03/07/2018

Posturas epistemológicas III: Construtivismo genético e Sócio construtivismo.

Por Ivan Carlos Zampin – Professor Doutor, Docente no Ensino Superior, Ensino Fundamental, Médio e Gestor Escolar.

Nos aspectos baseados nas pesquisas, é visto que essas duas tendências em educação diferem entre si. As concepções genéticas construtivistas, advindas de pesquisas de Ferreiro e colaboradores, se atêm ao desenvolvimento do processo cognitivo, assim como, as atividades que as crianças realizam ao se apropriarem da escrita.  O objeto de estudo central é o “ingresso” da escrita, sendo que, o processo progressivo de aquisição da escrita acontece em uma mesma sequência e depende das ações do sujeito referentes à escrita. A interferência das contingências externas nesse processo é vista como atuante na velocidade do desenvolvimento, mas não sobre sua estrutura ou ordem.

Segundo Micotti (2003, p.23-25) o sócio construtivismo aproxima-se dos princípios de Vygotsky; admite que a atividade cognitiva provenha do contexto social, assim sendo, “a princípio ela é atividade social, inter psíquica, antes de tornar-se intrapsíquica”. Além do mais Vygotsky enfatizou a interação social, na ZDP, onde através da interação entre indivíduos de maior e menor conhecimento, ocorre o processo de aprendizagem, dessa forma, a aquisição da língua escrita não é condicionada por um desenvolvimento específico como resultante da reflexão da criança sobre a escrita, nem pelo desenvolvimento geral do pensamento lógico, pois se trata de uma construção social que pode variar segundo o contexto. (CASTORINA, 2000).

Para Micotti (2003), o fato das pesquisas referentes à psicogênese da língua escrita focalizarem as atividades internas dos indivíduos, cria a falsa consciência de que no construtivismo a influência do meio ambiente (ensino) seja deixada de lado. Em decorrência disto pode haver distorções no ensino.

Sobre o assunto, Cuberes (1997, p.23-34), salienta que “a psicogênese restrita à sua expressão mínima tem provocado muito caos, frustração e erros didáticos”, devido à tendência ao uso de fórmulas redutivas e siglas, por muitos professores e até por familiares do aprendiz, em nome da psicogênese, para abordar o ensino da leitura e da escrita, fato que na maioria das vezes ocorre de maneira bastante incerta. Assim, “processo psicogenético pareceu ficar reduzido ao campo da língua”, enquanto, que se revermos o conceito, tanto referente à aprendizagem como ao desenvolvimento, percebe-se que ambos estão ligados “a cada um dos campos de conhecimentos necessários para viver, conviver, comunicar-se, compreender o mundo e criar e construir-se em membro da sociedade”.

No entanto, para ambas as orientações, no que diz respeito á alfabetização inicial “a qualidade e a quantidade de aprendizagem iniciais que as crianças têm, parecem, pois, fortemente afetadas pela presença de materiais, de leitores/escritores e pelo tipo de interação que estabelecem com eles” (TEBEROSKY e RIBERA, 2004, p.55). Logo, percebe-se que o processo de alfabetização engloba um conjunto de fatores para ocorrer.

Por conseguinte, a orientação genética construtivista e o sócio construtivista são admissíveis em sala de aula, pois, ambas são fundamentadas por teóricos conceituados como Piaget (para a primeira) e Vygotsky (para a segunda).

 

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×