29/08/2014

Pesquisas utilizam microrganismos para gerar produtos químicos

Pesquisas da Embrapa Agroenergia buscam contribuir para o desenvolvimento da cadeia produtiva do biodiesel

 

Bactérias, fungos filamentosos e leveduras podem transformar fontes de Carbono em diversos produtos. Um bom exemplo é a fermentação de açúcares, transformando o caldo da cana em etanol, que acontece em usinas pelo interior do País.

Pesquisadores da Embrapa Agroenergia, localizada em Brasília (DF), estão apostando nas habilidades de microrganismos para transformar em produtos com alto valor agregado a glicerina, principal coproduto da produção de biodiesel. O desafio é encontrar espécies que utilizem esse material como fonte de carbono e produzam de modo eficiente compostos de interesse da indústria.

Na primeira etapa da busca, os cientistas analisaram cinco mil linhagens de bactérias e leveduras. O trabalho, financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq), durou dois anos e resultou na seleção de dez linhagens promissoras.

O pesquisador líder da iniciativa, João Ricardo Moreira de Almeida, conta que as cepas selecionadas mostraram-se capazes de produzir, entre outros, butanodiol, propanodiol e ácido lático. Tais produtos já são utilizados na indústria química, especialmente na fabricação de plásticos, solventes e insumos para o setor automobilístico.

Trabalho paralelo foi desenvolvido em 2012 pela também pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Mônica Caramez Triches Damaso, durante pós-doutorado no Instituto Militar de Engenharia (IME/RJ). Nessa pesquisa, ela testou fungos filamentosos e duas linhagens foram capazes de consumir a glicerina gerando sorbitol e xilitol, que são utilizados nas indústrias química, alimentícia e farmacêutica.

Novo projeto

Com esses resultados em mãos, a equipe está iniciando um novo projeto, também com recursos do CNPq, no qual os estudos com os doze microrganismos considerados promissores serão aprofundados. Um dos desafios é produzir em volumes maiores o que foi obtido em pequenos frascos nos laboratórios. "Nós vamos aumentar a escala de produção até chegarmos aos biorreatores de bancada", diz Mônica.

Além de aprofundar os estudos sobre os microrganismos já selecionados, a equipe vai buscar outras linhagens capazes de converter glicerina em produtos químicos. Para identificar as substâncias produzidas, será utilizada espectrometria de massas. A principal vantagem dessa técnica instrumental de análise é o fato de ser mais sensível e seletiva do que outros métodos. Já para quantificar as substâncias será utilizada cromatografia líquida.

Outra novidade do projeto é a avaliação do desempenho dos microrganismos em glicerina obtida da produção de biodiesel com óleo de dendê e comparação dos resultados gerados com o coproduto da fabricação do biodiesel de soja. Atualmente, mais de 70% do biodiesel brasileiro tem como matéria-prima o óleo da soja, mas, com o aumento do consumo, há a expectativa do uso do dendê para ajudar a suprir o mercado.

A produção de biodiesel gera grande quantidade de glicerina. Para cada 90m³ do biocombustível obtidos, são gerados 10m³ do coproduto. No Brasil, atualmente, ela tem sido queimada em caldeiras para gerar energia ou exportada na forma bruta. A expectativa é que a obtenção de produtos químicos com maior valor agregado contribua para o desenvolvimento da cadeia produtiva do biodiesel. "Nós esperamos gerar tecnologia que possa ser usada nas indústrias, no conceito de biorrefinarias", explica Mônica.

Sobre a Unidade

Localizada em Brasília (DF), a Embrapa Agroenergia atua na pesquisa, desenvolvimento e inovação de processos de conversão da biomassa em biocombustíveis e diversos outros produtos que agreguem valor às cadeias produtivas da agroenergia no Brasil e promovam a sustentabilidade. Também desenvolve estudos de genética e biotecnologia de culturas agrícolas com potencial energético.

Fonte: Embrapa 

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