PET ou Aulas OnLine?
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Ano letivo está prestes a acabar e o isolamento social ressaltou ainda mais a diferença entre o ensino público e privado.
Escolas privadas puderam dar continuidade ao ensino de forma remota, com aulas online e atendimentos pedagógicos sempre que necessários, sem perder muito a qualidade, apesar de nada substituir as aulas presenciais.
Em contrapartida, as escolas públicas devida a sua deficiente infra-estrutura e ao perfil sociocultural e econômico de seus educandos, não conseguiram manter um padrão aceitável das aulas, coisas que não eram conseguidas nem em aulas presenciais devido ao próprio sistema em si, que se faz indiferente com as demandas dos professores e da comunidade, apesar de esforços hercúleos destes professores que lecionam por paixão a profissão.
O Plano de Estudo Tutorado - PET, remete-nos aos cursos por correspondência, conhecidos hoje como primórdios dos cursos a distância.
Camila Rodrigues[1] esclarece que os mais procurados eram Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro, e as inscrições eram feitas em cupons de revistas tendo em tal época, mais de 10 mil matrículas por mês.
As pessoas recebiam o material, faziam a prova e enviavam e caso aprovadas, recebiam os certificados. Isso exigia estudos autônomos e existia uma forte motivação, que era aprender uma função, já que a área da eletrônica industrial tinha uma maior demanda.
Hoje temos os PEts, que são praticamente apostilas contendo todo conteúdo que seria ministrado em aulas normais, porém, quase sempre sem a explicação online do professor quanto ao conteúdo e um agravante é que muitos materiais se resumem a recortes da internet e plágios, pois nem todos são dados os devidos créditos aos autores.
Outro agravante é que estes PETs não respeitam as especificidades de seus educandos e tampouco o perfil da escola, já que trata-se de um conteúdo uniformizado sem levar em consideração as características implícita na tanto no corpo docente quanto discente.
Obviamente, ficará difícil avaliar o processo ensino-aprendizagem do educando, mas é uma forma de não deixá-lo a deriva quanto ao ano letivo, fazendo-o perder por completo.
Em relação as escolas privadas, entra a questão de alguns pais que as vezes se deixa levar pela mesquinharia, já que têm uma concepção totalmente errônea do processo ensino-aprendizagem e acredita que, por estar online o aluno não aprenderá.
Como forma de economizar, vislumbra colocá-lo em uma escola pública caso o ano letivo continue com o isolamento, mas se esquece de que educação não pode ser visto com gasto e sim como investimento.
Vamos aos fatos, realmente o aluno não aprenderá enquanto estes pais estiverem fazendo as atividades com seus filhos ao invés de incentivá-lo a fazer por si só, desenvolvendo neste uma autonomia e concomitância, uma maturidade como ser humano.
São justamente estes pais que ao invés de contribuírem com o desenvolvimento de seu filho fomenta a insegurança, indisciplina em relação aos compromissos com a escola e até métodos escusos, já que os mesmos fazem a prova com e/ou para o filho, tendo a nota uma referência. Ledo engano.
Quando as aulas voltarem ao normal, estes mesmos alunos que tiraram boas notas, tirarão notas medíocres e com certeza a culpa cairá nos ombros dos professores que não ensinaram, e estes pais que apontaram com dedos em riste, se esqueceram de sua omissão e falta de ética quando ajudou ou fez a prova para seu filho.
Enfim, este texto apresenta duas realidades distintas, entretanto, a diferença será em como o aluno encarará isso, independente a natureza de sua instituição, pois ele é o agente mais importante neste processo e seu futuro dependerá mais dele do que de terceiros.
[1] Para mais informações vide https://educacao.uol.com.br/noticias/2012/05/16/cursos-por-correspondencia-hoje-em-desuso-recebiam-mais-de-mil-cartas-por-dia.htm