11/07/2024

Plataformização na Educação e as Desigualdades no Ensino

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

A Plataformização na educação está sendo um dos pilares do capitalismo de vigilância, que é uma parte do capitalismo que visa a exploração econômica de dados pessoais por meio da vigilância digital focando assim a monetização desses dados tendo como fulcro fins comerciais e de influências.

No capitalismo de vigilância, são coletadas grandes quantidades de dados pessoais dos usuários tendo nas plataformas digitais as principais bases de fomento destes dados, e por meio deles, torna-se possível análise e utilização para publicidades direcionadas, prever comportamentos, moldar preferências e influenciar nas decisões de consumo, por isso as plataformas são bem vistas, já que são as grandes provedoras desta mercadoria valiosa que é vendida e negociada entre empresas para fins lucrativos.

Obviamente que nesta economia, a relação com a privacidade do usuário fica em segundo plano ou simplesmente é ignorada, mas “os fins justificam os meios” sempre no capitalismo e por isso as plataformas digitais têm sido instigadas na educação, todavia, elas têm proporcionado uma gritante desigualdade no ensino, mas isso é apenas um detalhe, já que a moeda da vez são os valiosos dados que elas proporcionam.

Assim como o capitalismo de vigilância, a plataformização na educação tem moldado comportamentos, expectativas sociais e educativas dos educandos.

É notório perceber que cada educando tem a sua especificidade e obviamente o professor tem essa percepção e atua em sua disciplina fazendo alguns ajustes para que o processo ensino-aprendizagem transcorra de forme efetiva.

Interessante pontuar que a plataformização diverge de tudo que Paulo Freire pregava, por ser uma forma de padronizar o ensino além de instigar o ensino bancário, desconsiderando a realidade, experiência e vivência do educando.

Para Barbosa e Alves (2023)[1], a plataformização tem intrínseco nela a mercantilização e padronização da educação e serve como “motor de uma racionalidade permeando o cenário político, social e econômico em consonância” com os ideais neoliberais.

Por meio da plataformização da educação perde-se a autonomia do professor e do educando, subtrai-se as aulas preparadas para uma turma específica e coloca-se uma aula padronizada, desconsiderando a realidade de cada aluno com aulas preparadas por “profissionais” que desconhecem a realidade da escola e alheios a verdadeira função do ato de educar.

A plataformização na educação tem toda uma perspectiva neotecnicista com ações pragmáticas e utilitárias, abstraindo o aluno do verdadeiro pensar, fazendo dele mais um domesticado e subalterno que atenderá as demandas de uma elite sem ao menos questionar o seu status quo.

 

[1] BARBOSA, Renata Peres; ALVES, Natália. A Reforma do Ensino Médio e a Plataformização da Educação: expansão da privatização e padronização dos processos pedagógicos. e-Curriculum,  São Paulo ,  v. 21,  e61619,    2023 .   Disponível em <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-38762023000100120&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  10  jul.  2024.  Epub 13-Nov-2023.  https://doi.org/10.23925/1809-3876.2023v21e61619.

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