20/04/2018

Pesquisa Tendenciosa?

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            A criticidade deveria ser uma meta a ser alcançada pela educação pública, mas esta mesma educação na verdade, quer seus educandos dóceis e totalmente domesticados, facilitando a sua alienação e manobra para o que a sociedade achar de direito.

            Infelizmente, uma força contrária a dos educadores que convergem com os princípios de uma educação de qualidade, tenta através do poder da mídia através da manipulação, publicar pesquisas tendenciosas, justificando manobras errôneas e fazendo-as parecer como a ação mais sensata e plausível.

            A Folha de São Paulo[1] publicou um absurdo dizendo que "filosofia e sociologia obrigatórias derrubam notas em matemática". Apesar de tal pesquisa ter sido feita por dois doutores renomados (ambos na área da economia), a mesma chega a ser uma afirmação precipitada.

            Quando nós professores de metodologia científica começamos a lecionar esta disciplina direcionando nossos alunos para um trabalho de cunho cientifico, os alertamos para o "cuidado com generalizações inconsistentes", e isso geralmente tende a acontecer, visto que, apesar do recorte feito pelos pesquisadores, pode-se dizer que é uma afirmação um tanto precipitada.

            O intuito aqui não é colocar em xeque o conhecimento dos pesquisadores e tampouco desacreditá-los, afinal de contas, este trabalho poderá direcionar a outros pesquisadores sérios a desvendar de forma inquestionável os porquês das notas abaixo do esperado em relação aos exames anteriores.

            Nunca poderemos desconsiderar outras variáveis de peso até mesmo maior que as disciplinas de filosofia e sociologia, disciplinas estas que tem o poder de fazer com que nossos alunos se tornem cidadãos críticos, questionadores da realidade e protagonistas.

            Algumas variáveis que não poderiam ser descartadas são: Como era o sistema de ensino antes e como é agora? Como era o critério de aprovação/reprovação? Incentivo e acompanhamento dos familiares? O do ensino de matemática está ligado ao contexto do aluno? Os profissionais que lecionam a disciplina têm licenciatura na área? Outras varáveis de mesma importância devem ser analisadas e não é intuito aqui relatar todas, mas o fato é que a afirmação desta reportagem é totalmente precipitada e tendenciosa, visto que já é plano do governo (efetivado em algumas regiões) a tal reforma que corta tais disciplinas e isso mostra uma forma de justificar tal corte.

            Poderemos até fazer uma analogia, e pedir para uma fabricante de refrigerante fazer uma pesquisa para demonstrar se a criança que consome refrigerante é ou não saudável em relação a quem não consome. Imagine qual seria o resultado desta pesquisa vindo de uma renomada marca de refrigerantes?

            Pesquisa por pesquisa, prefiro dar crédito a pesquisadores ligados a educação, como feita pelo mundo educação, Portal Educação e até mesmo muitas outras publicadas em um acervo de renome como SciELO (Scientific Electronic Library Online).

            Assim sendo, vale ressaltar que apesar dos esforços da Folha de São Paulo publicar uma "pesquisa" justificando um ato insano e estólido de governantes para facilitar a manipulação da massa, preferimos ficar com as anteriores de que as disciplinas de filosofia e sociologia são essenciais para o desenvolvimento de nossos educandos.

 


[1] Para mais informações vide https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2018/04/filosofia-e-sociologia-obrigatorias-derrubam-notas-em-matematica.shtml       .

 

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