PÓDIUM SEM GLAMOUR: Desnudando a Construção de Carreira do Atleta de Alto Rendimento
PÓDIUM SEM GLAMOUR: Desnudando a Construção de Carreira do Atleta de Alto Rendimento
Pampium without glamor: stripping a career construction of the high yield athlete
Edson de Jesus Martins
Graduado em Educação Física pela Faculdade Prebiteriana Gammon (FAGAMMON) – Lavras – MG.
Tiago Cardoso Freire
Graduado em Educação Física pela Faculdade Prebiteriana Gammon (FAGAMMON) – Lavras – MG.
Rafaella Cristina Campos
Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de Lavras (UNILAVRAS) – Lavras – MG.
Docente na Faculdade Presbiteriana Gammon – FAGAMMON – Lavras – MG.
Mestre em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Lavras – MG.
Doutoranda em Administração pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Lavras – MG.
Leandro Veloso Silva
Graduado em Educação Física pela Faculdade Prebiteriana Gammon (FAGAMMON) – Lavras – MG.
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) – Lavras – MG.
Doutorando em Estudos do Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Belo Horizonte – MG.
Giuliano Roberto da Silva
Graduado em Educação Física pela Faculdade Prebiteriana Gammon (FAGAMMON) – Lavras – MG.
Mestre em Biotecnologia pela Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR) – Três Corações – MG.
Doutor em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca (UNIFRAN) – Franca – SP.
Docente na (o): Faculdade Presbiteriana Gammon – FAGAMMON – Lavras – MG; Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS – Alfenas – MG; Centro Mineiro de Ensino Superior – CEMES – Campo Belo – MG.
Resumo
Objetivo: Através do método de história de vida, refletir, descrever e compreender quais são os aspectos pessoais e sociais da construção da carreira de um atleta para alcance do alto rendimento. Métodos: Teve-se como voluntário desta pesquisa um atleta da equipe de Ginástica Aeróbica da Seleção Brasileira. O relato de sua experiência quanto a sua carreira de atleta foi realizado por meio verbal, em que o participante da pesquisa contava sua história mediante questionamentos dos pesquisadores, onde os mesmos gravavam todo o relato. Resultados: Pelo relato, pode-se perceber que o caminho percorrido em busca do sucesso de sua carreira esportiva é demarcado pela busca do equilíbrio na sua consciência corporal, coerência coletiva, e intrinsecamente, a habilidade de se adaptar mediante os estímulos, o que pode ir de contramão da crença do esporte como habilidade inata e na construção da carreira de forma assertiva e planejada. Nota-se que a equipe de atletas funciona como reguladora e desafiadora do comportamento e metas do atleta, tal como uma organização pondera seus colaboradores.
Palavras-chave: Atleta; Construção de Carreira; Carreira Esportiva.
Abstract
Objective: Through the method of life history, reflect, describe and point out the aspects of the company and the construction of an athlete's career to achieve high performance. Methods: It was volunteered for the research of the athlete of the Team of Aerobic Gymnastics of the Brazilian Selection. The report of his experience in his athlete's career was carried out through verbs, in which the participant of the research tells his story based on questions from the researchers, where they recorded the whole story. Results: Through the account, one can perceive that the path traveled in search of the success of his sports career is demarcated by search of the balance in his corporal consciousness, collective coherence and intrinsically, an ability to adapt by means of stimuli, which can Go against the belief of sport as innate ability and career building in an assertive and planned way. It is noted that a team of athletes functions as regulator and behavioral challenger and athlete goals, as an organization weighted their collaborators.
Keywords: Athlete; Career Construction; Sports Career.
1 Introdução
Buscar um plano de carreira no esporte está cada dia mais difícil e concorrido. O termo ‘carreira esportiva’ é entendido como a prática voluntária e plurianual de uma atividade esportiva escolhida pelo atleta, com o objetivo de alcançar altos níveis de desempenho, em um, ou vários eventos esportivos (ALFERMANN; STAMBULOVA, 2007). Assim, o foco deste atleta passa a ser total na carreira esportiva. No entanto, a mudança no seu ritmo de vida é fundamental, a dedicação passa a ser exclusiva ao seu trabalho, sua equipe passa a ser sua família, e sua casa, o clube. Logo, o esporte de alto rendimento se diferencia de outras carreiras pela aposentadoria precoce e, enquanto atleta, dedicação exclusiva. Portanto, para se chegar ao sucesso, separar a vida pessoal da profissional se torna tarefa complicada, pois, consequentemente, uma fica vinculada à outra.
De acordo com Rocha (2010), para o atleta de alto rendimento, buscando o desempenho, existem fatores determinantes para o seu desenvolvimento, nomeadamente podemos identificar como o treino, aprendizagem, suporte familiar, satisfação, recuperação, idade, competência, atributos mentais e habilidades inatas. Todos grandes aspectos ligados à motivação, daí surge a resiliência (elasticidade face à mudança), o conhecimento (de si próprio e do meio) e a (re) construção da identidade (face a identificação com o emprego, a organização, e/ou a classe profissional) (HALL, 1986).
Contudo, a iniciação do esporte no Brasil é um caminho estreito, pois não há estrutura suficiente para formar um atleta que visa competir em alto nível. Sendo assim, na maioria das vezes, cabe a ele mesmo sair em busca de patrocínio, local para treinar e, em grande parte, sair rumo ao exterior em busca de apoio e local adequado para treino. Portanto, chegar ao sucesso não é nada fácil, pois além da influência do meio, o fator psicológico também tem que estar e responder bem.
Lemos, Samulski e Chagas (1997); Menzel, Lemos e Diniz (2000), definem a ginástica aeróbica esportiva como uma modalidade dinâmica, e com altos níveis de exigência física, técnica e psicológica. Há necessidade de dedicação de várias horas de treino, 7 vezes por semana, além de um controle nutricional, para que o atleta estabeleça uma rotina ideal. Sendo assim, ela requer do ginasta um elevado nível de comprometimento, além de força, agilidade, flexibilidade e coordenação. Define-se assim, o quanto é intensa a carreira de um atleta que vivencia ser membro da seleção Brasileira de Ginástica Aeróbica, situação cercada também pelas dificuldades geradas pela distância da família, fator que pode influenciar em seu rendimento.
Neste contexto, pergunta-se: o que é sucesso na carreira esportiva e o que muda na vida de um atleta que atinge o alto rendimento?
Buscando compreensões possíveis para esses questionamentos, os objetivos deste estudo são descrever e identificar quais os aspectos pessoais e sociais que compõem a construção da carreira de um atleta, para alcance do alto rendimento; e identificando também, o quanto a distância da família, e os percalços por outros motivos, podem influenciar no desempenho desse atleta no decorrer de sua carreira esportiva.
2 Métodos
Teve-se como voluntário desta pesquisa um atleta da equipe de Ginástica Aeróbica da Seleção Brasileira. O relato de sua experiência quanto a sua carreira de atleta foi realizado por meio verbal, em que o participante da pesquisa contava sua história mediante questionamentos dos pesquisadores, onde os mesmos gravavam todo o relato.
3 O Relato da Experiência
3.1 O Caminho percorrido: construção da carreira de atleta
Para se entender como se constrói uma carreira esportiva, será a partir desse momento, analisada num movimento descritivo toda a trajetória percorrida por um atleta de alto rendimento da Ginástica Aeróbica da Seleção Brasileira.
3.1.1 Iniciação no esporte: inesperado deslumbramento
O atleta em análise, iniciou-se no esporte praticando natação ainda em seu período escolar, e nesta escola, conheceu também outros esportes, inclusive a Ginástica Olímpica (hoje Ginástica Artística). Depois de sair da Ginástica Artística de sua escola, entrou numa academia também de Ginástica Artística, e ficou por muito tempo. Nesse seu caminho pessoal, tinha o total apoio de sua família.
Bloom (1985), afirma que nos anos iniciais, a presença da família, como fonte de apoio financeiro e emocional, é fundamental para a inserção/manutenção da criança na modalidade esportiva. Em geral, para a criança, a noção de aceitação dos benefícios do esporte, e a motivação para iniciar e continuar dependem do apoio da família (PALLA, 2001). Nos estudos de Csikszentmihalyi; Rathunde e Whalen (1993), os autores afirmam que os pais, nesta fase, contribuem principalmente com o apoio financeiro/motivacional, como despesas com materiais, viagens, e melhores condições de treinamento, se tornando fundamentais para o desenvolvimento de seus filhos. Tal apoio garante a manutenção da atividade dos filhos em relação aos mais variados aspectos, como os motivacionais, a realização e o comprometimento.
Nesse processo, o atleta em estudo tinha o total apoio de sua família. Paralelamente à Ginástica Artística, conheceu a Ginástica Aeróbica, onde praticou as duas modalidades, porém, depois de participar de campeonatos e treinamentos fechados, foi que começou a ver que não iria conseguir dar prosseguimento, se não mudasse de Natal, cidade onde morava. Logo, desistiu da Ginástica Artística, o que foi um ‘baque’ para a família, que já não mostrava mais o mesmo apoio, pois achavam/esperavam que ele fosse como Diego e Danielle Hipólito, Daiane dos Santos, Arthur Zanetti ou Arthur Mariano, que são grandes nomes da Ginástica Artística, e que naquela época estavam no auge de suas carreiras, o que podia ser acompanhado pelos meios de comunicação, e pela mídia em geral.
Para Neto (2008), a mídia pode influenciar atletas de forma positiva e negativa, assim como pode surgir com exemplos negativos de modelos de condutas antidesportivas e negativas, pois, é através dela, que ídolos e esportes surgem e são consagrados. Percebe-se então, que ao mesmo tempo em que a mídia influencia os torcedores e os atletas, especialmente os jovens que estão iniciando sua carreira, ocorre uma influência direta dos meios de comunicação sobre o aprendizado dos atletas mais jovens (MACHADO, 2009).
Com o desenvolvimento da tecnologia e das novas mídias, a exposição de atletas ficou cada vez maior, e isso ressalta cada vez mais, o esporte que eles representam, assim, as pessoas poderão aceitá-los e copiá-los, transferindo as ações do mundo dos esportes para o seu cotidiano (NETO, 2008).
Diante do contexto restritivo que se apresentava, o atleta em pesquisa, transferiu toda sua dedicação a prática da Ginástica Aeróbica, e se mudou para São Paulo, porém, não deu muito certo, e se viu obrigado a voltar para Natal sua cidade, e foi o tempo necessário para entrar na faculdade. Tornou-se treinador, ainda sendo estudante de Educação Física, e na atuação como atleta, conseguiu participar de campeonatos. Foi quando ficou mais próximo de seu atual treinador, que naquela época, já tinha uma equipe de ginástica atuante no cenário esportivo e já bem estruturada, que levou a acontecer o convite para participar e integrar essa equipe. Ele queria ter seu próprio treinador, pois, queria representar seu país em algum campeonato nacional e internacional.
A relação entre os dois atores dessa realidade (técnico e atleta) é ponto capital para o desenvolvimento do atleta de elite em todas as fases, mesmo que os termos dessa relação se modifiquem, como a mudança das exigências da figura de um treinador líder e companheiro, para a figura do treinador com qualificação de excelência (DURAND-BUSH; SALMELA, 2002). Sendo considerado um componente ativo e importante do ambiente esportivo, o técnico influencia o processo motivacionalatravés dos fatores ambientais (incentivo para o sucesso, orientação para a prática), tentando através destes, promover alterações favoráveis ao desempenho, além de buscar a promoção das mesmas alterações positivas, nos aspectos que correspondem aos fatores pessoais (autoconfiança, autoeficácia e autoestima) de cada atleta (ARGIMON et al., 2006).
O reconhecimento do técnico, pelo esforço, competência e real capacidade do atleta, é evidente em alguns momentos do discurso dos participantes, o que demonstra a real importância desse fator para a efetiva continuidade, participação e dedicação dos mesmos à prática esportiva, pois tal fato reforça alguns estados de ânimo, como a alegria, e reduzem os níveis de ansiedade dos atletas (BECKER JUNIOR, 2002; MAGEAU; VALLERAND, 2003).
No caso do atleta em pesquisa, que dentre as muitas dificuldades enfrentadas, passou por dificuldades financeiras, pois, precisava trabalhar para se manter, comprar passagens, também enfrentou a superação de lesões e dores causadas pela sobrecarga de treinamento. A idade (já com 29 anos, que é uma idade considerada avançada para este tipo de modalidade), também foi um obstáculo para seguir seu caminho. Teve que fazer várias abdicações deixando de ver sua família, amigos, e a sua namorada. Situações superadas pelo que considerava sua maior conquista, estar competindo numa equipe, treinando bem, assim como, ganhando títulos, que é o resultado final desse esforço.
3.2 O Esporte como profissão e trabalho
Ferreira Filho, Nunomura e Tsukamoto (2006), citam o fato da prática esportiva, na atualidade, possuir uma característica altamente seletiva, ou seja, se sustentam na carreira esportiva apenas aqueles que reúnem essas qualidades e características que, quando associadas ao treinamento sistematizado, podem atingir o sucesso em determinada modalidade. Sendo assim, o esporte é definido por Guttmann (1978), como forma genuína de adaptação à vida moderna, e pode ser entendido como um tipo de trabalho disfarçado e desmoralizante. Logo, o esporte se tornou ferramenta chave para divulgação de produtos e marcas, ou seja, introduzindo fortemente o poder do capitalismo, vencer, passou a ser uma obrigação do esportista. E para que o atleta consiga algum tipo de patrocínio, deve estar sempre presente no pódium. Nesse sentido o fato de ser e se tornar campeão e admirado por todos, ter/adquirir um status perante a sociedade, e ser reconhecido nacionalmente, e até mesmo mundialmente, faz com que esse atleta viva para o esporte. Contudo, muitos querem mudar sua condição social, e até mesmo ajudar sua família a ter uma vida tranquila, entretanto, seu trabalho é sua vida, sem poder diferenciar as atuações de sua vida pessoal, e de sua vida como atleta da Seleção Brasileira.
Sendo assim, para amigos, familiares e pessoas a sua volta, o atleta fortemente é visto como ídolo, e se diferencia de qualquer outra pessoa, passando a ser um espelho para todos. Segundo, Brohm (1993), o esporte se apresenta como uma preparação da força de trabalho, para o trabalho industrial capitalista, uma vez que difunde para os indivíduos, desde muito cedo, o princípio do rendimento e produtividade, fazendo funcionar o corpo de acordo com os princípios tayloristas, implantando uma moral do esforço e do trabalho, contribuindo para a manutenção da exploração de classes.
Em todo nível de prática do esporte, deve haver um motivo que leve uma criança a optar por determinada modalidade esportiva. No entanto, tem-se que abdicar de todo o processo que uma criança passa/percorre em sua infância, para buscar o sucesso, que pode influenciar em seu futuro, quando se busca um plano de carreira. Quando se pensa em alimentação e treino, passa a ficar complexo, pois tudo é regrado o tempo todo, e se torna uma rotina estressante. No entanto, Miranda e Ribeiro (1997), citam que as altas cargas de treinamento, e as constantes competições criam uma rotina de vida, que faz com que os atletas mantenham um estado motivacional significativo para cumprirem suas tarefas de forma relevante. Entretanto, mudar a rotina de uma criança ou adolescente, não quer dizer que ela vá chegar ao sucesso, pelo contrário, muitas delas não conseguem alcançar o mais alto nível que o esporte oferece.
Logo, todo o esforço feito pela família pode se transformar em frustração. Em todo nível de prática do esporte deve haver um motivo que leve a criança a optar por determinada modalidade esportiva (WEINBERG; GOULD, 2001). Portanto, mesmo com todo o risco, os pais ao tomarem esse tipo de decisão por seus filhos, devem compreender que podem comprometer o futuro dos mesmos.
3.3 Por traz dos saltos
Para se tornar um atleta de alto nível, passa-se por momentos inesperados, situações que obrigam a mudar estímulos e sentimentos a todo o momento, por ter que encarar a vida de outra forma. Para se ingressar no esporte e formar uma carreira de atleta, exige-se, além de tudo, força de vontade do ser humano, pois a carreira torna seu trabalho, por estar inserida no seu dia a dia, além de exigir altos resultados nos rendimentos diários. Afim da busca de sustento para a família, e também se estabilizar financeiramente no futuro, a procura pelo esporte é uma das alternativas. Porém, muitos não sabem as dificuldades que serão encontradas.
Desde a iniciação, até a aposentadoria, a carreira esportiva passa por diversas fases,os atletas passam por processos de captação e seleção, longos períodos de formação envolvendo treinamento e competições, socializam-se no ambiente esportivo, alcançam ou não o alto nível, e finalmente, cessam a prática sistemática do desporto (SALMELA, 1994). Assim, o atleta acaba passando por tempos de exigência máxima de seu corpo e mente, para conseguir permanecer neste tipo de rotina.
De modo geral, os atletas de elite percorrem três estágios: iniciação, especialização, e aperfeiçoamento e desenvolvimento do talento, e somente alguns, vivenciam o quarto estágio, que é a manutenção (BLOOM, 1985; DURAND-BUSH; SALMELA, 2001).
Para o atleta em questão não foi diferente, pois teve um início conturbado, tinha que ficar mais tempo na escola para poder acompanhar outras modalidades esportivas, também precisou ingressar em outros esportes, participar de escolinhas, para que então pudesse se instalar no esporte que almejava que era a Ginástica e mais tarde a Ginástica Aeróbica. Chegou a praticar vários esportes no mesmo período para poder acompanhar como se dava o alto rendimento, chegou a se inserir numa equipe de Ginástica Artística, um dos ramos que queria para o seu futuro, pois fazia parte da Ginástica Aeróbica. Porém, esta equipe era só de praticantes do sexo feminino, onde a então treinadora, deixava que participasse somente porque ele gostava muito.
A experiência proporcionada pela diversidade de modalidades esportivas ou multiesportivas experimentadas, tanto no clube quanto na escola, é o modelo de experiência na iniciação esportiva, caracterizador do processo de formação do atleta no contexto brasileiro. A escolha dos esportes dentro dessa fase é orientada pelo gosto, pelas possibilidades de prática nas escolinhas do clube, ou pelo projeto pedagógico da escola. Portanto, mesmo sendo um processo sem mecanismos de controle ou planejamento em suas diretrizes, a vivência multiesportiva é, marcadamente, um fator social na formação do atleta de elite no país (PLATONOV, 2004).
O atleta tinha muito medo de sair de sua cidade e deixar sua família, e já sabia teria de ir para longe, para lugares onde ele pudesse ter mais acesso a modalidade do esporte escolhido. A dificuldade financeira foi uma das maiores dificuldades que passou, porém, sempre trabalhava e estudava para obter um retorno para pagar suas contas, e também para participação nas competições. Os vários tipos de lesões também foram obstáculo, fazendo com que assim, muitas vezes treinasse com dores. Deixou de ver seus amigos, seus familiares, e sua namorada, momentos restritos as férias de fim de ano, ou quando não havia competições. Mas sua idade também foi um fator determinante, por ter começado tarde a prática e especialização da Ginástica Aeróbica. O esporte em geral, exige que se tenha um longo período de prática, além de ter um início bem precoce.
O apoio financeiro também se torna um fator determinante para a carreira de qualquer atleta, de qualquer modalidade esportiva, principalmente, vindo de patrocínios, pois, gera ao atleta, uma motivação e oportunidade efetiva para que siga na sua carreira. Esse fato também foi observado por Vieira (1999), em seu estudo realizado com adultos jovens, onde os atletas e ex-atletas relataram as dificuldades de se manter e se dedicar exclusivamente à carreira esportiva, sem patrocínio e sem ajuda dos clubes e órgãos públicos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao reconhecer e analisar todo caminho percorrido em busca do sucesso na vida de uma pessoa que tem o sonho de se tornar um atleta profissional e de alto rendimento, observa-se que a trajetória a percorrer tem sempre altos e baixos, resta saber o quanto se está focado em seu objetivo, para trilhar esse caminho até o final, uma vez que para todo e qualquer ser humano, chegar a autorrealização é algo satisfatório por toda a vida. Pois, além de conseguir mudar a sua própria condição social, também consegue alavancar, de certa maneira, todos à sua volta.
Entretanto, observou-se que um dos maiores problemas enfrentados pelo atleta foi à distância da família e amigos, então aprender e saber conviver com isso, já é um bom passo. Contudo, o sucesso pode variar de pessoa para pessoa, pois, para um atleta, chegar à Seleção Brasileira de Ginástica Aeróbica, pode ser considerado o resultado mais alto que se pode atingir. Já para outra, uma casinha simples no campo é o que traz/trará felicidade.
No entanto, o sucesso esportivo é muito amplo para defini-lo de maneira geral e simplificada, e junto a ele, pode-se acrescentar também todo um caminho de sofrimentos e abdicações, seja física ou psicologicamente, duas vertentes complicadas de se entender tão facilmente. Logo, observa-se também que o meio tem influência para definir essas duas palavras, sucesso e sofrimento, pois, a individualidade vai se conceituar e se definir de forma diferente para cada um.
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