de Rosa (2009) as explicações sobre Piaget, já que para este pesquisador, o desenvolvimento é uma questão de equilibração, e o equilíbiro dependerá da ação do sujeito sobre o seu meio, o que poderá ocorrer de forma rápida ou não, pois dependerá da relação do contexto em que a criança encontra-se inserida.

            E para tais professores efetivarem este equilíbrio, muitos lançam mão de metodologias ativas e também da ludicidade, entretanto, alguns casos não apresentam os resultados esperados, desta forma, um Transtorno de Aprendizagem (TA) pode esta sendo perceptível, e este transtorno é conhecido como Discalculia do Desenvolvimento (DD) que é caracterizado como um "transtorno específico que afeta a aquisição normal das habilidades aritméticas em crianças com inteligência normal e adequadas oportunidades de escolarização".

            Dias, Pereira e Borsel (2013) esclarecem que ao analisarmos as dificuldades de aprendizagem de uma maneira geral, observaremos várias ocorrências em Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e até mesmo Dislexia, entretanto, a discalculia ocorre com pouca frequência, entretanto nas falas dos autores, isso não implica em dizer que a discalculia seja algo raro, pelo contrário, ela pode, segundo os autores, estar camuflada por outros transtornos de aprendizagem.

            É ressaltado pelos autores que "grande parcela dos estudantes apresenta baixo desempenho em matemática", prova disso está no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), assim sendo, pode-se observar que as falas dos autores supracitados têm fundamento, mesmo sendo uma pesquisa defasada, os resultados em relação a atualidade são convergentes, dito isso, segundo SAEB 2017[1], apenas 4,52% dos estudantes brasileiros do Ensino Médio demonstraram níveis de aprendizagem considerados adequados em matemática.

            Para Dias, Pereira e Borsel (2013), a discalculia pode ser identificada nas crianças logo no início do 1º segmento do ensino fundamental, assim sendo, cabe aos professores esta observação e encaminhá-los para profissionais especialistas como psicopedagogos ou até mesmo contar com a ajuda do professor de apoio que com o seu profissionalismo auxiliará esta criança a dominar e/ou pelo menos ter um melhor entendimento dos princípios operatórios, através de metodologias ativas, ludicidade e principalmente como ressaltado por Tavares (2020) afetividade, pois de acordo com o autor, não tem como desvencilhar a afetividade do processo ensino aprendizagem principalmente nas séries iniciais.

 

REFERÊNCIAS

 

ROSA, Roseli Scuinsani da. Piaget e Matemática. Só Pedagogia, 2009,. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2021. Disponível em: <https://www.pedagogia.com.br/artigos/piaget_matematica/index.php?pagina=0>. Acesso em 10 mar 2021.

 

SILVA, Paulo Adilson da; SANTOS, Flávia Heloísa dos. Discalculia do desenvolvimento: avaliação da representação numérica pela ZAREKI-R. Psic.: Teor. e Pesq.,  Brasília ,  v. 27, n. 2, p. 169-177,  June  2011 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722011000200003&lng=en&nrm=iso>. access on  13  Mar.  2021.  https://doi.org/10.1590/S0102-37722011000200003.

 

DIAS, Michelle de Almeida Horsae; PEREIRA, Mônica Medeiros de Britto; BORSEL, Jonh Van. Avaliação do conhecimento sobre a discalculia entre educadores. Universidade Veiga de Almeida – UVA – Rio de Janeiro. 2013. Disponível em < https://www.scielo.br/pdf/acr/v18n2/07.pdf>. Acesso em 13 mar 2021.

 

TAVARES, Wolmer Ricardo. Gestão Afetiva: Sistema Educacional e Propostas Gerenciais. Rio de Janeiro: WAK, 2020.

 

[1] Veja as informações no site http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/saeb-2017-revela-que-apenas-1-6-dos-estudantes-brasileiros-do-ensino-medio-demonstraram-niveis-de-aprendizagem-considerados-adequados-em-lingua-portug/21206

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