11/08/2020

Professor de Apoio: Ensinando e Aprendendo com o Isolamento Social

Por SILVA, Valdirene Aparecida da - Formada em Pedagogia e Pós-Graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional  

 

            A educação pública mostrou-se ainda mais sofrível mediante ao isolamento social, todavia isso não foi motivo para os educadores deixarem de dar o seu melhor, com dedicação, profissionalismo e amor a profissão, direcionados  principalmente aos educandos de Inclusão.

            Vale ressaltar nas falas de Silva, Gonçalves e Alvarenga (2012) que em relação aos alunos com Necessidades Especiais Educacionais, o Estado deixa de se abster, passando a "interferir, promovendo políticas públicas para impulsionar o processo de uma sociedade mais justa e igualitária", entretanto, apesar do Investimento de forma gradativa do Governo Federal, os resultados continuam insatisfatórios ressaltando as políticas públicas equivocadas do nosso Sistema Educacional Brasileiro.

            Para os autores supracitados, o nível de formação dos professores é algo que merece entrar na pauta de discussão, já que não é levado em consideração, e tampouco estes professores são incentivados para uma constante capacitação, entretanto, muitos são os guerreiros que encontram tempo e forma para se aperfeiçoarem cada vez mais, oferecendo sempre o seu melhor, fazendo com que os direitos dos educandos sejam resguardados e efetivados.

            Tavares (2019) elucida que a desvalorização e o descaso com o professor tem agravado cada vez mais a tão sofrível educação, o autor complementa ao dizer que meritocracia dá lugar a interesses políticos quando se trata de trabalhar com políticas educacionais, e assim, o bom trabalho se envereda para a indiferença com nossos educandos com NEEs.

            Silva, Gonçalves e Alvarenga (2012) se amparam na Constituição Federal de 1998, que cita a dignidade humana, sociedade livre, justa e solidária como também a erradicação da pobreza e da marginalização bem como a redução das desigualdades sociais e regionais, e os autores fazem um questionamento relevante, pois os mesmos ressaltam uma antinomia no quesito político, já que a legislação garante o acesso à educação de forma indiscriminada, entretanto, pelo princípio da isonomia e da dignidade da pessoa humana, existe um item que se deve levar em consideração que é "tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual", o que vale a seguinte observação, já que uma criança com NEEs é inserida em uma instituição educacional e esta instituição é desprovida de mínima estrutura como física, pedagógica e humana, na verdade, esta criança está sendo tratada como igual tendo as suas especificidades ignoradas.

            As falas acima remetem a Santos (2006) quando enfatiza que "temos o direito de ser iguais quando nossa diferença nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes quando nossa igualdade nos descaracteriza".

            Tavares (2020) elucida que em momento algum o profissional de educação deve se abster da afetividade, pois não tem como abstraí-la do processo educativo, principalmente com as crianças com NEEs.

            Assim, os autores Silva, Gonçalves e Alvarenga (2012)  são realistas ao afirmarem que apesar do país possuir um escopo de inclusão, ainda temos muito a evoluir em relação as diretrizes e ações políticas visando a efetiva inclusão dos alunos com NEEs, exigindo "ousadia e coragem, prudência e sensatez para que se construa uma realidade inclusiva de fato".

            Ousadia para inovar, tendo como recurso as Tecnologias da Informação e Comunicação, como ressaltado por Tavares (2020) já que a afetividade deve ser um fator primordial para o processo ensino-aprendizagem e estas mesmas TICs podem contribuir e muito com este processo.

            Coragem esta para, mesmo com as dificuldades expostas no isolamento social, buscar metodologias ativas para que o educando com NEEs não se sinta desamparado.

            Prudência em perceber que todos nossos alunos são merecedores de atenção, entretanto, os de NEEs necessitam de uma atenção diferenciada devido as suas especificidades, assim sendo, este professor de apoio precisa ser prudente em encontrar os recursos certos para concretizar uma educação protagônica para este educando.

            A sensatez só reforça a sua essência como profissional, que age não apenas pelo amor a profissão, mas também pelo amor ao próximo, fomentando o humanismo e fazendo valer o verdadeiro valor da educação que é o de transformação do ser.

REFERÊNCIAS

SANTOS, Boaventura de Souza. A gramática do tempo. Para uma nova cultura política. Porto: Afrontamento, 2006

SILVA, Fabiana Trevisani; GONCALVES, Eduardo Augusto Vella; ALVARENGA, Kátia de Freitas. Inclusão do portador de necessidades especiais no ensino regular: revisão da literatura. J. Soc. Bras. Fonoaudiol.,  São Paulo ,  v. 24, n. 1, p. 96-103,    2012 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2179-64912012000100017&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  29  jul.  2020.  https://doi.org/10.1590/S2179-64912012000100017.

TAVARES, Wolmer Ricardo Tavares. Educação um Ato Político. Rio de Janeiro: Autografia, 2019.

TAVARES, Wolmer Ricardo. Gestão Afetiva: Sistema Educacional e Propostas Gerenciais. Rio de Janeiro: WAK, 2020.

 

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