22/04/2021

PL 948//21 uma Afronta a Constituição

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

O Covid-19 derrubou a máscara de muitos políticos sobressaltando desta forma a falta de ética e humanidade. Em relação aos parlamentares de Minas Gerais, estes passam a ser um dos piores exemplos, já que foi na Câmara dos Deputados que a PL 948/21[1] foi criada.

Ela altera a redação do art. 2º da Lei nº 14.125, de 10 de março de 2021, e dispõe sobre a aquisição e distribuição de vacinas por pessoas jurídicas de direito privado.

Metaforicamente falando, o Brasil virou um verdadeiro Titanic e a cena triste deste filme é a elite se salvando com os botes salva-vidas e a multidão, representada pelo povo sendo trancafiado nos porões do navio e os poucos que conseguem escapar chegando à proa do navio, ficam frustrados por não poderem entrar em tais botes, misturando-se com a nata da sociedade da época, tendo que saltar a mar aberto e contar com a sorte.

Assim está o povo brasileiro, contando com a sorte, pois o Covid-19 está dizimando vidas, o que já ultrapassam 375mil mortes por triste negligência, e o povo a contar com a sorte, de que, caso pegue, não necessite ser hospitalizado.

Estes políticos em momento algum representam o seu povo, pois se assim fizesse, a PL948 seria para uma obrigatoriedade em se vacinar mais pessoas em menos tempo ou em firmar parcerias com outros laboratórios para não só agilizarem como também efetivarem a imunização de todos os cidadãos.

Os políticos da Câmara de Deputados de Minhas Gerais, querem que os ricos se vacinem primeiro, ou seja, eles querem escolher quem merece viver ou morrer, e obvio, o pobre para eles é apenas uma peça a ser descartada no tabuleiro da sociedade, impondo desta forma que empresários passem na frente de grupos prioritários quanto a imunização em relação ao Covid-19.

Por isso a educação tem que ser politizadora, pois enquanto pregarem a falácia de uma escola sem partido, teremos ações assim, ações estas que negligenciam o povo e o faz sentir a dor de sua ignorância, pois só quem está perdendo entes queridos nesta pandemia poderá saber da dor sentida e dos sonhos desfeitos.

A falácia citada acima serve também para justificar suas arbitrariedades. Dito isso, pode-se perceber nas falas de Rios em seu livro Ética e Competência, publicado pela Cortez em 1993 que a escola tem uma missão política e esta só será cumprida não quando houver em seu interior um discurso sobre política, mas quando, na sua própria prática educativa, conseguir preparar o seu educando para a vida da polis, para a compreensão da totalidade social no qual o educando encontra-se inserido.

Por isso que políticos são contra a politização de seus alunos. Desta forma encontramo-nos presos a uma tênue linha do autoritarismo, pois Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007 é enfático ao esclarecer que um governante é dito autoritário quando este governa de acordo com princípios estabelecidos por ele próprio ou apenas um grupo social capaz de lhe dar sustentação política, e é justamente isso que está acontecendo.

Interessante perceber o quanto precisamos evoluir, tanto no quesito político e ético, quanto no quesito humanitário, pois Rodrigues em seu livro Ética e Cidadania, publicado pela Moderna em 1994, ressalta que para um país mudar, não será pela sua economia, pela política e tampouco pela ciência ou tecnologia.

Para o autor, o que faz um país mudar é pela sua cultura e o que define o futuro de um país são as propostas de humanidade, e é justamente o que falta em nossa política.

Esta humanidade só será alcançada através da educação, o que é corroborado por Delors em seu livro Educação: um tesouro a descobrir, publicado pela Cortez em 2001 quando esclarece que a educação é vista como um trunfo indispensável à humanidade para que se possa construir um futuro embasado na paz, liberdade e justiça social, e justiça social é justamente o que estes parlamentares não aplicam.

Que a educação possa fazer nascer em nossos educandos todo o senso crítico que seja possível em um cidadão. e assim, perceber quem são os políticos que representam mal o povo e tirá-los do poder, desta forma, quem sabe, alguns possam ser julgados por crimes cometidos em suas atividades parlamentares mas que conta com os braços fortes da nossa cega e falível justiça e ser sua cúmplice através da "impunidade" parlamentar.

 

[1] Para mais informações vide https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2274204

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