22/08/2018

Pacaraima: Uma Xenofobia Hipócrita

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br

 

            Há alguns dias, o povo brasileiro se envergonhou de seus conterrâneos residentes do município de Pacaraima em Roraima.

            E o que era uma pacata cidade, voltou às manchetes de alguns sites com a seguinte frase: "a autoridade somos nós". A que ponto chegou o ser humano em se achar no direito de expulsar alguém por ser de outra nacionalidade?

            Somos superiores a eles em que? A hipocrisia disfarçada de uma imbecilidade nacionalista chega ao ponto de enxotar estrangeiros e se achar no direito de ir à cidade de origem deles para poderem abastecer o carro com uma gasolina mais barata.

            Como pesquisador e educador, tentarei ser imparcial, embora me sinta incomodado com tais posturas destes pseudocidadãos de Pacaraíma, entretanto devo me ater aos fatos focando sempre a educação, que a meu ver, é a chave para sanar todas as mazelas sociais, e temos na xenofobia, uma destas mazelas.

            Xenofobia é um ódio a imigrante, e porque tê-la, já que o Brasil foi um país formado por estrangeiros de todas as raças?

            Assim como eles são agressivos com os venezuelanos (chamados por eles de venecas), nosso povo nordestino é também odiado em outras regiões de nosso próprio país, e isso, é tudo fruto de uma estupidez nefasta.

            Porque sermos xenofóbicos sendo que existem de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, 2,5 milhões de brasileiros no exterior, espalhados em 193 países?

            Como seria a reação do Brasil se estes brasileiros fossem recebidos como Pacaraima recebe seus imigrantes? Onde está a empatia do ser humano em se colocar no lugar do outro que sofre?

            Pelo que se pode observar, a população desta nada pacata cidade é carente de tudo. Lei, ordem, empática, religiosidade, amor ao próximo e principalmente, educação.

            Diante das ações xenofóbicas, busquei pesquisar a fonte, lembrando que a Educação é a porta para solução de todo e qualquer problema social, e por essa seara pesquisei e contatei que o IDH municipal de educação em 1991 era 0,158, considerado muito baixo e esta população que se achou no direito de ser a própria lei, ou seja, os "xerifes da cidade".

            De acordo com a Organização Internacional para Migrações (OIM) - Agência das Nações Unidas para Migrações -, o Brasil recebeu apenas 2% dos 2,3 milhões de venezuelanos que deixaram o país fugindo da crise[1].

            E mesmo que tivesse recebido mais, isso não seria motivo para tal ação nefasta.

            Pode-se perceber que tal situação tende a ser reflexo de uma educação precária, visto que o IDH era baixíssimo para esta geração, mas isso está relacionado à educação formal, mas o respeito ao próximo se aprende com a família, também com os exemplos.

            Que não percamos o humanismo e que tenhamos a educação como o alicerce para aceitar e conviver com as diferenças e lidar com conflitos como seres civilizados.

 

[1] Veja mais em https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2018/08/21/brasil-recebe-apenas-2-dos-23-milhoes-de-venezuelanos-expulsos-pela-crise.htm?cmpid=copiaecola

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