Prática de Ensino de Matemática Aliada ao Futebol: O Jogo como Ferramenta Educativa
TEACHING MATHEMATICS ALLIED TO SOCCER: GAME AS AN EDUCATIONAL TOOL
Sérgio Augusto Dias Castro[1], Augusto Everton Dias Castro[2], Manoel Oliveira Castro[3]
INTRODUÇÃO
Entende-se como projeto o plano elaborado para o planejamento, no qual se delimitam os conteúdos a serem abordados, a metodologia de execução, os recursos, a bibliografia de base e a forma de avaliação (DELGADO, 2004).
No ensino-aprendizagem da matemática, a importância na elaboração de um projeto se torna evidente, visto que se trata de uma ciência presente no cotidiano dos indivíduos de qualquer idade ou situação econômica e, apesar disso, nem sempre se consegue despertar o interesse dos alunos para motivá-los à resolução de problemas (BARBOSA; CARVALHO, 2013).
Ribeiro (2004) ensina que o professor de matemática deve lançar mão de situações que sejam, ao mesmo tempo, desafiadoras e interessantes para motivação dos alunos, aumentando sua receptividade. Para isso, o lúdico representa um forte aliado.
Conceitua-se como lúdico
“todo e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer quando ocorre sua execução, ou seja, divertir o praticante. São atividades que não tem como objetivo principal a competição, mas sim a realização de uma tarefa de forma prazerosa, existindo a presença de motivação para atingir seus objetivos. Os princípios fundamentais destas atividades são: a liberdade, a espontaneidade e a gratuidade, ou seja, o lúdico representa liberdade de expressão, renovação e criação do ser humano. Alguns exemplos de atividades lúdicas são: ir ao cinema, ler um livro, dançar, jogar, tocar um instrumento, praticar esportes, entre outros” (PRATA; AMARAL; OLIVEIRA JÚNIOR, 2011).
Um exemplo desse tipo de aproximação é que se o aluno tem aproximação por um esporte, como o futebol, é mais proveitoso que o professor realize associações entre essa prática e os problemas matemáticos, uma vez que está incluída dentro da realidade do aluno (PÊGO, 2013).
A utilização do futebol como estratégia de ensino por meio de modelagem matemática foi percebida como efetiva em diversos conteúdos, tais como medidas lineares, frações, porcentagens, números ordinais e decimais, e em especial a geometria (SOISTAK; BURAK, 2005; SOISTAK; BURAK, 2013; NASCIMENTO; SOUSA, 2011).
Desta forma, acredita-se que ao aliar o ensino de matemática à prática do futebol, serão alcançados resultados mais positivos e maior interesse por parte dos discentes em internalizar fórmulas e conceitos próprios desta ciência.
Elegeram-se como objetivos deste artigo: propor a integração entre o ensino de matemática no ambiente escolar e o futebol; identificar elementos de conteúdo matemático na estrutura do campo de futebol e produzir associação entre os conteúdos observados e a prática de ensino.
JUSTIFICATIVA
A falta de motivação dos alunos para o aprendizado de matemática é objeto de diversas produções acadêmicas, e representa um problema frequentemente relatado pelos professores. Entretanto, por se tratar de uma ciência presente em diversas esferas da vida, é possível a elaboração de estratégias que realizem um paralelo entre os conteúdos a serem trabalhados e atividades recreativas que os alunos pratiquem em seu dia a dia, levando-os a perceber a importância desse conhecimento para seu cotidiano, de forma que o aprendizado se dê de forma menos traumática e mais prazerosa.
DESENVOLVIMENTO
O jogo é uma ferramenta que facilita o desenvolvimento de uma postura mais ativa e motivacional, aproximando o processo de ensino à internalização de atitudes mais positivas frente ao aprendizado. Funciona como diminuidor de bloqueios, e origina um sentimento de maior capacidade em aprender (BORIN, 1998).
Além de proporcionarem maior eficiência nos processos de memorização, levam ao estímulo na resolução de problemas, aprofundam o autoconhecimento, vivenciam situações do cotidiano e aprendem o significado das atividades por meio de sua própria imaginação (MEC, 1997).
Não raro, escolas públicas e privadas possuem em suas redondezas ou em sua própria estrutura física campos e quadras, utilizados diariamente por crianças e jovens para atividades recreativas, em especial o futebol. É de conhecimento popular que o futebol é o esporte mais praticado no Brasil e vem se consolidando como uma atividade esportiva e recreativa para ambos os sexos (FRANZINI, 2005).
Nesse sentido, observa-se que o professor pode aliar os conhecimentos trabalhados em sala de aula com as atividades que os alunos realizam extramuros, no seu dia a dia, de forma a consolidar e internalizar os conceitos, indo além da esfera cognitiva.
É facilmente perceptível a viabilidade de se trabalhar com diversos conteúdos. Inicialmente, propõe-se que se realizem atividades relacionadas os números cardinais e ordinais, a partir da contagem das árvores e objetos ao redor dos campos; após isso, noções de comprimento, como a distância entre uma trave e a outra, a distância entre os jogadores.
Num segundo momento, sugere-se o aprofundamento dos problemas, inserindo-se as operações matemáticas: a soma da quantidade de jogadores, a soma dos gols, a soma da quantidade de galhos das árvores; a subtração do total de pontos de cada time; a divisão entre de jogadores por time; a multiplicação dos pontos de cada time.
Em seguida, será possível, de acordo com o nível dos alunos, serem propostas atividades mais complexas, como o cálculo da área do campo a partir de suas dimensões, a área das traves e de demais figuras de desenho geométrico. Exercícios de proporção do tempo de posse de bola por cada um dos times, por exemplo, também são viáveis.
RESULTADOS ESPERADOS
Acredita-se que resultados esperados para este tipo de intervenção educacional serão de grande valia para facilitação no aprendizado de conteúdos matemáticos por meio dessa prática lúdica, de modo que os estudantes desenvolvam competências que aumentem sua segurança e dinamismo ao enfrentar problemas que demandem raciocínio lógico.
Será possível consolidar esse tipo de metodologia no ambiente desta escola, ramificando-se não somente para outras disciplinas (ciências, geografia, sociologia, educação física, artes...), como também por meio da diversificação dos esportes, uma vez que não só o futebol apresenta características que facilitam o aprendizado.
Espera-se também que haja melhora no comportamento dos alunos, tanto dentro como fora de sala de aula, em decorrência do maior interesse pelo que está sendo trabalhado e da estratégia mais dinâmica que se propõe.
CONCLUSÃO
A utilização de ferramentas lúdicas no processo de ensino aprendizagem demonstra bons resultados. Dentre essas estratégias, o uso de jogos apresenta uma característica peculiar, por ser uma modalidade que está incluída no dia a dia dos alunos. O futebol, em especial, é um esporte bastante difundido e praticado com frequência, o que viabiliza maior identificação e interesse.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, S L. P.; CARVALHO, T. O. Jogos matemáticos como metodologias de ensino aprendizagem das operações com números inteiros. Disponível em:< http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1948-8.pdf>. Acesso em: 22 out. 2013.
BORIN, J. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática. 3.ed. São Paulo: IME/USP, 1998.
MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª série): matemática. Secretaria de Educação. Educação Fundamental. Brasília: MEC/ SEF,1997.
DELGADO, J. A. Metodologia de Projetos e Ensino de Matemática. 2004. Disponível em:< http://delgadoanchieta.com/apostilha.pdf>. Acesso em: 22 out. 2013.
FRANZINI, F. Futebol é "coisa para macho"?: Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Rev. Bras. Hist., São Paulo, v. 25, n. 50, 2005.
NASCIMENTO, F. J.; SOUSA, R. M. N. Futebol e matemática: interação para promoção da aprendizagem significativa. II Congresso Nacional de Educação Matemática. Ijuí, Rio Grande do Sul, 2011.
PÊGO, R. N. O ensino-aprendizagem de matemática através de projetos envolvendo profissões: um estudo de caso no ensino fundamental. Dissertação – Mestrado Profissional em Matemática. Centro de Ciências Exatas, Universidade Federal do Espírito Santo, 2013.
PRATA, A. N.; AMARAL, P. L.; OLIVEIRA JÚNIOR, A. P. Uso de jogos ensino números naturais no ensino fundamental. XIII CIAEM-IACME, Recife, Brasil, 2011.
RIBEIRO, E. F. F. O ensino da matemática por meio de jogos de regras. 2004. Disponível em: <http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/22005/ElcyFernandaFerreiradeSousa.pdf>. Acesso em: 22 out. 2013.
SOISTAK, A. V. F.; BURAK, D. Matemática e Futebol: uma experiência de ensino aprendizagem. III Congresso Internacional de Ensino da Matemática, Canoas, Rio Grande do Sul, 2005.
SOISTAK, A. V. F.; BURAK, D. O futebol: proporcionando o ensino aprendizagem da matemática. Disponível em: < http://dionisioburak.com.br/documents/IEPMEM-Alzenir.pdf>. Acesso em: 22 out. 2013.
[1] Acadêmico de Matemática da Universidade Paulista. Acadêmico de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Piauí.
[2] Enfermeiro. Acadêmico de Direito do Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba. Pós-graduando em Saúde e Qualidade de Vida pelo Centro Universitário Campos de Andrade.
[3] Filósofo. Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica e Gestão de Pessoas.