09/01/2019

Pedagogia Crítica

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            A falta de conhecimento gera preconceito e a nulidade de um conhecimento voltado na área da educação reforça ainda mais este preconceito, a ponto de manipuladores aderirem a discursos estéreis ou baseados em inverdades sobre as obras de Paulo Freire.

            Já foi mencionado em textos anteriores a importância de sua metodologia em nossa educação. O primeiro texto foi intitulado Paulo Freire: Ícone da Educação e o segundo texto foi O Caso Paulo Freire comprometendo a Gestão do Conhecimento, ambos publicados em julho de 2016 pela Revista Gestão Universitária[1]., narram a sua relevância para a verdadeira educação de qualidade que é aquela que transforma o aluno em um cidadão crítico e protagônico.

            Interessante é perceber que há um entendimento errôneo quanto aos métodos e filosofia de Paulo Freire, não só pelos políticos que com suas incontinências verbais e também por professores que distorcem a pedagogia crítica e a transforma em uma pedagogia permissiva.

            A situação chegou a tal extremo que ao pronunciar o nome de Paulo Freire hoje em alguns lugares, corre-se o risco de ser taxado de marxista e/ou comunista, ou seja, tudo que diverge a ideias do governo é puro comunismo e/ou marxismo; e muitos sequer entendem bem este conceito, mas o objetivo aqui não é divagar sobre tais regimes e/ou ideologias.

            Interessante perceber que hoje temos um presidente eleito pelo povo e isso demonstra a importância da democracia, palavra esta que era bem defendida pelo nosso patrono da educação que por coincidência é este personagem que tanto querem extirpar da educação brasileira.

            Paulo Freire simplesmente é o intelectual mais reconhecido no mundo e seu trabalho continua sendo para nós professores um exemplo. Ele foi um educador que lutou pela autonomia de seu aluno, trabalhando a Pedagogia da Autonomia, embora muito criticada hoje por néscios políticos fundamentados em falácias.

 

            Freire fomentava a dúvida em seu aluno e usava o método dialógico para que o mesmo trabalhasse a construção do seu conhecimento, tendo o professor como mediador.

            O Seu método influencia até hoje as melhores escolas no país, levando seus alunos ao diálogo, ato indispensável para que se desenvolva o lado cognoscente protagônico, mostrando que o futuro não é inexorável, ou seja, não existe um determinismo, pois através de seus métodos, os alunos desenvolvem o seu protagonismo e sua cidadania crítica.

            Doutrinação ideológica difere de aluno politizado, e Paulo Freire em momento algum doutrinava ou impunha suas ideologias, e quem afirma isso é digno de um verdadeiro lamento por simplesmente estar mergulhado na sua própria estultice.

            Freire apenas buscou reconhecer e trabalhar com os conhecimentos prévios de seus alunos e seu método simplesmente divergia do imposto por Skinner, ou seja, podemos ser muito mais que produto do meio em que estamos, lembre-se, não existe determinismo, sendo assim, a educação age como uma força libertadora.

            Estamos caminhando novamente para esta linha behavorista, com já dizia Watson, pai do behavorismo: "dê-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a espécie de mundo que preciso para as educar, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei para se tornar um especialista que eu selecione: um médico, um comerciante, um advogado e sim até um pedinte ou ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim como da profissão e da raça dos seus ancestrais.".

            Isso nos remete também as experiências de Pavlov com as galinhas dançantes o que demonstrou nada mais que a lei da causa e efeito, o que difere de criar um aluno pensante, ou seja, cognoscente, dito isso, será que voltaremos a criar um contingente de alunos domesticados subalternos?

            Como eles podem querer extirpar tais ideias que só fazem os alunos pensarem? Não tem como separar educação de política, já que a própria educação é um ato político, e também aos néscios de plantão, não se pode confundir doutrinação com politização.

 

[1] Para informações, vide http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/paulo-freire-icone-da-educacao
http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/o-caso-paulo-freire-comprometendo-a-gestao-do-conhecimento

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