19/10/2022

PEerda da Melanina no Fio de Cabelo Por Fatores Genéticos

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MENDONÇA, João Paulo Santos Neves.*;

ANDRADE, Ana Fernanda.**;

GIOTTI, Emilly.**;


* Professor Orientador. Docente na Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste. Mestre em Ciências da Educação. Especialista em Docência do Ensino Superior. Graduado em Química e Pedagogia.

**Graduandas pela Universidade de Cuiabá – Campus Primavera do Leste.


      A história da beleza pode estar ligada à história humana. Os primeiros relatos de uso de cosméticos datam de 30.000 anos - humanos pré-históricos, tatuagens e pinturas corporais, e tinta de suco de folhas, solo e casca de árvore. Por viverem em uma área muito rica em recursos naturais, são utilizados na produção de cosméticos, sendo os egípcios apontados como os primeiros a aplicar cosméticos no cotidiano em larga escala (SHUELLER, 2002).

      Incenso, cremes e unguentos foram encontrados no túmulo de Tutancâmon (1346 aC - 1327 aC), então, segundo a tradição, o faraó permaneceu bonito após sua morte. Cleópatra, símbolo da beleza, costumava banhar-se em leite de cabra para manter a pele hidratada e macia (MURUBE, 2013). Na Grécia antiga, Platão (428-347 aC) foi o primeiro a colocar a questão da beleza. Ele argumenta que a beleza de todos é diferente.

      A ideia do que é belo está relacionada ao que é bom, e a categorização é uma questão de estilo, pois todo objeto assume uma forma de beleza. Sócrates também questionou o tema da beleza, argumentando que a beleza é definida pelos sentidos de cada indivíduo (GREUEL, 1994). Os salões de cabeleireiro surgiram na Grécia antiga. Os estudiosos usam o local para conversar sobre política e assuntos cotidianos, enquanto fazem massagens e cuidam dos cabelos e unhas (VITA, 2008).

      A importância do cabelo na dinâmica social das diferentes sociedades é observada desde o antigo Egito. Mesmo com a religião, os fios podem estar ligados, pois teólogos judeus, muçulmanos e até alguns cristãos veem o cabelo de uma mulher como uma ferramenta de sedução. Portanto, deve ser coberta para não ser uma tentação para os homens, e deve ser mostrada apenas ao marido. Outro fato interessante ocorre nos templos hindus, onde os cabelos são doados em troca da graça de Visnu, o deus da manutenção do universo (LEACH, 1983). Para eles, o barbeiro desempenha até mesmo o papel de casamenteiro, pois é ele quem cuida da aparência do indivíduo (EDWARDS, 2008).

      A palavra galênica surgiu na época romana graças ao médico grego Cláudio Galeno, que começou a produzir produtos químicos por meio de pesquisas científicas. Galenic significa "extraído de vegetais, não preparado a partir de produtos químicos puros", e este princípio desenvolvido no País de Gales levou à criação de um emulsificante chamado Unguentum Refrigerans à base de cera de abelha, o precursor dos modernos cremes para a pele. Higiene à parte, as Termas Romanas também devem ser lembradas como um encontro social e político de pessoas influentes da época.

      Anos depois, porém, esses banhos foram condenados pela Igreja Católica como imorais (KADUNC et al., 2012). Acompanhando a Idade Média veio “500 anos sem banhos”, termo usado para descrever um período em que as formulações cosméticas e as práticas de higiene desapareceram antes disso. O cristianismo foi o maior supressor das práticas de banho ornamentais ou aristocráticas, consideradas imorais pela Igreja Católica.

      O streetwear e o descaso com a saúde tornaram-se comuns, pois ter um corpo forte era sinônimo de beleza e riqueza. Perfumes fortes são comumente usados ​​para mascarar odores desagradáveis ​​porque o ato de tomar banho é mínimo ou inexistente. A volta dos cuidados com a beleza só aconteceu nas Cruzadas e foi bem retratada pelos pintores da época, com retratos de mulheres sempre claras e de pele delicada, saudáveis ​​e sem sobrancelhas, como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci. No entanto, a falta de higiene persistia e as novas fragrâncias pareciam mascarar o cheiro desagradável.

      Nos séculos XVII e XVIII, a cosmética ainda existia no quotidiano da sociedade e era indispensável à aristocracia europeia. O uso é exagerado: toneladas de maquiagem e grandes cachos podem ser vistos na rua. No entanto, persiste o hábito de banhos pouco frequentes, o que aumenta ainda mais a Grande perfume que impulsionou a economia francesa durante o reinado de Luís XIV. Essa correlação também pode ser observada na política europeia do século XVIII, onde a aparência de uma mulher espelhava a de seu marido. Portanto, quanto mais cabelo e roupas você produzir, mais forte seu cônjuge deve ser (WEITZ, 2004).

      No final do século, os puritanos ressurgiram com seus ideais intolerantes de cosméticos bonitos e opressivos, auxiliados pelo Parlamento britânico, que considerava qualquer uso de perfumes, ornamentos, espartilhos de ferro, saltos altos, almofadas de quadril, em seu casamento seria considerado um traidor e será punido por lei contra a feitiçaria. Somente com o advento da era moderna será possível retornar à moda cosmética e salvar sua popularidade.

      Após a Primeira Guerra Mundial, as chamadas mulheres do pós-guerra passaram a ocupar cargos importantes antes ocupados apenas por homens. Como não têm tempo para cuidar da beleza, graças ao turno duplo, precisam de cosméticos produzidos industrialmente, que antes eram feitos em suas cozinhas. A partir dessa mudança de status social, observa-se o crescimento da indústria de matérias-primas para a produção de cosméticos em países como Japão, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.

1. ESTRUTURA CAPILAR

      Compreender a estrutura capilar é essencial para entender melhor o mecanismo de ação dos cosméticos e garantir melhor qualidade e eficácia do tratamento. As fibras capilares têm duas partes: a raiz e o caule. As raízes estão embutidas na pele e se originam dos folículos pilosos. Em cada folículo piloso ocorre um processo altamente complexo em que ocorre rápida proliferação celular, síntese proteica, alinhamento das fibras e queratinização citoplasmática para formar um material fibroso denominado cabelo (WOLFRAM, 2003).

      Esta é uma estrutura muito interessante porque, além de caracterizar os mamíferos, também funciona no controle da temperatura corporal através do fenômeno da homeostase. Considerado um complexo de fibras biológicas, constituído essencialmente pelo estrato córneo, pelo córtex e, na maioria dos casos, pela medula, preenchido por células mortas e queratina.

      Eles têm altas concentrações de cistina, que por sua vez tem a capacidade de formar ligações dissulfeto entre as moléculas. Além das ligações dissulfeto, as ligações de hidrogênio são formadas entre os grupos de cadeia adjacentes, aumentando assim as propriedades mecânicas. Ele ainda consiste em água, lipídios, pigmentos e oligoelementos. (WEI, 2005) As fibras capilares originam-se de pequenas bolsas classificadas como folículos, encontradas a 2,0 mm da superfície da pele. Após crescer a partir do couro cabeludo, o cabelo torna-se uma estrutura morta, modificada apenas por alterações externas e não biológicas, permitindo que quaisquer alterações ou danos se acumulem (NOGUEIRA, 2003).

1.1 Cutícula

      Em cabelos bem cuidados, a cutícula pode servir de exemplo do telhado e suas telhas. As células da cutícula têm espessura média de 0,5 µm e comprimento de 50 µm, com aproximadamente 7 células sobrepostas umas às outras, formando uma superfície plana ao redor do cabelo da raiz às pontas, em direção ao final da cutícula.

      Representa 10% da massa da fibra capilar e é composto por materiais amorfos e proteináceos, não nucleados e despigmentados, que cumprem a função de proteger o córtex de agressões externas, como ações físicas como luz solar, vento, penteabilidade e tratamentos químicos (COLOMBERA, 2004), responsáveis ​​por aspectos visuais como brilho, penteabilidade e outras propriedades de atrito, além de estresses relacionados à estética capilar. Devido aos ácidos graxos, sua parte plana é revestida por uma camada hidrofóbica e suas laterais são revestidas por proteínas, o que reduz sua hidrofobicidade (DUPRES, 2004).

      Cada célula do estrato córneo consiste em cinco camadas: camada externa, camada externa, camada interna, camada A, camada interna, mais o complexo da membrana celular. A camada mais externa é a epiderme, que mantém uma fina camada de ácido 18-metileicosanóico (18-MEA) ligado covalentemente, um importante lipídio na fibra capilar.

      A camada A contém uma alta concentração de cistina, o que confere às fibras alta resistência mecânica e química e baixo inchamento devido ao seu alto grau de reticulação. Assim como a camada A, a epiderme externa contém uma alta concentração de cistina, localizada entre a própria camada A e a camada interna (WEI, 2005). O complexo da membrana celular atua como uma cola conectando o estrato córneo e as células corticais, formando uma rede de canais osmóticos que permitem que as moléculas se difundam na fibra capilar (WOJCIECHOWSKA, 1999).

1.2 Córtex

      Consiste em células corticais ovais ricas em cistina com diâmetro de 150-400 nm, espessura de 1-6 μm e comprimento de 100 μm, que juntamente com o material de ligação intracelular representa a maior porcentagem de componentes capilares, sendo responsável por 75 % da área. Essas células estão firmemente conectadas e orientadas para a ponta da raiz.

      Cada célula é representada como um conjunto de microfibrilas, que são proteínas fibrilares e cristalinas compostas por α-queratina em forma de hélice com cerca de 7 nm de diâmetro, quando são delineadas e dispostas de forma amorfa rica em cistina. constituem grandes fibrilas. Por serem ricas em cistina, as microfibrilas formam grupos dissulfeto e, assim, reticulam as fibras de queratina, responsáveis ​​também pelas propriedades físicas e mecânicas da estrutura capilar (WEI, 2005).

1.3 Medula

      Quando presente, a medula constitui uma pequena porção da massa da fibra capilar e pode ser classificada como ausente, contínua ou fragmentada, ausente nos filamentos. Sua função no sistema ainda é amplamente discutida, com estudos mostrando função desprezível e nenhuma contribuição para quaisquer propriedades químicas ou mecânicas. Apresenta-se como uma fina camada cilíndrica com células anucleadas dentro de fibras capilares espessas com alta concentração de lipídios e baixo teor de cistina.

      Quando suas células estão desidratadas, os vazios que se formam podem reter o ar, afetando características como brilho e cor do cabelo (DAWBER, 1996). O trabalho mais recente e esclarecedor sobre a medula foi realizado por Wagner et al. em 2007, onde discutiram questões como as subunidades encontradas na medula conhecidas como bolhas (estruturas globulares, células corticais desorganizadas e cobertura lisa); e as características morfológicas diferença entre a medula espessa, a primeira apresentando maior contraste, uma boa afinidade com o córtex e um tamanho significativamente menor, enquanto na medula espessa, observada tanto em cavidades maiores, quanto em estruturas mais globulares e maior organização celular tanto interna quanto externamente.

1.4 Ciclo de crescimento do cabelo

      Com a função de cobrir o crânio, o couro cabeludo é recoberto de pelos que são produzidos nos folículos pilosos. As fibras capilares fazem parte de um complexo sistema celular constituído por inúmeras estruturas localizadas abaixo da superfície da pele (KRAUSE, 2006). Os folículos pilosos são compostos por bainhas epiteliais e bainhas de tecido conjuntivo. São invaginações da epiderme que se expandem quando entram em contato com a derme, criando um bulbo em uma área também conhecida como papila dérmica, rica em vasos sanguíneos e nervos sensoriais. Vários fatores, como o diâmetro e comprimento do fio, a duração da fase de crescimento e o tamanho do bulbo, são determinados pelo volume de células germinativas na papila dérmica. Essas células são chamadas de protuberâncias (OHYAMA, 2002).

      As glândulas sebáceas estão ligadas aos folículos pilosos e têm a função de produzir sebo. O sebo atua como um condicionador natural, protege os fios das agressões externas, proporciona lubrificação e manutenção, e é composto por ácidos graxos saturados e saturados (VERMEULEN, 2000). O couro cabeludo humano médio tem cerca de 120.000 folículos capilares, um número determinado pela genética.

      A mitose ocorre ao redor do mamilo por pelo menos 23 horas e até 73 horas, e esse processo é responsável pelo crescimento do cabelo. Por ter abundantes vasos sanguíneos e linfáticos, alimenta-se nessa área transportando nutrientes vitais. Este fato confirma a importância de hábitos saudáveis ​​e nutrição para a saúde capilar e consequente beleza (DRAELOS, 2000; KRAUSE, 2006) Cada cabelo está em uma fase diferente do ciclo de crescimento e o folículo não cresce continuamente.

      O crescimento do cabelo é determinado geneticamente e cíclico, dividido em fases controladas por andrógenos que estimulam a atividade gonadal (BERNARD, 2002; ROBBINS, 2001). O mecanismo que sinaliza o fim de uma fase para o início da próxima fase não é claro, mas a duração da fase de crescimento determina o ponto de comprimento máximo por fio (DRAELOS, 2000). O cabelo saudável tem três fases de crescimento, são elas: anágena, catágena e telógena. Escalados, até 90% dos cabelos podem ser encontrados na fase anágena, deixando 10% nas fases telógena e catágena (FEUGHELMAN, 1997; WOLFRAM, 2003).

      Cabelos mais longos são mais suscetíveis a fatores causadores de danos, como escovação, pentear ou tratamento com produtos mais agressivos, como descoloração, alisamento e permanente (DAWBER, 1996). É classificada como fase de crescimento capilar, com crescimento médio de 0,3 mm por dia e duração média de 3 anos (COURTOIS, 1994).

      Esse crescimento é causado pela ação de hormônios ou por estímulos externos, como massagear o couro cabeludo, que estimula a divisão celular, o que força os queratinócitos a sair e formar folículos pilosos. 85% dos fios estão nessa fase em que não há contaminação por metais pesados, doença no couro cabeludo ou queda de cabelo. Continuando o ciclo, inicia-se a segunda fase: a fase de regressão.

      Uma breve fase em que a produção de células cessa e o folículo piloso começa a retrair em direção à superfície do couro cabeludo, atingindo três vezes seu tamanho original ao final desta fase, e sem lavar os vasos sanguíneos. Esse mecanismo é classificado como morte programada ou apoptose, e a fase dura pouco mais de duas semanas.

      A morte do cabelo também ocorre quando certos metais pesados ​​como Tl, Cd e Hg são contaminados com altas concentrações (POZEBON, 1999). A fase telógena é a última fase do ciclo, com duração média de três meses, e é caracterizada pela permanência do cabelo no folículo e depois pela queda. Após a queda, uma nova matriz ou novo folículo piloso é formado a partir de células germinativas presentes na lâmina basal das projeções externas localizadas na bainha epitelial da raiz do cabelo. Assim, uma nova fase de crescimento começa e novos cabelos crescem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

      Nos dias atuais, onde a estética e a beleza são essenciais na sociedade,o cabelo é visto como um acessório fundamental em todos os tempos e culturas, pois transmitem sensualidade, além de mostrar a personalidade de cada indivíduo. Sabe-se que o envelhecimento capilar, é relacionado a fatores extrínsecos, provocados por exposição excessivas , má alimentação, álcool, poluição do ar; já os intrínsecos, são considerados fatores naturais ou hereditários, e com o tempo o organismo acaba perdendo algumas de suas funções normais. A necessidade de prevenção ou reparação desses processos leva os indivíduos a ver e buscar soluções através  do ramo da estética e cosmetologia.

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